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Capítulo 2 - O Transporte Hidroviário Brasileiro

2.3. Rede Hidroviária

COSTA (2004), em seu estudo sobre as hidrovias interiores, conceitua rio como sendo “um fluxo natural de água que se desloca sob influência da gravidade, passando por pontos sucessivamente mais baixos. (...) Dependendo de suas características naturais, esse fluxo de água pode permitir a navegação livremente ou exigir melhorias como retificações8, sinalizações, derrocamentos, dragagens, barragens ou eclusas”. Conforme citado no item 2.1., o termo hidrovia designa a via navegável interior que foi balizada e sinalizada para uma determinada embarcação tipo9, isto é, aquela que oferece boas condições de segurança às embarcações, suas cargas, passageiros e tripulantes e que dispõem de cartas de navegação (ANA, 2005a). A Tabela 05 apresenta a rede hidrográfica brasileira navegável e a Figura 05 os terminais hidroviários brasileiros.

A seguir, é apresentada uma breve caracterização das principais vias navegáveis e hidrovias brasileiras divididas por Regiões Hidrográficas. As descrições são baseadas em informações do Ministério dos Transportes e da Agência Nacional de Águas - ANA. É importante ressaltar que cada rio oferece condições diferentes de navegabilidade,

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Segundo BRIGHETTI (2001), obras de regularização são diques e espigões ou, ainda a associação destes, vizando o transporte eficaz dos sedimentos em suspensão e dos depósitos do fundo; estabilidade do curso d’água com mínima erosão das margens; profundidade suficiente e percurso satisfatório para a navegação; permitir a utilização das águas para outros propósitos.

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A embarcação tipo é uma abstração que reúne as características para as quais a hidrovia é projetada, ou seja, ela é projetada para um comprimento " x " de embarcação, para uma boca " y " e para um calado máximo " z ", sendo este para a situação de águas mínimas, que concomitantemente definem uma embarcação hipotética chamada tipo (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2000).

no que se refere calado, presença de corredeiras, cachoeiras, barragens e eclusas, bem como às variações decorrentes do ciclo hidrológico10.

Tabela 05: Rede Hidrográfica Brasileira

Fonte: ANA/ Min. Transportes.

Figura 05: Principais Terminais Hidroviários Brasileiros

Fonte: Ministério dos Transportes, 2007.

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Ciclo Hidrológico - conjunto de fases percorridas pela água ao passar da atmosfera a terra e vice-versa, para constituir um novo ciclo. Tem origem na evaporação. (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2007).

Bacia Hidrográfica Região Hidrográfica Estados Extensão

Navegável (km) Principais Rios

Amazônica Amazônica AM, PA, AC,

RO, RR, AP, MT 15.626

Amazonas, Solimões, Negro, Branco, Madeira, Purus, Juruá, Tapajós, Teles Pires, Guaporé e Xingu.

do Atlântico Nordeste

Ocidental MA, PA 648

Mearim, Pindaré, Grajaú, Itapecuru, Guamá e Capim.

do Parnaíba MA, PI 1.175 Parnaíba e Balsas

do Tocantins do Tocantins TO, MA, PA, GO 3.488 Tocantins, Araguaia e das Mortes. do São Francisco do São Francisco MG, BA, PE, SE 1.578 São Francisco, Grande e Corrente.

do Paraguai do Paraguai MT, MS 1.280 Paraguai, Cuiabá, Miranda, São Lourenço e Taquariejauro.

do Tietê-Paraná do Paraná SP, PR, MG,

GO, MS 1.668

Paraná, Tietê, Paranaíba, Grande, Ivaí e Ivinhema.

do Leste do Atlântico Sudeste MG, ES, RJ, SP 370 Doce e Paraíba do Sul.

do Uruguai do Uruguai RS, SC 210 Uruguai e Ibicuí.

do Sudeste do Atlântico Sul RS 621 Jacuí, Taquari, Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim.

--- 26.662 ---do Nordeste

2.3.1. Região Amazônica

A Região Hidrográfica Amazônica é a maior do País e compreende as hidrovias do Amazonas, do Solimões, do Madeira, do Negro e Branco, do Purus, do Juruá, do Tapajós, do Trombetas, do Xingu, do Marajó e de muitos outros rios navegados e de menor porte. Sua extensão é de mais de 15.000 km, representando cerca de 60% da rede hidroviária nacional, sendo utilizada para movimentação de petróleo e derivados, transporte de granéis sólidos (grãos e minérios), cargas gerais e passageiros. Sua principal função é de caráter social, sendo responsável pelo abastecimento e comunicação das comunidades ribeirinhas. Sua importância significativa fica evidente quando algum habitante da região se refere às distâncias entre as cidades e localidades ribeirinhas em “horas de barco”, seja no deslocamento de passageiros ou de cargas diversas (ANA, 2005a).

A caracterização das principais hidrovias e vias navegáveis da Região Amazônica é apresentada no Capítulo 03 deste estudo.

2.3.2. Região do Tocantins

Localizam-se nessa região as hidrovias do Tocantins-Araguaia e do Guamá-Capim. A hidrovia Tocantins-Araguaia é formada pelos rios Tocantins, Araguaia e das Mortes, que atravessam as regiões Centro-Oeste e Amazônica, influenciando uma área agricultável de mais de 35 milhões de hectares, com potencial de produção acima de 100 milhões de toneladas/ano de grãos. Essa hidrovia poderá alcançar no futuro mais de 3.000 km de extensão nesses três rios, ligando o Brasil Central aos Portos de Belém e Vila do Conde, no Pará e através da ferrovia dos Carajás, aos Portos de Itaqui e Ponta da Madeira, no Maranhão.

A navegação no rio Tocantins não ocorre de forma contínua, sendo dividida em três trechos que totalizam 1.152 km de extensão: da foz até a barragem de Tucuruí (PA), trecho com 254 km e calado mínimo 1,50 m, onde o regime fluvial determinado pelas vazões procedentes da usina Hidroelétrica de Tucuruí (PA) e pela variação das marés; de Tucuruí (PA) até Imperatriz (MA), trecho com 458 km e calado mínimo de 1,00 m; de Estreito (MA) até a barragem de Lajeado, trecho com 440 km e calado mínimo de 1,00 m. Entre Imperatriz (MA) e Estreito (MA), a navegação só é possível no período de cheia.

O rio Araguaia é navegável entre sua foz no rio Tocantins e a cidade de Baliza (GO), durante o período de águas altas (dezembro a maio). Este trecho possui aproximadamente 1.818 km de extensão. Os principais impedimentos à navegação são pedrais e bancos de areia em trechos esparsos e os reduzidos calados durante a época de águas baixas, quando as profundidades mínimas chegam a 0,90 m. A movimentação de carga por essa hidrovia é muito pequena, em função curto período de navegabilidade do Araguaia e dos impedimentos legais relacionados ao licenciamento ambiental.

O rio das Mortes, que desemboca na margem esquerda do rio Araguaia, é navegável por aproximadamente 567 km, no trecho compreendido entre sua foz, na cidade de São Félix do Araguaia (MT) e Nova Xavantina (MT). O rio das Mortes possui características similares às do rio Araguaia, como por exemplo, a significativa flutuação do nível de água entre enchente e vazante, e a época em que ocorrem as águas altas e a estiagem. Sendo um afluente do rio Araguaia, a navegação comercial pelo rio das Mortes está condicionada a implantação de melhorias na hidrovia do Araguaia.

A Hidrovia do Guamá-Capim, localizada na região leste do Pará, interliga regiões do interior do Estado a Belém (PA). Possui cerca de 479 km de extensão, sendo 157 km no rio Guamá, de sua foz até São Miguel do Guamá (PA); 262 km no rio Capim, de sua foz no rio Guamá em São Domingos do Capim (PA), até o local da Travessia para Paragominas (PA); e 60 km da foz do rio Guamá ao Porto de Vila do Conde (PA), no rio Pará. As especificações do comboio tipo adotado são 120 m de comprimento, 16 m de boca e 1,50 m de calado máximo, para uma capacidade de carga de 2.100 t.

2.3.3. Região do Atlântico Nordeste Ocidental

Localizada nessa região, a Hidrovia do Pindaré-Mearim, abrange os rios maranhenses Mearim e Pindaré, interligando-os aos lagos de Viana e Cajari e dando acesso às cidades de Viana (MA) e Penalva (MA). Sua extensão navegável é de aproximadamente 646 km, por onde são movimentadas mercadorias de subsistência.

O rio Mearim é navegável em uma extensão de 400 km, de sua foz até Pedreiras (MA), e conta com calado mínimo de 1,50 m. O rio Pindaré é navegável de sua foz até Santa Inês (MA), onde o cruzamento da rodovia BR-316 impede a navegação para

montante. O trecho possui 217 km de extensão e calado mínimo de 1,50 m. A navegabilidade dos rios Pindaré e Mearim é beneficiada pela excepcional amplitude da maré que se manifesta na região. A navegação é feita por embarcações regionais, que mantêm regular o comércio de produtos regionais para o mercado de São Luís (MA) e de cidades ribeirinhas.

As principais restrições à navegação são os trechos com baixas profundidades nos períodos de estiagem, níveis de águas baixas nas horas de maré baixa e perturbações de correntes causadas pelo efeito das marés, próximo à foz, além da grande sinuosidade em diversos trechos. Outras restrições são a existência de pontes rodoviária e ferroviária, existência de inúmeras corredeiras no trecho a jusante de Barra do Corda (MA) e alguns trechos com depósitos aluvionais11 que tornam muito difícil a navegação.

Os rios Pindaré e Mearim abastecem com água potável as cidades ribeirinhas e também as localizadas na área de influência de sua bacia. São utilizados ainda para o abastecimento de indústrias implantadas nas proximidades de seus cursos e captação de água para irrigação de projetos agropecuários localizados em suas margens.

Também são navegáveis os rios Grajaú, Itapecuru, Pericumã e trechos de rios e lagoas da Baixada Maranhense, que desembocam na Baía de São Marcos (MA).

2.3.4. Região do Parnaíba

A Hidrovia do Parnaíba, composta pelos rios Parnaíba e Balsas, além dos canais que formam o delta do Parnaíba, possui cerca de 1600 km de extensão. É utilizada, principalmente, para o transporte de cargas de interesse regional, tendo também potencial para o escoamento de grãos produzidos nas fronteiras agrícolas em sua área de influência, como o Sul do Piauí, Sudeste do Maranhão e Noroeste da Bahia.

A profundidade mínima do rio Parnaíba no trecho entre sua foz no Oceano Atlântico e a barragem de Boa Esperança, situada no município de Guadalupe (PI), é de 1,30 m. A montante da barragem, a navegação se desenvolve pelo lago da barragem com uma profundidade mínima de 3,00 m, por aproximadamente 155 km, até a cidade de

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Areia, argila, cascalho e lodo deixados por enxurradas, inundações ou enchentes (FERNANDES et al, 1993).

Uruçuí (PI). O trecho entre Uruçuí (PI) e Santa Filomena (PI), com 364 km, apresenta profundidade mínima de 0,80 m. Os principais obstáculos à navegação são bancos de areia, afloramentos rochosos e o processo de assoreamento causado pelo material carregado pelo rio, decorrente da intensa erosão que vem se processando em suas margens. Parte dos obstáculos à navegação causados pelos afloramentos rochosos e corredeiras foi resolvida com a construção da barragem de Boa Esperança (PI), a 669 km da foz do rio Parnaíba.

O rio das Balsas é considerado navegável para embarcações de pequeno calado, de sua foz na margem esquerda do rio Parnaíba até a cidade de Balsas (MA), principalmente na época das cheias. A extensão deste trecho é de aproximadamente 225 km. Sua acentuada declividade acarreta uma alta velocidade das águas, que além de causar o carregamento de grande quantidade de material pelo rio, formando bancos de areia e seixos, faz com que a navegação a montante seja bastante lenta.

2.3.5. Região do São Francisco

O rio São Francisco apresenta dois trechos navegáveis: o baixo, entre a foz no Oceano Atlântico e a cidade alagoana de Piranhas, com 208 km de extensão e o médio, entre a cidade de Pirapora (MG) e as cidades gêmeas de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), com cerca de 1.370 km de extensão.

O trecho entre sua foz e a cidade de Piranhas (AL) é freqüentado, principalmente, por embarcações turísticas e pequenos barcos de pesca. O trecho entre as cidades de Pirapora (MG), Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), pode ser dividido em diversos trechos, com características diferentes: no trecho de 760 km entre as cidades de Pirapora (MG) e Ibotirama (BA), o assoreamento da calha fluvial faz com que, na época de estiagem, as profundidades mínimas cheguem a 1,30 m; no trecho entre as cidades de Ibotirama (BA) e Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), o calado mínimo é de 1,50 m, possibilitando o escoamento da crescente produção agrícola do Oeste Baiano, na região de Barreiras (BA), principalmente soja e milho. As cargas de retorno são, principalmente, polpas de tomate e gipsita·, embarcadas em Petrolina com destino ao Estado de Minas Gerais e o gesso agrícola destinado à região de Barreiras.

O comboio tipo definido para a Hidrovia apresenta 110 m de comprimento e 16 m de boca, com calado de 1,50 m ou de 2,50 m na época de águas altas, levando em

consideração também as dimensões da eclusa de Sobradinho. A navegação é praticada em alguns afluentes do rio São Francisco: os rios Grande e Corrente.

O rio Grande é navegável por aproximadamente 350 km, no trecho entre sua foz na margem esquerda do rio São Francisco e a cidade de Barreiras (BA). Esta região no oeste da Bahia apresenta grande produção agrícola. Geralmente pode ser navegado pelas mesmas embarcações que trafegam no rio São Francisco, mas em comboios com menor número de chatas.

O rio Corrente é navegável por cerca de 110 km, no trecho entre sua foz e a cidade de Santa Maria da Vitória (BA), atravessando uma região com considerável potencial de carga a exportar, especialmente grãos. A profundidade mínima apresentada no período de águas baixas é de 1,20 m, proporcionando condições de navegabilidade durante o ano todo para embarcações com 1 m de calado, 8 m de boca e comprimento de até 60 m.

Durante parte do ano, nos períodos de águas médias e altas, outros rios podem também ser navegados: os baixos cursos do rio Paracatu, numa extensão aproximada de 100 km; do rio Carinhanha, por aproximadamente 80 km; e do rio das Velhas, nos cerca de 90 km até Várzea da Palma (MG). No rio das Velhas, na localidade de Guaicuí (MG), a ponte da rodovia BR-385 que liga Pirapora (MG) a Montes Claros (MG) impede o prosseguimento da navegação em águas altas.

2.3.6. Região do Paraguai

Localiza-se nessa região a Hidrovia do Paraguai, que está integrada à do Paraná, na Argentina, ligando a cidade brasileira de Cáceres (MT) à cidade uruguaia de Nueva Palmira, num trecho com cerca de 3.450 km de extensão. No trecho brasileiro, a Hidrovia do Paraguai apresenta extensão de 1.280 km, sendo dividido em dois estirões12: o primeiro é entre as cidades de Cáceres (MT) e Corumbá (MS), com 670 km de extensão. Nesse trecho, o comboio-tipo tem 108 m de comprimento, 24 m de boca e 1,20 m de calado máximo em períodos de águas mínimas. O segundo é entre a cidade de Corumbá (MS) e o rio Apa (MS), com 610 km de extensão e comboio-tipo de 280 m de comprimento, 48 m de boca e 3,00 m de calado em águas mínimas.

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São transportados pela hidrovia, principalmente, os produtos agrícolas provenientes do sul do Mato Grosso, sobretudo soja em grão e farelo de soja, o minério de ferro e o minério de manganês extraídos do Maciço de Urucum, na região de Corumbá (MS), além de cimento e bovinos, em direção à região do Mar del Plata. A hidrovia possui ainda intenso tráfego fluvial com os países vizinhos do Mercosul.

2.3.7. Região do Paraná

Nessa região está localizada a Hidrovia do Paraná, que em território brasileiro compreende os rios Tietê e Paraná; trechos dos seus formadores, os rios Parnaíba e Grande; e os baixos cursos de seus afluentes. A hidrovia promoveu intenso desenvolvimento na região, dinamizando a infra-estrutura econômica em sua área de influência, como resultado da canalização dos rios Tietê e Paraná. As principais cargas transportadas são granéis sólidos, carga geral e granel líquido.

O projeto completo da hidrovia prevê a navegação em mais sete trechos que totalizam 1.800 km de extensão: no rio Paraná, desde a confluência de seus formadores, os rios Grande e Paranaíba, até a barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu, localizada no município de Foz do Iguaçu (PR), numa extensão de 740 km. No rio Tietê, desde a cidade paulista de Conchas até a confluência do Tietê com o Paraná, numa extensão de 573 km. No rio Paranaíba, desde o sopé13 da barragem da Usina Hidrelétrica de São Simão (MG) até a confluência do rio Paranaíba com o rio Grande, numa extensão de 180 km. No rio Grande, desde a barragem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha, localizada no município de Ouroeste (SP), até sua confluência com o rio Paranaíba, numa extensão de 59 km. No canal Pereira Barreto, que liga o lago da barragem da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, no rio Tietê, ao rio São José dos Dourados, afluente da margem esquerda do rio Paraná. No Estado de São Paulo, numa extensão de 53 km, sendo 36 km no rio São José dos Dourados e 17 km no canal Pereira Barreto propriamente dito. No rio Paranapanema, desde sua foz na margem esquerda do rio Paraná até a barragem da Usina Hidrelétrica de Rosana, em um trecho com cerca de 70 km. No rio Ivaí, desde sua foz na margem esquerda do rio Paraná até a cidade de Doutor Camargo (PR), em um estirão de 220 km. O comboio-tipo para a hidrovia tem 200 m de comprimento e 16 m de boca e calado de 2,50 m, resultando numa capacidade de carga de 2.200 t..

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A Hidrovia dispõe de 10 eclusas. Oito estão localizadas no rio Tietê: Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, Nova Avanhandava (dupla), Três Irmãos (dupla); e duas no rio Paraná: Jupiá e Porto Primavera. A eclusa de Jupiá possibilitou a conexão do rio Tietê com sul do rio Paraná, estendendo a navegação até a barragem de Itaipu.

Há cerca de 30 terminais de carga instalados ao longo da hidrovia, sendo os principais os de Pederneiras (SP), Anhembi (SP) e São Simão (GO). As principais cargas transportadas são grãos, farelo e óleos vegetais. A Hidrovia também criou condições para o surgimento de uma indústria de construção naval.

2.3.8. Região do Atlântico Sudeste

Nessa região estão localizados os rios Paraíba do Sul e Doce, os quais não são viáveis à navegação em escala comercial.

No rio Doce, o assoreamento e outras obstruções dificultam a implantação de uma Hidrovia para o transporte de carga. Aliado a estes fatores está a Estrada de Ferro Vitória-Minas, que corre paralela ao rio, ligando as jazidas da Companhia Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, ao Porto de Tubarão, no Espírito Santo.

O rio Paraíba do Sul é navegável em dois trechos: entre a foz e a cidade de São Fidélis (RJ), cuja extensão é de aproximadamente 90 km, sendo navegado por pequenas embarcações que transportam, essencialmente, materiais de construção para o município de Campos (RJ); entre Cachoeira Paulista (SP) e Guararema (SP), a navegação restringe-se a embarcações de turismo nos 280 km de extensão do trecho. O setor industrial e a agropecuária são as principais atividades econômicas em sua área de influência.

Segundo a ANA (2005a), os rios Paraíba do Sul e Doce “só poderiam ser navegáveis comercialmente em toda sua extensão, caso os aproveitamentos para a geração de energia hidrelétrica contassem com eclusas, o que é economicamente inviável”.

2.3.9. Região do Uruguai

(RS) e Uruguaiana (RS) e por embarcações de pequeno porte. Segundo a ANA (2005a), para implantar uma hidrovia no rio Uruguai e em seu afluente Ibicuí, seria necessário executar uma série de intervenções estruturais, incluindo barragens, eclusas e a canalização do rio Ibicuí. Seria também necessária a construção de um canal de aproximadamente 200 km, dotado de eclusas para vencer o desnível de 60m, entre o rio Ibicuí, próximo à cidade de Cacequi (RS), e o rio Jacuí, a montante da cidade de Cachoeira do Sul (RS), que possibilitaria a integração hidroviária dessa região com a do Atlântico Sul, onde se encontra a Hidrovia Jacuí-Taquari.

2.3.10. Região do Atlântico Sul

Nessa região está localizada a Hidrovia do Jacuí-Taquari, composta pelos rios Jacuí, Taquari e pela Lagoa dos Patos, com mais de 740 km de extensão total, sendo 352 km no rio Jacuí, 142 km no rio Taquari e 250 km na Lagoa dos Patos. Transporta, principalmente, materiais de construção, soja e carvão mineral. O comboio-tipo projetado para a hidrovia apresenta 90 m de comprimento, 15 m de boca e um calado de 2,50 m.

O rio Jacuí é navegável da cidade de Porto Alegre (RS) até Dona Francisca (RS), com profundidade mínima de 1,00 m. O rio Taquari é navegável de sua foz, na margem esquerda do rio Jacuí, até a cidade de Lajeado (RS), passando por Estrela (RS), com profundidade mínima de 3,00 m. A Lagoa dos Patos liga as cidades de Porto Alegre e Rio Grande (RS), podendo ser navegada por embarcações com até 5,10 m de calado.

A Lagoa Mirim possui aproximadamente 180 km de extensão e sua profundidade varia de 1,00 m no lado norte a até 6,00 m no lado sul da lagoa. O canal de São Gonçalo, com aproximadamente 62 km de extensão e profundidade média de 6,00 m, interliga as lagoas Mirim e dos Patos. A barragem construída nas proximidades de Pelotas, com o intuito de evitar a entrada de água salgada na Lagoa Mirim nos períodos de estiagem, permite a continuidade da navegação.

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