• Nenhum resultado encontrado

A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES DO CESPE PODERES E DEVERES ADMINISTRATIVOS

12. Espécies de atos normativos

12.4 Atos Negociais

São declarações unilaterais de vontade da autoridade administrativa, destinadas a produzir efeitos específicos e individuais para o particular interessado, ou seja, são todos aqueles atos destinados a concretiza determinado negócio jurídico ou deferir certa faculdade ao particular, nas condições impostas ou consentidas pelo poder público. Ex.: porte de arma. Convém distinguir os efeitos do ato negocial vinculado e definitivo dos do ato negocial discricionário e precário, principalmente quando se tratar de sua extinção por anulação, cassação ou revogação. Anula-se o ato negocial que contiver ilegalidade na sua origem ou formação; cassa-se o ato quando ocorrer ilegalidade na sua execução; revoga-se o ato quando sobrevier interesse público para a cessação de seus efeitos. Mas a invalidação do ato, por qualquer desses motivos, deve ser precedida de processo regular, com oportunidade de defesa, sob pena de nulidade do ato extintivo.

12.4.1 Licença – é o ato administrativo negocial vinculado e com presunção de

definitivo, pelo qual o poder público verificando que o interessado preencheu todos os requisitos legais, faculta-lhe o desempenho de determinados fatos materiais antes vedados ao particular. Ex: atos de licenciamento, carteira da OAB (ou qualquer outra atividade profissional regulamentada), licença para construção civil, etc.

p.s. A Administração não pode, uma vez preenchidos os requisitos, negar o pedido do Administrado.

12.4.2 Autorização – é ato administrativo unilateral, discricionário e precário,

pelo qual o poder público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade, serviço ou utilização de determinados bens públicos de seu uso exclusivo, a que a lei condicione prévia autorização. Ex: porte de arma, uso especial de bens públicos, interrupção temporária de trânsito em determinado local, etc.

12.4.3 Permissão – é ato administrativo discricionário e precário, pelo qual o

poder público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos a título gratuito ou remunerado em condições previamente estabelecidas.

12.4.4 Aprovação – Aprovação é o ato administrativo pelo qual o Poder

Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras entidades ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou manutenção. Pode ser prévia ou subseqüente, vinculada ou discricionária, consoante os termos em que é instituída, pois em certos casos limita-se à confrontação de requisitos especificados na norma legal e noutros estende-se à apreciação da oportunidade e conveniência.

12.4.5 Admissão – é o ato administrativo vinculado pelo qual o Poder Público,

verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos de ensino mediante concurso de habilitação. Na admissão, reunidas e satisfeitas as condições previstas em lei, a administração é obrigada a deferir a pretensão do particular interessado. O direito à admissão nasce do atendimento dos pressupostos legais, que são vinculantes para o próprio poder que os estabelece.

12.4.6 Visto – é o ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro

ato da própria administração ou do administrado, aferindo sua legitimidade formal para dar-lhe exeqüibilidade. Não se confunde com as espécies afins (aprovação, autorização, homologação), porque nestas há exame de mérito e em certos casos operam como ato independente, ao passo que o visto incide sempre sobre um ato anterior e não alcança seu conteúdo. É ato vinculado, porque há de restringir-se às exigências legais extrínsecas do ato visado, mas na prática tem sido desvirtuado para o exame discricionário, como ocorre com o visto em passaporte, que é dado ou negado ao alvedrio das autoridades consulares.

12.4.7 Homologação – é o ato administrativo de controle pelo qual a

autoridade superior examina a legalidade e a conveniência de ato anterior da própria Administração, de outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia. O ato dependente de homologação é inoperante enquanto não a recebe. Como ato de simples controle, a homologação não permite alterações no ato controlado pela autoridade homologante, que apenas pode confirmá-lo ou rejeitá-lo, para que a irregularidade seja corrigida por quem a praticou. O ato homologado torna-se eficaz desde o momento da homologação, mas pode ter seus efeitos contidos por cláusula ou condição suspensiva constante do próprio ato ou da natureza do negócio jurídico que ele encerra.

12.4.8 Dispensa – é o ato administrativo que exime o particular do

cumprimento de determinada obrigação até então exigida por lei, como, p. ex., a prestação do serviço militar.

12.4.9 Renúncia administrativa – é o ato pelo qual o Poder Público extingue

unilateralmente um crédito ou um direito próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a Administração. A renúncia tem caráter abdicativo e, por isso, não admite condição e é irreversível, uma vez consumada.

12.4.10 Protocolo administrativo – é o ato negocial pelo qual o Poder Público

acerta com o particular a realização de determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da Administração e do administrado signatário do instrumento protocolar. Esse ato é vinculante para todos que o subscrevem, pois gera obrigações e direitos entre as partes. É sempre um ato biface, porque, de um, lado está a manifestação de vontade do Poder Público, sujeita ao Direito Administrativo, e, de outro, a do particular ou particulares, regida pelo Direito Privado. Nessa conceituação também se inclui o protocolo de intenção, que precede o ato ou contrato definitivo.

Os atos administrativos negociais, que acabamos de ver, são normalmente seguidos de atos de Direito Privado que completam o negócio jurídico pretendido pelo particular e deferido pelo Poder Público. É o que ocorre, p. ex., quando a Administração licencia uma construção, autoriza a incorporação de um banco, aprova a criação de uma escola ou emite qualquer outro ato de consentimento do Governo para a realização de uma atividade particular dependente da aquiescência do Poder Público. São atos bifaces.

Os dois atos são distintos e inconfundíveis, mas permanecem justapostos um ao outro de modo indissociável. Daí por que não podem as partes - Administração e particular - alterá-los ou extingui-los unilateralmente, sendo sempre necessária a conjunta manifestação de vontade dos interessados para qualquer modificação ou supressão do negócio jurídico objetivado.