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O ATO DE AVALIAR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Para Azevedo (2004, p 35), avaliar é julgar ou

Aspectos gerais das deficiências

O ATO DE AVALIAR NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Para Azevedo (2004, p 35), avaliar é julgar ou

fazer a apreciação de alguém ou alguma coisa, tendo, como base, uma escala de valores.

Haydt (apud Azevedo, op cit., p. 36) afirma que:

a avaliação é uma atividade

metodológica que consiste na coleta e na combinação de dados relativos ao desempenho, usando um conjunto ponderado de escalas e critérios que leve a classificações comparativas ou numéricas, e na justificação delas.

Silva (1997, pp. 29 e 30) relata que:

a avaliação do conteúdo tem por objetivo informar sobre o rendimento escolar. O processo de avaliação é mais amplo do que medir e/ou testar o conhecimento adquirido. O processo de avaliação deve ser bem elaborado de acordo com suas próprias regras, pois, através deste, o professor poderá identificar o rendimento e/ou fracasso do aluno, assim sendo, cria-se a possi- Dica de

leitura

FÁVERO, E. A. G. Direitos das Pessoas com Deficiência: garantia de igualdade na diversidade. Rio de Janeiro: WVA, 2004. Importante Apesar da avaliação ser uma exigência institucional, o modo de realizá-la e seu conteúdo ficam totalmente nas mãos do professor.

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bilidade do professor, através de novos recursos, trabalhar as dificuldades de seus alunos.

Azevedo (op. cit., p. 37) acredita que:

a avaliação é sempre um processo contínuo e sistemático e deve ser

constantemente planejada; é

funcional, isto é, realiza-se em função de objetivos, possibilitando verificar em que medida os alunos estão atingindo esses objetivos previstos; é orientadora, pois não visa eliminar alunos, e sim permitir-lhes conhecer seus acertos e erros, auxiliando-os a fixar respostas corretas; é integral, pois analisa e julga todas as

dimensões do comportamento,

considerando o aluno como um todo

(aspectos cognitivos, afetivos,

motores, sociais).

Para Silva (1997, pp. 29 e 30):

a avaliação deve ser muito bem elaborada. Existem sérios problemas de aprendizagem e através de avaliações inadequadas o professor, sem condições necessárias de detectar as falhas, promove o aluno sem as mínimas condições. Isto significa que, através da avaliação inadequada, o professor poderá reforçar ou encobrir as falhas na aprendizagem.

Mittler (2003, p. 159) relata que:

outro obstáculo principal à inclusão assenta-se na prática de exames, na avaliação e na classificação de crianças, prática esta que herdamos de gerações anteriores e que tem sido tradicionalmente usada para separar

umas crianças de outras. Não

podemos esperar atingir um currículo mais inclusivo ou escolas mais inclusivas a menos que também

empreendamos uma revisão

fundamental do sistema de avaliação e seu impacto na vida das crianças e de sua família. Importante Só quem leva a sério a aprendizagem do aluno, conhece a cara de cada um deles, observa o desenvolvimento de cada um deles, enxerga que a nota não informa, mas nivela.

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Já Mantoan (2005) relata que:

uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar

estudantes emancipados é, por

exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço

pessoal para vencer as suas

limitações, e não da comparação com os demais.

A aprendizagem ocorre de várias maneiras e em tempos diferentes, já que cada pessoa tem uma vivência e um ritmo próprio, que deve ser respeitado.

As avaliações servem mais para ver quem se encaixa nos padrões de aluno ideal do que para medir o progresso de cada um, dentro de suas possibilidades. Esse padrão gera sofrimento, pois o aluno tenta atender as expectativas de uma escola que não valoriza seu potencial.

Temos que levar em conta as dificuldades de expressão, fruto talvez de um temperamento ou de um histórico de repressão. Por outro lado, devemos observar as facilidades de criação, não só em relação aos conteúdos, mas também aos canais de expressão.

Devemos ter em mente que há alunos que apreendem, ou se expressam melhor pelo canal auditivo, no que podem ser auxiliados com músicas e versos. Que há os que privilegiam o sentido do olhar, no que podem ser estimulados por cartazes, vídeos,

Dica da professora A avaliação é uma cultura escolar solidificada e institucionalizada. Devido à resistência dos professores, dos pais, da escola e o fato dos alunos já estarem habituados, torna-se quase impossível mudar o sistema avaliativo.

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cores e formas. Há os que são francamente estimulados pela via cinestésica, isto é, do movimento, para estes, ritmo, movimento, trabalhos práticos, dramatizações costumam funcionar muito bem.

E só pela utilização de todos estes recursos, quantas variantes sua avaliação pode ganhar?

Se levarmos em conta toda essa diversidade, não podemos avaliar de uma única forma. Se isso acorre, estamos avaliando de forma quantitativa e não qualitativa, mascarando, assim, a real aprendizagem.

A avaliação deve ser feita de formas diferentes e de preferência que não ocorram no mesmo dia, pois nesse dia a pessoa pode não estar muito bem.

A inclusão através da avaliação só ocorre no momento em que esgotamos todas as formas de avaliar, o que possibilita que o indivíduo seja bem-

sucedido, demonstrando sem medo o seu

conhecimento.

Conclusão

A aprendizagem ocorre através do vínculo entre aluno e professor. Para aprender, o ser humano coloca em jogo seu organismo herdado, seu corpo e sua inteligência construídos em interação e a dimensão inconsciente. A aprendizagem tem um caráter subjetivo, pois o aprender implica desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente.

Para oferecermos uma educação de qualidade aos PNEE’s, temos rigorosamente que nos desfazermos de quaisquer preconceitos e nos disponibilizarmos para a luta por direitos políticos, educativos, terapêuticos, linguísticos e culturais.

Importante

Não é por decreto que teremos uma mudança na avaliação, a avaliação formativa precisa entrar na escola por outros meios que passem pela reflexão dos professores, pelo aval dos

coordenadores e diretores, pela conscientização dos pais, nessa ordem.

Importante As crianças com fracasso escolar necessitam receber respeito e cooperação para suprir suas necessidades sem paternalismo, piedade e sentimentalismo.

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Percebemos que as pesquisas nos ajudam a crescer, portanto são meios de aprimoramento na complexidade e expressividade do nosso dia a dia, assim, a cada necessidade educativa especial aplicamos técnicas adequadas de atendimento alternativo: sutis, concretos e objetivos. Devemos deixar de lado o abstrato, o irreal, pois temos pessoas para educar, para ensinar e a incluir em uma sociedade que está conturbada.

Nada está perdido se houver esperança, amor, compromisso, seriedade, assim como, a infra-estrutura necessária para que todos tenham oportunidades iguais. É por meio das ações viabilizadas através da busca do diálogo constante entre família, escola e sociedade que renovamos o nosso mundo interior, nosso valor e buscamos assegurar na sociedade a garantia de plena cidadania.

Para falar sobre inclusão escolar, é necessário repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e ressignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e amplitude que envolve essa temática.

Para haver uma efetiva educação inclusiva, é necessário que haja a implantação, o desenvolvimento e o acompanhamento de diversos profissionais e equipes multidisciplinares inseridas no processo constante e ininterrupto de movimentos dialógicos envolvendo família, escola, comunidade, empresas, instituições particulares e públicas com o objetivo de promover um eixo de transformação para a inclusão dos PNNE’s.

As mudanças são necessárias e fundamentais para que ocorra a real inclusão, porém para tal faz-se

Quer saber mais? Todas as crianças, jovens e adultos, em sua condição de seres humanos, têm direito de beneficiar- se de uma educação que satisfaça as suas necessidades básicas de aprendizagem, na acepção mais nobre e mais plena do termo, uma educação que signifique aprender e assimilar conhecimentos, aprender a fazer, a conviver e a ser. Uma educação orientada a explorar os talentos e capacidades de cada pessoa e a desenvolver a personalidade do educando, com o objetivo de que melhore sua vida e transforme a sociedade (Marco de Ação de Dakar, abril de 2000).

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necessário o esforço de todos, o que possibilita que a escola possa ser vista como um ambiente de construção do saber, deixando de existir a discriminação de idade e de capacidade.

A era da globalização não permite fracasso, já

que toda a tecnologia de ponta avança

assustadoramente com equipamentos e programas voltados para os PNEE’s. Tudo é bem-vindo para que ocorra a inclusão, porém não podemos nos esquecer do lado humano, afetivo e psicológico que está por trás do indivíduo. Ele sabe como ninguém as privações por que já passou e o que tem de enfrentar no decorrer da vida.

No âmbito escolar e no contexto das ações socioeducativas, os PNEE’s vivenciam um processo

biopsicossocial e estabelecem suas relações

sujeito/objeto, sendo o professor o mediador em uma relação intersubjetiva e que o ajude a construírem juntos, através de estímulos, a partir de experiências que desenvolvam a sua inteligência, buscando privilegiar o pensamento interdisciplinar, na descoberta dos limites do próprio corpo, da auto-identidade e das suas características emocionais.

Para que a inclusão se torne realidade, é necessário rever as barreiras, as políticas, as práticas pedagógicas e os processos de avaliação. Faz-se necessário o conhecimento do desenvolvimento humano e suas relações com o processo ensino X aprendizagem, levando em consideração que este processo ocorre de diferentes formas, variando de indivíduo para indivíduo.

Ao trabalharmos com a educação inclusiva, temos de ter em mente que os currículos e as metodologias sejam flexíveis, onde levamos em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses,

Importante O elevado número de alunos, por escola e turma, tende igualmente não apenas a provocar o aumento dos conflitos, mas, sobretudo, a diminuir o rendimento individual.

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suas idéias e desafios para novas situações. Devemos investir na diversificação dos conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e alunos; avaliar de forma continuada e permanente, enfatizando a qualidade e não a quantidade do conhecimento, dando oportunidade à criatividade, à cooperação e à participação.

Diante de tanta informação que dispomos hoje, acreditamos que temos muitos desafios para enfrentar: mudar a escola como um todo, respeitar as peculiaridades e incorporar a diversidade sem distinção. O melhor que temos para os nossos PNEE’s é acolhê-los com presentes: a família presente, a escola presente, o trabalho e a sociedade sempre presentes.

Inclusão podemos fazer todos os dias, respeito e compromisso são para todo o sempre.

EXERCÍCIO 1

O desenvolvimento, em seu processo global, inclui dois processos complementares. Quais são eles?

( A ) Integração dos processos neurológicos e

aprendizagem;

( B ) Hierarquia das experiências e maturação; ( C ) Maturação e aprendizagem;

( D ) Integração dos processos neurológicos e

hierarquia das experiências; ( E ) Potenciais inatos e maturação.

Para refletir A atual sociedade assenta num conjunto de valores que desencorajam o estudo e promovem o fracasso escolar. Diversão, individualismo e consumismo, três valores essenciais na sociedade atual, são em tudo opostos ao que a escola significa: procura incessante do saber.

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EXERCÍCIO 2

Com relação aos portadores de necessidades educativas especiais, quais são os grupos de deficiência que podemos encontrar?

( A ) Síndrome de down, paraplegia, deficiência física e deficiência mental;

( B ) Visual, auditiva, espinha bífida e anacusia; ( C ) Síndrome de rett, múltipla, nanismo e auditiva; ( D ) Múltipla, visual, física e espinha bífida;

( E ) Física, visual, auditiva, mental e múltipla.

EXERCÍCIO 3

Na legislação brasileira a Resolução nº 2/2001 -

Instituiu as Diretrizes Nacionais Para a Educação Especial na Educação Básica. Descreva esta resolução.

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EXERCÍCIO 4

Descreva dois dos problemas referentes a deficiência auditiva. ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________ ____________________________________________

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RESUMO

Vimos até agora:

 Ao se rotular uma criança como sendo incapaz, além de ser um estímulo incorreto, pode gerar, também, danos psicológicos em sua formação e criar bloqueios, que se

tornam difíceis de serem superados;

lembrando que a aprendizagem é um processo pessoal contínuo e constante;

 A instituição de ensino, em muitos casos, pode contribuir com o fracasso escolar, quando, por exemplo, não considera a visão de mundo do aluno ou, então, se valoriza apenas a inteligência, esquece que a não aprendizagem sofre interferência afetiva, e a criança pode estar em dificuldades;

 O conhecimento da caracterização das deficiências física, auditiva, mental e múltipla é essencial na formação do educador comprometido com a inclusão escolar, assim como também ter conhecimento dos vários documentos orientadores existentes, tanto no âmbito internacional como na legislação brasileira;

 Ao trabalharmos com a educação inclusiva é necessário ter em mente que os currículos, as metodologias e as avaliações sejam flexíveis, de acordo com a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas idéias e desafios para novas situações.

Transtorno de Déficit