OBJETIVOS E RELEVANCIA

Como objetivo geral busca-se promover o debate sobre alternativas caseiras, que possibilitem o reuso humano dos recursos hídricos, a partir de experimentações teóricas e práticas, adaptadas a realidade da comunidade escolar. Já como objetivos específicos pretende-se (i) Contextualizar as questões ambientais típicas ao ecossistema do semiárido brasileiro; (ii) Estudar técnicas, aplicáveis no contexto local, para o reuso de água para fins não potáveis e (iii) Desenvolver alternativas autossustentáveis para a questão da escassez dos recursos hídricos na região.

DESENVOLVIMENTO

O experimento do destilador solar de água para reuso não potável foi socializado durante duas pequenas oficinas de amostragem e debate acerca do tema “Sustentabilidade e alternativas para crise hídrica no semiárido”, envolvendo as turmas de 1°, 2° e 3° anos do ensino médio. Inicialmente as oficinas foram planejadas pelos professores responsáveis e executadas por uma equipe de três alunos do 3° anos, no 2° semestre do ano de 2015. Os critérios para a seleção da equipe de alunos protagonista foi baseada nos rendimentos escolares e na identificação do grupo junto ao desenvolvimento de projetos realizados anteriormente, com o intuito de estabelecer conexões entre os educandos. Estes foram vistos como potenciais agentes multiplicadores, facilitando a abordagem dos conteúdos e a difusão entre as demais séries. Além de estimular a autonomia e a autogestão de métodos de pesquisa, a realização do projeto por equipes multiplicadoras permitiu unir produtivamente a produção do conhecimento de forma coletiva.

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O trabalho foi dividido em três etapas. Primeiramente foi realizada pesquisa sobre experimentos que melhor se adaptassem a realidade de residências de interesse social, cujos materiais fossem economicamente acessíveis e de fácil manuseio, bem como considerado o modelo que exigisse um processo de montagem simplificado, tornando possível readaptá-lo a outras realidades, caso necessário. Outro requisito necessário para a seleção do experimento, nessa etapa, foi estar relacionado aos conteúdos programáticos ministrados, a fim de estabelecer melhor contextualização entre as matérias envolvidas (química, física e geografia). Para isso, tornou-se relevante o desenvolvimento, concomitante, dos seguintes conceitos: preservação de recursos naturais, caatinga, energia renovável e produção sustentável.

Em segundo lugar, objetivou-se desenvolver a viabilidade prática da execução diante das limitações orçamentárias e técnicas, como a falta de equipamentos, ausência de laboratórios adequados e tempo exíguo. Preliminarmente, foram selecionados dois experimentos: (i) destilador solar de água e (ii) rede captadora de umidade, sendo a primeira opção a escolhida para ser reproduzida. A terceira etapa constituiu-se em estabelecer minuciosamente as medidas do aparelho a ser reproduzido, conforme os modelos pesquisados.

O grupo de alunos protagonistas passou a acompanhar a realização do aparelho por meio de um técnico especialmente contratado, haja vista que o substrato mais adequado foi o vidro, e pelas suas características, seria inviável uma produção totalmente artesanal. Após a produção da estrutura do destilador em vidro ser concluída, a mesma equipe de educandos passou a observar os meios de programar os mecanismos de reserva da água cinza, evaporação e condensação da mesma, bem como a captação após a destilação e por fim, o descarte final dado aos contaminantes depositados no fundo do aparelho. Outras questões relevantes nessa etapa foram a escolha adequada da localização do destilador solar, a busca por meios de acelerar o processo de evaporação através de papel alumínio e a colocação de um fundo escuro.

Durante a etapa final, foram reunidas atividades de divulgação, que contaram inicialmente com aulas ministradas a respeito das condições ambientais do semiárido e a dificuldade do abastecimento hídrico na região. Em seguida, foram apresentados pelos alunos protagonistas, os princípios técnicos e meios de aplicação práticas do protótipo para as classes, enfatizando o valor individual de ações autossustentáveis. Para

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finalização da atividade, foi solicitada a produção de pequenos relatórios sobre as impressões e a relevância do modelo e a clareza dos objetivos.

CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES

Observou-se que, por meio das atividades relacionadas a produção e socialização dos conhecimentos desenvolvidos acerca das características climatobotânicas do sertão brasileiro, parte considerável dos alunos puderam ampliar a compreensão sobre a realidade de dificuldades ambientais, muitas destas gravadas pela histórica ocupação humano na região e pelas interferências resultantes do trabalho, ao longo dos séculos. Porém a reflexão, a partir da produção do conhecimento, apenas apresenta resultados profícuos na sociedade quando ampara mudanças comportamentais e/ou a geração do pensamento crítico, no sentido da procura de caminhos que possam solucionar ou atenuar problemas.

Nesse contexto, durante a exposição dos conteúdos, realização do experimento e apresentação, percebeu-se o interesse do alunado voltando a atenção para a crise de abastecimento de água e a possibilidade de atenuá-la, através de ideias simples. O debate provocativo e interdisciplinar obteve ampla aceitação, aumentando o estimulo do aprendizado das disciplinas de geografia, física e química, por meio de práticas sobre o reuso de águas contaminadas. Nestes foram contextualizados conceitos como destilação, energia limpa e recursos naturais.

Os objetivos foram alcançados na medida em que a repercussão entre a comunidade se mostrou receptiva à problematização de questões regionais, cuja solução depende de ideias criativas e reflexivas, alinhadas as especificidades de cada bioma. Sendo assim, o referido experimento, enquanto mecanismo viável a ser empregado em residências de interesse social, se mostra muito coerente à realidade das comunidades situadas no semiárido, permitindo adaptação, conforme as necessidades das habitações. Porém, cabe observações locacionais e de manuseio específicas, que devem ser respeitadas para haja o real reaproveitamento das águas cinzas em questão. Cabe entender, também, que a produção de destiladores solares, visando o reaproveitamento de água, abre margem para um longo horizonte de novas opções e de readaptações de outras técnicas com o intuito similar.

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3.1.6 - ECONOMIA DE ÁGUA X TEMPERATURA E PRODUÇÃO DE