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1. INTRODUÇÃO

2.3. A CIÊNCIA E A FILOSOFIA DO YOGA

2.3.5. AULA DE YOGA E SUA INSERÇÃO NO SUS

Muito embora o Yoga seja considerado uma ciência milenar, sua abordagem é por demais contemporânea, uma vez que se caracteriza como um sistema

2. REVISÃO DA LITERATURA

holístico e ecológico que, sendo oriental, veio complementar a visão cartesiana e fragmentada do ocidente, pois, até o ano de 1.500, a visão de mundo era orgânica, viva e espiritual.

A revolução científica na Idade Moderna, iniciada por Nicolau Copérnico e fortalecida por Galileu Galilei, Bacon, Isaac Newton e Descartes, resultou no Paradigma Cartesiano. Estes pensadores e cientistas procuraram desvincular o conhecimento científico dos preceitos e preconceitos religiosos. Neste modelo, todas as áreas do conhecimento foram afetadas e passaram a se fundamentar nos seus princípios. Segundo Capra (2010), “Descartes baseou toda a sua concepção da natureza nessa divisão fundamental entre dois domínios separados e independentes: o da mente, ou res cogitans, ‘a coisa pensante’, e o da matéria, ou res extensa, a ‘coisa extensa’” (p. 57). O universo material, para ele, era uma máquina e não havia propósito, vida ou espiritualidade na matéria. Com essa divisão cartesiana, as Ciências Humanas convergiam para res cogitam e as Ciências Naturais para res extensa. O homem também foi fragmentado, pois mente e corpo eram partes que, juntas, formavam uma máquina que era o ser humano.

O Paradigma Cartesiano/Newtoriano, de acordo com Arora, H., Arora V., Arora A., Arora S. e Barroso (2013), tem como fundamentos: tempo e espaço absolutos; relação direta e precisa entre causa e efeito; previsibilidade e determinismo; fragmentação, reducionismo e positivismo; separatividade entre sujeito e objeto; observação neutra e imparcial; quatro campos de forças integrativas e energias físicas (gravitacional, eletromagnética entre cargas e nuclear, fraca e forte, entre partículas subatômicas); lei de conservação de energias físicas; e universo como máquina. Esse padrão científico imperou no Ocidente por mais ou menos 300 anos.

No final do século XIX, o físico alemão Max Planck provou teoricamente, com um raciocínio convincente, o comportamento duplo da radiação eletromagnética – onda/partícula. Conforme Arora H., Arora V., Arora A., Arora S. e Barroso et al (2013),

O representante do comportamento duplo é designado “quantum” (em latim), cujo plural é “quanta”. O quantum da radiação é chamado “fóton”. Ele é um pacote de ondas de certa frequência e energia correspondente que pode ter uma existência independente como partícula. O conceito de fóton

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foi consolidado por Einstein em 1905 quando ele conseguiu explicar o conceito fotoelétrico (p. 11).

Em 1905, com o advento da Teoria da Relatividade e da Teoria dos Fenômenos Atômicos, criadas por Einstein, algumas premissas do Paradigma Cartesiano/Newtoriano foram questionados. Conforme a Teoria da Relatividade, o tempo e o espaço não são absolutos e energia e massa são interconvertíveis. Foram descobertos também vários fenômenos relacionados à estrutura dos átomos como o RAIO X e a radiatividade. Muito embora Einstein seja um desencadeador da abordagem quântica, sua teoria ainda se fundamenta numa concepção clássica de ser humano, baseada no Paradigma Cartesiano/Newtoriano. Em outras palavras, mesmo tendo sido o precursor da Teoria Quântica, Einstein passou os últimos 20 anos de sua vida duvidando dessa teoria, pois ele acreditava que nada ia além da velocidade da luz. Este modelo linear trouxe consequências desagradáveis para o ser humano, como descontentamento, desequilíbrio em vários aspectos (físicos, energéticos, emocionais), sofrimento, fragmentação, estresse, tensão, o que enseja problemas de saúde, como doenças cardiovasculares e neurovasculares, depressão, síndrome do pânico, câncer, úlceras etc. (Arora e Oliveira, 2011).

Somente 20 anos depois, a Teoria Quântica foi elaborada por uma equipe de físicos, entre eles, Max Planck, Niels Bohr, Louis de Broglie, Erwin Schrödinger, Wolfgang Pauli, Werner Heisenberg e Paul Dirac. O universo passa a ser descrito como um todo dinâmico, indivisível, cujas partes estão inter-relacionadas e interdependentes e a visão de mundo passa a ser orgânica, holística e ecológica (Capra, 2010). Desta forma, a abordagem quântica é inclusiva, ou seja, engloba a abordagem clássica e as características não físicas.

Conforme Arora e Oliveira (2011), a abordagem quântica se caracteriza pelos aspectos delineados na sequência.

1. Salto Quântico – o salto quântico ocorre instantaneamente e é um salto de qualidade, quer seja por uma mudança no nível de qualidade ou de estado de consciência, como também de nível energético.

2. Macro em Micro – a parte está no todo como o todo está na parte, ou seja, há uma visão holográfica como consequência da teia de conexões quânticas. 3. Lei de Preservação de Energias Sutis (quânticas) – entende-se aqui

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relacionamentos vitais que buscam a unicidade. Essa lei complementa a lei da conservação da energia.

4. Lei do Aumento da Sintropia – na qual a regeneração, a harmonização e a sinergia são potencializadas e a entropia (dispersão) é reduzida.

5. Primordialidade da Consciência – todos os estados mentais são manifestações dos diferentes estados de consciência.

6. Não localidade da Consciência – a consciência como é quântica não está limitada à mente humana, ela está conectada nos campos de energia sutis com as consciências de outros seres e da consciência universal.

7. Universo de Possibilidades (onda) e Probabilidades (partícula) – podemos escolher uma ou mais possibilidades simultaneamente pela percepção sensorial ou equipamentos tradicionais de medida.

8. A Realidade não é Absoluta – a realidade muda conforme o observador, se percebemos a realidade com outra “lente”, ela se tornará diferente.

9. O Significado da Abordagem Quântica – reúne a abordagem clássica e as características não-físicas como a incerteza, a não-linearidade, a complementaridade, a integração, a imprevisibilidade, a complexidade, a sincronicidade, a atemporalidade e a aespacialidade.

10. O Desenvolvimento Integral do Ser Humano – o ser humano, por natureza, é um ser integral, no qual possui variadas dimensões (física, mental, emocional, intuitiva e espiritual) interligadas e interdependentes.

11. Características da Neurociência Quântica – o cérebro não distingue entre o que imaginamos e algo concreto, assim, podemos criar novas conexões em função dos nossos pensamentos.

O Yoga, assim, é considerado um sistema filosófico holístico, amparado cientificamente nos fundamentos da Teoria Quântica, que tem uma visão global de mundo e de ser humano. Sua prática busca complementaridade, integração e harmonização do ser. Enfatiza-se, assim, a ideia de que os princípios do Yoga e da Teoria Quântica se interceptam na questão da não dualidade.

Em 2006, por meio da Portaria nº 971, de 03 de maio, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) – política que atende às diretrizes da Organização

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Mundial da Saúde (OMS), como visa a avançar na implantação dessas práticas no SUS. Dentre as diversas Práticas Integrativas e Complementares, a política sugere Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia, Termalismo Social/Cremoterapia, como, também, há um incentivo às práticas corporais e meditativas como Tuí-Na, Tai Chi Chuan, Lian Gong, Chi Gong e Yoga (Brasil, 2006).

Hoje, A Prefeitura de Fortaleza oferece a prática de atividades corporais como Tai Chi Chuan e Yoga, tanto nas praças públicas quanto nos Centros Urbanos de Cultura, Arte, Ciência e Esportes (CUCA), objetivando a promoção da saúde da população. Contudo, a escola, por ser um espaço por excelência educacional, torna- se um ambiente propício para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado dessa prática, onde o Yoga, alicerçado na abordagem quântica, promova a saúde integral dos educandos e das pessoas que com eles convivem.