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Capítulo 2 - O Transporte Hidroviário Brasileiro

2.2. Aspectos Legais e Institucionais

A legislação brasileira referente ao transporte hidroviário é extensa, compreendendo dispositivos legais federais, estaduais e municipais. Sua abordagem demanda um estudo a parte, a fim de que estes sejam apresentados e analisados apropriadamente, no que se refere à criação, publicação, implementação, abrangência e transformação, substituição ou revogação, bem como respectivos desdobramentos. Todavia, se faz necessário informar os principais dispositivos legais federais relativos ao transporte hidroviário, no que se refere à sua instituição e exploração. Estes são apresentados a seguir, em ordem cronológica:

Em 03/11/1911, o Decreto nº 9.078 criou a Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais no Ministério de Viação e Obras Públicas. Dentre as atribuições especificadas no Art. 1 de seu regulamento, se destacam as constantes nos Incisos I e V:

“I - O estudo das obras de melhoramento dos portos nacionais e rios navegáveis e da abertura de canais marítimos e fluviais;”.

“V - Quaisquer serviços técnicos relativos ao melhoramento dos portos, rios navegáveis e canais, a conservação das obras, dos ancoradouros e estuários e ao

regime das águas, e que lhe forem cometidos pelo Ministério da Viação e Obras Públicas...”.

Em 1932 foi extinta a Inspetoria Federal de Portos, Rios e Canais através do Decreto nº 20.933, de 13/01/1932, sendo criado em seu lugar o Departamento Nacional de Portos e Navegação – DNPN.

O Decreto nº 24.643, de 10/07/1934, instituiu o Código de Águas. Segundo a Agência Nacional de Águas – ANA (2005a), embora não tenha sido efetivamente implementado, este foi “...um marco jurídico para o país, inclusive tendo permitido a notável expansão do sistema hidrelétrico brasileiro...”.

Em 1940 o Governo Federal encampou a empresa de navegação Amazon Steam

Navegation Company, juntamente com a prestadora de serviços portuários

Companhia Port of Pará, criando, através do Decreto-Lei nº 2.154, de 27/04/1940, a autarquia federal Serviços de Navegação da Amazônia e Administração do Porto do Pará – SNAPP, sendo esta vinculada ao Ministério da Viação e Obras Públicas.

O Decreto-Lei nº 2.281, de 05/07/1940, instituiu no Art. 6 critérios para classificação dos cursos de água, no que se refere à navegabilidade:

“Art. 6 É navegável, para os efeitos de classificação, o curso d’água no qual, ..., coberto todo o álveo7, seja possível a navegação por embarcações de qualquer natureza, inclusive jangadas, num trecho não inferior à sua largura: para os mesmos efeitos, é navegável o lago ou a lagoa que, em águas médias, permita a navegação, em iguais condições, num trecho qualquer de sua superfície.”.

O Decreto-Lei nº 3.100, de 07/03/1941, criou a Comissão de Marinha Mercante, autarquia federal que de acordo com o Art. 1 era “...destinada a disciplinar a navegação brasileira fluvial, lacustre e marítima.”.

O Departamento Nacional de Portos e Navegação – DNPN foi substituído pelo Departamento de Portos, Rios e Canais – DPRC através do Decreto Lei nº 6.166,

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de 31/12/1943, que segundo o Art. 1 tinha por finalidade ”...promover, orientar e instruir todas as questões relativas à construção, melhoramento, manutenção e exploração dos portos e vias d’água do país.”.

O Fundo da Marinha Mercante - FMM foi criado em 1958 através da Lei nº 3.381,

de 24/04/1958, que de acordo com o Art. 1 era “...destinado a prover recursos para a renovação, ampliação e recuperação da frota mercante nacional, e para o desenvolvimento da indústria de construção, naval no país.”.

Em 1963, através da Lei nº 4.213, de 14/02/1963, o Departamento de Portos, Rios

e Canais – DPRC foi substituído pela autarquia do Ministério da Viação e Obras Públicas denominada Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN, que ficou encarregado das vias navegáveis.

O Decreto-Lei nº 155, de 10/02/1967, extinguiu a autarquia federal Serviços de Navegação da Amazônia e de Administração do Porto do Pará – SNAPP, constituindo em seu lugar duas estatais: a Empresa de Navegação da Amazônia S/A - ENASA e a Companhia Docas do Pará – CDP.

O Ministério da Viação e Obras Públicas teve sua denominação alterada para Ministério dos Transportes em 1967 através do Decreto-Lei nº 200, de 25/02/1967. Este passou a ter como áreas de competência os transportes ferroviário, rodoviário, aquaviário, marinha mercante, portos e vias navegáveis e a participação na coordenação do transporte aeroviário.

O Decreto nº 64.125, de 19/02/1969, alterou a denominação da Comissão de Marinha Mercante para Superintendência Nacional de Marinha Mercante – SUNAMAM, que tinha como objetivo controlar a navegação interior.

O transporte de mercadorias importadas em navios de bandeira brasileira se tornou obrigatório em 1969 através do Decreto-Lei nº 666, de 02/07/1969. Este foi alterado pelo Decreto-Lei nº 687, de 18/07/1969, que estendeu esta exigência para a exportação de mercadorias, mediante aprovação prévia.

Em 1973 foi aprovado o Plano Nacional de Viação – PNV através da Lei nº 5.917,

de 10/09/1973. De acordo com o Art. 2, seu objetivo essencial era “...permitir o estabelecimento da infra-estrutura de um sistema viário integrado, assim como as

bases para planos globais de transporte que atendam, pelo menor custo, às necessidades do País, sob o múltiplo aspecto econômico-social-político-militar.".

Dentre os itens que constituem o PNV, encontram-se as interligações de bacias e a relação descritiva das vias navegáveis interiores, que são apresentadas nas Tabelas 02, 03 e 04.

Tabela 02: Relação Descritiva das Hidrovias do Plano Nacional de Viação

Fonte: Lei nº 5.917, de 1973 e Lei nº 6.630, de 1979.

Rio Pontos Extremos dosTrechos Navegáveis

Extensão Aproximada

(km) BACIA AMAZÔNICA

Amazonas Foz / Benjamin Constant 3.108

Negro Manaus/ Cucuí 1.210

Branco Foz/ Confluência Urariguera/ Tacutu 577

Juruá Foz/ Cruzeiro do Sul 3.489

Tarauacá Foz/ Tarauacá 660

Embira Foz/ Feijó 194

Javari Foz/ Boca do Javari-Mirim 510

Japurá Foz/ Vila Bittencourt 721

Içá Foz/ Ipiranga 368

Purus Foz/ Sena Madureira (norio Iaco) 2.846

Acre Foz/ Brasiléia 796

Madeira Foz/ Confluência Mamoré/ Beni 1.546

Guaporé Foz/ Cidade de Mato Grosso 1.180

Tapajós Santarém/ Itaituba 359

Xingu Porto Moz/ Altamira (Belo Monte) 298

Tocantins Belém/ Peixe 1.731

Araguaia Foz/ Balisa 1.800

Mamoré Foz/ Confluência com Guaporé 225

BACIA DO NORDESTE

Mearim Foz/ Barra do Corda 470

Grajaú Foz/ Grajaú 500

Pindaré Foz/ Pindaré-Mirim 110

Itapicuru Foz/ Colinas 565

Parnaíba Foz/ Santa Filomena 1.176

Balsas Foz/ Balsas 225

BACIA DO LESTE

Doce Foz/ Ipatinga 410

Paraíba do Sul Foz/ Jacareí 670

BACIA DO SÃO FRANCISCO

São Francisco Foz/ Piranhas 208

Cachoeira Itaparica/ Pto Real (Iguatama) 2.207

Paracatu Foz/ Buriti 286

Velhas Foz/ Sabará 659

Paraopeba Foz/ Florestal 240

Grande Foz/ Barreiras 358

Preto Foz/ Ibipetuba 125

Tabela 03: Relação Descritiva das Hidrovias do Plano Nacional de Viação

Fonte: Lei nº 5.917, de 1973 e Lei nº 6.630, de 1979.

Tabela 04: Interligação de Bacias do Plano Nacional de Viação

Fonte: Lei nº 5.917, de 1973 e Lei nº 6.630, de 1979.

Rio Pontos Extremos dosTrechos Navegáveis

Extensão Aproximada

(km) BACIA DO SUDESTE

Ribeira do Iguape Foz/ Registro 70

Jacuí Foz/ Dona Francisca 370

Taquari Foz/ Mussum 205

Caí Foz/ São Sebastião do Caí 93

Sinos Foz/ Paciência 47

Gravataí Foz/ Gravataí 12

Jaguarão Foz/ Jaguarão 32

Camaquã Foz/ São José do Patrocínio 120

Lagoa Mirim Pelotas/ Santa Vitória do Palmar 180

Lagoa dos Patos Porto Alegre/ Rio Grande 230

BACIA DO PARAGUAI

Paraguai Foz do Apa/ Cáceres 1.323

Cuiabá-São Lourenço Foz/ Rosário do Oeste 785

Taquari Foz/ Coxim 430

Miranda Foz/ Miranda 255

BACIA DO PARANÁ

Piracicaba Foz/ Paulínea

Paraná Foz/ Iguaçu/ Confluência Paranaíba/ Grande 808

Paranapanema Foz/ Salto Grande 421

Tietê Foz/ Mogi das Cruzes 1.010

Pardo Foz/ Ponto da Barra 170

Ivinheima Foz/ Confluência Brilhante 270

Brilhante Foz/ Pto. Brilhante 67

Inhanduí Foz/ Pto. Tupi 79

Paranaíba Foz/ Escada Grande 787

Iguaçu Foz/ Curitiba 1.020

BACIA DO URUGUAI

Uruguai Barra do Quaraí/ Iraí 840

Ibicuí Foz/ Confluência do Santa Maria 360

39.904 TOTAL GERAL

Interligação Trecho a se tornar navegável

Paraguai-Guaporé Foz do Jaurú-Cidade de Mato Grosso Paraná-Paraguai rio Paraná-Coxim

Paranaíba-São Francisco Escada Grande-Buriti (rio Paracatu) Tietê-Paraíba do Sul Mogi das Cruzes-Jacareí

Taquari-Araguaia Coxim-Balisa Ibicuí-Jacuí Vacacaí-Ibicuí

Canal do Varadouro Baía de Paranaguá-Baía de Cananéia Canal Santa Maria rio Sergipe-rio Vaza Barris

Em 1975, através da Lei nº 6.222, de 10/07/1975, foi extinto o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – DNPVN, autarquia do Ministério dos Transportes encarregada das vias navegáveis, e criada a Empresa de Portos do Brasil S/A – PORTOBRÁS. Segundo o Art. 3, esta teria “...por finalidade realizar atividades relacionadas com a construção, administração e exploração dos portos e das vias navegáveis interiores, exercendo a supervisão, orientação, coordenação, controle e fiscalização sobre tais atividades.”. Todavia, às atividades relativas a vias navegáveis interiores, o Parágrafo Único deste mesmo artigo informa que seriam “...exercidas pela PORTOBRÁS, em caráter transitório, até que o Poder Executivo venha a constituir entidade destinada a essa finalidade.”.

A Lei nº 6.630, de 16/04/1979, atualizou o Plano Nacional de Viação – PNV. Embora o Art. 9 da Lei nº 5.917 tenha estabelecido que o PNV fosse, em princípio, revisto de cinco em cinco anos, esta foi sua única atualização.

O Decreto-Lei nº 2.404, de 23/12/1987, alterado através do Decreto-Lei nº 2.414, de 12/02/1988, instituiu o Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante – AFRMM e ordenou o Fundo da Marinha Mercante – FMM. Segundo o Caput do Art. 1 e seu Parágrafo Único, o AFRMM “...destina-se a atender aos encargos da intervenção da União nas atividades de navegação mercante...” e “...a intervenção de que trata este artigo consiste no apoio ao desenvolvimento da marinha mercante e da indústria de construção e reparação naval brasileira...”, respectivamente.

Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal. O Art. 21, Incisos XII e XXI estabelecem como sendo competência da União “...explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão... os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território e os portos marítimos, fluviais e lacustres...” e “...estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação...”.

A SUNAMAM foi extinta através da Lei nº 7.731, de 14/02/1989, tendo suas atribuições transferidas para a Secretaria de Transportes Aquaviários, no Ministério dos Transportes, através do Decreto nº 97.535, de 20/02/1989.

ministérios. Logo após essa reorganização, o Ministério dos Transportes foi extinto pela Lei nº 8.028, de 12/04/1990, que também criou o Departamento Nacional de Transportes Aquaviários – DNTA, a Secretaria Nacional de Transportes e o Ministério da Infra-Estrutura, em substituição ao dos Transportes e à Secretaria de Transportes Aquaviários - STA.

A Portaria Nº 228, de 17/10/1991, do Ministério da Infra-Estrutura, facultou às empresas brasileiras autorizadas a operarem quaisquer serviços de transporte hidroviário interior em quaisquer bacias, enseadas ou angras, linhas, rotas ou travessias, permitindo aos armadores autorizados à operação nos tráfegos e mercados que desejassem, incluindo o transporte de passageiros.

Cerca de dois anos após sua extinção, o Ministério dos Transportes voltou a fazer parte da administração federal direta, dividindo a pasta com Comunicações. Assim, em 1992 sua estrutura regimental foi aprovada através do Decreto nº 502, de 23/04/1992, sendo recriado através da Lei nº 8.422, de 13/05/1992, passando a denominar-se Ministério dos Transportes e Comunicações.

O Decreto nº 731, de 25/01/1993, transferiu as atribuições do Departamento Nacional de Transportes Aquaviários – DNTA para a Secretaria de Produção no Ministério dos Transportes.

Em 1993 através da Lei nº 8.630, de 25/02/1993, conhecida também como “Lei dos Portos”, foram instituídas as diretrizes sobre a exploração dos portos organizados e das instalações portuárias e, conseqüentemente, extinta a PORTOBRÁS. Segundo a ANA (2005a), sua extinção “...produziu um vazio institucional prejudicial ao desenvolvimento de uma política para este modal de transporte. Observando-se a atual estrutura brasileira de transporte hidroviário percebe-se que, até hoje, ela não se recuperou das conseqüências dessa extinção. Não existe um único comando centralizando as ações e defendendo os interesses do setor, o que dificulta a captação de recursos para ampliação de sua participação na matriz de transportes do país.”.

A Lei nº 9.074, de 07/07/1995, estabelece normas para a outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos. Segundo o Parágrafo 2 “independe de concessão, permissão ou autorização o transporte de cargas pelos meios rodoviário e aquaviário.”. O Parágrafo 3 informa que também “independe de

concessão ou permissão o transporte: I - aquaviário de passageiros, que não seja realizado entre portos organizados; II - rodoviário e aquaviário de pessoas, realizado por operadoras de turismo no exercício dessa atividade...”.

O Decreto nº 1.642, de 25/09/1995, instituiu uma nova estrutura organizacional para o Ministério dos Transportes, que previa a Secretaria de Transportes Aquaviários, composta pelos seguintes órgãos: Departamento de Marinha Mercante, Departamento de Portos e Departamento de Hidrovias Interiores.

Visando o cumprimento de suas atribuições, o Departamento de Hidrovias Interiores – DHI foi subdivido em oito administrações hidroviárias, que atuam como órgãos executores nas principais bacias fluviais sob sua jurisdição, na execução da manutenção e melhoramentos nas vias navegáveis interiores e nos investimentos programados:

Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental – AHIMOC.

Administração das Hidrovias da Amazônia Oriental – AHIMOR.

Administração das Hidrovias do Nordeste – AHINOR.

Administração das Hidrovias do Tocantins – AHITOR.

Administração da Hidrovia do Paraguai – AHIPAR.

Administração da Hidrovia do São Francisco – AHSFRA.

Administração da Hidrovia Paraná – AHRANA.

Administração da Hidrovia do Sul – AHSUL.

As administrações hidroviárias são órgãos destinados a desenvolver as atividades de execução e acompanhamento de estudos, obras, serviços e exploração das vias navegáveis interiores, bem como dos portos fluviais e lacustres que lhe sejam atribuídos pelo Ministério dos Transportes, no âmbito geográfico de suas jurisdições. Estão vinculadas administrativamente às Companhias Docas e operacional e tecnicamente ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT. A área de atuação destas é apresentada na Figura 04.

As administrações hidroviárias executam as atividades de manutenção das hidrovias diretamente ou por meio de contratação de terceiros. As principais atividades de manutenção de hidrovias são: batimetria, medição do nível das águas, confecção e atualização de cartas, destocamento, dragagem, sinalização,

monitoramento ambiental e manutenção de equipamentos e de eclusas. Figura 04: Área de Atuação das Administrações Hidroviárias do Brasil

Fonte: ANA/ Min. Transportes.

Os beneficiários diretos do programa são empresas transportadoras de passageiros e de cargas (principalmente grãos, minérios e combustível) e armadores que utilizam as vias navegáveis interiores.

Quando da realização de suas atividades, as administrações hidroviárias recebem adiantamento dos recursos financeiros das Companhias Docas, que depois de concluídas, prestam contas à respectiva Companhia Docas e ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT. Os recursos financeiros serão ressarcidos pelo DNIT à Companhia Docas depois de analisado o processo.

A administração da maioria das hidrovias brasileiras é realizada pelas companhias docas federais, que recebem recursos da União para desenvolver suas atividades. Duas hidrovias se encontram sob o controle estadual: a Hidrovia do Tietê e a Hidrovia do Sul, administradas pelo Departamento Hidroviário da Secretaria dos Transportes do Estado de São Paulo e pela Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul, respectivamente.

A Administração das Hidrovias da Amazônia Ocidental - AHIMOC, subordinada à Companhia Docas do Maranhão, administra as Hidrovias do Madeira, do Solimões, dos rios Negro e Branco e do Nordeste. A Companhia Docas do Pará é

responsável pelas Hidrovias do Amazonas, do Guamá-Capim, do Teles Pires-Tapajós através da Administração de Hidrovias da Amazônia Oriental – AHIMOR e pela Hidrovia do Tocantins-Araguaia através da Administração das Hidrovias do Tocantins-Araguaia – AHITAR.

A Administração das Hidrovias do Nordeste – AHINOR é responsável pela Hidrovia do Pindaré-Mearim, que abrange os rios maranhenses Mearim e Pindaré. A Hidrovia do São Francisco é de responsabilidade da Administração da Hidrovia do São Francisco - AHSFRA, órgão da Companhia Docas do Estado da Bahia.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP é responsável pelas Hidrovias do Sul, do Paraná e do Paraguai, através da Administração das Hidrovias do Sul – AHSUL, da Administração da Hidrovia do Paraná - AHRANA e da Administração das Hidrovias do Paraguai - AHIPAR, respectivamente. A CODESP também administra o Porto de Estrela (RS).

A Superintendência de Portos e Hidrovias do Rio Grande do Sul é responsável pela administração e exploração dos Portos de Pelotas, Porto Alegre e Cachoeira do Sul e pelo planejamento, coordenação e fiscalização dos serviços de dragagem e de balizamento dos canais de acesso aos portos e das vias navegáveis do estado.

Em 1997, o transporte aquaviário foi ordenado através da Lei nº 9.432, de 08/01/1997, no que se refere a bandeira das embarcações, tripulação, regimes de navegação, afretamento de embarcações e apoio ao desenvolvimento da marinha mercante, sendo também instituindo o Registro de Especial Brasileiro, que complementa o registro da propriedade marítima.

A Lei nº 9.433, de 08/01/1997, institui a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, sendo esta conhecida também como “Lei das Águas”. Em seu Art. 1, Inciso IV é afirmado que “a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas.”. O Art. 2 cita os objetivos e dentre eles se destaca o Inciso II: “a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável.”.

Em 1997 foram instituídas diretrizes sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional através da Lei nº 9.537, de 11/12/1997. A LESTA,

como também é conhecida, estabeleceu em seu Art. 39 o Ministério da Marinha como autoridade marítima, a quem caberia, de acordo como Art. 3, ”...promover a implementação e a execução desta Lei, com o propósito de assegurar a salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação, no mar aberto e hidrovias interiores, e a prevenção da poluição ambiental por parte de embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio.”.

A Lei nº 9.611, de 19/02/1998, instituiu diretrizes sobre o Transporte Multimodal de Cargas, que de acordo com o Art. 2 “...é aquele que, regido pôr um único contrato, utiliza duas ou mais modalidades de transporte, desde a origem até o destino, e é executado sob a responsabilidade única de um Operador de Transporte Multimodal.”. Segundo o Art. 5, este operador é a pessoa jurídica contratada para a realização do transporte, podendo ser ou não o transportador.

A Lei nº 9.984, de 17/07/2000, criou a Agência Nacional de Águas – ANA, autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, que de acordo com o Art. 3 tem como “...finalidade de implementar, em sua esfera de atribuições, a Política Nacional de Recursos Hídricos, integrando o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.”. Seus principais objetivos são descritos no Art. 4, dentre os quais se destacam os Incisos I, II, IV e V.

“I – supervisionar, controlar e avaliar as ações e atividades decorrentes do cumprimento da legislação federal pertinente aos recursos hídricos;”.

“II – disciplinar, em caráter normativo, a implementação, a operacionalização, o controle e a avaliação dos instrumentos da Política Nacional de Recursos Hídricos;”.

“IV – outorgar, por intermédio de autorização, o direito de uso de recursos hídricos em corpos de água de domínio da União...”.

“V - fiscalizar os usos de recursos hídricos nos corpos de água de domínio da União;”.

O setor de transportes foi reestruturado em 2001, através da Lei nº 10.233, de 05/06/2001. Os modais aquaviário e terrestre foram ordenados, sendo

reorganizado o gerenciamento do Sistema Nacional de Viação – SNV e regulado a prestação de serviços de transporte.

O Art. 2 afirma que o SNV “...é constituído pela infra-estrutura viária e pela estrutura operacional dos diferentes meios de transporte de pessoas e bens, sob jurisdição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,”, tendo como objetivos, de acordo com o Art. 4, “...dotar o País de infra-estrutura viária adequada; garantir a operação racional e segura dos transportes de pessoas e bens; e promover o desenvolvimento social e econômico e a integração nacional.”.

Os Parágrafos 1 e 2 deste mesmo artigo definem como infra-estrutura viária adequada “...a que torna mínimo o custo total do transporte, entendido como a soma dos custos de investimentos, de manutenção e de operação dos sistemas.” e como operação racional e segura “...a que se caracteriza pela gerência eficiente das vias, dos terminais, dos equipamentos e dos veículos, objetivando tornar mínimos os custos operacionais e, conseqüentemente, os fretes e as tarifas, e garantir a segurança e a confiabilidade do transporte.”, respectivamente.

No que se refere à reestruturação, foram criados o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte - CONIT, a Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ e o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – DNIT:

O CONIT, vinculado à Presidência da República, tem suas atribuições especificadas no Art. 5, sendo a principal “...propor ao Presidente da República políticas nacionais de integração dos diferentes modos de transporte de pessoas e bens...”.

De acordo com o Art. 20, a ANTT e a ANTAQ têm como objetivos implementar, em suas respectivas esferas de atuação, as políticas formuladas pelo CONIT e Ministério dos Transportes, ao qual são vinculadas; regular ou supervisionar, em suas respectivas esferas e atribuições, as atividades de prestação de serviços e de exploração da infra-estrutura de transportes, exercidas por terceiros.

O Art. 23 define como esfera de atuação da ANTAQ “...a navegação fluvial,

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