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4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

4.4. Categorias de dados

4.4.3. Treino / experiência

A dinâmica de jogo semanal surtiu efeitos junto de alguns dos colaboradores, quer na evolução dos seus usos do Moodle, quer na compreensão do que era esperado do estatuto de colaborador PTE.

Durante anos e anos e anos eu rejeitei a ideia de computadores, e de um momento para o outro apercebi-me: se calhar isto até dá jeito... Agora já não vivia sem o meu computador! São estratégias para tornar as aulas mais agradáveis. (…) Na minha disciplina há uma clara alteração do ano passado para este ano, não tem nada a ver, em termos dos professores e alunos. Como sabes a minha disciplina [da

plataforma Moodle] é uma das mais acedidas. (…) Os 45 minutos? Nos 45 minutos eu estava contigo, mas todas as 6ªs feiras eu e a minha colega (do mesmo grupo disciplinar) ficávamos na escola a trabalhar para a plataforma. (Aline)

O ambiente em que decorreram os encontros semanais foi de à vontade, tendo-se desenvolvido os trabalhos de supervisão num estilo colaborativo, que pareceu ser do agrado de muitos dos visados (ver anexo 8), como se entende do testemunho de Aline:

Acho que a tua atitude é uma atitude muito inteligente, por acaso acho, porque tu és assim muito pacífica, vais levando as pessoas... As pessoas vão aderindo sem perceber que vão aderindo... A tua personalidade não é ditadora, mas depois também temos o reverso: como não és ditadora depois há outros que vão abusando. Gostei imenso de ter estado a trabalhar contigo, devo-te dizer. (Aline)

À exceção de Reinaldo, os colaboradores PTE definiram claramente uma distância considerável entre as suas competências nas TIC e as reveladas pela investigadora. Muitos percecionaram-na como uma formadora, “solicitando” mesmo formação em outras ferramentas ou recursos, e desenvolvendo assim competências técnicas no uso das TIC, e em particular do Moodle.

Procurou-se nos encontros com os participantes maximizar os benefícios do uso do Moodle e atenuar os seus custos de edição e configuração. Esta estratégia poderá ter contribuído para que alguns dos professores colaboradores PTE não tivessem desenvolvido as competências necessárias a uma utilização efetiva do Moodle junto dos seus alunos (anexo 8), demonstrando dependência do apoio técnico no desempenho de edições rotineiras (como a inserção de etiquetas, imagens e notícias) (Brito, 2011). Também a coordenadora PTE refere que “Às vezes damos tanta “papinha” às pessoas... Por exemplo, o gestor de uma disciplina devia saber melhor configurá-la, .... Tu acabaste por apoiar, e de facto numa primeira fase se calhar isso fazia sentido.” A falta de tempo, referida por vários colaboradores PTE (ver anexo 8), pode estar na origem do fraco empenho nas investigações necessárias à aprendizagem autónoma, observado não só pelo número e frequência de acessos à plataforma fora das sessões semanais como também pelo acesso reduzido destes professores à disciplina “Plataforma de e-learning – Moodle”. Essa estratégia de cooperação e sensibilização permanentes também terá conduzido a uma percepção geral na população de professores de que, apesar de haver professores colaboradores PTE ou mesmo a disciplina “Plataforma de e-learning – Moodle” (com recursos de

apoio ao uso do Moodle), seria sempre mais rápido e eficaz falar diretamente com a investigadora. O seu maior contributo e sua atitude facilitadora poderá ter retirado aos colaboradores o custo da autoaprendizagem e mesmo do apoio e sensibilização dos seus pares para o uso do Moodle. Este parece ser um aspecto importante desta investigação: no desempenho da supervisão no uso do Moodle, importa encontrar o equilíbrio entre apoiar/sensibilizar e proporcionar ferramentas para a autonomia no uso do Moodle.

No que respeita à formação no local de trabalho, Aline referiu que “a formação é importante. Se calhar numa semana ficávamos dispensados da "aula semanal" e vínhamos todos juntos noutro horário ter formação “a sério”. Mas desfasado da altura de outras reuniões...” Aline revelou o seu pesar por não ter comparecido à sessão informal sobre o HotPotatoes. Quando confrontada com a possibilidade de os colaboradores PTE obterem formação e desenvolverem competências para, posteriormente, procederem à disseminação desses conhecimentos e comportamentos pelos restantes colegas do seu grupo disciplinar, Aline completou:

É viável [o colaborador PTE dar formação aos colegas de grupo disciplinar] no meu caso porque somos duas, é mais fácil. Temos determinadas características, ela tem disponibilidade de tempo... Mas num grupo de Português, de Matemática... não me parece que seja possível. Não há tempo. (Aline)

No entanto, a coordenadora PTE sublinhou:

Uma coisa que eu acho que falhou foi aquilo das ações de formação que nós tínhamos definido que iam-se fazer, ninguém se disponibilizou, as pessoas que tinham dado sugestões descartaram-se... Poderiam ser não só sobre a plataforma, mas sobre outras coisas, que depois se alojavam na plataforma. (coordenadora PTE)

Aline nada justificou quando questionada sobre as sessões que supostamente deveriam ter sido dinamizadas pelos restantes colaboradores PTE, confirmando apenas o facto de mais ninguém da equipa, para além da investigadora, ter dinamizado tais momentos de formação informal. A questão do não cumprimento do estipulado na 1.ª reunião da Equipa PTE revela alguns problemas na dinâmica daquela equipa, desde a sua composição (com membros pouco motivados – como se concluiu através do questionário e motivações e interesses do final do ano letivo de 2009/2010 – e com poucas competências digitais – como afirmaram alguns

colaboradores PTE (anexo 8) – à atribuição, a estes participantes, de dinamização de tarefas e atividades que tenham em consideração não só as reais competências dos seus dinamizadores mas também o público-alvo a que se destinam. Com a solicitação aos colaboradores PTE, aquando da 2.º Reunião da Equipa PTE, de definição de metas para o final do 2.º período, pretendeu-se estabelecer uma nova dinâmica de trabalho naquele grupo, fundamentada no compromisso profissional para com o grupo e a escola, procurando-se assim criar o efeito que Axelrod (1984) denomina de “sombra do futuro”.

Quanto ao trabalho colaborativo para o treino e partilha de experiências, Aline identificou: Trabalhar em grupo é sempre bom, quanto mais não seja porque vês o outro a trabalhar e sentes a obrigação de trabalhar. E depois é assim: há partilha, de facto há partilha, ideias que surgem... É sempre mais gratificante que o trabalho individual.

No entanto, e relativamente aos hábitos de colaboração entre professores poderem manifestar-se e desenvolver-se em disciplinas na própria plataforma, Aline comentou:

Um espaço (disciplina) de partilha e colaboração? (Os professores) não vão lá. Primeiro porque cada vez mais nos são exigidas muitas coisas, muitos papéis na escola... Não há tempo. Mas há que não parar: é começar a lançar as sementes que as coisas depois acabam por dar fruto.

Esta opinião pode ser uma de muitas que justificam a fraca dinamização de disciplinas de trabalho colaborativo como as disciplinas “Departamento de __”.