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AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO NA JUSTIÇA LABORAL

2. AS ATRIBUIÇÕES SEGUNDO A EXPERIÊNCIA INSPECTIVA

2.1 No patrocínio dos trabalhadores por conta de outrem

2.1.1 O atendimento ao público

Como se disse, o atendimento, independentemente da frequência e modelo organizacional adoptado, deve ser protagonizado pelos próprios magistrados e ser

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Para além da bibliografia indicada pelos organizadores do curso, sobre o patrocínio pelo MP dos trabalhadores por conta de outrem, pode também ver-se João Rato, em intervenção intitulada “MINISTÉRIO PÚBLICO, REPRESENTAÇÃO SOCIAL E MEDIAÇÃO - O CASO PECULIAR DA JURISDIÇÃO LABORAL”, na mesa subordinada ao tema «A DEMOCRACIA, A IGUALDADE DOS CIDADÃOS E O MINISTÉRIO PÚBLICO», por ocasião do V CONGRESSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.

cordialmente eficiente, exercido com pontualidade e sem demoras desnecessárias, esclarecendo devidamente as pessoas sobre as incidências substantivas e procedimentais dos casos trazidos ao seu conhecimento, informando a evolução futura dos pedidos de patrocínio formulados, como das participações de acidente de trabalho apresentadas e da necessidade de trazer aos processos, PA ou jurisdicionais, elementos de prova pessoal e documental, que quando logo exibida pelos utentes, deve ser sumariamente analisada e seleccionada, mantendo inteira disponibilidade para esclarecimentos complementares.

Esse é dos aspectos que, para além de cumprir as orientações hierárquicas emitidas e vigentes sobres esta matéria 9, mais poderá contribuir positivamente para o desempenho

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Para além de outras orientações emanadas pelas Procuradorias – Gerais Distritais sobre o assunto, cfr. Despacho do Procurador – Geral da República, de 16.05.2007, que aqui se transcreve:

«Organização dos serviços de atendimento ao público por parte do Ministério Público

A Magistratura do Ministério Público deve ser vista cada vez mais como uma magistratura activa, cooperante, próxima da comunidade a quem serve, capaz de em todas as situações em que o exercício das suas funções o exige, dar resposta atempada às necessidades dos cidadãos e da justiça.

A determinação do Ministério Público deve ser hoje a de contribuir decisivamente para que exista uma justiça mais próxima do cidadão, mais transparente e em que ele acredite.

Só esta visão de uma magistratura voltada para a comunidade, pró-activa em todas as áreas de intervenção, poderá caracterizar e valorizar as suas competências, e credibilizá-la junto da comunidade, a cujos interesses estão, indissoluvelmente, ligadas a sua existência e as suas atribuições.

Torna-se, pois, imperativo que os serviços do Ministério Público estejam organizados de forma a poder dar resposta eficaz e em tempo útil às solicitações que se insiram na esfera das suas competências, numa cultura de proximidade com os cidadãos.

Para tanto, importará redobrar esforços no sentido de que os serviços de atendimento ao público, que já se encontram instituídos, sejam valorizados como uma componente importante do exercício das funções do Ministério Público, bem como providenciar pela instituição desse serviço nos locais em que não se encontre implementado.

A Procuradoria-Geral da República, no exercício das suas competências de definição das linhas de actuação de todos os magistrados, entende, por isso, dever salientar a valia desta componente no âmbito das atribuições do Ministério Público.

Por outro lado, considerando as alterações legislativas anunciadas no âmbito da organização judiciária, nomeadamente quanto àquela matéria, importa ter conhecimento concreto da actual realidade, de forma a que se possa equacionar a necessidade de futuras reorganizações do serviço de atendimento ao público. Oportunamente será solicitado aos Senhores Inspectores que seja tido em consideração o funcionamento concreto desse serviço de atendimento.

Assim, solicita-se aos Senhores Procuradores-Gerais Distritais se dignem:

Transmitir aos Senhores Magistrados do Ministério Público dos respectivos Distritos Judiciais as considerações supra expostas;

global desta magistratura na jurisdição laboral e, em consequência, para contrariar a erosão que este exercício ultimamente vem sofrendo, ajudando a manter e a reforçar o prestígio granjeado e ao longo de muitos anos consolidado por várias gerações de ilustres magistrados do MP que nela exerceram.

2.1.2 Os PA

A maioria dos PA instaurados pelo MP nesta jurisdição relacionam-se com o exercício do patrocínio dos trabalhadores por conta de outrem em matérias atinentes ao contrato individual de trabalho, neles se incluindo processos para apreciação e decisão sobre o requerimento ou não de providências judiciais e aqueloutros de acompanhamento de acções e outras providências judiciais anteriormente intentadas.

Residualmente, porém, encontram-se outros abertos e mantidos pendentes para acompanhamento dos mais variados assuntos e iniciativas, desde acções executivas de sentenças e de acordos extrajudiciais e judiciais, ao acompanhamento da actividade dos serviços e aos acidentes de trabalho, passando por outras intervenções em acções emergentes de contrato individual de trabalho, comuns e especiais, na defesa do Estado e outras pessoas e entidades cujos interesses cabe ao MP defender em juízo.

Nesses processos se recolhe toda a informação e prova indispensável à actuação do MP neste âmbito, em vista da salvaguarda dos interesses postos a cargo do MP, neles se devendo igualmente reflectir o dever de objectividade e de estrita legalidade a que toda a sua actuação subordinada, mais ainda neste específico domínio do patrocínio dos trabalhadores por conta de outrem, em que a própria lei, de resto, nuns casos faculta e noutros impõe a recusa do patrocínio.

Para tanto, reclama-se um despacho tempestivo, assumindo e interpretando sempre a natureza instrumental dos PA, os quais devem ser utilizados como verdadeiros suportes da intervenção processual do MP, desde a petição inicial à execução e ao recurso, passando por

Informar a Procuradoria-Geral da República sobre a forma como os serviços de atendimento ao público se encontram organizados nos diversos serviços do Ministério Público de cada Distrito Judicial, designadamente, quais os dias de atendimento, e sobre a existência de eventuais disfuncionalidades que sejam comunicadas pelos magistrados e/ou pelos cidadãos relativamente à prestação de tais serviços. Lisboa, 16 de Maio de 2007

O Procurador-Geral da República Fernando José Matos Pinto Monteiro».

todos os demais requerimentos regulares ou incidentais impostos pela natureza da demanda, imprimindo-lhes informalidade e a celeridade adequada à defesa dos interesses em causa.

Por outro lado, neles pode ter lugar aquilo que pode qualificar-se como de verdadeiro pré – patrocínio, usando-os como espaço privilegiado para tentar a conciliação extrajudicial, sempre que dos interessados se obtenha a indispensável adesão voluntária e esclarecida 10.

Aliás, como a prática vem demonstrando, quando o MP não lança mão desta possibilidade na fase pré – judicial, muitas das acções que propõe terminam por conciliação obtida na pendência da acção, por vezes logo na audiência de partes, mais ainda se a alegação factual e jurídica das suas iniciativas processuais se mostrar consistente.

Importa salientar, por fim, que a fluência e qualidade do exercício do MP nesta área advém também de uma adequada organização e documentação dos PA, em que, mesmo que despachados na aplicação Citius/habilus, cujo histórico reflecte toda a respectiva actividade, deve providenciar-se pela junção de todas as peças atinentes aos actos neles ordenados e realizados, desde os ofícios de convocatória e notificação aos interessados aos respectivos despachos interlocutórios e finais, sob pena de não cumprirem o seu papel de verdadeiro instrumento auxiliar dessa actividade, antes se constituindo num acréscimo de burocracia, quantas vezes inútil e paralisante.

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Esta actuação, se bem sucedida, normalmente repercute-se positivamente na actividade do MP com a redução do número de acções a instaurar. Esse bom resultado, de resto, dependerá também do cuidado que se deve ter na elaboração de minutas personalizadas e transparentes dos ofícios para convocatória dos interessados a tais diligências judiciais, em particular das entidades patronais, a quem deve dar-se conhecimento alargado do objectivo da diligência, do seu carácter facultativo e da possibilidade de se fazer acompanhar de advogado.

Nem se diga que este modo de actuação perdeu grande parte da sua eficácia e utilidade com a recente reforma do código de processo civil, na medida em que retirou a natureza de título executivo aos acordos extrajudiciais assim eventualmente obtidos.

Na verdade, antes de o mesmo código ter reconhecido a tais acordos essa natureza, já o MP nos tribunais do trabalho adoptava essa prática com óptimos resultados, sem qualquer risco de prescrição agravado de prescrição dos créditos laborais em jogo, na medida em que os acordos funcionavam como forma de interpelação extrajudicial interruptiva daquele prazo, além do seu valor probatório em posterior acção declarativa a instaurar.

Claro que, actualmente, com os prazos peremptórios e preclusivos, tal como a jurisprudência os vem interpretando, da acção especial de impugnação judicial da regularidade e licitude do despedimento prevista e regulada nos artigos 98º-B e ss. do CPT, impõem-se cautelas e criatividade acrescidas no tempo e modo de realização de tais tentativas extrajudiciais de conciliação e no teor dos acordos nelas porventura alcançados, sempre que em causa esteja uma situação enquadrável nessa modalidade processual.

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