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Atenção à saúde bucal: contribuição do ACS

Karina Maschietto de Lima Assis Rejane Maria de Sousa Pereira Oliveira José Fiel de Oliveira Filho

O Sistema Único de Saúde (SUS), fruto do processo de redemocratização do Estado brasileiro na década de oitenta, foi regulamentado pela Constituição de 1988. Traz no capítulo da Ordem Social, a definição de saúde como um direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e eco- nômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e do acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

A política de saúde é fruto de sucessivas mudanças na conjuntura brasileira. A partir do movimento de Reforma Sani- tária, incorporaram-se novos elementos ao conceito de saúde acrescentando o cuidado, boas condições de moradia, trabalho, transporte, lazer, educação e acesso às ações integrais de saúde

municípios do sertão cearense. Essa ação contribuiu para a im- plantação, em 1992, do Programa Nacional de Agentes Comu- nitários de Saúde (PNAS) que em seguida passa a ser chamado Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).

Posteriormente, em 1994, com o propósito de su- peração de um modelo de assistência à saúde, marcado pela “ineficiência do setor”, “insatisfação da população”, e “desqua- lificação profissional”, o Ministério da Saúde criou o Progra- ma de Saúde da Família (PSF) (MARTINS; GARCIA; PASSOS, 2008). Assim, foram formadas as primeiras Equipes de Saúde da Família incorporando e ampliando a atuação dos ACSs, que passaram a ter sua função legitimada como profissão a partir da Lei 10.507, de 10 de julho de 2002.

De acordo com Martins, Garcia e Passos (2008), o PSF veio com a proposta de reestruturação da atenção primá- ria, tendo como foco a família, entendida e percebida em seu ambiente físico e social. Para Araújo e Lima (2009), o PSF é um programa que tem sido bem aceito pela população e pe- los profissionais, porém se faz necessário rever a forma como este se encontra estruturado pelo Ministério da Saúde. Para que a transformação na saúde ocorra verdadeiramente, é preciso firmá-la em bases sólidas, reciclar os profissionais para assim incorporar elementos transformadores.

Desde 2002 o PSF passou a ser denominado Estraté- gia Saúde da Família (ESF), propondo uma compreensão am- pliada do processo saúde-doença e promovendo intervenções que vão além das práticas curativas. Pois o novo conceito de saúde assumido pelo SUS, almeja ir para além do biológico humano ou da simples referência de um problema em um cor- po, propondo então, a compreensão do binômio saúde-doença como acontecimentos históricos, que ocorrem num dado local

médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e cinco a seis agentes comunitários de saúde, recentemente pode-se acrescentar a esta composição, como parte da equipe multipro- fissional, os profissionais de saúde bucal como: cirurgião-dentis- ta generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal. Essa inclusão da Saúde Bucal (ESB) é um dos grandes avanços da ESF na perspectiva da integralidade da atenção.

Ao falar de saúde bucal é importante lembrar como esse campo da saúde humana vem se desenvolvendo ao longo da história, mudando paradigmas, adquirindo uma nova roupagem até se estabelecer na ESF.

Inicialmente, a prática de cuidar de dentes, denominada em seus primórdios como “Arte Dentária”, nasceu na Pré-Histó- ria e seus registros mais antigos datam de 3500 a.C.. Na Meso- potâmia, há uma menção do que seria o verme responsável pela destruição da estrutura dentária, o gusano dentário. Assim como na Medicina, as afecções de competência da odontologia eram tratadas por meio da religião e da magia, sendo utilizadas orações e fórmulas para destruir tal verme (SILVA; PERES, 2007).

Conforme relata Cunha (1952, apud Silva e Peres, 2007), no Brasil em 1859, o termo dentista ainda não era pre- sente, havendo menção, na época, apenas ao termo barbeiro que, referia-se como: “Barbeiro, o que faz barba – (antigo) sangrador, cirurgião pouco instruído que sangrava, deitava ventosas, sarjas, punha cáusticos e fazia operações cirúrgicas pouco importantes”.

Durante muitos anos, a inserção da saúde bucal e das práticas odontológicas no SUS deu-se de forma paralela e afas- tada do processo de organização dos demais serviços de saúde. Recentemente, essa tendência vem sendo revertida observan- do-se o esforço para promover uma maior integração da saúde

Assim, o MS define o incentivo financeiro para as equipes de SB, sendo que o foco central passou ser a mudança nos pro- cessos de trabalho, de modo que a família seja prioritária e que haja consideração das suas especificidades pelas equipes de SB.

Nessa lógica, somam-se as atividades realizadas pelo ACS e as ações desenvolvidas pela equipe de saúde bucal para a popula- ção atendida pelo SUS no âmbito da ESF. Vasconcelos, Cardoso e Abreu (2010) descrevem que a evolução das responsabilidades dos ACS pode ser dividida em três momentos distintos.

Numa primeira instância, o ACS participava do Pro- grama de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), tinha de orientar a população sobre os cuidados com a saúde e ações de prevenção de doenças. Porém, não tinha uma ligação efetiva com os profissionais que poderiam colaborar com as soluções dos problemas de saúde da comunidade. A ligação foi conse- guida com a criação do PSF, que instituiu uma equipe multi- profissional de trabalho, na qual o ACS tem como “parceiros” médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

Nessa segunda perspectiva, as atribuições dos ACS aumentaram, já que, além de orientar as pessoas da comu- nidade sobre a promoção e prevenção em saúde, eles ainda encaminhavam os casos específicos aos profissionais deter- minados e transmitiam conhecimentos biomédicos em suas visitas, que poderiam ser legitimados pelos outros profissio- nais da equipe.

Com a inserção dessa nova equipe de saúde na ESF, o ACS adquire a responsabilidade de levar aos usuários as “estra- tégias pautadas na promoção da saúde bucal”, tais como estí- mulos às atividades educativas e preventivas, orientação sobre os tipos alimentares mais comumente associados a problemas bucais, execução de ações como promoção de atividades em

Tendo em vista o relato, realizou-se esta pesquisa, com o objetivo de conhecer as contribuições do Agente Comunitário de Saúde, por meio do usuário, na efetividade do Programa Saúde Bucal de Unidades de Saúde da Família no Município de Palmas-TO. Além disso, buscou-se averiguar o perfil dos usuá- rios atendidos pelas Unidades de Saúde da Família, identificar as mudanças decorrentes das ações praticadas pelo ACS na atenção a saúde bucal e identificar a participação dos usuários em ações de educação em saúde bucal.

Metodologia

Este estudo tem caráter exploratório descritivo e a análise dos dados é de natureza quantitativa. O Método quantitativo segundo Brevidelli (2006) identifica os dados, quantificando-os numericamente e os tabula por meio de uma escala objetiva.

Nas ponderações de Gil (2006), pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno e o estabelecimento de relação entre variáveis. Sendo que uma de suas caracte- rísticas mais significativas está na utilização de técnicas pa- dronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Dessa forma, fez parte da amostra 8 Unidades de Saú- de das 35 existentes que contam com uma margem de 1.035 famílias cadastradas e formadas por uma média de 3.332 pes- soas. Foram entrevistados 8 usuários em 7 unidades e 7 em uma dessas, compondo, assim, amostra de 63 usuários escolhi- dos de forma aleatória. Cada categoria foi considerada um ex-

tes nas unidades escolhidas, no dia da entrevista, que aceitaram participar da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (anexo - I) com todas as informações necessárias a respeito da ética na pesquisa envolvendo seres humanos, conforme preconiza a Resolução 196/96 do Conse- lho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Luterano de Palmas Tocantins (CEULP/ULBRA), parecer de nº 116/2011.

Como instrumento de coleta de dados utilizou-se entre- vista semiestruturada composta por variáveis de caracterização dos sujeitos e perguntas relativas ao perfil do usuário, à assis- tência do ACS para com o usuário e participação do usuário em atividades na USF. A coleta ocorreu durante os meses de novembro e dezembro de 2011.

Os dados coletados foram armazenados em planilhas do Programa Excel (Microsoft Office) e, posteriormente, foram importados para o programa Epi Info 3.2.2 (Center For Dise-

ase Controland Prevention, 2002) para determinar as frequ-

ências de todos os eventos (variáveis) na população estudada. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas construindo, para as variáveis quantitativas, tabelas e figuras, de acordo com o tipo de variável analisada, nominal ou ordinal (VIEIRA, 1981; MAROCO, 2010).