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CAPÍTULO III – DISPOSITIVO METODOLÓGICO

4.2. Aspetos de Melhoria

Para maximizar os esforços orientados ao desenvolvimento sustentável não basta a existência de forças e de oportunidades mas há necessidade de haver ações desencadeadas para o seu aproveitamento. Igualmente foi referido no início deste capítulo que há necessidade de se identificar as fraquezas e as ameaças para que possam ser eliminadas ou minimizadas de modo a não contrariar as intervenções. Por isso as ameaças e as fraquezas devem ser vistas como uma oportunidade para mudança para o melhor e não para fracassar ou colapsar as intervenções. Assim como se apresentaram evidências de acordo com as quatro componentes de um sistema de intervenção, o mesmo deveria ser feito em relação as ações para melhoria. Mas, como deve existir um sujeito que tome atitude e liderança para as ações se desenvolverem as propostas de solução serão direcionadas para o sistema interventor e para o sistema cliente. Deste modo, foram propostas as seguintes opções para melhoria do funcionamento dos serviços de extensão agrária, apresentadas na Tabela 4.2:

157 Tabela 4.2. Aspetos de Melhoria a serem Dinamizadas pelo Sistema Interventor-SI

(instituições de extensão) e pelo Sistema Cliente-SC (produtores)

Opção de melhoria SI SC

1 Consolidar o SUE e o SISNE como atores de extensão X 2

Divulgar e promover a operacionalização das diretrizes emanadas nas políticas e estratégias gerais e sectoriais para a sustentabilidade do Programa de extensão agrária.

X

3

3.1.Promover a criação e principalmente a operacionalização de grupos interinstitucionais para a consolidação de parcerias na implementação de programas agrários, conforme preconiza o desenvolvimento sustentável; 232.Monitorar os processos e os resultados para aferir a eficiência desses programas.

X X 4 Divulgar e operacionalizar a carreira de extensão. X 5 Divulgar a legislação em vigor que confira aceleração no processo de

contratação célere de extensionistas e de outros técnicos agrários. X 6 Prever lugares em quantidade e perfil adequado nos quadros de Pessoal

Provincial e Distrital e envidar esforços para o seu preenchimento. X 7

7.1 Promover a capacitação de técnicos sobretudo extensionistas em matérias relevantes com regularidade. Prever cursos de integração de extensiomnistas e formação em serviço em cascata.

7.2.Promover a formação formal de técnicos.

X X 8 Promover a massificação de boas práticas agrárias. X X 9 Monitorar o processo de adoção de tecnologias e conduzir estudos

específicos para melhorar os processos de intervenção. X

10

10.1.Fortalecer a parceria com setor que superintende a área da

Educação para abranger mais instituições no trabalho de extensão com escolas e centros internatos.

10.2. Avaliar o contributo dos trabalhos de extensão com escolas no processo de adoção de tecnologias.

X X

11

11.1.Concluir e manter atualizada a base de dados do capital social nos Distritos, como potencial força de extensão agrária.

11.2.Promover a organização de produtores agrários para melhorar a sua assistência pela extensão e tirarem mais vantagens do mercado.

X

X X

12

Promover visitas de troca de experiência entre produtores como prática vantajosa que complementa as demonstrações devendo ser prevista nos planos de atividades.

X X

13

Promover a intervenção do setor agrário privado através da criação de um ambiente favorável que inclui a implementação e monitoria de medidas de política.

X 14 Divulgar massivamente, via multimédia, os materiais audiovisuais de

extensão agrária. X

15

Equacionar todas as questões transversais como prioridade sobretudo as mudanças climáticas pela sua severidade na alteração das características do meio ambiente.

X X

Os aspetos mencionados para a melhoria das intervenções na Tabela 4.2. nomeadamente, promover, capacitar, fortalecer, divulgar, monitorar e consolidar desembocam na educação, formação e sensibilização sobre matérias relevantes para a operacionalização de políticas através das estratégias de implementação. Conforme a UNESCO:

A educação enquanto um direito humano fundamental é a chave para um Desenvolvimento Sustentável, assim como para assegurar a paz e a estabilidade dentro de e entre países e, portanto, um meio indispensável para alcançar a participação efetiva nas sociedades e economias do século XXI.

(UNESCO, 2001:1)

Para Foo e Harris (2010: 8) a educação para o desenvolvimento sustentável mais do que o que se aprende deve prestar atenção ao como se aprende. Nesta perspetiva, as metodologias do processo de ensino/aprendizagem devem ser orientadas adequadamente para uma relação educador/educando/sociedade mais estreita e compreendidas por todos os intervenientes (FAO/UNESCO-IIEP, 2003). Ao nível da extensão as novas metodologias enfatizam o aprender-fazendo (EMC, referindo se ao SC) e o ensinar fazendo (PITTA, referindo-se ao SI), como forma de elevar o nível de apreensão mútua do SI e da SC. Depois da capacitação a difusão de tecnologias é fundamental. No processo de transferência de tecnologias, principalmente dado o reduzido número de extensionistas também recomenda-se a prestação de maior atenção as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Todas as épocas têm as suas técnicas próprias que se afirmam como produto e também como fator de mudança social (Ponte 2000: 1). Atualmente as TIC representam uma força determinante do processo de mudança social e invadiram o nosso quotidiano (Ponte, 2000: 1).

A investigação científica, assim como outras áreas de trabalho, não ficaram alheias às TIC. Mas para o efeito é preciso preparar os operadores das TIC para melhor uso dos instrumentos. É assim que autores como Anderson et al., (1998) e Mazula (2011), recomendam uma nova forma de pensar em relação ao processo de educação, como base para uma orientação para o desenvolvimento sustentável.

As TIC proporcionam um aumento da rentabilidade, a melhoria das condições do ambiente de trabalho, a diminuição dos índices de perigo e de riscos de acidentes. Mas, também possibilitam um maior controlo da atividade do trabalhador. Requerem formação

159 frequente, obrigando, ocasionalmente, a mudanças radicais na própria atividade profissional.

Na medida em que as TIC prolongam e modelam as capacidades cognitivas e sociais do operador, têm consequência na conceção da realidade (Ponte, 2000). É nesta índole que os serviços de extensão rural estão a desenhar um projeto de utilização das TIC no processo de difusão de tecnologias pelo extensionista introduzindo um pacote informático que vai permitir ao extensionistas consultas de modo a satisfazer o produtor em tempo útil.

O QUE VAI FAZER A DIFERENÇA PARA UMA EXTENSÃO SUSTENTÁVEL? As ações apresentadas na Tabela 4.2. derivam de uma análise SWOT, a partir de dados levantados no presente trabalho. O tratamento de dados teve em conta os componentes de uma intervenção social (sistema interventor, sistema cliente, contexto e processo de intervenção) os quais nos chamam a devida atenção para a observância do conjunto em que decorre o desenvolvimento agrário onde se inserem os serviços de extensão agrária. Para além disso, os princípios de participação efetiva sobretudo do sistema cliente e de desenvolvimento comunitário que também orientaram o estudo em termos de moldura teórica foram tidos em consideração, durante o processo de discussão. Deste modo, as opções recomendadas têm o mérito de integrar os aspetos sociais, económicos e ambientais, os ditos pilares de desenvolvimento sustentável.

Para finalizar, a mudança de atitude do SI e da SC, assim como a mudança na maneira de estar do contexto, influenciados pelo SC e SI renovados vão conferir um melhor processo e intervenção.