• Nenhum resultado encontrado

5 FAMÍLIA, PROTEÇÃO SOCIAL E AS INSTITUIÇÕES DE ACOLHIMENTO DE

5.8 AUDIÊNCIAS CONCENTRADAS DE REINSERÇÃO PARA REAVALIAR A

DA INFÂNCIA E JUVENTUDE

As audiências concentradas promovidas pelo Juizado da Infância e Juventude junto às instituições de acolhimento têm por objetivo avaliar a situação de todas as crianças e adolescentes acolhidos, viabilizando a reintegração à família de origem. Não sendo possível, a integração é feita em família substituta. São reuniões compostas pela equipe do Juizado, da instituição, acolhidos, familiares, representantes de secretarias e órgãos municipais e estaduais, que avaliam ações de apoio que promovam o retorno do acolhido à família de imediato ou curto prazo.

As audiências são agendadas previamente com a instituição através de visitas da equipe do Juizado responsável pelo processo de reintegração, que organizam estudo sobre a situação de cada criança ou adolescente e de seus familiares. Nas audiências, ficam pactuados encaminhamentos que devem ser atendidos por todos os envolvidos no processo. Ao término de cada audiência, as decisões são enviadas para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os profissionais foram questionados se as audiências concentradas de reavaliação à medida de acolhimento institucional contribuem para o processo de reintegração familiar. A maioria afirmou que as mesmas têm apresentado resultados positivos, como aproximação do Juizado com a realidade institucional e familiar da criança ou adolescente atendido. Embora, os profissionais declarem ser necessário que as audiências sejam revistas e avaliadas quanto ao modo de sua execução, pois reclamam da falta de conhecimento da realidade e da história de vida de cada acolhido, a falta de diálogo entre a equipe do Juizado e da instituição, dentre outros problemas. Como expresso nas falas que seguem.

Tem contribuído. Agora, em minha opinião, tem que ser revisto a forma como está sendo feita, como falei tem de ser um processo. Então, a gente que está aqui no dia-a-dia acompanhando a família, é quem sabe melhor, que não tem como você chegar e dizer amanhã você tem que ir para casa, número x de dia você vai retornar. Acho que esta questão da determinação, prazo, específico é um pouco complicado. Mas contribui quando a gente está acompanhando, pois já sabia que ele iria voltar. No momento da audiência, tínhamos um que estávamos trabalhando a emancipação e o outro, a reintegração familiar, naquele momento, a equipe ficou temerosa e com medo, no sentido de que, o pai e mãe chegassem na hora da audiência e desistisse, mas teve toda uma conversa. O prazo determinado realmente foi para as crianças que já havia certo trabalho, ficando acordando com a família o momento que elas poderiam retornar para suas casas, mas fiquei preocupada com esta questão da determinação em si, da imposição. Contribui porque chama a família, escuta a criança e discuti no grupo, ver quais os encaminhamentos que devem ser dados (entrevista nº 01).

Sim, tem contribuído minimamente. As audiências são feitas às pressas, falta mais acompanhamento e mais conhecimento das situações dos acolhidos, está distante da realidade (entrevista nº 02).

Em parte sim, a audiência que ouve aqui, a gente enquanto equipe técnica não fomos ouvidas, colocamos relatórios e teve caso aqui, que a equipe do juizado só ouviu as famílias e não ouviu o parecer da gente, então, a gente que conviveu, a gente que tava acompanhando não fomos ouvidas, então acredito que em parte contribui, em outra não [...] (entrevista nº 03).

Sim, até por causa da questão dos pais, porque é na audiência que os pais acordam mesmo, é impressionante, na audiência concentra o Juiz mostrou à família, a importância do filho está em casa (entrevista nº 08).

Sim, bastante. A gente ver essa aproximação do juiz, do promotor, do psicólogo, de toda uma equipe preparada para está mais próxima deles (crianças e adolescentes), do abrigo, vendo mais a realidade deles, quando a gente está numa sala fechada conversando, né, colocando as nossas experiências, tirando as dúvidas sobre as questões das crianças e adolescentes, a gente ver que é um acordo, mas a gente indo para realidade lado a lado é diferente. A gente teve um bom resultado da nossa audiência, reintegramos um adolescente e estamos com três irmãos em processo de reintegração para janeiro (2011), estamos preparando o pai, a questão da casa e orientando os meninos também para este futuro bem próximo que já está ai (entrevista nº09).

Tem contribuído, a justiça fica mais próxima da unidade (entrevista nº10). Sim, os casos analisados foram passo a passo analisados, apesar de que eu colocaria de fazer uma critica, a audiência foi feito muito rápido, não nesta unidade, mas em outras unidades do Município de João Pessoa com o todo. Foi muito rápido nem a equipe da Vara nem das Unidades estavam preparadas realmente para essas audiências, mas era necessárias fazer tinha caso de crianças que estavam institucionalizadas há mais de dois anos, tem que rever a situação dessas crianças e adolescentes, o porquê essa criança está institucionalizada a mais de dois anos, cadê a família dessa criança que não a recebeu de volta. Eu acho que era necessário fazer, mas precisava de uma maior preparação, mas no total acho positiva a experiência e que a Vara da Infância contribuiu para isso, nos termos ela determina algumas condições onde devem ser cumprida pela instituição de acolhimento, a família e a vara da Infância, que vai fiscalizar o que foi definido nos termos das audiências (entrevista nº 11).

Sim. Na medida em que se respeite o momento da criança, que esta esteja pronta para isto (entrevista nº12).

As falas acima mostram que as audiências possuem boas intenções. No entanto, estão sendo implementadas rapidamente, sem maior preparação e planejamento coletivo dos atores envolvidos. Evidenciam que as audiências, muitas vezes, são determinações do Juizado e que devem ser. A pouca integração entre a compreensão dos técnicos do Juizado e a realidade vivenciada no trabalho de reintegração desenvolvido pelas equipes técnicas das instituições de acolhimento é preocupante, pois deve existir troca de conhecimento para que os encaminhamentos sejam bem sucedidos.

Um dos entrevistados afirmou que as audiências não têm contribuído, e a imposição do Juizado é grande neste processo, pois estão mais preocupados em esvaziar as instituições do que promover o bem-estar das crianças, dos adolescentes e das famílias.

Não, porque o nosso olhar é um e das técnicas do juizado é outro, totalmente diferente, para elas não interessa muita coisa é o que elas querem e pronto, não tem um olhar de dizer assim, ele não precisa está em casa agora. O que elas querem é que eles voltem para casa a todo custo, não faz e nem tem uma maneira de fazer com que a família seja trabalhada, é só dizer você vai para casa e pronto e a Prefeitura que se responsabilize com o resto. Quando na verdade, a gente diz que o adolescente não pode ir, em alguns casos, mas mesmo assim ela (Juiz e a equipe técnica) diz tem que ir, só para esvaziar as casas e os abrigos para mi, não adianta (entrevista nº06).

De acordo com o artigo 19, inciso 1º do ECA, incluída pela Lei Federal nº 12.010 de 2009, a reavaliação da situação de cada criança ou adolescente atendido em programa de acolhimento familiar ou institucional tem que ser feita, no máximo, a cada seis meses por meio da avaliação de uma equipe interprofissional ou multidisciplinar responsável pela elaboração de relatório com todas as informações dos acolhidos em relação à reintegração familiar ou colocação em família substituta, o qual deve ser encaminhado para o Juizado da Infância e Juventude. O Estatuto dispõe ainda, no inciso 2º do artigo 19, que a permanência de crianças e adolescentes não podem prolongar por mais de dois anos, salvo em situações em que se comprova a necessidade de que atendam os interesses do acolhido e que esta seja autorizada pela equipe do Juizado.

Assim, as audiências concentradas buscam colocar em prática o principio da provisoriedade do acolhimento institucional reconhecido no ECA e no Plano de Convivência Familiar e Comunitária. Todavia, têm que ser o resultado de um trabalho coletivo que assegure a proteção social integral e o direito ao convívio familiar de criança e adolescente com vínculos fragilizados e/ou rompidos de forma qualitativa, e não quantitativa.

Ainda neste contexto, o ECA, no inciso 3º do artigo 90, preconiza ser necessário que os programas de acolhimento institucional sejam também reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo a cada 2 anos, como critérios para renovação de autorização para funcionamento.

5.9 A FORMAÇÃO CONTINUADA, O PAPEL NA INSTITUIÇÃO E A AVALIAÇÃO