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As políticas de segurança vinculadas aos presídios brasileiros e a produção da vida nua

4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA NO BRASIL

4.2 As políticas de segurança vinculadas aos presídios brasileiros e a produção da vida nua

Ao analisar os dados de acompanhamentos dos números do encarceramento realizados pelo mundo todo, fornecidos pelo International Centre for Prison Studies, uma organização não governamental cuja sede encontra-se em Londres, verificar-se-á que o Brasil encontra-se em quarto lugar no ranking mundial de população carcerária381. Entretanto, se compararmos com os demais países da América do Sul, verificar-se-á que o Brasil encontra-se em primeiro lugar no número de aprisionamentos. Ao cortejar o número de presos em relação à população de cada país em termos mundiais, sem levar em conta os inimputáveis, o Brasil encontra-se na

379 CARVALHO. Vilobaldo de.; SILVA, Maria do Rosário de Fátima. op cit, 2011. p.65. 380 ADORNO, S. Bordini, op cit, 2006. p. 48.

41ª posição. Devido à gravidade do problema, tem-se despertado o interesse de estudiosos, pesquisadores e defensores dos Direitos Humanos, a fim de compreender os motivos desse processo de encarceramento, a partir do qual a exceção tornou-se a regra382.

O que se depreende dos apontamentos do International Centre for Prison Studies é que existe uma propensão em termos mundiais a um crescimento do cárcere, o que pode ser consequência de políticas criminais e um recrudescimento do Direito Penal destinado a uma parte específica da sociedade, ou seja, aos mais frágeis que se encontram em situação de vulnerabilidade devido à sua situação econômica, bem como a cor de sua pele, o que é uma total afronta aos Direitos Humanos e à Dignidade da Pessoa Humana.

Nesse prisma da seletividade carcerária, percebe-se que as instituições do sistema de justiça focalizam sua exclusão, constrangimento e anulação de forma selecionada a certa parcela da sociedade, o que por sua vez acaba gerando um tratamento diferenciado na seara da Segurança Pública, da Justiça Criminal, e do direito penal. Zaffaroni leciona que: “se o sistema penal tivesse realmente o poder criminalizante programado, provocaria uma catástrofe social”383. Nesse ínterim, Schmidt ratifica o entendimento de Zaffaroni e complementa afirmando que “se o poder punitivo formalizado incidisse em todos os crimes praticados, teríamos o aprisionamento de todo o sistema social”384. Nessas afirmações críticas da criminologia, evidenciou-se um grande abismo no exercício de definir o que se deve considerar crime. É evidente que só se criminaliza aquilo que é do interesse de quem legisla. Trata-se de um poder criminalizante, o que demonstra que o sistema de justiça criminal age somente de forma seletiva385.

Esse processo seletivo de criminalização desdobra-se em duas fases: a primeira fase chamada de primária, e a segunda fase chamada de secundária. A criminalização primária, segundo Zaffaroni, “é o ato e o efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas”386, ou melhor, trata-se de elaboração de leis criminais com interesses políticos. A criminalização secundária diz respeito às ações punitivas por determinadas pessoas de forma concreta. Segundo Zaffaroni, são aquelas ações realizadas por juízes, policiais, promotores, delegados e agentes penitenciários. Após cumprida a primeira

382 Dados disponíveis em: <http://www.prisonstudies.org/>. Acesso em: 06 nov 2015.

383 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Em Busca das Penas Perdidas: A Perda da Legitimidade do Sistema Penal.

5 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2001. p. 26 e 27.

384 SCHMIDT, Andrei Zenkner. O Método do Direito Penal sob uma Perspectiva Interdisciplinar. Rio de

Janeiro: Lumen Juris, 2007. p. 130.

385 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. op cit, 2001. p. 26 e 27.

386 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito Penal

etapa, na qual os legisladores selecionam o que consideram como crime, as agências policiais selecionarão quais indivíduos serão criminalizados, uma vez que não será possível investigar, processar e punir a todos387.

Nessa acepção, Andrade afirma que os agentes penais gozam de prerrogativas abissais de discricionariedade na aplicação da norma em casos concretos, o que se evidencia através das estatísticas, em especial no que se refere aos denominados “crimes de colarinho branco”. Segundo a autora: “nem todo delito cometido é perseguido; nem todo delito perseguido é registrado; nem todo delito registrado é averiguado pela polícia; nem todo delito averiguado é denunciado; nem toda denúncia é recebida; nem todo recebimento termina em condenação”388.

Essa seletividade de criminalização secundária direciona-se especificamente para aqueles que fazem parte da população socialmente subalternizada. De acordo com Rusche e Kirchheimer, partindo de uma perspectiva marxista, “todo sistema de produção tende a descobrir formas punitivas que correspondem às suas relações de produção”389. Nesse segmento, Zaffaroni revela que a intenção é estabelecer uma relação de pena e mercado de trabalho, em que quanto mais pessoas forem aprisionadas, menor será a oferta de mão-de-obra e, consequentemente, maior será o salário. A contrario sensu, quanto menos presos recolhidos ao cárcere, maior será a oferta de mão-de-obra, ocasionando uma redução salarial390.

Nesse ínterim, percebe-se que o sistema de justiça criminal atua somente de forma seletiva391. Segundo Vera Malaguti Batista, “a partir dessa escola, conhecida como labeling

approach, ocorre uma correção do próprio conceito de criminalidade: o que existe são

processos de criminalização. A criminalidade seria uma realidade social atribuída”392. De acordo com Baratta, “a criminalidade, mais que um dado preexistente comprovado objetivamente pelas instâncias oficiais, é uma realidade social de que a ação das instâncias oficiais é elemento constitutivo”393.

Percebe-se que, para a classe detentora do capital, suas infrações penais atraem pouca atenção do direito penal. Nesse diapasão, para a classe hipossuficiente o direito penal é

387 ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. op cit, 2006. p. 44

e 45.

388 ANDRADE, Vera Regina Pereira. A Ilusão de Segurança Júridica - do controle da violência à violência do

controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015. p. 262 e 263.

389 RUSCHE, Georg; e KIRCHHEIMER, Otto. Punição e Estrutura Social. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan –

Instituto Carioca de Criminologia, 2004. p. 20.

390 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. op cit, 2011. p. 156. 391 ZAFFARONI, Eugenio Raúl. op cit, 2001. p. 26 e 27.

392 BATISTA, Vera Malaguti. Introdução Crítica à Criminologia Brasileira. Rio de Janeiro: Revan, 2011. p.

77.

393 BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à Sociologia do Direito

percebido como mais repressivo e encarcerador, haja vista o elevado rigor no preceito secundário da pena, desdobrando-se em um punitivismo mais exacerbado focalizado naqueles delitos característicos da classe pobre, tal como os crimes patrimoniais, tráfico de drogas e homicídios394.

Para esta parcela da sociedade, dotada de parcos recursos, a vida passa a não valer nada, ficando em total abandono, passando e ser excluída do convívio social, anulando a vida deste indivíduo através da prisão, obtendo-se assim uma vida nua, desqualificada e sem valor, uma vida totalmente desamparada pelos Direito Humanos. Agamben denomina esta vida nua de vida desqualificada. Trata-se de uma vida semelhante à vivida por uma obscura figura do direito romano arcaico, o homo sacer, pois trata-se de uma vida matável, uma vez que é considerada impura e situa-se no cruzamento entre uma matabilidade e uma sacrificabilidade395. Para esse indivíduo impõe-se um limite no seu agir, criando um estado de exceção, suspendendo-se a lei, transformando-o em uma vida nua396. Segundo Reyes Mate, ao interpretar a tese de Walter Benjamin, percebe-se que, para este, o estado de exceção é a regra dos oprimidos “algo tremendo porque está reconhecendo que a democracia dos Estados democráticos é só para alguns”397. Nos tempos contemporâneos, esses oprimidos dizem respeito àqueles não inseridos na sociedade de consumo, o que segundo Wacquant, ao referir-se ao modelo contemporâneo de governo em um paradigma de estado neoliberal, determinou-se “uma verdadeira ditadura sobre os pobres”398. Nesse contexto, Agamben define a vida nua de homo sacer como um abandono dos Direitos Humanos, na qual o Estado exerce o verdadeiro poder de morte e abandono399.

A fim de se compreender melhor a seletividade do sistema carcerário, far-se-á uma análise dos perfis da população carcerária no Brasil, de modo a se averiguar a existência de um estereótipo dos que serão considerados suspeitos. A partir do perfil das pessoas aprisionadas no Brasil, de acordo com dados fornecidos pelo InfoPen, e com o escopo de compreender o fenômeno do hiperencarceramento, esses dados permitirão a compreensão da distribuição da população carcerária em todo país. Referindo-se a gênero, cor da pele, raça declarada, faixa etária, nível de escolaridade, tipos de delitos, tempo do preceito secundário, peculiaridade processuais, prisionais, bem como a porcentagem de segregação entre pessoas declaradas

394 SINHORETTO, Jacqueline. Mapa do encarceramento: Os jovens do Brasil. Secretaria – Geral da

Presidência da República/ Secretaria Nacional de Juventude, Brasil. 2015. p. 13.

395 AGAMBEN, Giorgio. op cit, 2010. p. 76. 396 AGAMBEN, Giorgio. op cit, 2010. p. 84.

397 MATE, Reyes. Meia Noite na História: Comentários às teses de Walter Benjamin Sobre o conceito de

história. São Leopoldo: Unisinos, 2011. p. 162.

398 WACQUANT, Löic. op cit, 2001. p. 10. 399 AGAMBEN, Giorgio. op cit, 2010. p. 85.

brancas e negras400.

Salienta-se que a desigualdade relacionada à aplicação de regras e a procedimentos judiciais difere entre grupos sociais e raciais. Estudos indicam que se aplicam penas mais recrudescidas a indivíduos de cor negra, comparada às penas aplicadas às pessoas brancas. Mesmo com a alteração do paradigma da ditadura militar para o regime democrático não houve contribuição para a retificação desta desigualdade social e racial na seara da justiça criminal401. Vargas aponta que, nos crimes contra a liberdade sexual, na fase judicial, quando do oferecimento da denúncia, a percentagem entre negros e brancos é muito similar. No entanto, negros e pardos possuem o maior índice de condenação402. Nesse sentido, Lima e Sinhoretto, com base em pesquisas realizadas no ano de 1991 a 1998 no estado de São Paulo, sustentam que réus de cor negra são mais propensos a serem condenados do que réus de cor branca403.

De acordo com dados fornecidos, juntamente com o INFOPEN404, tornou possível quantificar a massa carcerária no Brasil, tomando como parâmetro o período de 2005 a 2012. Nesse período, percebe-se que houve um aumento de 74% da massa carcerária brasileira. No ano de 2005 havia 296.919 presos, sete anos mais tarde esse número passou para 515.482 presos405. Deste montante, 190.828 encontravam-se presos no Estado de São Paulo, ou seja, um terço da população carcerária do país. Minas Gerais aparecia em segundo lugar, no que tange à população carcerária com a expressão de 45.540 presos406.

Outra constatação que se percebe, através dos dados do IMFOPEN, é a superlotação carcerária, o que desrespeita os Direitos Humanos bem como a Dignidade da Pessoa Humana. A fim de que se efetuasse este parâmetro tem-se o ano de 2012 por base. Foram empreendidos cálculos nos quais se leva em conta o número de presos pelo número de vagas no sistema carcerário. Neste momento, não se levou em conta o tipo de regime do cumprimento da pena. O estado que apresenta o maior déficit de vagas no sistema prisional é o estado de Alagoas, sendo que para cada 3,7 presos existe apenas uma vaga. O segundo estado também é do Nordeste: Pernambuco apresenta 2,5 presos para cada vaga que possui. Logo em seguida, vem

400 SINHORETTO, Jacqueline. op cit, 2015. p. 13. 401 SINHORETTO, Jacqueline. op cit, 2015. p. 13.

402 VARGAS, Joana Domingues. Indivíduos sob suspeita: a cor dos acusados de estupro no fluxo do sistema

de justiça criminal. Dados [online], v. 42, n. 4, 1999.

403 LIMA, Renato Sérgio de; TEIXEIRA, Alessandra; SINHORETTO Jacqueline. Raça e gênero no

funcionamento da justiça criminal. Boletim IBCCrim, n. 125, 2003.

404 Dados disponíveis em: < http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-

terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf >. Acesso em 07 nov 2015.

405 Dados disponíveis em: < http://www.justiça.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-

terça-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf >. Acesso em: 07 nov 2015.

406 LIMA, Renato Sérgio de; TEIXEIRA, Alessandra; SINHORETTO Jacqueline. Raça e gênero no

Amapá e Amazonas. Em termos gerais, o Brasil apresenta como média 1,7 presos para cada vaga que possui no sistema carcerário, o que se evidencia a superlotação do sistema carcerário brasileiro, em flagrante afronta aos Direitos Humanos, produzindo a verdadeira condição de

homo sacer.

Nesse sentido, Agamben leciona: trata-se da exclusão do homo sacer largado à zoé, uma vida desqualificada e sem valor, objeto eminente de cálculo do poder estatal, onde a exceção do cárcere e seu desrespeito tornou-se a regra, refere-se ao espaço destinado à vida nua, uma vez que esses indivíduos se encontram à margem do ordenamento jurídico, mas ao alcance deste, coincidindo com o espaço político de “exclusão e inclusão, externo e interno”, a zoé que acaba entrando em “uma zona de irredutível indistinção”407.

No que diz respeito à população carcerária no Brasil, 38% corresponde a presos provisórios, os quais ficam na custódia do Estado aguardando julgamento. Desse montante, 61% dos presos são condenados e já estão cumprindo pena e 1% corresponde aos que estão sob medida de segurança. Dos presos que já possuem sentença condenatória e estão cumprindo pena, 69% encontram-se no regime fechado, no regime semiaberto 24% e apenas 7% no regime aberto. Os números totais correspondem 218.694 encarcerados no regime fechado, 75.053 no cumprimento da pena em regime semiaberto e 22.324 no regime aberto408.

No que tange ao gênero da população carcerária do Brasil, predomina a população masculina409, embora o CNJ (por extenso) aponte um aumento em 567% da população carcerária feminina em quinze anos, subindo de 5.601 detentas em 2000 para 37.380 em 2014. A maioria dos casos se deu pelo tráfico de drogas, correspondendo a 68% das prisões. O InfoPen pela primeira vez faz uma análise mais profunda relacionada a gênero410.

Mesmo com o aumento de 567% da população carcerária feminina no Brasil, isso corresponde a 6,4% do total da população carcerária nacional. O que chama atenção é que a taxa de mulheres presas no país é superior ao crescimento geral da população carcerária, correspondendo a 119% de aumento no mesmo período comparado até 2014. Em termos gerais, a população carcerária feminina está na quinta posição em comparação com outros países, ficando apenas atrás dos Estados Unidos (205.400 detentas), China (103.766), Rússia (53.304)

407 AGAMBEN, Giorgio. op cit, 2010. p. 16.

408 Dados disponíveis em: <http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-

terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf>. Acesso em: 07 nov.

409 Dados disponíveis em: <http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-

terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf>. Acesso em: 08 nov 2015.

410 Dados disponíveis em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80853-populacao-carceraria-feminina-aumentou-

e Tailândia (44.751)411.

Com relação ao perfil da população carcerária feminina no Brasil, aproximadamente 30% estão presas provisoriamente. O estado de Sergipe adquire um destaque negativo, em que 99% das detentas são provisórias. São Paulo consta com 9% que estão aguardando julgamento. Pesquisas também apontam que 68% das mulheres presas são de cor negra, 31% brancas e 1% amarela. No estado do Acre, no ano de 2014, 100% das detentas eram negras. O Ceará vinha em segundo lugar com 94% de sua população carcerária feminina negra, e, a seguir, o estado da Bahia com 92% de detentas negras412.

Em relação à faixa etária, 50% são mulheres que têm entre 18 e 29 anos; 18% entre 30 e 34 anos; 21% entre 35 e 45; 10% entre 46 e 60 e 1% tem idade igual ou superior a 61 anos. No que se relaciona à escolaridade, 11% possui ensino médio, 50% ensino fundamental incompleto, 34% ensino médio completo, 4% são analfabetas, e com nível superior menos de 1%413.

Segundo dados do INFOPEN, com relação aos tipos de estabelecimentos penitenciários, o Brasil possui 1412 unidades prisionais, apenas 103 são exclusivamente femininas num total de 7%, 1070 masculinas e 239 mistas abrigando homens e mulheres. Das unidades exclusivas das mulheres, poucas estão adequadas com estruturas mínimas. O atendimento médico é precário e faltam médicos ginecologistas, obstetras e especialistas em saúde da mulher. 34% das penitenciárias femininas possuem cela ou dormitório próprio para gestantes. Nas penitenciárias mistas, esse número é de 6%; 32 % possuem berçário, 5% possuem creches414. Verifica-se, neste contexto, um total desrespeito aos Direitos Humanos e à Dignidade da Pessoa Humana, uma vez que não se respeitam as condições mínimas de saúde, infraestrutura, condições físicas para as mulheres e suas crianças.

Em relação à escolaridade dos detentos masculinos, a grande maioria não concluiu o ensino fundamental. A menor parte possui ensino superior, entretanto, vem aumentando o número de detentos que estão chegando ao ensino médio. Poucos são os analfabetos, uma parcela quase que insignificante. Esses dados são precários, uma vez que são ausentes essas modalidades de informações nos sistemas do INFOPEN, de modo geral415.

411 Dados disponíveis em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80853-populacao-carceraria-feminina-aumentou-

567-em-15-anos-no-brasil>. Acesso em: 08 nov 2015.

412 Dados disponíveis em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80853-populacao-carceraria-feminina-aumentou-

567-em-15-anos-no-brasil>. Acesso em: 08 nov 2015.

413 Dados disponíveis em: <http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80853-populacao-carceraria-feminina-aumentou-

567-em-15-anos-no-brasil>. Acesso em: 08 nov 2015.

414 Dados disponíveis em: < http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/80853-populacao-carceraria-feminina-aumentou-

567-em-15-anos-no-brasil>. Acesso em: 09 nov 2015.

Através dos dados coletados, pode-se constatar que, nos anos de 2005 a 2012, a maior parcela da população carcerária masculina era composta de jovens entre 18 e 24 anos. Evidenciando uma maior concentração de jovens no que tange à população carcerária nacional. Entretanto, está ocorrendo um aumento da população carcerária em todas as faixas etárias. Outro fator que se destaca é a seletividade do sistema carcerário no que diz respeito à cor dos apenados. Constata-se que no Brasil existem mais negros do que brancos cumprindo penas. No ano de 2005, em números mais concretos, a população carcerária possuía 92.052 negros presos enquanto o número de brancos correspondia a 62.569. Percebe-se então, que 58,4% da população carcerária no ano de 2005 era composta por negros416.

Entretanto, no ano de 2012, houve um aumento da população carcerária de cor negra, passando ao patamar de 60,8%, correspondendo a 292.242, para 175.536 brancos. É notório que quanto mais cresce a população carcerária no Brasil, mais negros são aprisionados. A fim de que se tenha uma maior percepção da seletividade racial do sistema penitenciário brasileiro, deve-se levar em conta o número de brancos e o número de negros que compõem a sociedade. Em 2012, para cada grupo de 100 mil habitantes brancos maiores de 18 anos, havia 191 brancos no cárcere. Já com relação aos negros, esses números são bem mais expressivos, para cada 100 mil habitantes negros maiores de 18 anos, 292 encontravam-se encarcerados, segundo dados do INFOPEN417.

Outro fator que aponta para a seletividade do sistema prisional Brasileiro é o etário. Ao se fazer um comparativo de número de habitantes por número de jovens e não jovens aprisionados ficou demonstrada essa seletividade etária. No ano de 2012, a cada grupo de 100 mil habitantes, acima de 18 anos, 648 são jovens. Já em relação aos não jovens, a cada 100 mil habitantes acima de 18 anos, 251 têm mais de 29 anos. Ou seja, o número de jovens é quase três vezes maior que o número de não jovens418, o que evidencia a seletividade do sistema penal brasileiro não só no que diz respeito à cor, mas também ao fator etário419.

No sistema penal brasileiro, percebe-se uma forte tendência punitivista, na qual, os operadores do Direito, mais especificamente aqueles da justiça criminal, corroboram para esses acontecimentos. Percebe-se uma deficiência no exercício do direito de defesa do réu, bem como

terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf >. Acesso em: 09 nov 2015.

416 Dados disponíveis em: <http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-

terca-feira/relatorio-depen-versao-web.pdf> Acesso em: 09 nov 2015.

417 Dados disponíveis em: <http://www.justica.gov.br/noticias/mj-divulgara-novo-relatorio-do-infopen-nesta-