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As veredas da pesquisa: construção da metodologia

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

4. As veredas da pesquisa: construção da metodologia

4.1 - Bases metodológicas: etnografia da prática do professor-tutor

O caminho metodológico adotado nesta investigação tem suas bases na abordagem de pesquisa de natureza qualitativa, que contempla o caráter educativo da prática docente na modalidade de EaD. Entendemos que o enfoque qualitativo permite ao pesquisador, fazer a indagação, a interpretação e a compreensão do significado das representações61 que os indivíduos atribuem às próprias ações e aos fatos educativos em sua complexidade na própria situação estudada (PÉREZ GÓMEZ, 1998:102).

Assim, a pesquisa qualitativa permitiu-nos interagir com alguns tutores para a obtenção dos dados no contato direto do investigador com estes profissionais e entender o contexto em que se produziram os fatos do curso Veredas na AFOR UFU. Também, favoreceu a compreensão do papel, das funções e da prática pedagógica dos tutores como elementos dinâmicos, mutáveis, inacabados, em contínuo processo de criação e de transformação na formação superior de professores na modalidade de EaD semipresencial.

Nessa direção, com base nas orientações de Rockwell (1986), optamos pelo estudo

etnográfico, que melhor permitiu o estudo e a compreensão do papel, das funções e da prática

pedagógica do professor-tutor. Etnografia significa “descrição cultural”, um esquema de pesquisa que visa o estudo da cultura do grupo em questão, assim como descrever suas

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As representações sociais, segundo definição clássica apresentada por Jodelet (1986), são modalidades de conhecimento prático orientadas para a comunicação, a interação e a compreensão do contexto social, material e imaginário em que vivemos. São, conseqüentemente, formas de conhecimento que se manifestam como elementos cognitivos - imagens, conceitos, crenças, ideias, explicações, categorias, teorias, mas que não se reduzem aos componentes cognitivos. Uma das maneiras do indivíduo se apropriar dos aspectos da realidade seria via representação social, compreendida como uma forma de conhecimento elaborado e compartilhado, tendo uma perspectiva prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. É a representação social desenvolvida no próprio processo de interação, particularmente, naquelas situações relativas à difusão dos conhecimentos científicos e artísticos. Segundo este autor, as representações sociais poderiam ser consideradas, num sentido mais amplo, como uma forma de pensamento social, da mesma forma que esse pode ainda ser concebido como a realidade que é formulada pelos sujeitos dos diversos segmentos de uma sociedade. São esses significados compartilhados que possibilitam a construção de perspectivas comuns.

práticas, seus hábitos, crenças, valores, linguagens e significados (ibid.).

O procedimento etnográfico possibilitou o nosso contato direto com o contexto da tutoria do Veredas na AFOR UFU e, nos possibilitou compartilhar, observar e acompanhar a complexa rede de relações que se estabeleceu no cotidiano e na prática dos tutores nos momentos presenciais da formação superior de professores em EaD. Também favoreceu o aprofundamento dos significados atribuídos pelos sujeitos pesquisados à prática pedagógica dos tutores, nos momentos presenciais na formação superior de professores em EaD.

Em todo o processo, a teoria caminhou ao lado da observação participante, da

entrevista semiestruturada e da análise documental, que enquanto instrumentos de coleta de

dados adotados para este estudo nos deram base para fazer questionamentos, reflexões, novas relações e diferentes formas de entendimento do contexto em estudo. Além disso, possibilitaram a produção de um quadro interpretativo que favoreceu a compreensão mais abrangente da atuação e da prática dos tutores, de seus hábitos, crenças, valores, linguagens e significados, cada vez mais próximos da realidade estudada (ibid.).

Estes pressupostos da pesquisa etnográfica e qualitativa se aliaram nesta investigação a dois motivos para a sua realização. O primeiro deles refere à própria natureza do objeto estudado, ou seja, ao estudo da prática pedagógica do tutor nos momentos presenciais da formação de professores em EaD. Observar diretamente a atuação deste profissional, o que, como, e por que se efetiva a sua ação, como se estrutura e em que condições está sendo produzida, passou a ser decisivo para a compreensão do objeto em sua dinâmica própria, numa abordagem que amplia e não se restringe à coleta de dados ou à representação dos tutores envolvidos.

O segundo motivo se relacionou com a pouca quantidade de estudos etnográficos, em que os pesquisadores se propõem a fazer a observação participante da prática pedagógica nos encontros presenciais de EaD. Esse fato foi constatado no balanço que realizamos para o panorama de pesquisas brasileiras acerca da prática pedagógica do professor-tutor em EaD, para a presente pesquisa. Ou seja, em relação à distribuição dos trabalhos realizados, segundo a abordagem metodológica, dos 27 documentos (teses, dissertações e artigos) identificados sobre a temática, apenas uma dissertação de mestrado (3,7%) foi enquadrada por sua autora (Coelho, 2005) como pesquisa etnográfica.

Embora a prática pedagógica seja uma temática que vem despertando o interesse de pesquisadores, educadores e responsáveis pela condução das políticas educacionais, a prática pedagógica na formação de professores em EaD, ela não tem sido alvo de metódicas análises, em particular se considerarmos a observação participante e o acompanhamento

intensivo desta dinâmica no cotidiano educativo.

Nessa direção, entendemos que a compreensão e o aprofundamento da dinâmica das relações, das atividades e dos elementos que constituem a prática do professor-tutor nas reuniões presenciais da EaD somente serão possíveis a partir do acompanhamento intensivo e sistemático da atuação, das atitudes e do desempenho deste profissional nos ambientes de ensino-aprendizagem nos quais ele atua.

Não obstante, de um lado, o caráter descritivo, interativo, reflexivo e de longa duração que requer a pesquisa etnográfica nos coloca muitas dificuldades e questionamentos acerca de sua efetivação. Ressaltamos o tempo exigido em campo, os dificuldades para conciliarmos as atividades de pesquisa com as tarefas de estudo, trabalho, família, urgências da vida, bem como o desafio da desgastante transcrição das observações e entrevistas, que requer a disponibilidade de tempo que muitas vezes não dispúnhamos. De outro lado, a pesquisa etnográfica representou um espaço insubstituível de formação contínua, que vem possibilitando intervenções mais fundamentadas e conscientes no que se refere à nossa própria atuação e prática pedagógica na formação de professores presencial e em EaD.

4.1.1 - Etapas de desenvolvimento e procedimentos metodológicos da pesquisa

Para a realização dessa pesquisa consideramos as sugestões de André (1995:105), que propõe a organização e desenvolvimento do estudo em três etapas ou estágios de realização. A primeira etapa consistiu na determinação do “quê” e onde pesquisar, definindo- se como foco do estudo, a prática pedagógica do professor-tutor. Delimitamos o problema, a partir a questão: de que modo e em que condições o professor-tutor do Veredas desenvolve

sua prática pedagógica?

Após estudos iniciais da literatura relacionada ao tema e sobre o contexto a ser estudado, foi revisado e reestruturado o projeto de pesquisa. Uma cópia deste foi encaminhada à coordenação colegiada do curso Veredas da AFOR UFU, acompanhada de uma carta de apresentação explicando os objetivos da investigação e pedindo a autorização formal para que a pesquisa se efetivasse naquela instituição. Uma vez autorizada, tal decisão foi comunicada aos tutores. A partir daí, estabelecemos contato pessoal com coordenadores, tutores, cursistas, começamos a freqüentar as suas reuniões e demais atividades presenciais previstas entre tutores e cursistas no curso.

A outra fase foi a do trabalho de campo propriamente dito, que teve duração de dois anos e meio, efetivando-se de janeiro de 2003 a julho de 2005. Fizemos inicialmente, o levantamento dos arquivos do curso, da documentação da AFOR, dos tutores e cursistas, das

normas de funcionamento do Veredas, bem como iniciamos a leitura e o estudo dos materiais instrucionais. Identificamos horários e datas de realização dos encontros presenciais, das atividades administrativas, didático-pedagógicas e tecnológicas para o funcionamento do curso nos diversos municípios atendidos e da AFOR UFU. Freqüentamos e acompanhamos o desenvolvimento da programação e das atividades da III Semana Presencial, no período de 27/01 a 01/02/2003. Tivemos oportunidade de conversar informalmente com tutores e cursistas, observar atitudes, posturas e práticas, interrogar sobre a formação superior, tirar dúvidas iniciais e a partir desses andamentos foi possível definir por dois coordenadores, dez tutores e seus cursistas que seriam sujeitos deste estudo.

Para a coleta de dados, lançamos mão da observação participante, da realização de

entrevistas semiestruturadas, do grupo focal e da análise documental. Demos continuidade

aos trabalhos de campo, às sessões de observação das práticas dos tutores nos encontros presenciais semestrais, mensais, estágio supervisionado, plantões dos tutores, avaliação da aprendizagem e demais encontros extras entre tutores e cursistas.

A terceira fase foi de sistematização dos dados, de interpretação e de análise dos mesmos, que permearam de modo integrado, todo o processo de investigação ao longo do curso. Isso possibilitou o diálogo com os autores, a articulação entre a teoria e as informações colhidas, arranjos, reflexões, elaborações provisórias, reorganização de dados que culminaram na estruturação e redação definitiva do relatório da pesquisa.

a) Observação Participante

A observação participante apresentou-se nesse estudo, como um momento privilegiado de contato e de interação com dez tutores, sujeitos desta pesquisa, que receberam os pseudônimos de Ada, Bel, Edu, Gil, Iná, Isa, Lea, Lia, Mel, Rui e seus cursistas, observados durante os diversos encontros presenciais do Veredas. As sessões de observação participante tiveram por objetivo verificar de que modo os tutores observados desempenhavam o seu papel, as suas funções na mediação tecno-pedagógica, orientação acadêmica, avaliação da aprendizagem e como se efetivou a prática pedagógica na tutoria nas atividades dos encontros presenciais do curso Veredas.

O critério de escolha deste grupo de tutores se deu a partir de conversas informais com os cursistas. Esses fizeram avaliações positivas e negativas, elogiaram e criticaram determinadas posturas, atitudes, relacionamentos e práticas pedagógicas dos tutores na condução dos encontros presenciais do curso. Assim, selecionamos cinco tutores a partir dos elogios feitos à sua prática pedagógica na tutoria (Ada, Edu, Iná, Isa, Mel). Outros cinco

tutores (Bel, Gil, Lea, Lia, Rui), foram selecionados por serem muito criticados e terem a sua prática na tutoria avaliada de modo negativo e/ou fragilizado pelos cursistas.

As sessões de observação participante que acompanhamos62 totalizaram 368 horas registradas em diários de campo e em gravação oral, que foram transcritas posteriormente. Abrangeram um leque diversificado de eventos realizados com variadas atividades de ensino- aprendizagem e diferentes objetivos formativos. Foram observadas as atividades das reuniões presenciais do Veredas durante as Semanas Presenciais, os Encontros Presenciais Mensais, o

Estágio Supervisionado, os Plantões telefônicos dos Tutores e as provas semestrais, conforme

resumimos no Quadro 3.

QUADRO 3 - Resumo do tempo de observação participante e de transcrição dos encontros presenciais do Veredas

Atividades observadas Tempo de

observação transcrição Tempo de 5 Semanas Presenciais III, IV, V, VI e VII 122 horas 880 horas 15 Encontros Presenciais Mensais (sábado) 120 horas 1.200 horas 10 Estágios Supervisionados (escolas das cursistas) 40 horas 180 horas 30 Plantões dos tutores (via telefone na AFOR UFU) 30 horas -

3 Provas semestrais dos Módulos 4, 5 e 6 06 horas -

TOTAL 368 horas 2.260 horas

FONTE: Diários de campo e gravação oral em gravador digital, das sessões de observação da prática pedagógica dos tutores, durante as atividades de ensino-aprendizagem dos encontros presenciais do Veredas, de janeiro de 2003 a julho de 2005.

Deste modo, detalhamos as atividades presenciais e os elementos observados no curso de formação superior de professores:

a) Semanas Presenciais: foram observadas as atitudes e a prática pedagógica dos tutores durante a realização desses eventos que se efetivaram no formato de congresso acadêmico- científico, durante a programação da III Semana Presencial (27/01 a 01/02/2003); da IV Semana Presencial (28/07 a 01/08/2003); da V Semana Presencial (26 a 30/01/2004); da VI Semana Presencial (19 a 23/07/2004) e da VII Semana Presencial (24 a 28/01/2005).

Os trabalhos de abertura, as conferências, palestras, mesas redondas, oficinas e atividades artístico-culturais foram realizadas no auditório de um centro de convenções da cidade. As demais atividades da semana, como a prova semestral, a apresentação dos componentes curriculares dos Guias de Estudo, a reunião de avaliação geral, as oficinas, os seminários e o curso de informática ocorrem nas salas de aula da AFOR UFU. Estas sessões totalizaram 122 horas de observação (de 280 horas totais no curso) e em torno de 880 horas de

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Disponibilizamos no CD-ROM que acompanha este trabalho, a transcrição das sessões de observação da tutora Isa no ANEXO 3 e da tutora Gil no ANEXO 4. Esclarecemos que todas as transcrições das observações e das entrevistas foram feitas por nós, com o apoio de Mayra, estudante universitária do curso de Turismo e Hotelaria e de Ananda, estudante do curso de Fisioterapia.

transcrições, conforme especificamos no Quadro 4.

QUADRO 4 - Resumo do tempo de observação participante e de transcrição das Semanas Presenciais III, IV,V, VI, e VII do Veredas

Atividades das Semanas Presenciais

III, IV, V, VI, e VII Total de horas observadas transcrição Tempo de

Conferências, palestras, mesas redondas 32 horas -

Encontros de Tutores e Cursistas 20 horas 215 horas Apresentação dos Componentes curriculares 42 horas 350 horas

Oficinas temáticas 14 horas 150 horas

Seminários de Pesquisa e Monografia 12 horas 130 horas

Exposição de Painéis 02 horas 5 horas

Atividades Artísticas 12 horas -

Cursos de Informática 0 -

TOTAL 122 horas 880 horas

FONTE: Diários de campo e gravação oral em gravador digital, das sessões de observação da prática pedagógica dos tutores, durante as atividades de ensino-aprendizagem das Semanas Presenciais do Veredas, de julho de 2002 a julho de 2005.

b) Encontros Presenciais Mensais: as sessões de observação da prática dos tutores durante os Encontros Presenciais Mensais foram realizadas ao longo do curso: no Módulo 3 (Janeiro a Julho/2003); Módulo 4 (Agosto a Dezembro/2003); Módulo 5 (Janeiro a Julho/2004); Módulo 6 (Agosto a Dezembro/2004) e Módulo 7 (Janeiro a Julho/2005). As sessões de observação totalizaram 15 encontros mensais (do total de 21 encontros de todo o curso) e significou 120 horas de observação e em torno de 1.200 horas de transcrições, conforme resumo no Quadro 3.

Esta reunião é planejada, coordenada e desenvolvida pelo tutor com sua turma de cursistas, nos municípios em que residem os cursistas e é realizada numa das escolas da rede pública estadual em que eles trabalham, fazendo rodízio naquelas instituições. Como pré- requisito para receber tutores e cursistas, a escola precisa disponibilizar aparelho de videocassete e televisão para a exibição do vídeo de cada unidade e era desejável que tivesse computador com acesso à Internet. Alguns dos tutores e suas turmas efetivas da cidade de Uberlândia realizavam os Encontros Presenciais Mensais nas dependências e salas de aula da AFOR UFU, ao invés de realizá-los nas escolas dos cursistas.

c) Estágio Supervisionado: observamos e acompanhamos as atitudes e a prática pedagógica dos tutores durante a realização das visitas aos seus cursistas, em suas escolas estaduais e/ou municipais de ensino fundamental. Tinham em vista a verificação e a avaliação formativa da prática do professor cursista, para o desenvolvimento do planejamento preliminar, da realização das atividades de ensino, da gestão da classe; da evolução e o

aprimoramento da prática pedagógica das cursistas no ensino fundamental; das dificuldades encontradas no desenvolvimento desse plano mensal; coerências entre o plano e a prática efetiva na sala de aula; em que medida o Veredas contribui para o aprimoramento da prática pedagógica do cursista nas diversas dimensões (escola, sala de aula, plano de trabalho, atividades de ensino, gestão da classe).

As sessões de observação da prática dos tutores durante o Estágio Supervisionado se efetivaram em três visitas de quatro horas cada, realizadas no Módulo 3 (Janeiro a Julho/2003); três visitas de quatro horas cada no Módulo 4 (Julho a Dezembro/2003); duas visitas de quatro horas cada uma no Módulo 5 (Janeiro a Julho/2004) e, duas visitas de quatro horas cada uma, no Módulo 6 (Julho a Dezembro/2004). Estas sessões somaram 40 horas de observações (das 500 horas que deveriam ser cumpridas pelo conjunto dos 10 tutores, nos Módulos 3 ao Módulo 7, mas que por motivos diversos e nem sempre conhecidos por nós, não se efetivaram) e em torno de 180 horas de transcrições.

d) Plantões telefônicos dos Tutores: foram observados e acompanhados nas dependências da secretaria da PROEX, na AFOR UFU, atitudes, atuação e prática dos tutores durante o atendimento nos plantões telefônicos, momentos esses em que um dos tutores ficava disponível na AFOR para tirar dúvidas dos cursistas por meio do telefone (linha 0800). Estas sessões totalizaram 30 horas de observação, distribuídas durante os cinco últimos semestres do curso. Não foram realizadas transcrições destas observações, porque tivemos acesso aos relatórios com os registros do acompanhamento, das respostas e das orientações feitas pelos tutores a cada cursista que fez o seu telefonema para a AFOR.

e) Aplicação das provas semestrais dos cursistas, nas salas de aula da AFOR UFU. Foram observadas as atitudes e a prática dos tutores durante a aplicação da provas semestrais dos Módulos 4, 5 e 6, bem como as atitudes dos cursistas durante a realização dos exercícios. Estas sessões somaram seis horas de observação (do total de 12 horas disponíveis para esta avaliação)

Para realizar tais sessões de observação participante, seguimos as orientações de Rockwell & Mercado (1986, p.64). Procuramos observar e registrar as informações a partir de prolongada permanência nos diversos locais em que se desenvolveram aquelas atividades presenciais do Veredas, citadas nos parágrafos anteriores. De maneira espontânea, foram feitas anotações e descrições em diários de campo, gravação oral dos encontros presenciais, o registro de conversas informais, de diálogos e depoimentos realizados inclusive nos intervalos entre as atividades, que posteriormente aos encontros presenciais foram transcritos.

cada encontro presencial, outros sugeridos pelas autoras tais como: a linguagem verbal e não verbal de tutoras e cursistas; como os tutores fazem a articulação dos conhecimentos, experiências, habilidades, nos procedimentos didáticos, pedagógicos, metodológicos e tecnológicos na formação superior no Veredas; a interferência das normas institucionais, administrativas, sócio-político e culturais, determinantes das práticas das tutoras. Também, consideramos as condições objetivas de trabalho, os recursos físicos e materiais da AFOR, da organização do espaço e do tempo escolar, de que modo foram explicitadas as práticas pedagógicas comuns, singulares e diferenciadas dos tutores e a avaliação da aprendizagem na tutoria presencial em EaD. Ainda, a organização do trabalho pedagógico e a prioridade de trabalho que em algumas ocasiões, resultam da negociação entre tutores e cursistas e que acabam por gerar a própria lógica do encontro, as possibilidades e as limitações do contexto da prática docente (ROCKWELL e MERCADO, 1986, p.64).

Após a leitura e análise das transcrições das sessões de observação da prática pedagógica dos tutores nos encontros presenciais do Veredas, foi possível contemplar organizar os dados de acordo como três eixos de análise e alguns tópicos: 1) O contexto da investigação: AFOR UFU; 2) O perfil dos tutores participantes da pesquisa; 3) A diversidade de papéis, funções e práticas nos encontros presenciais: a) Condições de trabalho e apoio administrativo; b) Prática reflexiva, interativa, colaborativa e transformadora c) Uso das TICs; d) Orientação, avaliação e correção das provas e do CAU; e) Orientação e avaliação das atividades de planejamento e estágio supervisionado; f) Orientação e avaliação da monografia e do memorial.

Ressaltamos que não enfrentamos dificuldades com os tutores e cursistas para a realização das sessões de observação participante. Todos favoreceram o contato, a aproximação, a interação, a convivência e o acompanhamento de suas atividades nos encontros presencias.

b) Entrevista semiestruturada: tutores e coordenadores

A entrevista semiestruturada possibilita a expressão verbal da perspectiva dos participantes, da maneira como os informantes encaram as questões que estão sendo propostas, bem como o esclarecimento de respostas, opiniões, abordagens, temas e nuanças não previstas no roteiro de entrevista (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p.12).

A entrevista foi adotada aqui, com o objetivo de identificar a percepção e as representações dos tutores, coordenadores e cursistas em relação à prática pedagógica desenvolvida na tutoria do Veredas, na formação superior de professores considerado por seus idealizadores como construtivista e sociointeracionista em EaD. Neste estudo utilizamos duas

técnicas de entrevistas: a) entrevista semiestruturada com cinco tutores (Ada, Edu, Lea, Mel e Rui) e dois coordenadores locais; b) grupo focal desenvolvido com seis grupos formados