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ANÁLISE JURÍDICA

3.2 ASPECTOS LEGAIS DA ZONA COSTEIRA

A Constituição de 1988 estabelece em seu art. 225, parágrafo 4o, que: ““... Zona Costeira é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. O Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro foi instituído pela Lei 7.661 de 1988, que diz em seu art. 2º, parágrafo único: “Considera-se Zona Costeira o espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, incluindo seus recursos renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo Plano”. A referida Lei conceituou zona costeira como um local de interação entre o ar, o mar e a terra.

O art.6º § 2º, da Lei 7.661 de 1988 diz: “Para o licenciamento, o órgão competente solicitará ao responsável pela atividade a elaboração do estudo de impacto ambiental e a apresentação do respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, devidamente aprovado, na forma da lei”.

A Lei 7661/88, em seu art. 10 e parágrafo primeiro destacou expressamente que as praias são espaços de uso comum e que os entes públicos e órgãos devem obrigatoriamente garantir acessos livres e francos para as mesmas:

Art. 10. As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por legislação especifica.

§ 1º. Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na Zona Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo.

O Decreto no 5.300, de 2004 que regulamenta a Lei no 7.661, de 1988, em seu Capítulo IV vai tratar dos limites para a gestão da orla marítima, e preceitua que:

Art. 23. Os limites da orla marítima ficam estabelecidos de acordo com os seguintes critérios:

(...)

II - terrestre: cinquenta m em áreas urbanizadas ou duzentos m em áreas não urbanizadas, demarcados na direção do continente a partir da linha de preamar ou do limite final de ecossistemas, tais como as caracterizadas por feições de praias, dunas, áreas de escarpas, falésias, costões rochosos, restingas, manguezais, marismas, lagunas, estuários, canais ou braços de mar, quando existentes, onde estão situados os terrenos de marinha e seus acrescidos.

§ 1º Na faixa terrestre será observada, complementarmente, a ocorrência de aspectos geomorfológicos, os quais implicam o seguinte detalhamento dos critérios de delimitação:

I – falésias sedimentares: cinquenta m a partir da sua borda, em direção ao continente.

(...)

IV – falésias ou costões rochosos: limite a ser definido pelo plano diretor do Município, estabelecendo uma faixa de segurança até pelo menos um metro de altura acima do limite máximo da ação de ondas de tempestade;

(...)

VI – áreas sujeitas à erosão: substratos sedimentares como falésias, cordões litorâneos, cabos ou pontais, com larguras inferiores a cento e cinquenta m, bem como áreas próximas a desembocaduras fluviais, que correspondam a estruturas de alta instabilidade, podendo requerer estudos específicos para definição da extensão da faixa terrestre da orla marítima.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, através da Lei 9.433/97, em seu a art. 3 enfatiza a necessidade de integração da gestão das bacias hidrográficas e zonas costeiras (art.

3º VI). Desta feita, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, através da Resolução no 51, de 18 de julho de 2005, instituiu a Câmara Técnica de Integração da Gestão das Bacias

Hidrográficas e dos Sistemas Estuarinos e Zona Costeira. A referida Câmara Técnica tem dentre suas competências, analisar e propor mecanismos de integração das políticas de gestão de recursos hídricos e de gerenciamento costeiro, considerando as demais políticas incidentes, de acordo com o art. 2o da já citada Resolução.

3.2.1 Flora

O Código Florestal Brasileiro - Lei 4771/65, determina a proteção das áreas de restinga, de mangues e de matas ciliares (art. 2o e parágrafos), o que e complementado pela Resolução CONAMA 303/2002, em evidente consonância com o caput e os diversos parágrafos do art. 225 da Constituição Federal. No que diz respeito aos ecossistemas específicos da Zona Costeira, cumpre citar, da Lei 4771:

“Art. 2º. Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

(...)

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declividade;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

(…)

Art. 3º Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:

(…)

b) a fixar as dunas;

(…)

§ 1º A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.

(...)

Art. 4º A supressão de vegetação em áreas de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizado e motivado em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto.

(…)

Art. 5º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas c e f do artigo 2º deste Código, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública”

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no 303/02, que expressamente regulamenta a proteção das áreas de preservação permanente, detalha e regulamenta a necessária (obrigação vinculada às regras constitucionais) proteção sobre dunas e mangues, com determinações que integram o ecossistema de restinga de uma forma mais abrangente e técnica:

“Art. 3º. Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:

(…)

IX – nas restingas:

a) em faixa mínima de trezentos m, medidos a partir da linha de preamar LEI 11.428/06 – LEI DA MATA ATLÂNTICA

A Lei 11.428, de 2006, como já o fazia antes o Decreto 750 de 1993, incluiu como ecossistemas associados ao da Mata Atlântica as restingas e os manguezais, entre outros, típicos da Zona Costeira Brasileira, emprestando-lhes assim o nível de proteção constitucional do bioma Mata Atlântica, como consequência da constatação da necessidade de proteção a todos os processos de interação de fauna e de flora que compõe a região litorânea brasileira.

3.2 2. Educação Ambiental

A Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, instituiu a Política Nacional de Educação Ambiental. A educação ambiental, entendida como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (Art. 1º) passa a ser uma atribuição de todos os organismos constitutivos do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama, em parceria com entidades do sistema nacional de educação, devendo ser incorporado aos mecanismos da educação formal e informal.

O Decreto 4.281, de 25 de junho de 2002, regulamentou a Lei 9.795, instituindo o Órgão Gestor e o Comitê Assessor de Educação Ambiental.

No âmbito do estado há também uma Política Estadual de Educação Ambiental, criada através da Lei nº. 8728, de 2008, que dispõe sobre a Educação Ambiental, instituindo a

Política Estadual de Educação Ambiental, cria o Programa Estadual de Educação Ambiental e complementa a Lei Federal nº 9.795/ 99 no âmbito do Estado da Paraíba.

3.2.3 Demais Legislações Incidentes

Cumpre considerar ainda as seguintes normas federais de proteção da zona costeira e/ou licenciamento ambiental que incidem sobre o empreendimento:

3.2.3.1. Legislação Federal

LEI 5.197 DE 03/01/1967 - A fauna silvestre é bem público (mesmo que os animais estejam em propriedade particular). A lei classifica como crime o uso, perseguição, apanha de animais silvestres, caça profissional, comércio de espécimes da fauna silvestres e produtos derivados de sua caça.

LEI N° 6.766, DE 19/12/1979 - Estabelece as regras para loteamentos urbanos, proibidos em áreas de preservação ecológica, naquelas onde a poluição representa perigo à saúde e em terrenos alagadiços. O projeto de loteamento deve ser apresentado e aprovado previamente pelo Poder Municipal, sendo que as vias e áreas públicas passarão para o domínio da Prefeitura, após a instalação do empreendimento.

N° 6.938, DE 31/08/81 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências (alterada pela Lei N° 7.804, de 18 de julho de 1989).

LEI N° 7.347, DE 24/07/1985 - Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências.

LEI N° 7.661, DE 16 DE MAIO DE 1989 – Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências.

LEI N° 7.803, DE16/07/1989 - Altera a redação da Lei N° 4.771, (Código Florestal) de 15 de setembro de 1965, e revoga as leis n.os 6.535, de 15 de junho de 1978 e 7.511, de julho de 1986.