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CAPÍTULO II – DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

2.2. Fase de Intervenção

2.2.1. Atividades Implementadas nas aulas de Português

A aula zero de Português permitiu-me traçar um perfil mais aprofundando da turma, diagnosticando as principais dificuldades dos alunos na leitura e interpretação de textos e, também, para promover o uso de estratégias nas três fases de leitura (pré, durante e pós-leitura).

No decorrer da aula, os alunos participaram com agrado em tudo o que lhes foi proposto e o entusiasmo era notório na maioria dos alunos. Segundo Curto (1998, p. 26), “os professores necessitam de criar espaços de diálogo nas suas aulas, de modo a despertar novos interesses nos alunos e de forma a terem com eles uma relação afetiva”, e, foi através do diálogo que consegui cativá-los para o tema da aula.

Verificou-se que na correção oral dos exercícios de compreensão leitora, alguns alunos apresentaram dificuldades em expressar corretamente a sua resposta, o que me levou a ter de contornar essas dificuldades. Ferreira e Santos (1994, p. 90) defendem que “os insucessos também são fontes de aprendizagem que devem ser rentabilizados pedagogicamente”. Assim, quando o aluno dá uma resposta que não é a correta, sente que, mesmo falhando, não é abandonado ou repreendido pelo professor. Por outro lado, outro aspeto positivo foi o reforço positivo que se transmitiu aos alunos, pois Canavarro, Pereira e Pascoal (2001, p. 44) defendem que estes reforços positivos motivam os alunos promovendo e consolidando o bom comportamento “aumentando as probabilidades deste se manifestar novamente”.

Após o período de reflexão, é importante referir a importância atribuída às reuniões de Prática Pedagógica, uma vez que nos é dado o feedback da aula que realizámos, sendo mencionados quais os aspetos positivos e quais os aspetos a melhorar em aulas futuras. A reflexão sobre as nossas práticas é um ponto crucial para repensar sobre os erros cometidos, pois só tomando consciência do que produzimos é possível melhorar e alcançar os nossos objetivos.

Foi sempre intencionado fornecer aos alunos o contacto com textos que proporcionassem experiências diversificadas e com um grau de dificuldade

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gradativo, no que se refere à leitura (literária e de textos não literários), designadamente através do convívio com materiais desafiadores em termos de compreensão e de interpretação. Segundo Reis (2009, p. 139),

No domínio da leitura pretende-se o desenvolvimento da autonomia progressiva do aluno, ampliando e consolidando as suas competências de leitor. O objetivo será atingir um perfil de leitor mais confiante e mais arguto; para isso, neste ciclo, os alunos serão envolvidos de forma mais intensa na compreensão das relações entre linguagem, estrutura e estilo, através do contacto com textos escritos variados.

A aula de Português (ANEXO 2) do dia 5 de março de 2015 foi dedicada a um excerto da obra História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar de Luis Sepúlveda, inserido na Unidade Didática: Narrativas de autores estrangeiros e de país de língua oficial portuguesa. No início da aula recapitulou-se qual o tema que estava a ser estudado e apresentei um pequeno PowerPoint com algumas imagens e o título do excerto, tendo como principais objetivos despertar o interesse para a leitura do excerto e fazer o levantamento de hipóteses sobre o seu conteúdo. De seguida, recordei-lhes o uso das estratégias ao nível da compreensão leitora (estratégias que usam antes e durante a leitura de um texto). De modo a manter os alunos concentrados na leitura, foi proposta uma atividade de exploração de vocabulário durante a leitura, na qual sublinhariam todas as palavras relacionadas com “mar” e “gaivota”. Para Azevedo (2007), estas atividades de leitura são ferramentas preciosas que levam ao desenvolvimento do gosto pela leitura, para que esta deixe de ser sinónimo de trabalho e aborrecimento. Iniciaram então uma leitura silenciosa do excerto “Mar do Norte”, e de seguida uma leitura em voz alta para praticar a leitura expressiva. Optou-se também por esta última leitura pois na fase de pré-intervenção verificou-se que a maioria dos alunos tem dificuldade em ler corretamente. Segundo Sim-Sim (2007, p. 49), “a expressividade na leitura é um ótimo indicador de fluência. A leitura oralizada é mais atrativa quando acompanhada de gestos e movimentos, os quais contribuem para uma maior facilidade na memorização dos textos”.

Após o momento de leitura e de esclarecimento de vocabulário foi pedido aos alunos para que respondessem às questões de interpretação - exercícios 1 a 6 presentes nas páginas 137 e 138 do manual. Talvez o número de questões tivesse sido um pouco extenso mas penso que a sua realização foi fundamental para consolidar informação sobre o excerto lido. Seguidamente foi realizada a correção

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oral do questionário com projeção no quadro para os alunos com mais dificuldades em acompanhar, principalmente a aluna com NEE.

Numa 5ª parte da aula foi introduzido um elemento previsto inicialmente no meu Projeto de Intervenção – o Diário de Leitura. Através da sua inserção pretendia criar contextos variados que permitissem aos alunos expressarem-se sobre as leituras realizadas em sala de aula, elaborando de forma autónoma e fundamentada as suas apreciações e reflexões críticas, promovendo a reflexão dos alunos sobre as estratégias de compreensão leitora (Reis, 2009, p. 147). Inicialmente os alunos revelaram uma postura de interesse mas também se mostraram reticentes uma vez que o instrumento apresentado era do desconhecimento da turma. Por prever essa atitude, foi decidido aquando da planificação da aula, que seria importante realizarem essa 1ª entrada em aula, já que teriam o apoio necessário para esclarecer qualquer dúvida. Penso que foi adotada uma postura dinâmica e atenta para com os alunos, promovendo sempre a interação professor-aluno e vice-versa.

Com o final da aula, e o tempo já esgotado não foi possível ler nenhuma das entradas do Diário, contudo os alunos mostraram-se interessados em realizar novamente esta atividade.

Na aula de Português do dia 23 de abril de 2015, lecionei a segunda aula assistida de Português. Iniciei a aula com o registo do sumário no quadro e a marcação de faltas. Posteriormente, houve preocupação de relembrar o assunto da aula anterior e os alunos responderam prontamente, pois o texto de Alice Vieira despertou-lhes interesse sobre a temática da poesia.

Contudo, e já tendo sido feita a recapitulação do tema foi realizada uma pequena leitura sobre os aspetos biográficos - que constam no manual do aluno - acerca do autor Eugénio de Andrade. Com esta atividade foi possível constatar a motivação da turma perante a leitura de textos biográficos.

Entretanto, e de forma a implementar o Projeto de Intervenção, foi distribuído pelos alunos uma ficha de trabalho juntamente com a ficha de autoavaliação metacognitiva, esta última para preencher no final da aula. Através de um breve diálogo, relembraram algumas das estratégias de compreensão leitora já aprendidas e implementadas em aulas anteriores, tendo tido de imediato a participação dos alunos.

Nesta aula sobre a Unidade Didática da Poesia, deu-se a conhecer aos alunos, dois novos poemas: “Ver claro” de Eugénio de Andrade e “Ser Poeta” de

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Florbela Espanca. Desde logo, os alunos demonstraram interesse em ler, à exceção claro de dois ou três alunos que desde o início tem mantido uma postura menos positiva perante o percurso académico. É importante ter em consideração que o gosto pela leitura no contexto escolar é possível, mas para isso é importante escolher textos diversificados e de qualidade, assim como estratégias aliciantes para os motivar a trabalhar, pois na opinião de Silva et al. (2009, p. 27), “transformar a leitura em momentos aprazíveis para as crianças será uma chave para se conseguir formar leitores que se deixam arrebatar pelo texto”.

Nesta parte da aula, dialoguei com os alunos sobre o possível conteúdo do poema através da análise do título utilizando, assim, as estratégias – inferências, previsões. Foram referidas pelos alunos previsões bastante interessantes. E, para confirmar foi feita uma leitura silenciosa e também, uma leitura em voz alta para poderem melhorar a sua expressão.

Após essas duas leituras, analisaram e interpretaram o poema dando relevância e verificando quais as estratégias de compreensão leitora utilizadas pelos alunos. Dessa forma, foi lhes pedido para que respondessem às questões presentes na ficha de trabalho, posteriormente corrigidas oralmente. Ao longo da sua realização tive sempre a preocupação de dar tempo suficiente para responderem.

Numa terceira parte, e relacionado com a temática, foi-lhes apresentado o poema “Ser poeta” de Florbela Espanca. Assim, dei-lhes a conhecer a música3

deste poema cantada por Luís Represas, sendo muito importante dar a conhecer aos alunos personalidades artísticas portuguesas.

Após a leitura e a audição do poema, os alunos desconheciam alguns termos (Ex: elmo), mas rapidamente foi respondido, tendo dado a palavra a um aluno para explicar o significado. Foram também explorados alguns recursos expressivos através de questionário oral e do exercício de aplicação 1 da parte II da ficha de trabalho desta aula.

Por fim, já na última parte da aula, os alunos foram convidados a integrar a última etapa dos processos de compreensão leitora: os processos metacognitivos como elemento de avaliação da implementação das estratégias de compreensão leitora.

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Penso ter direcionado bem essas estratégias anteriores, nomeadamente prever através do título, sublinhar ideias-chave, tomar notas e até mesmo fazer pequenos esquemas com as informações mais relevantes, tendo talvez falhado mais esse aspeto de esquematizar e de explorar mais o poema de Florbela Espanca.

No que diz respeito aos aspetos que podem ser melhorados, as estratégias de compreensão leitora deveriam ter sido melhor exploradas e até introduzidas novas estratégias embora tenha consciência de que a maioria dos alunos utilize as estratégias delineadas para as aulas iniciais e intermédias. O facto de recordar as estratégias através da oralidade também poderia ter sido melhorado e a parte gramatical dos recursos expressivos também.

Na aula de Português (ANEXO 3) do dia 14 de maio de 2015, foi lecionada a terceira e última aula assistida de Português. A aula foi iniciada pela colega de estágio pois o seu projeto corresponde à compreensão do oral e fazia todo o sentido iniciar a nossa aula conjunta com o seu projeto. Decorridos os primeiros 45 minutos, dei continuidade com a segunda parte da aula.

Por um lado, as temáticas do sonho e da viagem são interessantes para os alunos, motivando-os a participar em sala de aula. Obviamente que o Projeto de Intervenção Pedagógica era o ponto central pois nele propôs-se alcançar vários objetivos, nomeadamente: desenvolver as competências de leitura dos alunos através de atividades variadas de leitura intensiva e também promover o gosto e/ou a motivação pela leitura em contexto de sala de aula.

Introduziu-se o texto a trabalhar a partir das questões colocadas na ficha de trabalho (ANEXO 9): tipologia textual; reconstrução da entrevista colocando a questão correspondente a cada resposta, e tendo sempre a preocupação de estabelecer paralelismo com o poema estudado anteriormente. Foi assim feita uma leitura expressiva/dialogada do texto e um esclarecimento de vocabulário desconhecido (Ex: expectável, perspicaz). Após a leitura, de notar que os alunos já estavam mais motivados para ler, o que me deixou bastante contente.

De seguida, fizeram o levantamento de aspetos positivos e negativos de viajar tendo verificado que alguns alunos sublinharam no texto esses aspetos. Para consolidação, responderam ao questionário de verdadeiro e falso presente na ficha de trabalho desta aula. Perante dúvidas que os alunos colocavam, tive sempre ao longo das aulas a preocupação de que os alunos compreendiam a matéria.

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Por fim, na última parte da aula e tendo sido uma aula atípica em termos de tempo, apenas 45 minutos, propus uma pequena atividade de escrita. A atividade consistia em que os alunos completassem a frase “Se eu tivesse asas…” em pequenos cartões, de acordo com os temas trabalhados sobre o sonho e a viagem. Para ser algo criativo, coloquei na parede da sala a locomotiva de um comboio, e os cartões com as frases constituiriam os vagões desse comboio como símbolo de uma viagem. No final, ouvimos algumas das frases dos alunos mas poderia ter ouvido mais alguns mas pretendia terminar a aula antes do toque de saída.

No geral, penso que esta aula correu bem apesar da crítica do Supervisor em relação à não aplicação de novas estratégias de compreensão leitora. Outro aspeto que deveria ter sido diferente era as atividades serem mais ativas ou criativas.

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