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71Aula 11 Proteção da mulher

No documento Educação para a Segurança do Trabalho (páginas 71-75)

Atualmente a mulher está presente em praticamente todas as ati- vidades laborais. Embora ainda seja necessário obter a desejada igualdade, é notório que a mulher teve grandes avanços nas últi- mas décadas.

Ao final desta aula você saberá como foi à trajetória da mulher no mundo do trabalho, como se desenvolveu a proteção do trabalho da mulher em âmbito internacional e também no Brasil, inclusive conhecendo os fundamentos constitucionais da proteção do tra- balho.

Figura 11.1: Mulher

Fonte: http://palavrassussurradas.wordpress.com

11.1 Histórico

Historicamente o papel da mulher na sociedade ficava relegado a segundo plano, com prevalência dos cuidados com a família e afazeres domésticos.

Com as guerras que resultavam no recrutamento da força de trabalho mas- culina para os combates, o trabalho da mulher passou a ser mais utilizado.

Na Revolução Industrial (século XIX), com a utilização de máquinas, que re- duzia o esforço muscular, abrem-se definitivamente as portas das fábricas para as mulheres e crianças. Outro fator de grande importância para a uti- lização dessa mão de obra foi a disposição das mulheres em se sujeitar a jornadas de trabalho de até 17 horas por dia, em condições prejudiciais à

saúde e recebendo menos que os homens. Além disso, ainda tinham que cuidar dos filhos e afazeres domésticos. Não havia sequer proteção para a gestação ou amamentação.

Constatadas as condições prejudiciais à saúde das mulheres e sua importân- cia na reprodução, começa a surgir uma legislação de proteção à mulher.

11.2 Proteção em âmbito internacional

Na Inglaterra surge o “Coal Mining Act”, de 19 de agosto de 1842, proibin- do o trabalho de mulheres em subterrâneos. A seguir vem o “Factory Act”, de 1844, limitando a jornada até 12 horas e proibindo-a no horário noturno. O “Factory and Workshop Act”, em 1878, vedou o emprego da mulher em trabalhos perigosos e insalubres.

A Constituição da Organização Mundial do Trabalho (OIT) ressalta a neces- sidade de proteção do trabalho da mulher, passando a ser editadas diversas convenções sobre o tema.

Dentre elas pode-se apontar como mais relevantes a Convenção nº 3, de 1919, que regulamenta o trabalho da mulher antes e após o parto (ratificada pelo Brasil através do Decreto nº 51.627/62).

A Convenção nº 4, de 1919, proíbe o trabalho da mulher em indústrias, salvo o trabalho em oficinas de família.

A Convenção nº 41, de 1934, que dispõe sobre o trabalho noturno da mu- lher.

Ainda em âmbito internacional merecem destaque a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, que versa sobre um dos temas mais im- portantes relacionados com o trabalho da mulher, que são as regras de não- -discriminação por motivo de sexo e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, que determina a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

11.3 A convenção da Onu sobre eliminação

de todas as formas de discriminação

contra a mulher - 1979

A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW - Convention on the Elimination of All Forms of Discrimi- nation Against Women) foi aprovada pela Assembléia Geral das Nações Uni-

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das pela Resolução 34/180, em 18 de dezembro de 1979. Em seu artigo 11 trata da não-discriminação da mulher nas relações de emprego e profissão, defendendo a igualdade de remuneração entre homens e mulheres para os trabalhos de igual valor. No item 2 do art. 11 busca impedir a discriminação contra a mulher por razões de casamento ou maternidade. Foi assinada pelo Brasil, com reservas na parte relativa à família, em 31 de março de 1981, e ratificada pelo Congresso Nacional, com a manutenção das reservas, em 1º de fevereiro de 1984. Em 1994, diante da igualdade entre homens e mulhe- res prevista na Constituição Federal, o governo brasileiro retirou as reservas, ratificando integralmente toda a Convenção. No Brasil, essa Convenção tem força de lei interna, conforme o disposto no § 2º do artigo 5º da Constitui- ção Federal vigente.

11.4 Proteção no Brasil

No Brasil a primeira norma que tratou do trabalho da mulher foi o Decreto nº 21.417-A, de 1932, que proibia o trabalho noturno das 22 às 5h e a remoção de pesos. Este mesmo Decreto concedia à mulher dois descansos diários de meia hora cada um para fins de amamentação dos filhos, durante os primeiros seis meses de vida.

A Constituição de 1934 foi a primeira que tratou da matéria, ao proibir a discriminação da mulher quanto a salários, além de vedar o trabalho em locais insalubres, garantir o repouso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, assegurando instituição de previdência a favor da maternidade. A partir daí todas as demais trataram da matéria.

Em 1943 surge a CLT. Por uma alteração em 1944, admitiu-se o trabalho noturno da mulher se esta fosse maior de 18 anos, e, somente em algumas atividades. A partir daí foram diversas as alterações legislativas sobre o tema.

11.5 Fundamentos da proteção ao trabalho

da mulher

Inicialmente deve-se ressaltar que o art. 5º da Constituição Federal dispõe que:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu- reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

Embora a Constituição determine essa igualdade, diversas normas constitu- cionais e legais trazem proteção diferenciada quanto ao trabalho da mulher.

Os fundamentos dessa tutela dizem respeito à proteção à maternidade, como o benefício do salário-maternidade, a estabilidade provisória da ges- tante, e nas normas legais que conferem proteção ao aleitamento.

Referem-se, ainda, a certas situações peculiares à mulher, como sua impos- sibilidade física de levantar pesos excessivos, além de diferencial quanto à aposentadoria.

Resumo

Nesta aula você teve a oportunidade de descobrir como foi à trajetória da mulher no mundo do trabalho, como se desenvolveu a proteção do trabalho da mulher em âmbito internacional e no Brasil. Conheceu os fundamentos constitucionais da proteção do trabalho da mulher no país.

Anotações

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