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38 2.1 CISTERNAS DE PLACA

2.1.1. Aspectos gerais

A cisterna de placa é uma tecnologia social que surgiu como alternativa de baixo custo, adequada a região semiárida e que possibilita a minimizaçãodos transtornos gerados pela escassez hídrica, disponibilizando água de consumo e cozimento para famílias de 5 pessoas, por até 8 meses, em período de estiagem.

Esta é uma técnica de captação, armazenamento e aproveitamento das águas de chuva, através do uso dos telhados das casas como área de captação hídrica, e armazenamento nos reservatórios denominados de cisternas (SANTOS,2010). A construção destas tem sido uma ação exitosa devido a participação da sociedade em todas as etapas, desde a construção e manutenção, fazendo uso de recursos humanos e materiais da localidade.

A construção das cisternas faz parte do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC) com vistas à convivência com a escassez de água do semiárido. O programa busca o desenvolvimento de um processo de transformação social no semiárido por meio do empoderamento social (PEDROSA, 2011). O P1MC tem como meta principal disponibilizar o acesso a água potável para 5 milhões de pessoas. E de acordo com Brasil (2014) desde 2003 até agora foram construídas 556.171, com capacidade de armazenar até 16 mil litros de água oriunda das chuvas.

Para viabilizar a construção das cisternas no semiárido, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) firmou parceria com a

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Associação Programa1 Milhão de Cisternas (A1MC). A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) também desempenha um papel importante nesse processo, visto que é uma rede formada por organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com esta região. Para ser beneficiário do P1MC, a renda familiar mensal deve ser igual ou inferior a meio salário mínimo por pessoa e estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

2,1,2, Detalhamento técnico

A cisterna de placas é um reservatório de captação da água de chuva, construído com placas de cimento pré-moldadas, que possui forma cilíndrica ou arredondada. Deve ser coberta para evitar a poluição e a evaporação da água armazenada, e enterrada aproximadamente dois terços da sua altura, para garantir a segurança da estrutura (FRANÇA et al., 2010).

De acordo com Santos (2010), para construção e utilização de uma cisterna é importante a consideração da superfície de contribuição e canaletas ou desviadores de água. Segundo a ABNT (1989) a superfície de contribuição se refere a soma das áreas das superfícies que interceptam a chuva. No caso da cisterna de placa, corresponde ao telhado da residência, que intercepta a chuva e conduz as águas para a cisterna, através das canaletas.Os materiais mais comumente utilizados na construção destas são ferro ou metal galvanizado, concreto armado, ferrocimento, argamassa, argila, polietileno e fibra de vidro (SANTOS, 2010).

Indica-se a construção da cisterna em solo arenoso. Solos argilosos são pouco indicados pois absorvem maior quantidade de água, dilatando-se quando saturado e contraindo-se quando seco, podendo provocar danos na estrutura da cisterna. Solos pedregosos e rasos também não são indicados, pois dificultam a construção e reduzem a capacidade de armazenamento (FRANÇA et al., 2010).

Santos (2010) descreve acerca da importância dos cuidados de limpeza da superfície de coleta, o telhado, para manutenção da qualidade da água desde o momento da coleta, evitando a introdução de contaminantes biológicos e/ou físicos. Contudo ele também menciona que, além dos cuidados na área de captação, deve-se realizar um

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controle da potencial presença de agentes patogênicos na água antes da sua utilização, como a filtração, o tratamento químico e a fervura da água.

2,1,3, Vantagens e limitações

As vantagens do uso de cisternas de placa são a melhoria das condições de saúde das famílias atendidas; a elevação na motivação para o desenvolvimento de outras atividades associativas pela necessidade de mobilização, a participação em reuniões, na capacitação e mutirões para construção das cisternas; os ganhos para as famílias pela disponibilização de tempo para o trabalho pela diminuição de deslocamentos em busca de água a longas distâncias; diminuição de gastos com aquisição de água e com saúde; e a disponibilização de água de boa qualidade e com menor índice de contaminação se comparada com água de açude e barreiros (BRASIL, 2006). França et al. (2010) complementa com a fixação do homem no campo; a redução do custo governamental de fornecimento de água potável, baixo custo de instalação e o curto período de construção.

As limitações encontradas são: tipos de solo inadequados; necessidade de pedreiros qualificados para sua construção; indisponibilidade de recursos financeiros, por parte das famílias rurais para sua construção por conta própria; dificuldades para identificar problemas em sua estrutura e vazamentos; elevado custo para se fazer a escavação do alicerce; tamanho da cisterna condicionada pela área do telhado das casas; necessidade da colaboração dos beneficiários;dependência do público-alvo, da iniciativa governamental e de organizações não governamentais (ONG) para obtenção (FRANÇA et al., 2010), além da dependência da incidência de chuvas.

2,1,4, Onde encontrar maiores informações

Outras informações podem ser encontradas no site do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e no da Articulação Semiárido Brasileiro.

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Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10884/1989. Rio de Janeiro, 1989.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Relatório de avaliação de

programa: Ação Construção de Cisternas para Armazenamento de Água.

Brasília: TCU, Secretaria de Fiscalização e Avaliação de Programas de Governo, 2006, p. 129.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Cisternas. Disponível em:

<http://www.mds.gov.br/segurancaalimentar/acessoaagua/cisternas> Acesso em: 30 jan. 2014.

FRANÇA, F. M. C.; OLIVEIRA, J. B.; ALVES, J. J.; FONTENELE, F. C. B.; FIGUEIREDO, A. Z. Q. Cisterna de placas: construção, uso e conservação. Fortaleza: Secretaria dos Recursos Hídricos, 2010, p. 33.

PEDROSA, A. S. Avaliação da contribuição do Programa de Formação e Mobilização para a Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) na Qualidade de Vida da População Rural do Município de Soledade – PB. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, 2011, p. 191.

SANTOS, M. J. dos. Programa Um Milhão de Cisternas Rurais – Proposição de um sistema de indicadores de avaliação de

sustentabilidade SIAVS-P1MC.Tese. Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande, 2010, p. 221.

No documento Tecnologias Sociais para a Sustentabilidade (páginas 39-42)