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CAPÍTULO IV Apresentação e análise de dados

4.2. O desempenho do cargo de diretor de turma

4.2.3. Atividades/funções do DT

Relativamente à importância atribuída pelos alunos às atividades/funções dos DT, não há diferenças entre aqueles que têm o mesmo DT e um DT distinto. Dos aspetos mais valorizados merecem destaque: “Coordenar o processo de avaliação dos alunos”, “Resolver problemas de comportamento dos seus alunos” e “Conversar com os alunos acerca da sua avaliação nas diferentes disciplinas”. A soma das percentagens de alunos da

75 amostra que os julgaram bastante ou extremamente importantes dá um total de 68,0%; 66,5% e 58,0%, respetivamente.

Atendendo à faixa etária dos alunos e ao conjunto de mudanças a que estão sujeitos ao longo do 2.º ciclo, fácil será compreender o valor que atribuem às conversas que o DT tem com eles acerca dos seus problemas, patente nos 45,3% que consideraram bastante ou extremamente importantes e nos 40,6% que as consideraram importantes. A soma destas percentagens dá um total de 85,9% dos alunos da amostra, ou seja, a maioria, mesmo que com níveis distintos de importância. Estes resultados são corroborados pelos obtidos quando solicitada a escolha da pessoa que mais ouvem, que é independente da continuidade do DT. Escolhem com maior frequência o DT (67,9%), seguido dos pais/EE (61,1%). Considerando que nesta pergunta eram pedidas apenas duas opções, estas são as mais importantes para a generalidade dos alunos, mas ainda existem 35,9% dos alunos que privilegiam os colegas de turma.

Regressando à análise das atividades/funções. Todos os outros itens apresentados mereceram uma classificação maioritária que oscila entre importante e extremamente importante, o que permite inferir que são valorizados também, se bem que um pouco menos que os restantes. Estes são: conversar com os outros professores do CT a respeito do trabalho dos alunos nas suas aulas; dar aulas de Formação Cívica, trabalho burocrático, informar pais/EE acerca do que acontece em todas as aulas; informar pais/EE da sua assiduidade; informar acerca dos apoios a que estão propostos.

A perspetiva dos EE acerca da importância atribuída às atividades/funções dos DT é igualmente independente do facto de o DT ser, ou não, o mesmo do 5º ano, excetuando quando se trata de informar os pais/EE acerca do que acontece nas diferentes aulas, pois o valor de prova obtido no teste respetivo foi inferior a 0,05. Neste caso, os EE de alunos com o mesmo DT atribuem-lhe menos importância, apesar de ser aquela que mais menções extremamente importante obteve (41,5%), em ex aequo com o informar sobre a assiduidade dos alunos. No grupo dos EE de alunos com DT distinto, esta foi a atividade/função que mais menções extremamente importante obteve (41,8%).

Quanto aos restantes itens, assumem particular relevância para os EE os seguintes: informá-los da assiduidade dos alunos às aulas, aos apoios e a outras atividades em que participem/estejam propostos; conversar com os alunos acerca da sua avaliação nas diferentes disciplinas. Dar aulas de Formação Cívica, fazer o trabalho burocrático e informá-los dos apoios a que os alunos estão propostos foram os aspetos a que atribuíram menor importância, sem deixar de os valorizar, uma vez que a maioria das classificações se

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encontra, no mínimo, no importante. Ficou patente nas opiniões expressas pelos EE a perceção do DT, visto como um mediador nas relações aluno-professor e escola-EE.

Perante problemas de ordem disciplinar respeitantes a alunos, 56,8% dos EE consideram que o DT deve ter uma conversa individual com os mesmos no sentido de os resolver, mas 33,3% consideram que essa conversa já deve contar com a presença do encarregado de educação e, posteriormente, decorrer com o CT. A opinião dos encarregados de educação não está associada ao facto do seu educando ter o mesmo DT ou não, pois o nível de significância associado ao teste de independência foi superior a 0,05 (p = 0,746).

Em relação aos docentes, a importância atribuída às atividades/funções do DT é independente do facto de terem tido experiência, ou não, no cargo, à exceção de fazer cumprir o previsto na legislação, uma vez que, nesta, o valor de prova no teste de independência é inferior a 0,05. Este aspeto, não sendo o privilegiado de entre os demais, obteve uma classificação mínima de importante e máxima de bastante importante para professores sem experiência, tendo sido mais valorizado por aqueles que já assumiram o cargo, registando-se 40,0% a considerá-lo extremamente importante.

Nos restantes parâmetros, analisados na Figura 8, os docentes consideraram, em geral, mais importante o atendimento dos pais/EE, depois o estabelecimento de uma ponte de comunicação entre a escola e as famílias e em terceiro lugar o atendimento dos alunos, sendo a percentagem de menções de extremamente importante igual a 63,6%, 60,6% e 51,5%, respetivamente. “Promover o trabalho de equipa e o apoio mútuo” foi considerada por 60,6% da amostra como sendo bastante importante. A menor importância foi atribuída à elaboração de relatórios/balanços, à organização do dossier da turma e ao trabalho burocrático. Uma vez que a última atividade indicada inclui as duas primeiras, fica reforçada a opinião quanto à burocracia associada ao cargo.

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A Atendimento dos alunos I Coordenar os professores da turma

B Atendimento dos pais/EE J Informar a assiduidade dos alunos

C Dar as aulas de Formação Cívica K Organizar o dossier de turma

D Dinamizar o PCT L Presidir/conduzir as reuniões do CT

E Trabalho burocrático M Envolver os professores de turma em projetos interdisciplinares

F Educar para a cidadania N Coordenar o processo de avaliação dos alunos

G Mediar e resolver questões de natureza

disciplinar O Elaborar relatórios/balanços

H Estabelecimento de uma ponte de

comunicação entre a escola e as famílias P Q Promover o trabalho de equipa e o apoio mútuo Adequar o currículo nacional às especificidades dos alunos

Figura 8. Importância das atividades/funções do DT para os docentes. Não existe correspondência entre as letras indicadas e as alíneas da pergunta, pois não foi contemplada a alínea “i) Fazer cumprir o previsto na legislação vigente” (p = 0,01), cuja análise desenrolou-se fazendo a distinção entre os professores com e sem experiência no cargo de DT, ao contrário das restantes.

Prosseguindo com o estudo das opiniões sobre o papel do DT, 48,5% dos docentes considerou que este é fundamental quando os colegas de profissão lhe expõem problemas em relação a um aluno, pela conversa que tem com o próprio e seu EE. A seguir, 42,4% julgou que na situação apontada este servia de mediador na resolução dos problemas, apurando os factos e as motivações. Em ambas as respostas, as percentagens são independentes de os inquiridos terem, ou não, experiência no cargo.

Quando os problemas são de ordem disciplinar, em concreto, 66,7% dos professores com experiência no cargo ajuízam que o DT deve conversar individualmente com os alunos, utilizando até o intervalo, se necessário, ao passo que 66,7% dos professores sem

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experiência julga que estes devem ser solucionados nas aulas de Formação Cívica. Contudo, as diferenças citadas não têm significado estatístico pois o valor de p é superior a 0,05. Posto isto, as duas opções mais assinaladas pela generalidade dos participantes desta amostra foram: conversar individualmente com os alunos (63,6%); convocar imediatamente os alunos, depois EE e, por fim, o CT (54,5%). Curiosamente, há sincronismo com os EE nas duas alternativas, mais propriamente na ordem que entendem ser pertinente o envolvimento das pessoas aludidas, apesar de divergir a forma como este se processaria na segunda. Por sua vez, os alunos consideram claramente relevante que, numa situação de conflito, se ouçam todas as partes.

Averiguamos, igualmente, qual deveria ser o procedimento a adotar pelo DT quando os problemas respeitassem aos professores do CT, mais concretamente numa situação em que os pais/EE pusessem formalmente em causa o seu desempenho profissional e/ou as suas atitudes pessoais. Constatamos que 45,5% dos docentes considera que o DT deve ter uma conversa informal com o colega para averiguar a situação e que 33,3% julga que o deve convocar para uma reunião com ele e os pais/EE. Em contrapartida, não foi assinalada por qualquer docente a opção de convocar o CT, facto que nos leva a ponderar no(s) motivo(s) associado(s): acreditarem que tal procedimento iria pôr em causa o profissional perante os seus pares, quando se pode tentar resolver a desarmonia apenas com os diretamente envolvidos; uma convocatória implica mais uma reunião; importância atribuída ao papel do DT na resolução de conflitos? Na impossibilidade de apresentar uma resposta válida a esta última questão, de acrescentar simplesmente que, na sequência do valor de p obtido (p = 0,51), não foi feita a distinção entre os dois grupos de professores. Cabe aqui ressaltar uma ocorrência aferida a partir da leitura das atas das reuniões de CT: em uma das turmas, depois de os EE terem manifestado a sua insatisfação com o aproveitamento dos alunos em uma das disciplinas, o DT abordou o assunto em reunião.

4.2.4. Desempenho do cargo de DT e a atuação do CT