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2.1 Impactos no Sistema Contábil

2.1.1 Influências iniciais da visão predititiva/prospectiva

2.1.1.3 Ativo Imobilizado

A complexidade das atividades empresariais exige procedimentos que reflitam a realidade econômica e o desempenho organizacional. O ativo imobilizado, por meio da IAS 16 (IASB, 2001c), se relaciona com determinadas normas como a IAS 36 (IASB, 2004), IFRS 5 (IASB,

2004a), IFRS 8 (IASB, 2006), IFRS 13 (IASB, 2011) e IFRIC 18 (IASB, 2009), possibilitando a evidenciação mais próxima da ação da gestão. A norma do Ativo Imobilizado, IAS 16 (IASB, 2001c), objetiva evidenciar aos usuários das demonstrações contábeis o discernimento sobre os investimentos no imobilizado e suas modificações. O reconhecimento dos ativos, a determinação dos seus valores contábeis e de depreciação, bem como suas perdas por desvalorização dos mesmos são orientações tratadas pelo padrão internacional. A IAS 16 trata do caráter geral sobre o ativo imobilizado, não se aplicando aos casos de normas específicas, tais como: ativo não circulante mantido para a venda e operação descontinuada; ativo biológico e produto agrícola; e exploração de produtos minerais.

Torna-se cada vez mais comum o fato de que os ativos devem ser adquiridos ou construídos com a obrigação secundária de serem desmontados, sendo o ambiente restaurado e limpo após o término da vida útil dos ativos. Nessa situação, os custos devem ser estimados no momento do reconhecimento do ativo. Outro importante aspecto é a abordagem de componentes em função da estrutura principal e de sua depreciação. Os elementos significativos de um ativo, como telhados e sistema de refrigeração, devem ser separados do custo pago pelo ativo e depreciados pelas respectivas vidas úteis apropriadas (IASB, 2001c).

A norma de Recuperação ao Valor Recuperável de Ativos, IAS 36 (IASB, 2004) assevera a necessidade de se manter no balanço patrimonial o valor que não exceda o limite fundamental de utilidade econômica, que se aplica, igualmente, aos ativos de longo prazo, tangíveis e intangíveis. Nesse sentido, o ativo imobilizado está constantemente observado no sentido de se manter a capacidade de geração de fluxo de benefícios futuros na ótica da previsibilidade de sua ocorrência.

 Reconhecimento e mensuração

A norma define o Ativo imobilizado como item tangível que está sendo mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, bem como aluguel a outros, ou ainda para fins administrativos, que irão beneficiar a entidade por mais de um período. Distinguem- se, por esta norma, os ativos intangíveis, que são de longo prazo, normalmente identificáveis, mas não possuem substância física.

Duas condições são colocadas para o reconhecimento do item imobilizado: (a) a probabilidade de que futuros benefícios econômicos associados ao item fluirão para a

entidade; e (b) a possibilidade de que o custo seja mensurado confiavelmente. A norma especifica, ainda, os custos iniciais, custos subsequentes, mensuração no reconhecimento, métodos de custo, depreciação, redução ao valor recuperável de ativos, indenização de perda e divulgação. Mackenzie et al. (2013) levanta quatro aspectos em relação à contabilização de ativos de longo prazo: (a) o valor inicial da aquisição; (b) o reflexo das alterações subsequentes à aquisição nas demonstrações contábeis, incluindo questões sobre aumentos de valor e possíveis reduções devido à desvalorização; (c) a taxa pela qual os valores dos ativos registrados serão alocados como despesas em períodos futuros; e (d) o registro da baixa final dos ativos.

A norma prevê que a composição do valor do imobilizado deva agregar todos os custos necessários para colocar o ativo em condições de funcionamento. Os custos incluem frete, testes, calibração, honorários de consultorias, comissões pagas e outros, exceto custos administrativos. Destaca-se que, na construção de ativos qualificáveis, os custos de juros incorridos devem ser acrescidos ao valor do ativo (IASB, 2004). Observa-se, ainda, que, se o preço de compra do ativo incorpora um sistema de pagamentos diferidos, apenas o preço a vista equivalente deve ser capitalizado como valor contábil inicial do ativo. Caso o preço a vista equivalente não seja apresentado explicitamente, o valor do pagamento diferido deve ser ajustado ao valor presente com aplicação da taxa de desconto apropriada. No caso de desativação futura do ativo, o custo deste sofre aumento para incluir os custos de encerramento estimados. A conta do passivo recebe a contrapartida do aumento relativo a esses custos, atendendo aos critérios das provisões contidos na IAS 37 (IASB, 2005). Os critérios determinam que a provisão pode ser reconhecida somente quando: (a) a entidade tem uma obrigação presente (legal ou não formalizada) como resultado de evento passado; (b) seja provável uma saída de recursos para liquidar a obrigação; e (c) possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.

O reconhecimento inicial de ativos de construção própria tem como limite o valor recuperável do ativo. Todos os custos necessários para completar a construção podem ser somados ao valor a ser reconhecido, desde que esses recursos não excedam o valor recuperável. O excesso deve ser debitado em despesas como perda por redução ao valor recuperável. Os custos do ativo imobilizado são alocados por depreciação aos períodos em que a empresa se beneficiou do uso do ativo. Cabe salientar a importância da análise da vida útil, pois o período de depreciação não segue a regra fiscal, mas a vida útil que direciona as decisões gerenciais com

impacto contábil. A abordagem por componentes exigidos pela IAS 16 (IASB, 2001c) auxilia o controle dos ativos parciais, tais como: telhados, motores e outros, assim como suas respectivas depreciações. Cada componente significativo composto por vidas úteis diferentes deve ser contabilizado separadamente. Desse modo, ao contrário de se registrar um edifício de escritórios recém-adquirido como um único ativo, este deve ser registrado como uma estrutura que contenha individualmente componentes, tais como sistema de aquecimento, telhado e outros componentes mecânicos independentes (Mackenzie et al., 2013).

A IAS 16 (IASB, 2001c) não especifica o método de depreciação que deve ser utilizado, todavia apresenta sugestões como o método linear, da depreciação acelerada, depreciação proporcional e o método baseado no uso físico real, sendo que este se adapta bem ao uso físico de maquinários. Tal método possui o mérito de fazer com que a despesa de depreciação flutue com a contribuição feita pelo ativo no período, pois em momentos de recessão e de baixa produção os custos dos produtos não são superavaliados, isto é, o excesso dos custos não é repassado para a produção. O valor residual muitas vezes apresenta-se como irrelevante e normalmente costuma ser ignorado, quando o ativo é alienado no início da vida útil ou quando ele, o valor residual, é tão alto que elimina a necessidade de depreciação.