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DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

4.1 MEIO FÍSICO .1 Geologia .1 Geologia

4.1.1.6 Recifes de algas calcárias e corais

A localização e a morfologia desses recifes orgânicos sugerem uma íntima associação com recifes de arenito, os quais servem de substrato para seu desenvolvimento. Coutinho (1981). Associado aos corais há um grande desenvolvimento de algas calcárias,

Redução/Contenção do Processo de Erosão Marinha da Falésia do Cabo Branco, Praça de Iemanjá e Praia do Seixas, João Pessoa-PB.

principalmente Lithothamnium e Halimeda, responsáveis pela formação de uma grande quantidade de sedimentos carbonáticos e biodetriticos que cobrem o fundo marinho adjacente.

Os recifes de corais são mais desenvolvidos quando associados ao lado externo da linha dos recifes de arenito e, algumas vezes, formam uma laguna com profundidade inferior a 10 m entre a praia e o recife (Laborel, 1965).

O abaixamento do nível relativo do mar, que se seguiu à última transgressão, ocorrida há cerca de 5.100 anos A.P, com a consequente diminuição da profundidade e o aumento da turbidez das águas, foi responsável pela existência de grande quantidade de corais mortos ou pouco desenvolvidos encontrados nos sedimentos de fundo. Na parte interna, entre o cordão de recife e a praia, existe uma fauna típica de fundos arenosos ou areno-lamosos com alto teor em carbonato de cálcio. É muito comum na superfície das formações recifais, especialmente nos recifes orgânicos, a existência de depressões de tamanho variado, formando as conhecidas

“piscinas”, tão frequentadas pelos turistas, como é o caso de “Picãozinho”, cuja utilização deveria e poderia ser incentivada.

4.1.2 Geomorfologia

Em um cenário de subida do nível do mar como o que persistiu na Terra nos últimos 20.000 (Milliman &Emery, 1968), o recuo das falésias costeiras era um processo natural e inevitável uma vez que a razão da subida tectônica ou isostática foi mais lenta do que a subida do nível do mar. O recuo das falésias costeiras não é um processo uniforme no tempo ou no espaço. A erosão marinha tende a se concentrar nas pontas rochosas em direção ao mar (headlands), devido à refração da onda, bem como nas rochas menos resistentes.

Conceito amplamente aceito em geomorfologia costeira estabelece que as pontas rochosas em direção ao mar geralmente concentram a energia das ondas, havendo tendência à erosão, enquanto as baías (bays) são locais preferenciais de sedimentação devido à baixa energia das ondas. Feições deposicionais também podem ocorrer no lado abrigado das pontas quando a onda incide obliquamente à linha de costa. No caso de Cabo Branco a falésia viva ao concentrar a maior parte da energia das ondas, é também uma zona crítica de erosão, contrastando com as planícies arenosas existentes ao sul em direção as Praias do Seixas, da Penha até a Barra de Gramame e, em direção norte, quando atinge seu maior desenvolvimento nas proximidades do Hotel Tambaú.

FIGURA 24: Modelagem da caracterização geológica-geomorfológica da área de estudo.

Fonte: FADURPE/SEMAM.

Komar (1976) liga o processo de concentração de energia ao aumento da erosão sobre as pontas. Bloom (1978) confirma que a energia das ondas é concentrada nas pontas, levando ao aumento da erosão nesses locais, comparado com as baías adjacentes. Segundo esse autor, as correntes de deriva que se deslocam ao longo da costa, das pontas para as baías adjacentes, são geradas como resultado dessas diferenças de concentração de energia das ondas. Isto resulta no transporte do sedimento das pontas para as baías, onde são depositados.

Bloom (1978) conclui que a refração das ondas leva a uma gradual retificação da linha de costa, devido à erosão nas pontas e sedimentação nas baías. Alguns autores sugerem que outros parâmetros devem ser considerados, entre eles, a diferença de resistência do material ao longo da costa; o modelo de refração/difração; a batimetria; a presença ou ausência de recife e sua morfologia. O substrato da Enseada do Cabo Branco apresenta uma grande área de ocorrência de fundo rochoso, com afloramento de vários recifes, cuja morfologia influencia fortemente o modelo de circulação litorânea e a linha de praia.

As falésias são formadas em ambiente costeiro dinâmico por processos terrestres e marinhos. A erosão da falésia é parte de um ciclo natural com consequências para o ambiente.

Picãozinho Tambaú

Farol do Cabo Branco

Seixas

Penha

Plataforma de Abrasão

Redução/Contenção do Processo de Erosão Marinha da Falésia do Cabo Branco, Praça de Iemanjá e Praia do Seixas, João Pessoa-PB.

O material arenoso erodido da falésia do Cabo Branco pode ter sido depositado sobre as planícies e praias adjacentes, como indicam os perfis de praia em direção Praia de Tambaú (Figura 25).

FIGURA 25: Erosão da falésia como principal vetor para o aporte de sedimentos das praias.

Fonte: FADURPE/SEMAM.

Sedimentos de textura grossa, tais como, seixos e blocos, dispostos em níveis ferruginosos quando erodidos se acumulam na base da falésia e ajudam a estabilizar a posição da linha de praia (Figura 26). A transferência do sedimento do continente para o mar é natural e, algumas vezes, essencial para manter a praia e as planícies costeiras. Essa é uma das alternativas que deve ser considerada no estudo de proteção da base da falésia do Cabo Branco.

FIGURA 26: Estudo da evolução da linha do sopé da falésia. Fonte: FADURPE/SEMAM.

O recuo das falésias é um fenômeno bem conhecido historicamente tendo provocado o desaparecimento ou a relocação de construções e estradas. A erosão e o recuo das falésias são retardados por intervenções tais como muros, espigões e outros trabalhos de consolidação. A acumulação de seixos no pé da falésia desempenha igualmente um papel protetor natural. O estudo do sopé da falésia do Cabo Branco apresentou uma Taxa de Recuo (set back) que Variou entre 0,46 a 1,92 m/ano.