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Considerando os objetivos propostos para o estudo, entendemos a necessidade de estabelecer estratégias de coleta de dados que dessem conta do tipo de sujeito e campo onde iríamos atuar. Assim, inicialmente foi definido como técnica o questionário (ver apêndice A, p. 61), para identificar e relacionar as diversas visões dos sujeitos sobre o processo de autoformação. A intenção nesse momento era nos aproximarmos às ideias que os docentes apresentavam sobre a temática e como a desenvolviam, pois não seria possível a realização de um acompanhamento presencial da cada indivíduo participante.

Nessa perspectiva, para Gil (2008, p. 121):

Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado etc.

Esta técnica de investigação tornou-se a opção mais coerente para o contexto da pesquisa, sem interferir no cotidiano dos professores e possibilitando aos mesmos responder em outros locais além da escola. As respostas tornaram-se objeto fundamental de análise de

dados para o estudo, a fim de que pudéssemos conhecer sobre as ideias e conhecimentos pertinentes as questões propostas sobre o tema.

A partir da definição do grupo de professores a ser aplicado o questionário, o mesmo foi estruturado com perguntas abertas, possibilitando ao respondente maior liberdade para opinar, e fechadas, de múltipla escolha. Após os professores assinarem o termo de livre consentimento e optarem por participar da pesquisa, os questionários foram entregues a direção de cada escola sendo repassados no decorrer da semana destinada para respondê-los. Adotamos essa dinâmica depois de constatar a presença de professores do Ensino Fundamental no turno matutino e vespertino nas escolas e, para não interferir no momento de aula, cada um ficou responsável por responder e entregar novamente a direção ao final do prazo estipulado.

As perguntas foram elaboradas em consonância com os objetivos traçados anteriormente, buscando a reflexão sobre o processo de autoformação, identificando como os professores vivenciam e percebem sua importância para as práticas na sala de aula, se os mesmos costumam refletir sobre suas ações, transformá-las e quais procedimentos utilizam para o estudo formativo. Desse modo, dispomos de sete questionamentos além da caracterização do respondente, resguardando sua identidade e mantendo o sigilo da pesquisa proposta. Assim, as questões aplicadas foram:

 De acordo com sua experiência profissional, como você definiria a autoformação?

 Em sua opinião, a autoformação possibilita ao professor refletir sobre sua prática e reorganizar suas ações e saberes? Por quê?

 Você vivencia este processo durante o seu trabalho docente? Se sim, como ele tem contribuído para sua prática na sala de aula? E no processo de ensino-aprendizagem?

 Assinale as alternativas que apresentam os recursos que você utiliza durante o processo autoformativo – opções (computador, livros, dvds/cds, Internet, revistas e/ou artigos científicos, outros).

 Esses recursos estão disponíveis na escola? Se sim, quais você tem acesso?; Marque as opções que sinalizam os procedimentos utilizados por você durante a autoformação – opções (leitura, registro escrito, autoavaliação, discussões em grupo, outros).

 Qual/quais procedimentos são mais significativos para a mobilização de saberes no estudo autoformativo e para a ação na sala de aula? Por quê?

No total, 27 (vinte e sete professores) se dispuseram a participar da pesquisa e responder ao questionário no prazo de uma semana. Ao final da aplicação, somente 17 (dezessete) professores entregaram o questionário respondido, mesmo sendo adotada a estratégia de interferir o menos possível no seu trabalho em sala de aula e dando a possibilidade de respondê-lo em outros espaços fora da escola. Infelizmente, os professores que não realizaram a devolutiva também não relataram o motivo pelo qual não fizeram.

Assim, podemos verificar algumas limitações deste instrumento de coleta de dados aplicado como explicado por Gil (2008), por exemplo, a ausência do contato direto com o respondente que impede o auxílio do aplicador durante a resolução das perguntas, a ausência de garantia de devolução no tempo determinado e preenchido corretamente, número reduzido de questionamentos, dentre outros. Como todo instrumento, apesar dos aspectos não favoráveis existem também aqueles que contribuem significativamente para a pesquisa. Gil (2008, p.122) nos apresenta alguns aspectos positivos acerca da aplicação do questionário, são eles:

a) possibilita atingir grande número de pessoas, mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário pode ser enviado pelo correio; b) implica menores gastos com pessoal, posto que o questionário não exige o treinamento dos pesquisadores;

c) garante o anonimato das respostas;

d) permite que as pessoas o respondam no momento em que julgarem mais conveniente;

e) não expõe os pesquisados à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado.

Nessa perspectiva, buscamos explorar os diferentes contextos educativos que se enquadravam nas características pré-estabelecidas no decorrer da pesquisa, nos dando a possibilidade de construir diferentes informações sobre o tema autoformação, de acordo com as ideias de vários professores. Permitimos também maior flexibilidade para a participação dos sujeitos na referida pesquisa, fornecendo prazos mais acessíveis, sem interferir nas suas colocações e resguardando a identidade de cada um.

4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

Para entendermos como a autoformação é desenvolvida no decorrer da profissão docente se faz necessário que nossos elementos de estudo sejam provenientes das ideias de professores que, no dia a dia de seu trabalho, utilizam esse processo na sua formação pessoal e profissional. Portanto, no presente capítulo será abordada a descrição dos dados e a discussão dos resultados, oriundos da aplicação de questionários para docentes do Ensino Fundamental Séries Iniciais do município de Acari/RN.

Participaram desse processo 17 docentes, com faixa etária de 36 anos até mais de 50 anos de idade, sendo 16 do sexo feminino e 01 do sexo masculino. No que se refere aos anos de atuação em sala de aula a média correspondente a todos é cerca de 24 anos de atuação na profissão, tendo como o mínimo de 08 anos e o máximo 34 anos de atuação na docência.

Nesse contexto, com a finalização das leituras e análise das respostas do questionário aplicado em campo, selecionamos algumas declarações dos professores participantes da pesquisa, de modo que possam exemplificar as constatações aqui demonstradas. Ao mesmo tempo, relacionaremos as declarações com as teorizações de John Dewey (1959), Donald Schon (2000), Perrenoud (2000), Alarcão (2011), entre outros.

Os professores serão representados em suas falas e descritos como: “Professor 01”, “Professor 02” e assim sucessivamente. Cabe ressalvar que serão expostas as falas mais significativas para cada questão aplicada do instrumento de coleta de dados, uma vez que no decorrer da análise foram identificadas categorias que reúnem cada qual um número correspondente de respostas dos professores. Assim, a discussão se desenvolverá por meio da apresentação de cada questão proveniente do questionário, com a inserção das falas de alguns docentes e a discussão teórica dos autores citados anteriormente.

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