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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.4. Categorias de dados

4.4.4. Atitudes / motivações

Alguns colaboradores revelaram uma evolução considerável nos seus usos do Moodle, editando com mais facilidade as suas disciplinas e revelando interesse em aprender outras funcionalidades – como as atividades ou os blocos laterais – e estratégias de dinamização junto dos alunos.

Mesmo não tendo horas eu vou continuar a trabalhar na plataforma, acho que nunca mas paro! Percebo que é importante, até porque a minha disciplina é só de 90 minutos (semanais), e dá muito jeito explicar a matéria devagarinho (nas aulas) e disponibilizar os materiais para depois eles escreverem (no caderno) o que foi dado na aula... E para o ano eu vou fazer os testes (na plataforma). (Aline)

desde o início, confirmou-se a hipótese de Hauert (2006), de que um cluster de cooperadores que interage frequentemente aumenta a cooperação e o bem-estar social.

A motivação dos colaboradores PTE no início do ano parece que foi decrescendo ao longo do ano letivo, fruto de outras obrigações profissionais e de desconhecimento de formas eficientes de motivar os alunos e dinamizar as disciplinas

Relativamente ao meu trabalho, o trabalho desenvolvido, acho que estava muito mais motivada no início do ano. E acho que isso também teve a ver com esses pequenos constrangimentos [outras responsabilidades profissionais] que vão acontecendo... A minha colega numa fase inicial esteve supermotivada, há lá na plataforma montes de materiais que ela fez... Mas foi tudo no 1º e 2º período, no 3º período já quase nada se fez. Porque os alunos também não vão, e as pessoas não veem muito sentido em colocar material só por colocar. (…) Se calhar os alunos vão pouco à plataforma também por erro nosso, não conseguimos motivá-los suficientemente. Não no caso da minha disciplina, porque eles têm obrigação de ir lá buscar os materiais, mas sobretudo na disciplina Mundo dos Jovens. Mas também, somos solicitados para fazer uma série de coisas ao mesmo tempo... (Aline)

Apesar da novidade (relativamente aos anos anteriores) da realização de encontros semanais para a colaboração no desenvolvimento de competências técnicas no uso do Moodle, o facto da equipa de colaboradores PTE ter-se mantido essencialmente a mesma fez com que os hábitos de colaboração e cooperação não se alterasse de forma significativa relativamente aos anos anteriores. Como refere Aline, “No grupo há muita gente que está porque quase que foi obrigada...” A desmotivação de alguns dos colaboradores, já evidenciada na reunião do julho de 2010, foi visível durante esta investigação, apresentando-se estes participantes poucas vezes aos encontros semanais e preocupando-se apenas em “pendurar” (expressão utilizada por Rodolfo) recursos nas suas próprias disciplinas, como fichas de trabalho ou notícias. Salienta-se, por exemplo, o facto dos colaboradores Lúcia e Rodolfo terem sido automaticamente excluídos da disciplina “Equipa PTE” em janeiro, por não terem realizado qualquer acesso à mesma durante um período de 120 dias, ou seja, durante quase todo o 1.º ciclo de investigação-ação.

Na opinião da coordenadora PTE, os encontros semanais com os colaboradores PTE tiveram um impacto positivo nas suas atitudes e motivações: no entanto, e segundo esta participante, a desmotivação de alguns colaboradores poderia ter sido contornada pela implementação de outra dinâmica aos encontros semanais, não lhe parecendo importante a

questão da motivação pessoal:

Estão motivados, mas é uma motivação preguiçosa. Ou seja, se fosse tão fácil usar e de um momento para o outro conseguissem usar usavam com mais frequência; como é preciso um esforço adicional então as pessoas não estão tão motivadas. Às vezes motivar é quase obrigar, percebes? ... As pessoas têm uma motivação muito preguiçosa...

A opinião de Aline é um pouco diferente, identificando a motivação pessoal como importante:

(…) Como em tudo na vida há (...) aquele que se vai safando sem fazer grande coisa, e depois... Tu não podes obrigar, ou tu estás motivada e fazes, independentemente da medalha que venhas a receber ou não, ou então tu não estás motivada e não vais fazer mesmo. Tens é que encontrar neste grupo de colegas aqueles a quem apetece fazer um bocadinho. (…) (Aline).

A percepção da investigadora foi de que, para muitos dos participantes, a existência desses encontros funcionou com uma espécie de “policiamento”, tornando para muitos obrigatório o trabalho para a plataforma naquele momento. Esta opinião foi partilhada por Aline:

(…) O sentido de obrigatoriedade: é a nossa "professora" que está ali, portanto a gente tem sempre que ir para àquela “aula”, e quando vai tem que trabalhar, não tem grandes alternativas. Fez toda a diferença. Ano passado eu estava sozinha, a motivação sozinha é nenhuma. Perguntava-se a outro: "o que é que tu vais fazendo [na plataforma]? Ah, nada... Ok, se não fazes nada também não faço."

Quando questionada sobre a sua motivação para o uso da plataforma, a coordenadora PTE respondeu: “Eu estou motivada! É preciso é tempo para promover ainda mais e começar a dar outro uso à plataforma.

Em termos do futuro, observada pelas duas entrevistadas a mudança claramente ocorrida, ambas revelaram preocupações, sublinhando o papel desempenhado pela investigadora nessa mudança – enquanto administradora e dinamizadora da plataforma – e a importância do tempo necessário para desempenhar tais tarefas:

Se para o ano não vais ter horas para estar connosco então provavelmente voltamos ao antes. Ou que pelo menos as pessoas que têm horas que se organizem em grupo, porque individualmente ninguém trabalha. Assim um faz vigilância ao outro, senão há o café... (Aline)

investigação, o trabalho desenvolvido no seio da equipa de colaboradores PTE ter-se-á pautado por alguma superficialidade, tendo contribuído em pouco para o desenvolvimento profissional dos seus participantes e para o atingimento de metas estabelecidas.

Se daqui para a frente o uso diminuir pode ser por vários aspectos: a direção deixar de usar, ou seja, se nós não dermos o exemplo; pode ser porque as pessoas não se adaptaram a este sistema; e se houver desleixo por parte de quem está a gerir. Às vezes o desleixo é por falta de tempo, uma pessoa que não tenha disponibilidade também não pode fazer muito... (coordenadora PTE)

A coordenadora PTE tem uma visão mais pragmática do trabalho e do futuro, provavelmente própria de um membro de liderança escolar. A disponibilidade de tempo é por si contemplada de forma recorrente, revelando a preocupação com este precioso recurso profissional.