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A cultura declarada pelo GB foi percebida através de documentos mostrados pela área de marketing, elaborado com visualização de qualidade e através do site institucional com a existência da missão, visão e valores: aspectos estes voltados a elementos da cultura organizacional, disseminados em eventos estratégicos. Percebeu-se que, no site corporativo, pouco se fala sobre a unidade pesquisada.

Nas entrevistas, percebeu-se que, os colaboradores pouco conhecem sobre a história, fundador, políticas, valores, entre outros elementos da cultura pertencente ao GB. A Figura 11 representa uma das primeiras empresas adquiridas pelo GB. Figura essa não conhecida por nenhum colaborador da unidade.

No decorrer das entrevistas, observou-se certo desconhecimento da cultura do Grupo B (história, fundador, políticas, valores, eventos, comunicação), por parte dos entrevistados como se pode averiguar em alguns relatos abaixo. Em certos momentos, foi percebido que houve uma demonstração de dúvida em relação ao tamanho do GB e do seu fundador. E, quando questionados sobre as políticas e valores, percebeu-se que a resposta referenciava-se pertencente ao GA.

O entrevistado 02 referiu-se às práticas de RH como sendo uma conquista do GB, mas na verdade, foram construídas pelo GA, ficando evidente que o entrevistado fez uma confusão no entendimento entre as culturas A e B.

...”Existe uma coerência do que se diz e pratica, a exemplo no que temos na cartilha e manuais de RH” (E2, 25 anos na empresa).

Constatou-se também, que quando o entrevistado não conseguia falar sobre algo referente à cultura do GB, reforçava a cultura do GA. Os entrevistados, de maneira geral, mencionam na maior parte das falas as: políticas, eventos, valores, princípios como sendo da unidade, ou mais especificamente da indústria, e não pertencentes ao corporativo do GB.

Figura 11 – Uma das primeiras indústrias do GB ano de 1965.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

4.2.1 Valores e crenças

Ao mesmo tempo em que os entrevistados abaixo demonstram conhecer a política da unidade não souberam falar sobre a política corporativa.

.... na gestão do novo grupo não se investe tanto nas pessoas ( E16, 26 anos de empresa).

[...] acho que as políticas sejam as mesmas, mas não conheço, mas gostaria de conhecer. Aqui é minha história (E7, 24 anos de empresa).

.... Os benefícios eram parecidos com os de hoje... (E15, 31 anos de empresa).

O E7 referencia a sua história mencionando a unidade locus da pesquisa, e não o GB. Em alguns momentos ressalta o reconhecimento dado ao trabalho pelo atual Grupo e fala dos benefícios do GA, mesmo assim, não consegue falar sobre a cultura B, pois o GB não tem como rotina a divulgação dessas informações.

As políticas são as mesmas que falei do grupo anterior, mas conheço pouco do Sul e os valores os mesmos da indústria do nordeste, mas sem muita sintonia ainda “(E1, 24 anos de empresa)”.

...Não tenho muita certeza, Já li algo sobre a história, mas não me recordo.

Política a da unidade continua a mesma, voltada para saúde, segurança e meio ambiente, divulgada nos quadros. A corporativa, não conheço, não

existe incentivo para conhecermos mais, isso deixa a desejar (E2, 25 anos de empresa).

...políticas são as mesmas do GA, foca sempre na sustentabilidade dos seus colaboradores, incentivo para os trabalhadores, preservação do meio

ambiente, e está desenvolvendo bem no meio industrial (E3, 18 anos de

empresa).

.... Não atrasam salário, benefícios ótimos, avalio pela a assistência que nos dão. (E5,19 anos de empresa).

[...] o atual grupo investe e tem o compromisso com seus colaboradores, porque tem interesse na qualificação das pessoas. Grupo com visão de

crescimento, mas conheço pouco (E6, 24 anos de empresa).

As políticas são as mesmas do grupo anterior (E8, 25 anos de empresa).

Os valores, crenças, políticas acima mencionadas fazem parte do antigo Grupo, ou seja, o GA. Nota-se que o GB não tem como prática a divulgação desses elementos da cultura e, com isso, faz com que a unidade do nordeste permaneça com suas antigas políticas internas e valores.

[...] sobre as políticas e os valores nada sei. O que sei é que o GB prioriza a lucratividade. Não há interação entre as unidades (E17, 21 anos de empresa). ... não sei sobre políticas não do Grupo, só da indústria, valores, não sei falar, a prioridade é o lucro (E20, 25 anos de empresa).

[...] políticas, consigo falar de uma ou mais políticas incorporadas, mas de primeiro não lembro, os valores, não consigo falar. Até agora não fica muito

percebido nem na teoria qual a cultura do grupo B (E10, 10 anos de

empresa).

Sobre as políticas, sei de algumas, mas não me lembro direito. Os valores

só sei falar da indústria que trabalho (E16, 26 anos de empresa).

Os valores, investimento em desenvolvimento das pessoas. Ela teve que se

[...] prioriza o financeiro e investe em estrutura e tecnologia (E14, 14 anos de empresa).

[...] na transição perdemos um pouco, mas as políticas são as mesmas. Do

grupo não sei nada (E15, 31 anos de empresa).

Os valores se assemelham ao GA, portas abertas para o colaborador (E19, 14 anos).

... No meu ponto de vista tem como valor conseguir a maior fatia do

mercado na área de atuação, a sustentabilidade, qualidade no produto (E3, 18

anos de empresa).

... O ponto principal pelo que vejo é crescer e consolidar aquilo o que tem. Expandir novos horizontes para o grupo, ou seja, crescimento e inovação. (E5, 19 anos de empresa).

... Prioriza a parte comercial e vendas. Há cinco anos o GB vem se preocupando com a evolução do RH (cargos e salários, bem-estar dos colaboradores, benefícios e evolução na parte de educação). Com a evolução

exportamos o que tínhamos de bom para as outras unidades do GB,

sofrendo certa influência (E9, 15 anos de empresa).

Na percepção do E9, a indústria química do Nordeste, exportou algumas políticas internas como: melhoria na carteira de benefícios, programa de incentivo a estudos, entre outros, para as demais unidades do GB, haja vista, ser mais antiga e mais estruturada, sendo considerada exemplo, para as outras coligadas do GB.

...lucratividade é o leme, não percebo que o capital humano tenha seu

destaque, sentimento de instabilidade, pois o grupo visa muito só a parte financeira e no momento de crise, somos apenas número (E18, 10 anos de empresa).

Ao mesmo tempo que falam não ter conhecimento sobre os valores do GB, mencionam a lucratividade, inovação e desenvolvimento das pessoas. Em seguida, referem-se aos elementos da cultura da unidade do nordeste semelhantes ao do Corporativo, denotando com isso, a confusão que fazem entre as culturas GA e GB.

No decorrer das entrevistas, notou-se um desconhecimento em relação a valores, crenças, e políticas corporativas do GB. Percebe-se que o conhecimento da maioria dos entrevistados é sobre os elementos da cultura vivenciados na época do GA.

O E14, E17 e E20 reconhecem apenas que o GB prioriza o financeiro e investe em estrutura e tecnologia.

O compartilhamento de informações e desempenhos organizacionais, na visão de Barbosa (2009), relatam modelos de padrões culturais que podem ser seguidos por organizações que buscam estratégias de sucesso e são divulgados no intuito de mostrar valores e pressupostos

básicos que quase sempre indicam performance, ou seja, um modelo de cultura que a organização talvez preferisse ter, mas que na realidade não o tem. Essa afirmação de Barbosa (2009), pode ser evidenciada na fala do E17, quando menciona a falta de integração entre as coligadas do GB.

4.2.2 Fundador

Nesta seção, nota-se a falta de conhecimento sobre o fundador do GB, bem como, o seu sucesso, Senhor C.

...O fundador, conheço, é o Sr. C, diretor presidente. (E1, 24 anos de empresa)”.

O entrevistado 1 menciona o fundador sendo o atual presidente do GB, mas que na verdade é o pai do presidente, Senhor B.

O fundador não tenho conhecimento quem foi (E3, 18 anos de empresa). ...Não conheço o fundador e não conheço nada (E7, 24 anos de empresa). Neste momento, o entrevistado, referiu-se ao filho do fundador e não do fundador propriamente dito.

[...] o fundador não conheço bem para ser sincero (E2, 25 anos de empresa).

[...] não sei falar da história e nem do fundador. Foi até bom que vou

procurar saber (E5,19 anos de empresa).

... Grupo com 70 anos e seu fundador é senhor C (E6, 24 anos de empresa). O entrevistado 6 refere-se ao GB com relação ao tempo de existência de forma errônea, visto que o GB possui 50 anos de fundação. Ele confunde o fundador com o filho do fundador. O E8 demonstrou conhecer a história do Grupo B e do seu fundador, referindo-se ao tempo correto da fundação. Entretanto, observamos nas falas abaixo, que alguns dos entrevistados, conhecem o nome do fundador, o Senhor B, mas não souberam falar sobre sua personalidade.

...Está fazendo 50 anos, criado em SP pelo senhor B (E8, 25 anos de empresa).

[...] começou com o pai do presidente (E9, 15 anos de empresa).

...Alguma coisa consigo falar: o fundador foi o pai do atual presidente e que hoje vendeu algumas ações. Sei que importa e revende, trabalhos voltados para distribuição (E10, 10 anos de empresa).

... O fundador foi o senhor B (E14, 14 anos de empresa).

Não sei muito, apenas o homem, é o senhor C, não sei se é majoritário (E15,

31 anos de empresa).

[...] seu fundador é o Senhor B pai do Senhor C, foi crescendo e hoje vem se expandindo a cada dia (E16, 26 anos de empresa).

Não sei falar, pois não conheço (E17, 21 anos de empresa). [...] fundado por um estrangeiro (E18, 10 anos de empresa). [...] não sei quem foi o fundador (E20, 25 anos de empresa).

... O fundador é o Senhor B pai do senhor C e que vem crescendo no mercado (E21, 34 anos de empresa).

Durante as entrevistas, observou-se um parcial desconhecimento sobre o fundador do GB a ponto de, quando mencionado, estavam referindo-se ao seu filho, atual presidente do grupo, mesmo assim, pouco se sabe sobre ele.

4.2.3 Cerimônias

São atividades planejadas e que compõem um evento especial, representando o lado concreto da cultura organizacional (Freitas, 2007). O GB, nas entrevistas abaixo, investe em eventos pontuais, como: festa de confraternização, eventos esportivos. Os eventos da unidade no nordeste, foram reduzidos e, segundo o relato de alguns entrevistados, atualmente é só para colaboradores, ou seja, os familiares não participam.

Nos relatos abaixo, percebe-se que o GB não tem como cultura o investimento em eventos ...Antigamente tínhamos mais lazer, era mais festivo (E1,24 anos de empresa).

Hoje não temos dia do trabalhador e tem feito falta para todos nós, saída do

grupo grande para um menor. Perda de benefícios, no começo foi duro com as mudanças (E11, 24 anos de empresa).

Os eventos são os mesmos, mas sem família. Não tenho muito que falar (E13, 8 anos de empresa).

[...] sobre eventos não posso falar porque desde que a empresa foi vendida

não participo de eventos (E17, 21 anos de empresa).

Constata-se pela análise das declarações dos entrevistados, que os colaboradores da indústria química pesquisa, participam dos eventos, entretanto, queixam-se, da ausência dos familiares,

e exclusão de alguns eventos (a exemplo do dia do trabalhador, festa de confraternização de final de ano), fato este que denota certa insatisfação na fala de alguns dos entrevistados.

4.2.4 Regras e normas

Sobre as normas e regras do GB, percebe-se na fala que os entrevistados não conseguiram relatar algo, demonstrando-se, com isso, falta de conhecimento das regras e normas do GB corporativo. Percebe-se apenas o conhecimento das práticas na unidade do nordeste.

...Normas voltadas pala lucratividade, entretanto com investimento em

desenvolvimento, a exemplo do programa de auxílio educação(E19,18 anos

de empresa).

...Não conheço nada do corporativo, apenas o da indústria do Nordeste (E20, 25 anos de empresa).

...Não sei falar nada (E17, 21 anos de empresa).

... Sei de algumas, mas não me lembro de direito (E16, 26 anos). 4.2.5 Comunicação

Observa-se que o GB possui sua gestão de comunicação voltada para o marketing, ou seja, divulgada em eventos estratégicos e encontrados nos informativos distribuídos pela área comercial (folders, manuais contendo a carteira de produtos e segmentos dos negócios, entre outros), os quais não podem ser apresentados para que a empresa não seja identificada; essa é uma prerrogativa acordada com a empresa para que a pesquisa pudesse prosseguir.

...Não existe muita comunicação. Falta divulgar mais (E7, 24 anos de empresa).

A comunicação é parcial e demorada por parte da matriz (E12, 18 anos de empresa).

[...] na comunicação, não mudou nada, temos a porta livre para falar com os gestores (E13, 8 anos de empresa).

Em relação à comunicação, hoje está havendo uma integração melhor em algumas áreas. No nordeste, isso acontece melhor, em termo de outros aspectos cada região tem sua independência (E16, 26 anos de empresa). [...] comunicação, não sei falar, pois o que sei é dessa unidade, (E20, 25 anos de empresa).

Há uma carência grande na comunicação corporativa, temos que caminhar

...até acho que o nordeste é excluído na comunicação (E10, 10 anos de

empresa).

A comunicação ainda está muito devagar (E18, 10 anos de empresa).

A Figura a seguir, representa uma fábrica pertencente ao GB no século passado.

Figura 12 – Antiga fábrica do GB em 1967.

Fonte: Dados da pesquisa, 2015.

Ficou evidenciado, nos discursos dos entrevistados, que existe uma carência em relação à comunicação corporativa do GB; apenas na unidade pesquisada é que ela permanece igual ao grupo anterior (GA). Para Figueiredo (2011) “sem comunicação, não há como a organização se estruturar e se manter”, isso porque, cultura e comunicação são aspectos inter-relacionados, voltados à estratégia organizacional.

Percebeu-se ainda que, durante a entrevista, o E4 não conseguiu fazer qualquer comentário sobre o GB, podendo denotar com isso, certa resistência logo de início. Em alguns momentos, ao relatar sobre o sentimento e priorização do GB, remete aos valores praticados dentro da indústria pelo antigo Grupo.

Pode-se perceber que o acordo pré-definido no processo de aquisição permanece até os dias atuais, o que denota coerência entre o discurso e a prática adotados no GB.

O E10 menciona o GB enfatizando que o grupo precisa fortalecer a identidade, mas ao mesmo tempo, reforça a identificação com o GA, quando ressalta: “não temos a presença constante

de outras pessoas de outras áreas aqui na indústria, acho que somos bons”.

Sinto apesar do choque de cultura, tentei me adaptar à nova realidade. Só sei que não é a mesma coisa, pois o grupo A era mais conhecido no mercado

nacional e internacional, e era mais sólido (E20, 25 anos de empresa).

Hoje a unidade do nordeste é motivo de orgulho por sermos exemplo, mas isso aumenta nossa responsabilidade e as pessoas das outras unidades nos olham de forma diferenciadas. Meu sentimento é de esperança de poder continuar contribuindo (E21, 34 anos de empresa).

Fica notório que, apesar da coerência entre o discurso e a prática, observa-se esforço para manter o acordo firmado entre o GA e o GB no processo aquisitivo que foi permanecer com os benefícios e os colaboradores. Percebe-se que, embora o GB já encontra-se a certo tempo administrando a unidade pesquisada, pouco se conhece a respeito da cultura corporativa. O sentimento de credibilidade demonstrado na fala de alguns entrevistados é observado pela postura adotada pela alta gestão onde, apesar de ser oriundo do GB-SP, incorporou a cultura praticada pela unidade do nordeste, ou seja, a cultura real. Atualmente, sente-se um esforço muito grande da alta gestão da unidade em incorporar as práticas capitalista/humanista do fundador do GA, fazendo com que o GB se torne uma cultura consolidada não apenas com práticas e regras desenvolvidas na unidade, mas corporativamente.

Quanto às políticas, parece que o que é visível, são as práticas continuadas, advindas do quotidiano e da cultura do GA, para muitos deles, nada mudou, mesmo tendo havido a mudança de propriedade entre os Grupos.

A cultura declarada pelo GB, na percepção dos colaboradores entrevistados, e, na visão de Santos (2000), parece ser inovativa e voltada para mudança, além de crescimento, estímulo, diversificação e criatividade. Os líderes geralmente são empreendedores e idealistas, apreciam correr riscos. As informações são intuitivas, inspiradas em novas ideias e criativas, elas objetivam a inovação organizacional. As palavras de ordem ou valores são: flexibilidade e adaptação. Esses conhecimentos vêm ratificar características da cultura declarada por essa empresa.

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