Maria Zoreide Britto Maia Maria Dilce Wânia R. A. do Nascimento
As Políticas Públicas de Saúde no Brasil passaram por diversos momentos que marcaram a história da popula- ção brasileira, em que as estratégias propostas pelo governo nem sempre visavam o bem-estar da população, as políticas de saúde refletiam o momento vivido, a economia vigente e as classes dominadoras.
Foram muitos os momentos marcantes, dentre eles podemos citar o da reforma sanitária na década de 80 em que houve grande manifestação dos profissionais da saúde, estudantes e população que criticavam o modelo vigente e propunham mudanças alternativas para sua reestruturação. Este movimento ganhou forças com adesão de lideranças po- líticas, sindicais e populares, assim como de parlamentares interessados na causa, resultando na aprovação do Sistema Único de Saúde (SUS) com princípios doutrinários a univer-
em 1994 (BRASIL, 1997). Atualmente, é conhecida como Estratégia Saúde da Família (ESF), essa por sua vez possibilita trabalhar a atenção à saúde de uma forma integral e contínua, desenvolvendo ações em saúde que devem ser planejadas a partir de uma visão integrada das várias dimensões da vida do indivíduo. Sendo assim, essa política requer a participação enquanto sujeito capaz de se corresponsabilizar pelo processo de saúde e doença (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).
A Política Nacional de Humanização (PNH) favorece essa participação por ser uma política que perpassa as dife- rentes ações e instâncias gestoras do SUS, e busca valorizar os diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção de saú- de. Além de fomentar a autonomia e protagonismo dos sujei- tos e principalmente modificar os modelos de atenção e gestão (BRASIL, 2006a).
Neste contexto, é indispensável repensar sobre o que fazer, como fazer e para quem fazer. Segundo Merhy e Ono- cko (1997), todos os trabalhadores em saúde possuem poten- ciais de intervenção nos processos de produção em saúde, que são marcados pela relação entre os núcleos de competência profissional e o núcleo cuidador. Esta produção está associa- da, portanto, aos processos e tecnologias de trabalho, certo modo de agir no sentido de ofertar certos produtos e deles obter resultados capazes de melhorar situação de saúde do usuário, individual e coletivo.
Em busca de atender a essas necessidades, a ESF teve início em Palmas, no ano de 1997, com uma equipe-piloto na Unidade Básica de Saúde (UBS) Liberdade na Aureny III, sen- do consolidada no ano seguinte com três equipes implantadas. Atualmente conta com 46 equipes para atender uma população de 228.332 habitantes, segundo o censo demográfico (BRA-
Outro investimento nessa área foi a criação da Primeira Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade (RMSFC), que proporcionou estágio para os residentes em oito Unidades de Saúde da Família (USF), contemplando todas as regiões do município de Palmas.
Assim sendo, o presente estudo pretende identificar as dificuldades e facilidades na execução das ações propos- tas pelos Residentes da RMSFC que atuaram na Unidade de Saúde da Família Setor Sul em Palmas/TO. Foram sujeitos da pesquisa os profissionais das seguintes categorias de trabalho: enfermagem, técnica em enfermagem, auxiliar de consultório dentário, agente comunitário de saúde, assistente administra- tivo, coordenadora administrativa, auxiliar de serviços gerais. Os dados foram obtidos através de entrevista norteada por questionário semiestruturado e, na sequência, os mesmos fo- ram comparados com o relatório de análise das ações realiza- das pelos residentes na referida unidade de saúde.
Metodologia
Esse estudo está vinculado à RMSFC, realizada em Palmas/TO. Os dados foram coletados através de dois instrumentos: relatório de análise das ações desenvolvidas pela equipe ESF, Setor Sul, residentes no período de Janeiro a Novembro de 2010 e entrevista semiestruturada. E, aos resultados, foram aplicados a metodologia do tipo quantiquali, com primazia do enfoque qualitativo da análise do discurso através do método da análise temática. Portanto, trata-se de um estudo de natureza descritiva.
dos atores, a partir dos quais as ações, as estruturas e as relações tornam-se significativas (MINAYO; SANCHES, 1993).
Na USF Setor Sul trabalham 22 profissionais de saúde, sendo que a população em estudo foi selecionada através da técnica de amostragem casual simples - sorteio de um representante da categoria de enfermagem, cirurgião dentista, técnico em enfermagem, técnico em agente comunitário de saúde e auxiliar de consultório dentário, administrativo e auxiliar de serviço geral. Perfazendo um total de sete sujeitos, os quais trabalharam nessa unidade no período de janeiro a dezembro de 2010. A categoria médica foi excluída conforme critério de exclusão – não ter trabalhado na USF no período de janeiro a dezembro de 2010.
As respostas das entrevistas foram transcritas, catego- rizadas e analisadas segundo instrumento de pesquisa visando identificar as dificuldades e facilidades na execução das ações propostas pelos residentes da Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade. Para corroborar as respostas das entrevistas foram analisados e utilizados os dados coletados no relatório da análise das ações, desenvolvidas pela equipe e residentes no período de janeiro a novembro de 2010.
A pesquisa foi embasada na Resolução 196/96 do Conselho de Ética e Pesquisa (BRASIL, 1996). A coleta dos dados teve início após a autorização do Comitê de Ética do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/Ulbra (Nº 68/2011) e da Comissão de avaliação de Projetos e Pesquisas da Secretaria Municipal de Saúde – SEMUS (Nº 43 – 02/2011). Firmou-se o compromisso com os sujeitos da pesquisa de que as informações seriam usadas única e, exclusivamente, para fins acadêmico-científicos. Todos receberam e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.