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A Prática Pedagógica Orientada ou Estágio Supervisionado inicialmente incluía conforme se registra no Quadro 1, dez horas semanais de atividades na sala de aula do próprio professor cursista, ao longo de 15 semanas, totalizando 150 horas em cada semestre e 1050 horas no curso, conforme determinado no Manual de Avaliação (2004, p.36). Os tutores da AFOR UFU constataram a impossibilidade de efetivação da visita à escola com tal carga horária prevista. Com o consentimento da coordenação, reduziram-na para 10 horas de visita, durante o semestre letivo, para que o tutor acompanhasse a prática dos cursistas pelo menos duas vezes no semestre, o que favoreceu a efetivação desta programação.

O Estágio Supervisionado era uma oportunidade do cursista articular sua prática e os conhecimentos teóricos desenvolvidos nos Guias de Estudo, resolver problemas cotidianos e levantar novas questões para a discussão teórica que se dá durante o Encontro Presencial

Mensal. Segundo o Manual do Tutor (2002, p.18), a orientação, o acompanhamento e a

avaliação do Estágio Supervisionado englobava dois momentos distintos sob a responsabilidade do tutor no Veredas.

O primeiro deles - o Planejamento Preliminar das Aulas das Cursistas (daqui em diante Planejamento Preliminar) era iniciado nos Encontros Presenciais Mensais, sob a coordenação do tutor. De acordo com o Manual de Avaliação (2004, p.36), o Planejamento

Preliminar precisava contemplar os objetivos, os conteúdos, as atividades a serem

desenvolvidas, o material didático e os procedimentos de avaliação da aprendizagem dos alunos do ensino fundamental.

Assim, na ocasião do Encontro Presencial Mensal, eram discutidas em pequenos grupos e pré-planejadas algumas das atividades que cada cursista desenvolveria em sua sala de aula do ensino fundamental no mês seguinte. Como não era necessário detalhar todo o trabalho naquela reunião, isso continuava a ser feito à medida que os cursistas fossem dando suas aulas, iam adaptando o referido planejamento aos interesses e necessidades dos seus

alunos.

Nessa reunião, segundo determinações do Manual de Avaliação (2004, p.36), cabia ao tutor dar assistência aos cursistas, orientá-los na elaboração do Planejamento

Preliminar durante o encontro presencial: auxiliar na definição das linhas gerais do plano de

ensino a ser executado durante o mês; orientar as decisões relativas ao planejamento; estimular a incorporação dos conteúdos em sua prática e das atividades focalizadas nos estudos individuais e coletivos; incentivar a revisão de suas práticas, com base nas experiências e estudos desenvolvidos no Veredas; auxiliar na transposição dos conteúdos que estão aprendendo no curso para a situação e o nível dos alunos para os quais lecionam, quando for o caso.

O segundo momento - a Prática Pedagógica Orientada, que corresponde ao

Estágio Supervisionado55 dos cursos regulares presenciais, consistia na visita do tutor, agendada previamente, à escola onde o cursista atuava, pelo menos duas vezes no semestre (ibidem). Em princípio, o cursista iria colocar em prática o Planejamento Preliminar que seria observado e avaliado pelo tutor. Nesta visita, cabia ao tutor acompanhar a evolução e o aprimoramento da prática pedagógica das cursistas no ensino fundamental; verificar o que foi possível realizar do planejamento feito pelo cursista; identificar as dificuldades encontradas no desenvolvimento desse plano mensal; constatar coerências entre o plano e a prática efetiva na sala de aula; averiguar em que medida o curso está contribuindo para o aprimoramento da prática pedagógica do cursista nas diversas dimensões: escola, sala de aula, plano de trabalho, atividades de ensino, gestão da classe (VEREDAS. MANUAL DE AVALIAÇÃO, 2004, p. 37).

Durante as visitas, cabia ao tutor observar o espaço físico da escola e da sala de aula do cursista, o material utilizado, o processo de ensino-aprendizagem, a dinâmica da sala de aula. Após a aula, esperava-se que o tutor fizesse comentários, apreciações e avaliação direcionada, oportuna e esclarecedora ao cursista acerca dos resultados de suas observações da visita à escola e à sua sala de aula. Cabia-lhe listar os principais avanços e dificuldades do cursista, bem como dar sugestões que contribuíssem para melhoria da prática, dos equívocos, intensificasse os acertos, com vistas a motivar o cursista a transformar a própria prática (ibid., p.38).

Tutores e cursistas comprovaram as atividades realizadas por meio do preenchimento de formulários, fichas de registro, relatórios e atestado da diretoria da escola,

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que são arquivados na AFOR. Havia também, a elaboração pelo cursista, de um portfólio - pasta para receber os documentos do estágio (planejamento das aulas, registro da presença dos alunos, avaliação de cada aluno e outros que o cursista julgar necessário), além do relatório de estágio. Todos esses documentos precisavam conter: o nome do cursista; a escola, série ou ciclo, turno de ensino em que atuou no semestre; número de alunos; atividades desenvolvidas; informações sobre o cumprimento do número total de horas de prática pedagógica do semestre; informações sobre qualquer tipo de licença gozada pelo cursista e o tempo gasto com ela (ibid., p.42).

A análise deste formato e a estruturação do Estágio Supervisionado do Veredas, aponta para a valorização da prática docente do cursista articulada com a avaliação formativa. Indica a sua coerência com os fundamentos do projeto pedagógico, que prevê uma parte da avaliação da aprendizagem de cunho diagnóstica, reflexiva e contínua. Pode-se ressaltar como positiva, relevante, significativa, ousada e inovadora esta opção do Veredas pelo estágio do cursista em sua própria sala de aula e escola de ensino fundamental. Nesta atividade aproveita-se o próprio locus de trabalho do cursista, as experiências, o planejamento das aulas, a sua atuação e prática, com vistas à articulação entre teoria e prática e a aplicação dos componentes curriculares por meio de práticas interdisciplinares.

Esperava-se que tais experiências fossem mediadas por teorias pedagógicas e ao mesmo tempo, vinculadas ao diálogo com o tutor e com seus pares. Também, era oportunidade de desenvolver a reflexão na ação e sobre essa, a autonomia, a construção de conhecimento, entre outras competências e habilidades essenciais para a docência. Além disso, um espaço privilegiado de contato face-a-face e individual do tutor com o cursista. Esse encontro precisaria favorecer o estreitamento dos laços interpessoais, a interação, a troca de ideias e de experiências, a colaboração e a cooperação entre ambos, a exposição de dúvidas e dificuldades do cursista num diálogo franco com o seu tutor orientador.

A elaboração do portfólio permitiu ao cursista, arquivar diferentes instrumentos formativos e avaliativos, como suas anotações pessoais e dos alunos, as experiências de aula, os trabalhos e planos pontuais, bem como as conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, atividades e instrumentos de avaliação diversificados, entre outros. A análise desta proposta avaliativa indicou que o arquivo do planejamento, organização e atualização periódica das produções e sua revisão, parece ter fornecido alguns subsídios para o cursista ampliar seus conhecimentos, melhorar aspectos didático-metodológicos e pedagógicos de sua prática, à medida que novos conhecimentos foram construídos, concepção essa que coincide com o que propõem Fernando Hernández (2000, p. 166) e Pimentel (2007).