Transtorno do Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDA/H)
DEFINIÇÃO ATUAL
Em 1987, na revisão da terceira edição (DSM- III-R), após o surgimento de críticas que apontavam destaque exagerado às questões atentivas, volta-se o enfoque para a hiperatividade e o distúrbio ganha sua atual denominação: “TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE”.
Em 1994, na publicação do DSM-IV, a APA apresenta o transtorno dividido em três subtipos:
PREDOMINANTEMENTE DESATENTO; HIPERATIVO/IMPULSIVO;
COMBINADO (sintomas desatentivos e de
hiperatividade/impulsividade estão presentes no
mesmo grau de intensidade).
A Classificação Internacional de Doenças (CID), da Organização Mundial da Saúde, preserva a ênfase na hiperatividade. A atual edição (CID-10), publicada em 1992, nomeia o transtorno da seguinte forma:
Dica da professora
Vocês devem estar se perguntando: Por que a Classificação Internacional de Doenças (CID) não usa a mesma nomenclatura utilizada pela Associação Psiquiátrica Americana no DSM- IV? A explicação é a seguinte: No texto da CID-10, não é utilizado o termo diagnóstico “transtorno de déficit de atenção” por se entender que “implica um conhecimento de processos psicológicos que ainda não está disponível e sugere a inclusão de crianças ansiosas, preocupadas ou “sonhadoras” apáticas, cujos problemas são provavelmente diferentes.” (OMS, 1993, p. 256) Por isso, no DSM-IV, é definido como Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperativida de e no CID –10: Transtorno Hipercinético.
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TRANSTORNO HIPERCINÉTICO – Esse grupo de transtornos é caracterizado por início precoce, uma combinação de um comportamento hiperativo e pobremente modulado com desatenção marcante e falta de envolvimento persistente nas tarefas e conduta invasiva nas situações e persistência no tempo dessas características de comportamento.
Para finalizarmos, apresentamos a descrição atual do transtorno, segundo o psiquiatra Rossano Cabral Lima:
O TDA/H corresponde a uma síndrome
caracterizada por comportamento
hiperativo e inquietude motora,
desatenção marcante, falta de
envolvimento persistente nas tarefas e impulsividade. Esses problemas devem ser evidentes em mais de uma situação social e se mostrar em excessivos no contexto que ocorrem, em comparação com o que seria esperado de outras pessoas com a mesma idade e nível de inteligência. São mais comuns em meninos e costumam iniciar-se entre os três e sete anos de idade. Em geral, os sintomas persistem nos anos escolares e em metade dos casos parecem continuar na idade adulta.
(Lima, 2005, p. 73/74) PRINCIPAIS SINTOMAS
Os principais sintomas encontrados no
transtorno do déficit de atenção estão relacionados a alterações da atenção, impulsividade e velocidade da atividade física e mental.
Descreveremos, agora, alguns dos sintomas listados pela Associação Psiquiátrica Americana no DSM-IV:
MÓDULO A:
SINTOMAS DE DESATENÇÃO (eles devem ocorrer FREQUENTEMENTE) Importante É importante ressaltar que o transtorno de déficit de atenção/hiperativida de por si só não causa problemas de aprendizado. É mais comum que tenham problemas de comportamento do que de notas, em geral, essas crianças não têm dificuldade de compreensão, embora acabem cometendo erros por desatenção.
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Prestar pouca atenção a detalhes e cometer erros por falta de atenção;
Dificuldade de se concentrar (tanto nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras);
Parecer estar prestando atenção em outras coisas numa conversa;
Dificuldade em seguir as instruções até o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar; Dificuldade de se organizar para fazer algo ou
planejar com antecedência;
Relutância ou antipatia em relação a tarefas que exijam esforço mental por muito tempo (tais como estudo ou leitura);
Perder objetos necessários para realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia;
Distrair-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos. É comum que pais e professores se queixem de que estas crianças parecem “sonharem acordadas”;
Para que o diagnóstico seja realizado, é preciso que a criança seja avaliada por um neurologista ou psiquiatra. Não basta que ela apresente os sintomas listados.
“É obrigatório ainda para concluir o diagnóstico”: Que eles estejam presentes desde cedo (antes dos
7 aos 12 anos);
Que causem problemas em pelo menos dois contextos diferentes (ex: casa e escola);
Que esses sintomas atrapalhem claramente a vida do indivíduo, seja na escola, em casa, na profissão ou no relacionamento com os demais;
Que eles não sejam explicados por um outro problema (ex: ansiedade ou depressão, cujos sintomas são muito parecidos).
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Esquecer de coisas que deveria fazer no dia- a-dia.
MÓDULO B:
SINTOMAS DE HIPERATIVIDADE E
IMPULSIVIDADE (eles devem ocorrer frequentemente) Ficar mexendo as mãos e pés quando sentado
ou se mexer muito na cadeira;
Dificuldade de permanecer sentado em situações em que isso é esperado (sala de aula, mesa de jantar);
Correr ou escalar coisas, em situações nas quais isto é inapropriado;
Dificuldade para se manter em atividades de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio; Parecer ser “elétrico” e a “mil por hora”; Falar demais;
Responder perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder a pergunta sem ler até o final;
Não conseguir aguardar a sua vez (nos jogos, nas salas de aula, em filas);
Interromper os outros ou se meter nas conversas dos outros.
Existem alguns sintomas que não estão incluídos nos critérios tradicionais para a realização do diagnóstico, porém, são muito comuns nessas crianças.
Entre eles, podemos citar: Baixa auto-estima;
Importante
É imprescindível considerar a frequência e a intensidade com que esses sintomas ocorrem antes de sairmos rotulando todas as crianças como “hiperativas”. Cabe ao professor, ao observar a presença desses sintomas de forma frequente, conversar com os pais e orientá-los a buscar uma avaliação médica. Mesmo que os pais relutem em procurar uma avaliação neurológica, devem ser orientados a conversar com o pediatra ou clínico, pois esse profissional pode orientar os pais e encaminhar a criança para avaliação.
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Sonolência diurna;
Adiamento crônico das coisas; Baixíssima tolerância à frustração;
Necessidade de ler mais uma vez para “fixar” o que leu;
Mudança frequente de interesse e incessante busca por coisas estimulantes e diferentes; Intolerância às situações monótonas ou
repetitivas;
Variações frequentes de humor.
Depois de definir e descrever os sintomas que fazem parte do diagnóstico do transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade, iremos apresentar os
tratamentos disponíveis para auxílio na superação dos obstáculos vivenciados pelas crianças portadoras do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade. Entendemos que o professor é uma peça de fundamental importância no auxílio e orientação dessas crianças e de seus pais. Se o professor conhece o transtorno, ou seja, se conhece os sintomas e suas implicações no cotidiano escolar, ele pode conversar e orientar os pais na busca de auxílio. Ao conhecer os tratamentos disponíveis, o professor tem como acompanhar a evolução do seu aluno, trocar informações com os profissionais que acompanham a criança e, acima de tudo, ter consciência do uso e limitação da terapia medicamentosa.
Sabemos o quanto, hoje em dia, por desconhecimento, as escolas depositam toda a sua crença no uso da Ritalina, promovendo, com isso, a medicalização da educação. Dica da professora O professor deve lembrar que os estímulos podem competir entre si para a obtenção de respostas de atenção, gerando conflito entre estas respostas e
distração em relação à tarefa, por isso, é preciso especial cuidado com o aspecto do ambiente. Planejar e organizar o ambiente em sala de aula, reduzindo a presença de estímulos que competem com a atenção do aluno, pode diminuir a incidência de erros e facilitar o processo de aprendizagem.
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