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CAPÍTULO IV Apresentação e análise de dados

4.2. O desempenho do cargo de diretor de turma

4.2.7. Impacto(s) e condições da continuidade do desempenho do cargo de DT

4.2.7.1. Dados obtidos a partir dos questionários

Na opinião dos docentes, a continuidade do DT no 2.º ciclo reflete-se, principalmente, ao nível: do desempenho do cargo, facilitado pela maior familiaridade com as suas competências legais; da ação do CT, sobressaindo a maior adequação à realidade da turma e o facto de se direcionar mais cedo para a especificidade dos alunos; da melhoria da gestão curricular. A Figura 9 apresenta os resultados gerais adquiridos.

A Melhora a gestão curricular H Os EE tendem a delegar as suas funções no DT

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B Melhora o aproveitamento dos alunos I O atendimento aos EE é mais flexível, verificando-se muitas vezes num horário que não aquele que está estabelecido no horário do professor

C O trabalho burocrático (registo de faltas, ...) realiza-se em menos tempo

D A ação do CT adequa-se mais à realidade da

turma J Há menos entraves na construção do PCT E O CT trabalha mais cedo em prol da

especificidade dos alunos K As suas competências legais são-lhe mais familiares, o que facilita o desempenho do cargo

F Os EE participam mais nas atividades da

escola L A ação do CT é mais eficaz G Os EE estão mais inteirados do trabalho

desenvolvido pelos alunos M O dossier da turma está mais organizado e atualizado Figura 9. Impactos da continuidade do desempenho do cargo de DT no 2.º ciclo, na perspetiva dos professores

De ressaltar que a melhoria da gestão curricular já havia sido anteriormente considerada, pelos docentes, como o segundo aspeto mais importante em termos de reflexos da relação escola/família.

Outras duas respostas a aludir são: a melhoria do aproveitamento dos alunos e a diminuição de entraves à construção do PCT, ambas com 60,6% da amostra a considerar que se verificam na maioria das turmas nas quais o DT é o mesmo ao longo do 2.º ciclo ou a entender que a prossecução é um fator determinante para que se registem.

Ainda a propósito dos PCT, a opinião anterior dos docentes foi corroborada em outras questões, cujas respostas foram maioritariamente consensuais. Da amostra considerada nos questionários: 93,9% indicaram que a construção dos PCT fica facilitada quando o DT se mantém em funções; 90,9% assinalaram que aqueles que foram elaborados no ano letivo precedente constituíram um suporte para o ano letivo subsequente. Curiosamente, 30,3% dos docentes foi da opinião que a consulta dos PCT pode colmatar a mudança de DT na maioria das vezes e 36,4% que o poderia fazer às vezes.

Em relação ao facto de os temas abordados nas reuniões dizerem mais respeito à turma, registaram-se diferenças significativas entre professores com experiência como DT e sem experiência: 60,0% dos primeiros julgam que não há relação entre este aspeto e a continuidade do cargo; 100,0% dos referidos em segundo consideram que se verifica na maioria das turmas.

Na sequência do supramencionado, consideramos relevante averiguar se os docentes julgavam que era fácil assegurar a continuidade do cargo no 2.º ciclo. Para 72,7% dos professores é fácil, desde que manifestem vontade em fazê-lo, e para 57,6% está dependente da estabilidade do corpo docente. Entendemos que estas respostas são

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complementares, pois os professores que pretendem dar continuidade a uma dada direção de turma só o podem fazer se permanecerem na escola. Em geral, as opiniões não dependem da experiência como DT, pois o teste de independência resultou num valor de prova superior a 0,05.

4.2.7.2. Dados obtidos a partir das atas

A continuidade do desempenho do cargo de DT não consta na ordem de trabalhos de qualquer reunião de CT, como seria expectável, daí que neste ponto a nossa análise incida no PCT, face ao anteriormente relatado.

O PCT do ano letivo precedente foi referido nas atas das reuniões de CT de duas turmas, uma em que o DT se manteve (turma K) e outra em que o DT mudou (turma O). A sua abordagem enquadrou-se nas considerações gerais feitas pelo DT sobre a turma, no início do ano.

Quanto ao PCT do ano letivo 2010/2011, foi referido nas atas de todas as turmas, mais concretamente nos momentos em que os CT procederam à sua avaliação, respeitando, em geral, as diretrizes emanadas nesse sentido na escola. A avaliação foi invariavelmente positiva, mas em duas das seis turmas, uma somente no 5.º ano (turma E) e outra, na qual o DT se manteve, nos dois anos de escolaridade do 2.º ciclo (turma C/turma M), foram indicados aspetos negativos do projeto: falta de interesse e participação dos EE no acompanhamento da vida escolar dos seus educandos. Aliás, na segunda turma citada constatou-se ter havido um retrocesso ao nível da comunicação escola-família, pois no 5.º ano era referido que “… apesar do interesse revelado pelos Encarregados de Educação em se informar junto da Directora de Turma, tem-se reflectido em pouco acompanhamento na vida escolar do seu educando em casa.” e no 6.º ano que “… os Encarregados de Educação têm reflectido pouco interesse em se informar junto da Directora de Turma e pouco acompanhamento na vida escolar dos seus educandos em casa.” (turma C/turma M). Curiosamente, os EE constam igualmente nos aspetos positivos de outros PCT, sensivelmente pelas razões contrárias: contactos estabelecidos com o DT; atenção para com o trabalho dos educandos e/ou envolvimento (turma A; turma B/turma L, na qual o DT se manteve; turma F).

Comparando as informações que constavam nas atas com as respostas dadas nos questionários, apuramos que apesar de a maioria dos docentes considerar a continuidade do

95 DT vantajosa para a construção do PCT, tal não se refletiu em progressos sinalizados aquando da avaliação destes projetos.