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1. INTRODUÇÃO

2.2. DA CULTURA DE VIOLÊNCIA À CULTURA DE PAZ

2.2.8. EXPERIÊNCIAS EXITOSAS DE EDUCAÇÃO PARA A PAZ

Muitas experiências na promoção de uma cultura são efetivadas no Brasil, em particular, no Município de Fortaleza.

O Programa de Educação em Valores Humanos Sri Sathya Sai Baba (Educare) está em atividade na Índia desde 1968, com duas escolas e uma universidade. No Brasil, atua em várias instituições educacionais, desde 1993. Em Fortaleza, a escola Cícero Nogueira há quatro anos adotou o programa na sua prática pedagógica. De forma transdisciplinar, cada sala escolhe um dos valores do programa para realizar ações de paz. Os resultados já são evidentes em relação a

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um melhor relacionamento entre os alunos, maior respeito por parte dos estudantes para com os professores e direção da escola (Matos, 2010).

Um grupo de educadores do Estado do Ceará, objetivando promover o trabalho com valores na escola, idealizou o Programa Cinco Minutos de Valores Humanos, que, sem fins econômicos, propõe diálogos entre professores e alunos acerca de valores humanos. Este programa faz parte da programação de mais de 12.000 escolas brasileiras e já ultrapassou as fronteiras, sendo vivenciado em alguns países, como Chile, Argentina e Espanha. Tem como objetivo semear “com crianças e adolescentes, valores como amor, afeto, cuidado com a natureza, com a humanidade, com a vida, não violência, honestidade, justiça, gratidão, bom convívio, entre outros” (Castro & Matos, 2011). O professor deve dedicar cinco minutos do tempo de aula, diariamente, para trabalhar os valores, por meio de contos, situações fictícias, dentre outras formas. As aulas de cinco minutos já vêm prontas, não havendo necessidade de capacitar os professores e as escolas interessadas podem baixar pela internet, gratuitamente, todo o material do programa.

A organização não governamental – ONG Centro de Defesa da Vida Herbert de Sousa (CDVHS), sem fins lucrativos, foi fundada em 1994, na cidade de Fortaleza, e desenvolve o Projeto Jovens Agentes da Paz (JAP), que tem como objetivo formar jovens de escolas públicas em temáticas relacionadas à paz e aos direitos humanos. Além de seres agentes de paz, denunciando violências, identificando o desrespeito aos direitos humanos dentro e fora da escola e mediando conflitos de forma pacífica, esses jovens também mudam sua atitude diante a vida (Nascimento & Matos, 2011).

O Programa Vivendo Valores na Educação (VIVE) foi criado em 1996, por um grupo de educadores do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em Nova York, que refletiam sobre a questão da paz na escola. A cidade de Oxford (Inglaterra) é a sede desse programa, que tem como objetivo difundir e sensibilizar para a vivência de valores humanos no sistema escolar, na formação de educadores e na comunidade. Hoje, esse programa é trabalhado em cerca de 80 países. Conforme Matos e Nonato Júnior (2006), “no VIVE doze valores são primordiais paz, respeito, amor, cooperação, liberdade, felicidade, honestidade, humildade, responsabilidade, tolerância, simplicidade e união” (p. 20). Destes doze, a paz é

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considerada essencial. Para trabalhar com esses valores, os professores passam por uma capacitação, por meio de cursos e seminários, na qual há vivência desses valores para, só então, trabalhar com os alunos. A sugestão do programa VIVE é que se experiencie um valor por mês.

No ano 2000, o Governo Federal, por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos criou um programa interdisciplinar e multissetorial – Programa Nacional Paz nas Escolas – que objetiva a prevenção e o controle da violência nas escolas da rede pública por meio do trabalho com os temas transversais de Ética e Cidadania, promovendo a formação ética dos estudantes. Para a implementação do programa, é necessária uma capacitação do corpo docente da escola que acontece com o auxílio do kit “Ética e Cidadania no Convívio Escolar” e coordenada pelo Ministério da Educação (Matos, 2010). O programa também investe em estudos e pesquisas na área de violência escolar e no fortalecimento de organizações da juventude, como os grêmios, por exemplo.

O Programa “Escola Aberta: Educação, Cultura, Esporte e Trabalho para a Juventude”, também, uma iniciativa do Governo Federal, se propõe ressignificar a escola como espaço para o desenvolvimento de atividades educativas, culturais, esportivas, de lazer, de formação inicial para o trabalho e geração de renda, oferecidas aos estudantes e à população do entorno, nos finais de semana. O Programa tem como objetivo geral “contribuir para a melhoria da qualidade da educação, a inclusão social e a construção de uma cultura de paz. E como objetivos específicos promover e ampliar a integração entre escola e comunidade, ampliar as oportunidades de acesso a espaços de promoção da cidadania e contribuir para a redução das violências na comunidade escolar” (Brasil, 2007, p. 14).

O Projeto Escola que Protege, criado pelo Ministério da Educação, é direcionado para a proteção e promoção dos direitos de crianças e adolescentes, como também ao enfrentamento e prevenção das violências no contexto escolar. Sua estratégia mais importante é o financiamento de projetos para formação continuada de profissionais que trabalham com a educação no sistema público de educação básica, como produção de recursos didáticos e paradidáticos sobre os temas do projeto. Com essa qualificação, os profissionais da educação estão mais bem preparados para lidar com as situações identificadas e vivenciadas no ambiente

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da escola. A Universidade Federal do Piauí, em parceria com algumas entidades locais, nos anos de 2008 e 2009, implementou em escolas públicas municipais e estaduais o Projeto Escola que Protege. Quatorze ações foram realizadas, dentre as quais, oficinas, seminários, encontros e fóruns de debates, elaboração de cartilhas, criação de vídeos e participação de professores em congressos. Como consequência do projeto, foram registradas experiências de cultura de paz (Silva, Leal & Pinto, 2010).

O Projeto Yoga na Promoção da Saúde e Cultura de Paz na Escola nasce com o intuito de se somar às tantas outras iniciativas de sucesso. Para mudar o quadro da realidade da sociedade atual, há que “nascer” um novo homem. Para nascer o novo homem, propõe-se a prática do Yoga, pois, se acredita que, pela sua prática, se chega até o autoconhecimento. Somente se conhecendo bem, as pessoas serão capazes de realizar alguma mudança interior, para, então, conseguirem contagiar as outras pessoas para que se sensibilizem e, também, busquem sua transformação. Por meio do Yoga, encontrar-se-á a paz interior, indispensável para o estabelecimento de uma cultura de paz e de um novo homem.

O novo homem, conforme Nolasco (1995), é uma pessoa à procura de humanização do seu papel social e da aquisição de uma linguagem afetiva para suas vidas. Ele quer incorporar à nova representação de masculinidade a sensibilidade e a afetividade, quer buscar ser o ser integral que a família e a sociedade não permitiram que o fosse. O Yoga é um caminho para recobrar essa integralidade e paz.