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AUTOFORMAÇÃO: MOBILIZAÇÃO DE SABERES E FAZERES NA

Ao construir sua prática pedagógica o professor necessita considerar a fundamentação didática que lhe dá suporte para unir a teoria e a prática, em que os fundamentos apresentam os saberes específicos das diversas áreas de conhecimento e a ação os torna aplicáveis em situações da prática. (JUSTINO, 2013). É certo que a educação não é estável e transforma-se continuamente, exigindo em muitos contextos a transformação das práticas pedagógicas, para tanto, é necessário se autoavaliar e buscar meios que forneçam a mobilização dos saberes já existente e a aprendizagem de novos.

Portanto, dispomos o seguinte questionamento aos professores participantes da pesquisa: Qual/quais procedimentos são mais significativos para a mobilização de saberes no estudo autoformativo e para a ação na sala de aula? Por quê? No quadro 7 explicitamos o número de respostas, buscando compreender quais procedimentos são importantes para a prática dos docentes e suas justificativas.

Quadro 7 – Procedimentos significativos para a mobilização de saberes no estudo autoformativo e para a ação na sala de aula.

PROCEDIMENTOS APRESENTADOS NO QUESTIONÁRIO

Nº DE RESPOSTAS DOS PROFESSORES

Leitura. 16

Registro escrito. 15

Autoavaliação. 15

Discussões em grupo. 13

Fonte: Questionário aplicado em março de 2019

Baseado no quadro 7, poderíamos concluir que todos os procedimentos são importantes para os professores já que ambos representam uma grande quantidade dos participantes da pesquisa. Apesar disso, ao solicitarmos uma justificativa somente 06 professores deram uma resposta. Analisemos as respostas dos docentes que justificaram.

Professor 03: Leitura, autoavaliação, atividades diversificadas e registro escrito. Porque é através deles que o professor está sempre buscando soluções para uma aprendizagem mais eficaz.

Professor 05: Todos são importantes pois precisamos está sempre conectados com as novidades e estudos realizados sobre o processo ensino aprendizagem para podermos efetivamente atuar e melhorar nossa prática em sala de aula.

Professor 07: Que a escola enquanto espaço educativo, volte encontros a esses saberes, não um encontro para a necessidade ocasional da educação, mas com fins na formação e renovação de aprendizagem dos docentes. Esses momentos são ricos e agem diretamente no desenvolvimento da prática.

Professor 08: São vários os procedimentos, o profissional tem que dedicar um tempo determinado para estudo, rever conteúdos, realizar pesquisas, fazer registros, etc. para que torne-se um profissional qualificado e que pensa em desenvolver práticas educacionais de transformação.

Professor 12: A discussão, a troca de ideias entre colegas de profissão ajuda muito, pois nas trocas de ideias que se tenta buscar para tentar sempre fazer o melhor, objetivando obter resultados positivos.

Professor 14: É de fundamental importância para que haja verdadeira mudança na prática do professor, utilizar-se de materiais disponíveis e diversos, buscando aperfeiçoamento para domínio e segurança ao transmitir conhecimentos significativos.

Ao realizar a leitura das respostas dos professores identificamos a presença de todos os procedimentos, explicando de modo geral qual a importância destes para o exercício da autoformação e da prática pedagógica. Damos destaque as contribuições dos professores 03 e 08, com ênfase nos procedimentos de leitura e a realização de pesquisas no âmbito da ação docente e da autoaprendizagem. Para Justino (2013, p. 81):

[...] o desenvolvimento da pesquisa é importante, já que ela possibilita a discussão e reflexão sobre quais mudanças serão ou não necessárias, o que promove a formação do professor pesquisador com competência de ir além da prática pedagógica, buscando construir e estruturar sua prática. [...] Para que possamos modificar e inovar as práticas, é necessário o hábito da leitura, na busca de construir novos saberes e conhecimentos, visando, por meio da reflexão sobre a realidade social da escola, encontrar possíveis respostas e soluções para atender às necessidades e dificuldades encontradas no contexto escolar e no processo de ensino-aprendizagem.

Em suma, o professor necessita desenvolver a capacidade de pesquisar sobre sua prática, utilizando os mais variados recursos e procedimentos disponíveis. É necessário atentar para o exercício constante da autoformação, utilizando-a em favor de suas necessidades mais também em busca de uma identidade profissional, em que as práticas e os saberes são mobilizados através da reflexão e da autoanálise das ações dentro do contexto escolar.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente projeto iniciou-se a partir de alguns questionamentos: Como os professores definem a autoformação? Como ela é desenvolvida pelos docentes? Que conhecimentos possuem sobre a temática? Reconhecem em si a vivência com a autoformação? Como vivenciam? A partir de que ações/situações? Qual o impacto da autoformação no processo de ensino e aprendizagem? Diante dessas questões, empreendemos a investigação sobre a autoformação e sua relação com a vida profissional dos docentes que atuam no Ensino Fundamental. Buscamos assim contribuir para o campo das discussões sobre o tema, enfatizando a relação entre as práticas cotidianas dos professores e sua formação pessoal, social e profissional.

Nesse contexto, identificamos algumas concepções entre os professores do que vem a ser a autoformação, sendo definida como a busca pessoal pelo conhecimento partindo das

necessidades/dificuldades que surgem na realidade escolar, aprimorando as aprendizagens existentes e gerando novas, contribuindo para a prática pedagógica. Aqui

constatamos que cerca de nove professores se situaram nessa definição, representando a maioria dos participantes da pesquisa. Os mesmos encontram-se de acordo com as definições teóricas apresentadas no decorrer do trabalho, em que a autonomia profissional é destacada nesse processo para atender a objetivos pessoais de aprendizagem. Além do mais enfatizamos que sete professores não conseguiram apresentar um conceito adequado ao que se esperava, confundindo em alguns casos com a formação continuada.

Percebemos que na visão dos docentes o processo autoformativo está vinculado às necessidades e dificuldades que enfrentam no ensino em relação aos conteúdos escolares, saberes pedagógicos, domínio de materiais didáticos, conhecimento sobre a tecnologia, dentre outros. Por essa razão inferimos que a autoformação se insere na vida profissional dos professores somente quando não dominam alguma situação conflituosa na ação educativa. Acreditamos que os docentes ainda estão se constituindo enquanto responsáveis pela própria formação, e que para torná-la uma prática regular requer uma análise reflexiva de suas ações dentro da sala de aula e fora dela, nos momentos em que mobilizam suas práticas e saberes.

Em relação às contribuições que os professores identificam, destacamos que metade deles afirma que a autoformação tem possibilitado a reavaliação de suas práticas, a busca e

dos recursos que utilizam para estudar e dos procedimentos que adotam para mobilizar os conhecimentos pedagógicos, os docentes tem integrado a teoria, a prática e a reflexão sobre ambos para atender aos novos contextos educativos, as novas concepções de ensino e aprendizagem e as transformações sociais que afetam os comportamentos humanos e a escola.

As transformações do mundo atual têm exigido dos profissionais que os conhecimentos já adquiridos sejam reorganizados constantemente para atender aos avanços científicos que impõe a necessidade de aperfeiçoamento dos saberes. É o que se exige do professor hoje, que domine além dos seus saberes pedagógicos – que se transformam com o tempo – outros saberes que outrora não eram essenciais para a educação.

Nessa lógica, entendemos que ir ao encontro dos professores no seu ambiente de trabalho para dar início ao nosso trabalho era muito importante, pois somente através da vivência de cada um e dos conhecimentos que tinham a disposição sobre o assunto em questão é que poderíamos explicitar as implicações da autoformação para a profissão docente. Optamos por aplicar os questionários uma vez que se tratava de quatro instituições escolares e vários professores, o que nos possibilitou conhecer as diversas visões de profissionais de escolas distintas.

No decorrer da pesquisa realizada consideramos que a abordagem ao tema autoformação ainda é pequena se comparada com outros temas que permeiam o universo das pesquisas em educação. Assim acreditamos que mesmo com o número reduzido de discussões teóricas sobre ela, conseguimos unir vários autores que acreditam e sustentam a necessidade do profissional em refletir sobre suas práticas, buscando as melhores maneiras de exercer seu trabalho e sendo capaz de administrar a sua própria formação.

Também reconhecemos que os resultados da pesquisa apontam a carência de discussões sobre o tema no ambiente de atuação dos professores, dado que alguns apresentam dificuldades em demonstrar suas ideias e vivências com a autoformação. De certo modo, como relatamos anteriormente, as pesquisas são recentes bem como a discussão sobre elas na escola e nos ambientes de formação docente o que pode dificultar o entendimento desses profissionais sobre a mesma. Mesmo assim, queremos enfatizar que ao analisar as concepções dos professores sobre a autoformação julgamos que a maioria se encontra no caminho ideal para desenvolver plenamente sua própria aprendizagem.

Em síntese, defendemos a importância de pesquisar sobre o processo autoformativo e sua constituição nos ambientes escolares da educação básica, proporcionando a outros profissionais questionarem sua própria formação, compreendendo a necessidade de gerir o processo de aprendizagem de forma autônoma e responsável. Esperamos, portanto, que esse trabalho monográfico tenha contribuído para as emergentes discussões acerca da autoformação, levando os profissionais a discutirem e experimentarem a sua inserção nas próprias práticas de formação.

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APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA QUESTIONÁRIO

Caro(a) professor(a)

Este questionário pertence à pesquisa realizada durante a elaboração do meu Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “AUTOFORMAÇÃO: PERSPECTIVAS DE REFLEXÃO E AÇÃO NA PRÁTICA DOCENTE”. Desse modo, tem por objetivo levantar dados acerca do processo autoformativo vivenciado por professores do Ensino Fundamental Anos Iniciais e sua implicação nas práticas em sala de aula. Sua participação será importante para a realização desse estudo e possibilitará uma reflexão contextualizada com a realidade docente local. 1. Caracterização do respondente: Idade: ( ) menos de 20 anos ( ) 20 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 50 anos ( ) mais de 50 anos Sexo: ________________________________

Anos de atuação na profissão _____________________ Série em que leciona _________________________

2. De acordo com sua experiência profissional, como você definiria a autoformação? 3. Em sua opinião, a autoformação possibilita ao professor refletir sobre sua prática e

reorganizar suas ações e saberes? Por quê?

4. Você vivencia este processo durante o seu trabalho docente? Se sim, como ele tem contribuído para sua prática na sala de aula? E no processo de ensino-aprendizagem? 5. Assinale as alternativas que apresentam os recursos que você utiliza durante o

processo autoformativo.

( ) computador ( ) livros

( ) dvds/cds ( ) Internet

( ) revistas e/ou artigos científicos

( ) outros ______________________________________

6. Esses recursos estão disponíveis na escola? Se sim, quais você tem acesso?

7. Marque as opções que sinalizam os procedimentos utilizados por você durante a autoformação. ( ) leitura ( ) registro escrito ( ) autoavaliação ( ) discussões em grupo ( ) outros ______________________________________

8. Qual/quais procedimentos são mais significativos para a mobilização de saberes no estudo autoformativo e para a ação na sala de aula? Por quê?

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