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ASPECTOS CLIMÁTICOS, AS MUDANÇAS NOS ECOSSISTEMAS E

2. O AGRONEGÓCIO E A REGIÃO NORTE DE MINAS: UMA

2.3. ASPECTOS CLIMÁTICOS, AS MUDANÇAS NOS ECOSSISTEMAS E

O Norte de Minas é considerado uma região de transição entre o Sudeste e o Nordeste brasileiros, sendo que diversas características socioeconômicas e físicas se assemelham a de vários estados nordestinos. A realidade climática da região, que constitui uma transição de um clima subúmido para um semiárido, é determinante da presença dos ecossistemas Cerrado, Caatinga e de formação de transição ou Mata Seca (SILVA, 1999 apud FONSECA; FERREIRA, 2013, p. 36-37).

A Mata Seca (Floresta Estacional Decidual), recentemente, foi considerada sob domínio da Mata Atlântica, enquadrando-se na lei nº 11.428, que obrigava os produtores a preservarem 70% de sua área remanescente. Legislando a favor dos grandes proprietários, sob a argumentação de manter o desenvolvimento econômico da região Norte de Minas, o governo do Estado de Minas Gerais criou uma lei ambiental que permitiu o desmate de até 70% desse bioma (ROCHA; BARBOSA, 2013, p. 3-4).

Apresentando uma topografia formada por topos de serras, chapadas, grotas e planícies, e altitudes que variam de 750 a 1200 metros, essa região de transição de biomas, comporta uma diversidade de ambientes e nichos ecológicos, que correlacionam diferentes formas de relevo, de vegetação, de clima e de precipitações anuais (FONSECA; FERREIRA, 2013, p. 37-38).

A partir da década de 1960, com o suporte do Estado/SUDENE, inicia-se na região um processo intenso de territorialização do capital e de desterritorialização das populações tradicionais que habitavam as terras dos “gerais” (GOMES; FONSECA, 2013, p. 112). Os povos dos cerrados, que desenvolveram sistemas de uso das terras que combinavam a agricultura nas grotas, várzeas e brejos, com a criação de gado “a solta” e agroextrativismo nas encostas e chapadas, geralmente fazendo uso compartilhado dessas terras de chapadas, passam a sofrer com o processo de cercamento das mesmas (PORTO-GONÇALVES, 2013, p.

259), as quais seriam destinadas à monocultura de eucalipto.

Além das terras de chapadas, que passam a ser tomadas pelas empresas plantadoras de eucalipto e pinus, nas áreas de expansão da pecuária, os camponeses, que ali se instalaram e construíram suas posses, passam a ser expulsos e ter suas terras griladas pelos fazendeiros.

Se nos três séculos anteriores o processo de expulsão das populações camponesas se dava pelo conflito direto com os fazendeiros, que possuíam não só o poder econômico, mas também o de fazer justiça com as próprias mãos, a partir dos anos de 1960, essa expulsão dar- se-á pela expansão dos monocultivos, tanto de eucalipto, quanto de pastagens (FONSECA; FERREIRA, 2013, p. 40), estimulada pelo dinheiro público.

Com as ações modernizantes impulsionadas pelo Estado, e as modificações provocadas nas paisagens do rural norte-mineiro, a produção agropecuária regional passa a integrar os ciclos do chamado agronegócio e das cadeias globais de produção de valor e mais- valor. Com isso intensifica-se os riscos de insegurança alimentar da população rural e urbana, uma vez que as monoculturas e a produção exclusiva para o mercado vão se impondo na paisagem sertaneja. Essas mudanças de paisagem podem ser observadas através da análise crítica dos dados do IBGE sobre a produção agrícola, pecuária e da silvicultura nos últimos 25 anos.

Segundo os dados do IBGE sobre a Produção Agrícola Municipal da Região Norte de Minas Gerais dos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 (QUADRO 5), é possível observar que algumas culturas típicas da agricultura sertaneja vão desaparecendo do cenário, enquanto outras vão se afirmando.

Uma primeira observação, em relação a área destinada à lavoura temporária no período de 1999 a 2014, é que houve uma diminuição da área total plantada em mais de 100 mil hectares, sendo que em 1999, a lavoura temporária ocupava uma área total de 365,8 mil hectares, que ao longo dos anos foi reduzindo-se, chegando a uma área de 262,9 mil hectares em 2014. Esse montante de área tem a mesma magnitude da redução da área ocupada com a cultura do algodão ocorrida no período - de 104,6 mil hectares para 3.612 hectares, ou seja, redução em 101 mil hectares.

Em relação a cultura do algodão, no chamado “período SUDENE”, houve grande incentivo, para a implantação dessa cultura na Região, inclusive com a instalação de unidades de beneficiamento no Município de Montes Claros. A partir dos anos 1990, devido ao ataque do bicudo e o fim dos incentivos fiscais e financeiros, essa cultura entra em decadência e as fábricas de beneficiamento são fechadas.

Historicamente a cultura do algodão no Norte de Minas e Nordeste brasileiro esteve associado a pequena unidade de produção familiar e a expansão da pecuária extensiva, introduzindo ou fortalecendo formas de parceria: a cultura do algodão era desenvolvida numa ampla segmentação de pequenas e isoladas culturas, muitas vezes associada ao milho e/ou feijão. A fibra era comercializada e o caroço utilizado na alimentação do gado (CARDOSO, 2000, p. 196).

Atualmente tem-se tentado retomar a cultura do algodão na Região através da introdução do algodão transgênico, principalmente na microrregião do Município de Catuti, na divisa com o Estado da Bahia. Essa retomada aparece nos dados sobre a Produção Agrícola Municipal do IBGE dos anos de 2010 e 2014. Nesse período, nota-se um aumento de 1.385 hectares da área cultivada com algodão, ou seja aumento de 62% da área cultivada. Até então a área cultivada vinha apenas diminuindo.

Quadro 5: Área destinada a Lavoura Temporária na Mesorregião Norte de Minas Gerais nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014

Tipo de Lavoura Temporária Área destinada à colheita (Hectares)

1990 1995 2000 2005 2010 2014

Total 365853 322346 292585 292309 290561 262956

Algodão herbáceo (em caroço) 104592 34023 15880 13560 2227 3612

Alho 575 242 195 119 118 85

Amendoim (em casca) 42 44 102 472 278 279

Arroz (em casca) 30877 29406 12349 11167 8527 4978

Batata-doce 170 111 63 128 105 502

Cana-de-açúcar 26490 25320 21912 25086 31283 35037

Cebola 139 144 582 162 70 47

Fava (em grão) 11242 11242 1727 1197 1068 810

Feijão (em grão) 59161 58357 70955 58961 58569 40632

Mamona (baga) 2408 184 14388 1715 7979 2385

Mandioca 28367 19637 20376 18041 20274 18366

Melancia 744 541 556 1085 1082 583

Milho (em grão) 90003 118973 113594 117875 115521 108499

Soja (em grão) 10465 5780 15400 34644 35110 38854

Sorgo (em grão) 17 1174 3059 6556 6484 6568

Tomate 64 906 900 1269 1329 1572

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal da Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 – disponível em www.ibge.gov.br – Organização: o Autor

crítica proposta por Alentejano (2014), é que há, no período de 1990 a 2014, segundo os dados do IBGE, um aumento significativo da área cultivada com milho, soja, sorgo e cana-de- açúcar, culturas típicas de uma agricultura voltada para o mercado; e uma diminuição na área ocupada com mandioca, feijão, fava e arroz, alimentos básicos da população da região.

Nesse período a área ocupada com as culturas de soja, milho, sorgo e cana-de-açúcar aumentou em 62 mil hectares, passando de 127 mil hectares para 189,0 mil hectares - um aumento de 48,81%, enquanto a área ocupada com mandioca, arroz, feijão e fava (alimentos típicos da população nortemineira) reduziu em 64,8 mil hectares hectares, passando de 129,6 mil hectares em 1990, para 64,8 mil hectares em 2014 – uma redução de cerca de 50%. No caso da fava e o arroz, essa diminuição foi drástica, passando de 11.242 hectares para 810 hectares e de 30.877 hectares para 4.978 hectares, respectivamente.

Outros alimentos que possuem a base produtiva organizada de forma familiar e que também tiveram suas áreas reduzidas foram: o alho e a cebola, passando de 575 e 139 hectares, em 1990, para 85 e 47 hectares em 2014, respectivamente .

No período observado há uma aumento significativo na área ocupada com a produção de tomate, que passou de 64 hectares em 1990, para 1.572 hectares em 2014 (aumento de 2.356,25%). A cultura do tomateiro, na região Norte de Minas, mesmo estando assentada sobre a base da organização produtiva familiar, e com áreas relativamente pequenas, é realizada, em sua grande maioria, com o uso intensivo do pacote tecnológico do agronegócio (sementes, adubos químicos, agrotóxicos, sistemas de irrigação)

Em termos de lavoura permanente, segundo dados do IBGE sobre a Produção Agrícola Municipal nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 (QUADRO 6), no período de 1990 a 2014, há um aumento da área destinada a esse tipo de cultivo na ordem de 25,85 mil hectares (aumento de 277,20%), passando de 9.327 hectares em 1990, para 35.182 mil hectares em 2014.

Nesse período, as culturas que mais se expandiram, em termos absolutos, foram a Banana e o café, que passaram de 1.579 e 3.263 hectares, para 13.580 e 10.090 hectares, respectivamente. Além do café e da banana, tiveram expressivos aumentos: o coco-da-baía, com aumento de 8.337,5%; o limão , com aumento de 1.928,92%; o mamão, com aumento de 2.956,90%; o maracujá, aumento de 18.400%.

Essa expressiva produção de frutas na região se deve a existência dos perímetros irrigados criados no “período SUDENE” e da implantação de agricultura irrigada às margens do Rio São Francisco e de seus principais afluentes (Rio Jequitaí, Rio das Velhas, Rio

Gorotuba, Rio Verde Grande).

Quadro 6: Área destinada a colheira da Lavoura Permanente na Mesorregião Norte de Minas Gerais nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014

Tipo de Lavoura permanente

Área destinada à colheita (Hectares)

1990 1995 2000 2005 2010 2014

Total 9327 11901 20904 25419 32813 35182

Abacate 83 76 22 4 33 86

Banana (cacho) 1579 4420 11387 12428 14220 13580

Café (em grão) Total 3263 2154 4067 5817 8704 10090

Coco-da-baía (Mil frutos) 8 129 225 951 693 675

Goiaba 30 2 53 161 218 169 Laranja 1187 1255 1567 1159 1430 1427 Limão 166 164 378 781 1777 3368 Mamão 58 79 238 399 642 1773 Manga 2336 2746 1842 2231 3326 2576 Maracujá 2 307 438 290 424 370 Marmelo 54 14 15 50 47 43 Tangerina 137 109 175 292 501 514 Urucum (semente) - - 34 308 418 163 Uva 300 438 463 439 232 250

Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal da Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 – disponível em www.ibge.gov.br – Organização: o Autor

Assim como a produção de hortaliças, essa produção intensiva de frutas se assenta sobre a utilização intensa do pacote tecnológico convencional-químico. Essas frutas abastecem grandes mercados consumidores, como Montes Claros, Belo Horizonte e São Paulo, e são até exportadas.

Ainda, em relação a cultura permanente, segundo os dados do IBGE de 2014 sobre a Produção Agrícola Municipal (QUADRO 7), as frutas mais produzidas no referido ano foram a banana, que ocupou 38% do total da área com cultura permanente (13.580 hectares), e que em 2014 obteve uma produção de 337,80 mil toneladas; o limão que ocupou 9,57% do total da área ocupada pela cultura permanente (3.368 hectares), e que em 2014 obteve produção de 82 mil toneladas; a manga que ocupou 7,32% do total da área ocupada com cultura permanente (2.576 hectares), e que em 2014 obteve uma produção de 53,6 mil toneladas.

Também aparece como destaque, em termos de cultura permanente, o café, que em 2014, ocupou 28,68% do total da área destinada a cultura permanente (10.090 hectares), alcançando uma produção de 24,5 mil toneladas de grãos.

Quadro 7: Área ocupada com cultura permanente na Mesorregião Norte de Minas Gerais e quantidade produzida no ano de 2014

Lavoura permanente

Variável Área destinada à

colheita (Hectares) colheita (Percentual)Área destinada à Quantidade produzida(Tonelada)

Total 35.182 100,00 -

Banana 13.580 38,60 337.791

Café (em grão) Total 10.090 28,68 24.516

Coco-da-baía 675 1,92 18.954 Laranja 1.427 4,06 39.202 Limão 3.368 9,57 82.034 Mamão 1.773 5,04 82.867 Manga 2.576 7,32 53.675 Tangerina 514 1,46 14.249 Outros 1179 3,35 -

IBGE: Dados sobre a Produção Agrícola Municipal na Mesorregião Norte de Minas no Ano de 2014 – Adaptado pelo Autor – Disponível em www.ibge.gov.br

Analisando os dados sobre a pecuária na Região Norte de Minas, segundo os dados da Pesquisa Pecuária Municipal do IBGE na Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 (QUADRO 8), no período de 1990 a 2010, houve um no número de cabeças de gado na ordem de 917 mil; passando de 2,06 para 2,98 milhões de cabeças (aumento de 44,40%). Já no período de 2010 a 2014 – período marcado por 03 anos de severas secas, houve uma redução no número de cabeças na ordem de 141,7 mil. Em relação aos demais rebanhos, eles tem menor expressão na região.

Quadro 8: Efetivos dos Rebanhos na Mesorregião Norte de Minas Gerais nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010, 2014

Efetivos dos Rebanhos (nº de cabeças)

Tipo de rebanho 1990 1995 2000 2005 2010 2014 Bovino 2.066.242 2.137.372 2.189.840 2.683.125 2.983.600 2.841.819 Bubalino 4.245 663 770 3.058 1.784 1.673 Equino 171.511 171.669 190.128 157.585 141.988 124.810 Suíno - total 264.259 263.519 241.553 273.344 317.690 257.363 Caprino 35.562 31.233 20.274 51.822 31.918 21.064 Ovino 19.351 13.879 13.913 26.099 46.563 35.268 Galináceos - total 3.718.641 3.684.107 4.263.745 4.581.601 5.027.637 4.715.689

IBGE – Pesquisa Pecuária Municipal da Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 – Organização: o Autor – Disponível em www.ibge.gov.br

Para a analise sobre a silvicultura na Região Norte de Minas, como, em termos de área ocupada, o IBGE apenas dispõe de dados do Censo Agropecuário de 2006 (10 anos atrás), utilizou-se os dados sobre a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura do IBGE da Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 (QUADRO 9) Na análise desses dados, é possível observar que nos anos de 1990 a 2014 há um aumento de 197,67% na produção de carvão vegetal, que passou de 493, 5 mil toneladas para 1,46 milhões de toneladas; sendo que o maior aumento ocorreu no período de 2010-2014 (aumento em 87,71%). Além do aumento da produção de carvão vegetal, destaca-se o aumento na produção de lenha de eucalipto, passando de 181 mil toneladas, para 618,8 mil toneladas (aumento de 241,83%). No caso da produção de madeira em tora, observa-se uma diminuição drástica a partir do ano de 2005.

Quadro 9: Produção da Silvicultura na Mesorregião Norte de Minas Gerais, nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010, 2014.

Produção da Silvicultura

Tipo de produto 1990 1995 2000 2005 2010 2014

Carvão vegetal de eucalipto e pinus

(Toneladas) 493.518 621.658 772.335 637.615 782.618 1.469.045

Lenha de eucalipto (Metros cúbicos) 181.025 432.225 281.253 162.117 418.263 618.806

Madeira em tora (Metros cúbicos) - 165.846 100.980 1.385.803 315.210 279.847

Outros produtos (Toneladas) - 360 98.300 36.359 45.112 9.739

Eucalipto (folha) (Toneladas) - 360 98.300 32.476 39.375 16.420

Resina (Toneladas) - - 3.883 5.737 9.723

Fonte: IBGE - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura na Mesorregião Norte de Minas nos anos de 1990, 1995, 2000, 2005, 2010 e 2014 – Organização: o Autor – Disponível em www.ibge.gov.br

Os dados do IBGE de 1990 a 2014 sobre a produção agrícola, pecuária e silvicultura, corroboram com a proposição de Alentejano (2014) de que o avanço do agronegócio tem como resultado o aumento do quadro de insegurança alimentar da população; sendo que os dados do IBGE de 1990 e 2014 da Mesorregião Norte de Minas, confirmam regionalmente o observado pelo autor no nível nacional, mudando-se apenas os produtos: no lugar da soja, entra o carvão vegetal e o algodão. Ao mesmo tempo em que aumenta-se a produção de carvão vegetal (de 876 mil para 1,5 milhão de toneladas); do efetivo de rebanho bovino (de 2,9 milhões para 3,12 milhões de cabeças); do algodão (de 3,5 mil para 8,8 mil toneladas); das frutas; reduz-se a produção de arroz, feijão, mandioca.

No caso dos assentamentos Estrela do Norte e Darcy Ribeiro e do acampamento Eloy Ferreira, segundo a cultura implantada na região, a pecuária bovina tem ocupado grande parte das terras. Só que diferentemente da grande propriedade, a maior parte das famílias assentadas tem interesse na produção de leite e derivados, sendo que os bezerros constituem uma poupança viva. Além da produção de gado, a maioria dos assentados desenvolve uma produção diversificada que engloba os pequenos animais (porco e galinha), hortaliças, frutas, mandioca, milho feijão, feijão de corda, fava e andu.

Em termos de alternativa de renda, o setor de produção do MST tem trabalhado na organização das cadeias produtivas das hortaliças, do leite, do mel, dos pequenos animais (suínos e aves), da mandioca e da cana-de-açúcar, além da produção de doces, conservas e produtos de panificação. Hoje os assentamentos já contam com infraestrutura para o beneficiamento (agroindústria) da cana-de-açúcar, do mel e da mandioca e de cozinha comunitária para fabricação de doces, conservas e produtos de panificação.

Mesmo desenvolvendo o princípio agroecológico da diversificação produtiva, da organização dos quintais produtivos e na busca da segurança e soberania alimentar, a maioria da produção dos assentamentos ainda é calcada no modelo convencional, com a utilização de insumos do pacote do agronegócio (sementes, adubos químicos e agrotóxicos).

Através do acompanhamento técnico, de capacitações e da organização do trabalho cooperado, a equipe técnica do setor de produção do MST tem tentado construir formas alternativas de produzir e se relacionar com a terra, que fazem o contraponto ao modelo do agronegócio.

3. Assentamentos Rurais como produtores de saúde: as contradições, subordinações e a