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ANÁLISE JURÍDICA

DECRETOS ESTADUAIS

3.4. LEGISLAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA 1 Lei Orgânica 1 Lei Orgânica

O município de João Pessoa desde sempre tem em seu arcabouço legal se preocupado com a questão ambiental, especificamente em proteger a área pertinente ao Cabo Branco, uma vez que em sua Lei Maior, a Orgânica lhe confere especial atenção, conforme citado a seguir, no Capítulo IV que trata da Política do Meio Ambiente:

Art. 168 - O Município deverá atuar no sentido de assegurar a todos os cidadãos o direito ao meio ambiente ecologicamente saudável e equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida.

Parágrafo único - Para assegurar efetividade a este direito, o Município deverá articular-se com órgãos estaduais, regionais e federais competentes e ainda, quando for o caso, com outros municípios, objetivando a solução de problemas comuns relativos à proteção ambiental.

Conforme discorre o art. 170 da mencionada Lei Orgânica, o Município deverá atuar mediante planejamento, controle e fiscalização de todas as atividades, sejam elas públicas ou privadas, causadoras efetivas ou de potenciais alterações significativas ao meio ambiente, cabendo-lhe:

I - prestar e restaurar os processos ecológicos essenciais;

II - proteger a fauna e a flora, proibindo as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoque a extinção da espécie ou submetam os animais à crueldade;

III - proibir as alterações físicas, químicas ou biológicas, direta ou indiretamente nocivas à saúde, à segurança e ao bem-estar social da comunidade;

IV - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino, e a conscientização pública para preservação do meio ambiente;

V - preservar os ecossistemas naturais, garantindo a sobrevivência da fauna e da flora silvestres, notadamente das espécies raras ou ameaçadas de extinção;

VI - considerar de interesse ecológico do Município toda a faixa de praia do seu território até 100 (cem) m da maré de Sizígia para o interior do continente , bem como a falésia do cabo Branco.

Já quanto à política urbana municipal, o art. 171 e seguintes dispõe que:

Art. 171 - A política urbana do Município e seu plano diretor deverão contribuir para a proteção do meio ambiente, através da adoção de diretrizes adequadas de uso e ocupação do solo urbano.

(....) Art. 173 O Município assegurará à participação do cidadão no planejamento e na fiscalização de proteção ambiental, garantindo o amplo acesso dos interessados às informações sobre as fontes de poluição e degradação ambiental ao seu dispor.

Art. 174 - A construção, a instalação, a ampliação e funcionamento de estabelecimentos, equipamentos, pólos industriais, comerciais, turísticos, e as atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, sem prejuízo de outras licenças exigíveis, dependerão de prévio licenciamento do Conselho Municipal de Proteção Ambiental.

Parágrafo único - Estudo prévio de impacto ambiental será exigido para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de degradação do meio ambiente.

Art. 175 - A zona costeira no território do Município de João Pessoa, é patrimônio ambiental, cultural, paisagístico, histórico e ecológico, na faixa de quinhentos m de largura, a partir de preamar, da Sizígia , para interior do continente, cabendo ao Município sua defesa e preservação.

§ 1º - O Plano Diretor do Município de João Pessoa disciplinará as construções na zona costeira, obedecendo, entre outros, os seguintes requisitos:

a) nas áreas a serem loteadas e urbanizadas, a primeira quadra da praia distará cento e cinquenta m da maré de Sizígia, para o interior do continente, observando o disposto neste artigo;

b) nas áreas já urbanizadas ou loteadas, a construção de edificações, obedecerá um estacionamento vertical que terá como altura máxima inicial o gabarito de doze m e

noventa centímetros, compreendendo pilotis e três andares, podendo atingir no máximo trinta e cinco m de altura na faixa de quinhentos m mencionada no caput deste artigo;

c) nos equipamentos hoteleiros, será facultativo o pavimento em pilotis, sendo que o pavimento térreo só poderá ser utilizado como áreas de componentes de serviços, ficando vedado, sob qualquer hipótese, a ocupação do mesmo por unidades habitacionais.

§ 2º - As construções referidas no parágrafo anterior deverão obedecer a critérios que garantam a aeração, iluminação e existência de infraestrutura urbana, compatibilizando-os em cada caso, com os referenciais de adensamento demográfico, taxa de ocupação e índice de aproveitamento.

Art. 180 - O Poder Público Municipal interditará rigorosamente a deposição de resíduos domésticos, industriais, de abatedouro públicos e privados, hospitalares e assemelhados com efeitos negativos sobre o meio ambiente, nos recursos hídricos sem o devido tratamento dos efluentes lançados.

3.4.2. Plano Diretor

A Constituição Federal de 1988 inova ao tratar de temas relevantes para a preservação e desenvolvimento urbano, quanto à política urbana, conforme artigos. 182 e 183, regulamentada pela Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade, que define o plano diretor como um dos instrumentos de política urbana, e deverá ser revisto, pelo menos a cada dez anos, conforme §3 do art. 40 da supracitada Lei.

O primeiro Plano Diretor de João Pessoa foi elaborado aprovado pela Lei Complementar no 03, de 30 de dezembro de 1992. Nele a Seção III do art. 26, inciso II discorre que “a restrição adicional do Altiplano do Cabo Branco deve ser objeto de regulamentação específica no Código de Zoneamento, no Código de Parcelamento do Solo e no Código de Obras e Edificações, para permitir sua ocupação ordenada, contemplando uma densidade bruta de até 50hab/há e limitação na altura das edificações de modo a preservar paisagisticamente a falésia e a Ponta do Cabo Branco.

Em 2008 ocorreu a primeira revisão do supracitado Plano, com a sua aprovação pela Lei Complementar n 054, de 23 de dezembro de 2008. Nele o art. 39 foi alterado com a seguinte redação:

“Art. 39. ...

VIII - Ficam protegidos os recifes de corais e algas coralinas da zona costeira do município de João Pessoa e, em especial, os que fazem o entorno do Parque Municipal do Cabo Branco e Ponta do Seixas, delimitados no Anexo II, Mapa 2;

IX – Os Setores de Amenização Ambiental – SAA, definido no ANEXO II, Mapa 2 compreenda a faixa de proteção contígua à falésia do Cabo Branco e as demais faixas contíguas às ZEP´s e tem como objetivo controlar o desmatamento, a erosão, o desmoronamento de barreiras, a redução do impacto das construções verticais e seu sombreamento. Na lei municipal de uso e ocupação do solo serão definidos os tipos de uso e índices urbanísticos em função das especificidades de cada área;

X - Fica delimitado o Parque do Cabo Branco, como Zona Especial de Preservação – ZEP, definido no ANEXO II, Mapa 2, cuja poligonal está descrita no ANEXO IV;

3.4.3. Código Ambiental

O Código Municipal de Meio Ambiente aprovado através da Lei Complementar no029 de agosto de 2002 dedica vários dispositivos ao meio ambiente. O Capítulo III discorrerá sobre a criação de espaços territoriais especialmente protegidos, conforme artigo transcrito:

Art. 19. Compete ao Poder Público Municipal criar, definir, implantar e gerenciar os espaços territoriais especialmente protegidos, com a finalidade de resguardar atributos especiais da natureza, conciliando a proteção integral da fauna, flora e das belezas naturais com a utilização dessas áreas para objetivos educacionais, recreativos e científicos, cabendo ao Município sua delimitação quando não definidos em lei.

Art. 20. São espaços territoriais especialmente protegidos:

I – zonas de preservação permanente:

V – zona costeira;

O Código Ambiental citado usa o termo zona de preservação permanente e enumera conforme citado abaixo:

Art. 21 São zonas de preservação permanente:

(...) II – a cobertura vegetal que contribui para a estabilidade das encostas sujeitas a erosão e ao deslizamento;

(...) V- falésias e encostas com declive superior a quarenta por cento;

VI – zonas de interesse histórico, artístico, cultural e paisagístico.

Art. 26. São zonas especiais de conservação do Município:

(...) II – Falésias do Cabo Branco, Falésias Vivas e Mortas

Art. 100. O Poder Público Municipal deverá promover e incentivar o reflorestamento em áreas degradadas, objetivando principalmente:

(....) II – proteção das falésias;

Vê-se, portanto, que a área é classificada ao mesmo tempo como zona de preservação permanente e como zona de especial conservação, demonstrando com isso, uma preocupação no referido Código Municipal, com a preservação e proteção das falésias.

O Código de Postura, regulamentado pela Lei Complementar n.º 07, de 17 de agosto de 1995 dispõe sobre o Código de Posturas do Município de João Pessoa, tem em seus objetivos as próprias determinações de ser Art. 1º: que “institui as normas disciplinadoras da higiene publica e privada, do bem estar público, da localização e do Racionamento de estabelecimentos comerciais, Industriais e prestadores de serviços, bem como, as correspondentes relações jurídicas entre o Poder Público Municipal e os munícipes”.