• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III – DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA PROPOSTA

3.2 A Web 2.0 como ferramenta educacional

3.2.1 As principais redes sociais e suas interfaces

A Web 2.0 encontra-se ainda em grande expansão inclusive na direção de aplicativos móveis para smartphones conforme observamos com o enorme e acelerado desenvolvimento do Whatsapp que abordaremos a seguir.

Conforme apontamos anteriormente, Cesar Coll e Carles Monereo destacam três conceitos que aparecem repetidamente nas literaturas sobre tecnologia e educação: adaptabilidade, mobilidade e cooperação.

Quando avaliamos interface, estamos na realidade procurando compreender adaptabilidade que caminha paralelamente à usabilidade e vice-versa. É visível o quanto vêm se tornando cada vez mais amigáveis e intuitivas as interfaces gráficas, até mesmo com a possibilidade de se utilizar pequenos movimentos ou a própria voz para controlar determinadas aplicações.

No universo da Web 2.0, podemos hoje destacar: facebook, linkedin e o

whatsapp. Muitas outras ferramentas existem no contexto da Web 2.0, mas para efeito de avaliação de interface, usabilidade e mobilidade avaliaremos brevemente essas que destacamos. Vale observar também que pouco tempo atrás o Orkut simplesmente deixou de existir entre outros fatores pelo que avaliamos neste trabalho como interface e usabilidade.

Facebook:

No facebook, conforme verificamos na figura exemplo a seguir, os usuários dividem seu cotidiano e idéias uns com os outros, indistintamente e interativamente, através de vídeos, posts, fotos e músicas.

O ponto central do facebook é a rede de “amigos” que cada usuário tem. Vale observar que o próprio termo utilizado “amigos”, já confere à interface empregada pelo

facebook, algo que compõe um conjunto subliminar de termos, fotos e informações que induza o usuário à utilização dessa ferramenta.

Um dos fatores que demonstra destaque entre os usuários do facebook é a quantidade de “amigos” que se pode ostentar. Afinal, como avaliou Bourdieu, quando confere à rede de relações entre as pessoas um “capital social”, capaz de se converter em “capital econômico”, quanto maior a “rede de amigos” ostentada no facebook, maior a imagem de teórica “riqueza” apresentada por determinado usuário nessa rede.

Outro fator de igual importância na interface subliminar de funções apresentadas pelo facebook é o denominado “curtir”. Quem faz parte do Facebook conhece muito bem essa função. É uma função pela qual outros usuários podem expressar sua satisfação ou concordância com algo que alguém postou. Suponhamos que um determinado usuário do facebook tirou uma bela foto do pôr do sol e decidiu colocar na sua página do Facebook. Como esse usuário gostou da foto, acredita também que as outras pessoas também apreciarão. Então ele espera pelos elogios, ou melhor, pelas “curtidas”.

Porém, ao contrário do que esperava, a foto postada por esse usuário recebe apenas quatro “curtidas”. Desapontado, ele percebe que precisa então fazer ainda melhor se quiser que seus “amigos” “curtam” suas fotos. Diante disso, o facebook oferece ainda diversas formas que permitem aos usuários colorirem as fotos, inserirem textos, caixas de diálogos, enfim, uma série de ferramentas e funções para melhorar a interface entre os usuários em relação ao conteúdo em pauta.

Grande parte dos usuários não percebem, mas esse conjunto subliminar de funções e a forma como o facebook relaciona essas funções é o que efetivamente atrai usuários para esta plataforma.

Embora não possamos afirmar cientificamente, é possível que parte da explicação do sucesso dessas plataformas resida no campo da psicologia ou, mais especificamente, na “análise transacional”. Eric Berne, um psiquiatra canadense, foi o criador dessa teoria na década de quarenta e que acumula hoje centenas de estudos que conferem sua legitimidade técnica.

A “análise transacional” estuda as relações existentes entre as pessoas, desde relacionamentos familiares até corriqueiras conversas de elevador e aponta que o importante é a troca de estímulos que ocorre durante essas interações. Berne aponta que,

à medida que as complexidades da vida aumentam, certo “anseio de reconhecimento” faz com que as pessoas se tornem cada vez mais diferentes umas das outras. Para esse psiquiatra, até mesmo um simples aceno de reconhecimento pode servir de alguma forma a esse propósito.

Buscamos em seu livro “Games people play: the psychology of human

relationships” uma suposta explicação para o sucesso do que conhecemos como “curtir” no facebook e que possa responder algumas das perguntas. Com qual intenção os usuários expõem diversas informações, fotos, momentos íntimos e muitos outros acontecimentos cotidianos no facebook? Por que anseiam tanto abrir suas vidas para pessoas conhecidas ou mesmo desconhecidas? Para que serve perder tanto tempo preparando a melhor fotografia ou o melhor comentário para postar nessa rede social?

Se seguirmos a teoria de Eric Berne, a resposta ao sucesso do “curtir” do

facebook reside em um “anseio de reconhecimento” que, em maior ou menor medida,

faz parte da natureza humana e de sua necessidade de sobrevivência em grupo. Para Berne, seja de forma positiva ou negativa, com elogios ou críticas, a necessidade de estímulos no relacionamento entre as pessoas é tão importante quanto à necessidade de comida. No entanto, apontamos essa questão na análise transacional de Berne como uma suposição que suscita à necessidade de estudos científicos mais aprofundados para assegurar sua legitimidade.

Linkedin:

Em termos estruturais de adaptabilidade e usabilidade através de interfaces gráficas próprias, o Linkedin, não difere muito do Facebook, embora esteja voltado ao mercado profissional de trabalho.

No Linkedin, os usuários se conectam por meio de seu perfil e relacionamento profissional, e são instigados a registrarem seu histórico profissional como forma de se apresentarem virtualmente uns aos outros. Empresas inclusive utilizam o Linkedin em processos de recrutamento e seleção.

A seguir uma figura da primeira página do Linkedin, que da mesma forma que o

Facebook, permite aos seus usuários ostentarem o tamanho de sua rede de relacionamentos profissionais, além de oferecer também como parte de sua interface com os usuários, um botão denominado “like”, similar ao “curtir” do facebook mas com

ma linguagem menos infor

uma rede de relações entre profissionais e entre empresas no mercado de trabalho.

Figura 2 –

ma linguagem menos informal por estar diretamente atrelado ao propósito de estimular uma rede de relações entre profissionais e entre empresas no mercado de trabalho.

– Tela inicial do Linkedin

mal por estar diretamente atrelado ao propósito de estimular uma rede de relações entre profissionais e entre empresas no mercado de trabalho.

Whatsapp:

Criado em 2009, o whatsapp teve um crescimento muito rápido e demonstra que tanto quanto a adaptabilidade e a cooperação, a mobilidade é também um fator de grande relevância quando avaliamos a relação entre tecnologia e educação no contexto da Web 2.0.

O Whatsapp é quase que exclusivamente utilizado através de plataformas móveis como smartphones ou tablets. Apenas em 2015 foi lançada uma versão desse aplicativo para computadores.

Diferentemente do Facebook e do Linkedin, o Whatsapp não permite a seus usuários ostentarem a quantidade de pessoas que fazem parte de seu relacionamento na rede. Com o Whatsapp, os usuários podem criar várias pequenas redes de relacionamento com propósitos específicos que permitam a interação e colaboração entre seus participantes.

Uma vez que a mobilidade é um fator de diferenciação desse aplicativo, a usabilidade torna-se ainda maior. Nesse contexto, vale destacar o que avalia Coll e Monereo no texto a seguir:

Em um mundo em que as distâncias são cada vez mais reduzidas, as fronteiras desaparecem e os grandes problemas são compartilhados, cresce a mobilidade das pessoas, aumenta a heterogeneidade das comunidades e torna-se patente a necessidade de trabalhar conjuntamente para resolver problemas comuns. (COLL, MONEREO, 2010, p. 26)

No Whatsapp realmente a heterogeneidade das comunidades é ainda maior e os grupos podem ser criados e excluídos de forma dinâmica e fácil. Mais uma vez demonstrando que a interface é um fator de grande diferenciação nas aplicações da Web 2.0 e que deve receber especial atenção no processo de adaptabilidade de aplicações educacionais em redes sociais.

Figura 3 – Tela inicial do What

Tela inicial do WhatsApp

Um ponto a ser destacado também no whatsapp são os “Emojis”, figuras que demonstram emoção. Embora de maneira mais expressiva, elas tem efeito similar ao “curtir” do Facebook ou o “Like” do Linkedin. São largamente utilizadas entre os usuários do whatsapp e imprimem um tom descontraído às interações e cooperações que ocorrem nesse aplicativo entre os mais utilizados da Web 2.0.

Abaixo uma figura que demonstra os “Emojis”:

Figura 4 – “Emojis” utilizados no Whatsapp