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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

B. Mapeamento da comunidade macroalgal da Ponta do Cabo branco

4.2.4. Masto e Herpetofauna Marinhas

4.2.4.2 Cetáceos

Todos os dados de cetáceos foram obtidos através de dados secundários, pois não foram realizadas saídas de barco além da área de influência indireta. Entretanto, dados históricos revelam um número considerável destes animais no litoral paraibano, entre 1963 e 1980, por exemplo, um total de 10.886 baleias minke foram capturadas na Armação de Costinha - Lucena (media de 600 a 1000 animais/ano), sendo os meses de setembro e outubro os de maiores capturas (Tabela 22).

De acordo com dados do BDT (s.d.), no litoral da Paraíba há registros pretéritos da caça (captura direcionada) ou interação com a pesca (captura acidental) das seguintes espécies: baleia jubarte (1.542 indivíduos capturados entre 1911-1963); baleia minke-anã (apenas 3 exemplares capturados); minke-antártica (cerca de 15.000 Baleias foram mortas entre 1965-1985); baleia de bryde(360 indivíduos entre 1947-1974), baleia-sei (3.600 exemplares mortos entre 1947-1976);

baleia-fin (apenas 3 indivíduos capturados); baleia-azul (2 exemplares); cachalote (686 Baleias mortas entre 1953-1980) e a baleia bicuda de Cuvier (um indivíduo capturado).

TABELA 22: Espécies de Cetacea presentes no litoral paraibano.

Espécie/Família Nome comum Forma de registro MAMMALIA (8)

CETACEA (8)

Tursiops truncatus Golfinho-fliper LI

Ziphus cavirostris Baleia-de-bico-de-pato LI Balaenoptera acutorostrata Baleia-minke-anã LI

Physeter macrocephalus* Cachalote LI

Kogia simus Cachalote-anão LI

Megaptera novaeangliae* Baleia-jubarte LI

Balaenoptera bonaerenis Baleia-minke-antártica LI

Balaenoptera borealis* Baleia-sei LI

Identificação de ameaças

Diversas são as formas de ameaça aos cetáceos. Poluição dos hábitats, capturas acidentais (em redes de espera) e intencionais (com arpões), acidentes com embarcações.

A principal ameaça potencial aos cetáceos identificada no estudo vem da interação dos animais com a atividade de pesca – principalmente para os botos e golfinhos, sendo as operações de pesca artesanal com rede de emalhe a principal causa de mortalidade. Em segundo lugar aparece a questão da degradação do meio ambiente.

4.2.5 Avifauna

O levantamento da avifauna da AID foi realizado através da pesquisa de dados primários e secundários. O levantamento de dados primários foi desenvolvido em duas campanhas de campo, com oito dias de observações em cada, sendo uma durante a estação seca, em e outra durante a chuvosa, abrangendo o ambiente praial e o de vegetação de tabuleiro.

Os métodos utilizados para coletas sistemáticas de dados os transectos por pontos e censos de varredura, aplicados no período matutino, e censos por pontos aplicados no período noturno, os quais serão descritos a seguir.

O método de Transecto por Pontos foi adaptado de Bibby et al. (1993), e corresponde a caminhadas em percursos preestabelecidos ao longo de, no mínimo, 1.650 m de extensão, perfazendo-se 12 pontos de observação em intervalos de 150 m. Em cada ponto, o pesquisador permanece parado durante 10 minutos para a coleta de dados (tendo o auxílio de binóculos e gravador), sendo anotados o nome da espécie e número de indivíduos recenseados, o tipo de registro obtido (sonoro, visual ou ambos, e ninhos), o tipo de ambiente e estrato vegetacional, e atividades das aves, tais como forrageamento e nidificação. A amostragem por pontos foi realizada em janeiro 2008, ao longo de seis transectos indicados nas Figuras 61, 62, 63 e 64.

FIGURA 61: Localização dos transectos por pontos 1 e 2 para recenseamento da avifauna.

Fonte: Imagem obtida a partir do Programa Google Earth

FIGURA 62: Localização dos transectos por pontos 3 e 4 para recenseamento da avifauna.

Fonte: Imagem obtida a partir do Programa Google Earth

FIGURA 63: Localização do transecto por pontos 5 para recenseamento da avifauna. Fonte:

Imagem obtida a partir do Programa Google Earth

FIGURA 64: Localização do transecto por pontos 6 para recenseamento da avifauna. Fonte:

Imagem obtida a partir do Programa Google Earth

Os censos de varredura foram realizados em transectos preestabelecidos, na faixa entre marés da Ponta do Cabo e entorno, durante baixa-mares de sizígia. Nas amostragens foram anotadas as espécies, números de indivíduos, horários de início de término das contagens e condições climáticas.

Os Censos Noturnos em Pontos Aleatórios foram realizados nos mesmos períodos que os transectos por pontos, e consistem na escolha aleatória de 3 pontos de amostragem em cada área levantada durante os censos matutinos, também separados por uma distância mínima de 150 m, nos quais o pesquisador permanece por cinco minutos em cada, no início ou fim do período noturno, procurando registrar vocalizações de aves noturnas com o auxílio de gravador. Foram anotados os nomes das áreas, os horários de início e término das contagens, as espécies e números de indivíduos, ambientes e condições climáticas.

As identificações das espécies foram baseadas em literatura especializada, incluindo, dentre outros, Schauensee & Phelps (1978), Lanyon (1978), Schauensee (1982), Sick (1997), Hilty & Brown (1986), Isler & Isler (1987), Madge & Burn (1988), Grantsau (1989), Ridgely &

Tudor (1989, 1994), Souza & Borges (1998) e arquivos sonoros (Frisch, 1973a e b; Hardy et alii, 1981; Hardy et alii, 1990; Hardy et alii, 1992; Hardy et alii, 1993; Hardy et al., 1994; Hardy &

Coffey, 1995; Vielliard, 1995a, 1995b; Boesman, 1999; Eletronorte, 2000; Mayer, 2000).

O levantamento de dados secundários abordou a literatura que trata da avifauna da Paraíba e estados vizinhos (Lamm, 1948; Zenaide, 1954; Pinto & Camargo, 1961; Dekeyser, 1978, 1979; Teixeira, 1986; Teixeira et al., 1986; Pacheco & Rajão, 1993; Almeida & Teixeira, 1994, 2010; Schulz-Neto, 1995; IBAMA, 1997, 2005; Neves et al., 1999; Araújo, 2005; Telino-Júnior et al., 2005; Araújo et al., 2006), em busca de possíveis registros de espécies para a área de influência do projeto.

Resultados

Nos transectos de varredura realizados realizados entre fevereiro e maio de 2008, observou-se a presença seguintes espécies de aves marinhas: o maçarico Arenaria interpres e a fragata Fregata magnificens. Entretanto, observou-se também a presença, da lavadeira, Fluvicola nengeta, do pardal, Passer domesticus,e da andorinha, Tachycineta albiventer, possivelmente causada pela proximidade da área recifal de zonas urbanizadas (Tabela 23).

TABELA 23: Lista das espécies observadas na área de influência da Ponta do Cabo Branco através dos transectos de varredura com seus respectivos nomes vulgares e número de indivíduos observados.

Nos dias 11 e 12 de março de 2008 foram realizadas também amostragens através de embarcações ao longo da área de influência da ponta do Cabo Branco. Nessas amostragens, foram registradas mais três espécies de aves marinhas que utilizam essa área para passagem e alimentação. Foi observado apenas 1 (um) indivíduo do lava-pés, Oceanites oceanicus, e cerca de 25 indivíduos num bando misto de pardelas, Puffinus gravis e P. griseus.

Os transectos por pontos de escuta resultaram em 514 contatos, totalizando 794 indivíduos, compreendendo 47 espécies. A Tabela 24 lista as espécies observadas nos pontos de escuta com os seus respectivos nomes vulgares e número de indivíduos registrados.

Período/Data Espécies Nomes

Vulgares N indivíduos

21/2/2008 Arenaria interpres Maçarico

Vira-pedras 23

Fregata magnificens Fragata 2

22/2/2008 Arenaria interpres Maçarico

Vira-pedras 18

7/3/2008 Fregata magnificens Fragata 1

Arenaria interpres Maçarico

Vira-pedras 4

Fluvicola nengeta Lavadeira 2 Tachycineta albiventer Andorinha 2

21/3/2008 Fregata magnificens Fragata 2

Passer domesticus Pardal 1

20/4/2008 Fregata magnificens

Passer domesticus Pardal 8

05/05/2008 Fregata

TABELA 24: Lista das espécies observadas na área de influência da Ponta do Cabo Branco através dos transectos com pontos com seus respectivos nomes vulgares e número de indivíduos observados.

Espécies Nome Vulgar N Indivíduos

Andorinha 1* 19

Bulbucus íbis Garça vaqueira 3

Canthorchilus longirostris Garrinchão 2

Caracara plancus Carcará 3

Chlorostilbon lucidus Beija-flor 2

Coereba flaveola Sebito 94

Columba livia Pomba 13

Columbina talpacoti Rolinha 58

Coragypis atratus Urubu-de-cabeça-preta 3

Crotophaga ani Anu-preto 37

Cyclarhis gujanensis Pitiguari 43

Elaenia flavogaster Maria cavalera 8

Estrilda astrild Bico de lacre 18

Eupetonema macroura Beija flor tesoura 2

Euphonia chlorotica Fifi verdadeiro, Curiango 5

Fluvicola nengeta Lavadeira 8

Formicivora grisea Cachorrinho 15

Fregata magnificens Fragata, Garapirá 3

Galbula ruficauda 1

Gallinula chloropus Galinha d’água 10

Gallus gallus Galinha doméstica 3

Guira guira Anu branco 30

Nyctidromus albicollis Bacurau 1

Papagaio* 1

Passer domesticus Pardal 60

Pitangus sulphuratus Bem-te-vi 151

Polioptila plúmbea 8

Rupornis magnirostris Gavião Carijó 17

Tachycineta albiventer Andorinha 4

Tachyphonus rufus 1

Tangara cayana Sanhaçu macaco 1

Thamnophilus pelzelne 15

Thraupis palmarum Sanhaçu de coqueiro 69

Thraupis sayaca Sanhaçu 5

Tigrisoma lineatus Socó boi 1

Todirostrum cinereum 1

Troglodytes musculus 25

Turdus leucomelas Sabiá 5

Tyrannus melancholicus Suiriri 22

Vanellus chilensis Tetéu 9

Vireo olivaceus 9

Total 794

Os pontos de escuta foram realizados visando compreender o maior número possível de ambientes dentro da área de influência da Ponta do Cabo Branco. Todas as áreas se mostraram muito utilizadas, entretanto há locais que apresentam graus de preservação aproveitáveis, pois abrigam espécies sensíveis a distúrbios ambientais e com certa dependência de ambientes florestais.

Poucas espécies marinhas (apenas duas) foram observadas ao longo das varreduras realizadas sobre a área recifal e praia da ponta do cabo branco. As demais estão relacionadas ao ambiente urbano associado à praia do Cabo Branco.

A presença de maçaricos apenas nos meses de fevereiro e março se deve ao período de deslocamento dessas espécies entre os hemisférios sul e norte do globo e o uso de áreas costeiras, incluindo praias da Paraíba, como zonas de “abastecimento” e repouso.

4.2.6 Invertebrados Bentônicos da Praia