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75Aula 12 Proteção da mulher

No documento Educação para a Segurança do Trabalho (páginas 75-79)

Agora que você já sabe como se desenvolveu a proteção do traba- lho da mulher em âmbito internacional e também no Brasil, é hora de conhecer como se materializa essa proteção, em seus diversos institutos.

12.1 Proteção à maternidade

Figura 12.1: Maternidade Fonte: Banco de imagens DI

Figura 12.2: Nascimento Fonte: www.ericaclements.com

A proteção à maternidade tem caráter social, uma vez que, ao proteger a maternidade preserva-se a saúde da mulher e suas condições de trabalho, além de permitir que ela cumpra normalmente suas funções maternas.

A Convenção nº 3 da OIT, de 1919, aponta as proteções a serem discipli- nadas pela lei: licença antes e depois do parto, mediante atestado médico comprobatório da gravidez; a garantia do emprego, com a impossibilidade de demissão juntamente com o afastamento e a ineficácia de aviso prévio durante esse período; assistência à maternidade, representada por auxílio econômico destinado a cobrir o aumento de despesas com o nascimento, pago pelo Estado ou instituições previdenciárias; assistência gratuita de mé- dico; facilidades durante a amamentação do filho, com direito a dois repou- sos específicos diários, de meia hora cada um.

No que concerne à proteção à maternidade no Brasil, destacam-se a licença maternidade, o salário-maternidade, a estabilidade provisória da gestante e a proteção à amamentação.

12.2 Licença maternidade

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 7º, inciso XVIII concede à ges- tante o direito à licença maternidade, com duração de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo de emprego ou de salário: “XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;”

Durante este período a trabalhadora tem assegurado o direito de permane- cer junto ao bebê e receberá o salário-maternidade.

As trabalhadoras que adotarem ou obtiverem guarda judicial para fins de adoção de criança também terão direito à licença maternidade, de 120 dias, independentemente da idade da criança.

Recentemente foi aprovada Lei criando a possibilidade de prorrogação do prazo da licença por mais 60 dias, totalizando seis meses.

Saiba mais

Pela Lei nº 11.770, de 9 de setembro de 2008 foi criado o Programa Em- presa Cidadã, destinado à prorrogação da licença-maternidade mediante concessão de incentivo fiscal.

De forma resumida, funciona da seguinte maneira:

A empresa que desejar poderá aderir ao Programa Empresa Cidadã, me- diante requerimento dirigido à Secretaria da Receita Federal do Brasil.

A prorrogação será garantida à empregada da pessoa jurídica que aderir ao Programa, desde que a empregada a requeira até o final do primeiro mês após o parto, e será concedida imediatamente após a fruição da licença-maternidade.

A licença-maternidade, que é de 120 dias (inc. XVIII do art. 7º da Cons- tituição Federal) será prorrogada por mais por 60 dias, resultando num período total de 180 dias.

A prorrogação será garantida, na mesma proporção, também à emprega- da que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção de criança.

Durante o período de prorrogação da licença-maternidade, a empregada terá direito à sua remuneração integral, nos mesmos moldes devidos no período de percepção do salário-maternidade pago pelo regime geral de previdência social.

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No período de prorrogação da licença-maternidade a empregada não poderá exercer qualquer atividade remunerada e a criança não poderá ser mantida em creche ou organização similar, sob pena de perda do direito à prorrogação.

Como incentivo às empresas que concederem esta prorrogação às suas empregadas, a pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido, em cada período de apuração, o total da re- muneração integral da empregada pago nos 60 dias de prorrogação de sua licença-maternidade, sendo vedada a dedução como despesa ope- racional.

Essa Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 7.052, de 23 de dezembro de 2009.

12.3 Salário-maternidade

As trabalhadoras que contribuem para a Previdência Social têm direito ao salário-maternidade, nos 120 dias em que ficam afastadas do emprego por causa do parto (licença maternidade).

Cabe à empresa pagar o salário-maternidade devido à empregada gestante, efetivando-se a compensação, de acordo com o disposto no art. 248 da Constituição Federal, à época do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qual- quer título, à pessoa física que lhe preste serviço.

12.4 Estabilidade provisória da gestante

A Constituição Federal de 1988, no art. 10, inciso II, alínea “b” do Ato das Disposições Transitórias (ADCT) estabelece a proteção da relação de empre- go contra demissões arbitrárias ou sem justa causa da empregada gestante.

A estabilidade provisória abrange o período que vai desde a confirmação da gravidez (cabe à empregada gestante comprovar a gravidez mediante ates- tado médico oficial ou particular junto ao empregador) até cinco meses após o parto, o que permite a proteção do emprego e dos salários nesse período.

12.5 Proteção à amamentação

A mãe terá o direito a dois descansos especiais de meia hora cada um, du- rante a jornada de trabalho, para amamentar o próprio filho, até que este complete 6 (seis) meses de idade. Se a saúde do filho exigir, esse período de seis meses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente.

Essa proteção à amamentação está prevista no art. 396 da CLT. Esses pe- ríodos são considerados tempo de serviço e não podem ensejar redução salarial.

Ainda no sentido de proteger a amamentação, dispõe o art. 389, § 1º da CLT, que os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação. O art. 400 complementa a obriga- toriedade ao prever que tais locais deverão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sani- tária.

12.6 Outras normas de proteção à

maternidade

• Aborto não-criminoso

Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico oficial, o art. 395 da CLT determina que a mulher tenha direito a um repouso remu- nerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o retorno à função que ocupava antes de seu afastamento.

• Alteração ou extinção do contrato de trabalho por ini-

ciativa da gestante

O art. 394 da CLT possibilita à mulher grávida, desde que o trabalho seja prejudicial à gestação, mediante comprovação por atestado médico, romper o compromisso resultante de qualquer contrato de trabalho.

Em casos excepcionais, é assegurada à mulher grávida a transferência de função, quando as condições de saúde o exigir, assegurada à retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao trabalho, nos termos do art. 392, § 4º, inc. I, da CLT.

• Realização de consultas

O art. 392, § 4º, inc. II, da CLT dá à mulher grávida o direito de dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares, sem prejuízo sa- larial.

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