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VIVÊNCIAS COM A AUTOFORMAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA E

Até o presente momento expomos algumas percepções dos professores acerca das contribuições da autoformação de modo geral, agora buscamos entender como no decorrer do exercício da profissão os mesmos a realizam. Em vista disso, indagamos: Você vivencia este processo durante o seu trabalho docente? Se sim, como ele tem contribuído para sua prática na sala de aula? E no processo de ensino e aprendizagem?

Para nortear a nossa discussão, primeiro buscamos em Libâneo (2013) a compreensão do que vem a ser o ensino e aprendizagem. Segundo o autor:

O ensino visa estimular, dirigir, incentivar, impulsionar o processo de aprendizagem dos alunos. [...] tem a tarefa principal de assegurar a difusão e o domínio dos conhecimentos sistematizados legados pela humanidade. Daí que uma de suas tarefas básicas seja a seleção e organização do conteúdo de ensino e dos métodos apropriados, a serem trabalhados em um processo organizado na sala de aula. A aprendizagem é a assimilação ativa de conhecimentos e de operações mentais, para compreendê-los e aplicá-los consciente e autonomamente. A aprendizagem é uma forma do conhecimento humano – relação cognitiva entre aluno e matéria de estudo – desenvolvendo-se sob as condições específicas do processo de ensino. O ensino não existe por si mesmo, mas na relação com a aprendizagem (LIBÂNEO, 2013, p. 97-98).

Assim sendo, ensino e aprendizagem são processos distintos, mas dependentes um do outro para existir. Isto é, o exercício da profissão docente é necessário para que os alunos consigam desenvolver sua aprendizagem de forma sistemática e os alunos são importantes para a docência, pois é por eles que o professor busca selecionar, organizar os conteúdos e desenvolver os métodos condizentes com a realidade de cada turma em que leciona. Mesmo que ambos não compartilhem a presença física, como em cursos à distância, o ensino e a aprendizagem estarão presentes na relação virtual entre professores e alunos.

Nessa perspectiva, evidenciamos nessa questão (apresentada anteriormente) a existência de duas categorias, onde somente uma reuniu as respostas que afirmaram e exemplificaram as contribuições da autoformação para as suas práticas. A outra foi direcionada para os que não responderam de forma coerente. Damos o destaque inicialmente a primeira categoria presente no quadro 3, em que a quantidade de respostas corresponde a 10 professores.

Quadro 3 – Contribuições da autoformação para a prática e o processo de ensino e aprendizagem.

CATEGORIAS DE ANÁLISE Nº DE RESPOSTAS DOS PROFESSORES

Resposta afirmativa. Contribui para que o professor possa compreender a realidade educacional, reavaliando sua prática e adquirindo conhecimento para atender as necessidades de aprendizagem dos alunos e, também compreender as transformações do contexto social que afetam as instituições escolares.

10

Não soube responder coerentemente. 07

Fonte: Questionário aplicado em março de 2019

Atentemos para algumas explicações dadas pelos professores incluídos nessa categoria, que destacaram como a autoformação tem contribuído para o exercício da sua profissão.

Professor 02: Sim, Contribui pra adquirir novos conhecimentos e novas práticas pedagógicas. E consequentemente, possibilita desenvolver novas metodologias para auxiliar no desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos.

Professor 04: Sim. A autoformação facilita o processo de ensino-aprendizagem de muitas crianças, pois a alfabetização é um caminho longo e necessita que o docente busque meios que facilitem o aprendizado.

Professor 08: [...] Faço pesquisas e leituras dentro das minhas dificuldades e anseios. Tais leituras e pesquisas tem contribuído como aprimoramento dos meus conhecimentos, já que as formações continuadas não acontecem periodicamente na nossa realidade educacional. Mesmo assim, reconheço a importância da autoformação para a prática da sala de aula e no ensino-aprendizagem, pois oportuniza a construção de novos saberes e reflexão da própria prática, para assim, desenvolver um trabalho promissor e significativo e com mais qualidade.

Professor 10: Todos os dias. Os desafios surgem todos os dias, e muitas vezes alguns acontecem sem nunca o docente ter lido sobre, é aí onde através do buscar outros métodos e novos conhecimentos leva os docentes a mudar sua dinâmica e melhorar o processo de ensino aprendizagem.

Professor 14: Sim, contribui significativamente minha prática pedagógica, onde adquiro conhecimentos e mais clareza sobre aquilo que ensino, como ensino e para que ensino. As crianças sentem confiança e conseguem entender com clareza os conteúdos ministrados.

Vemos que os relatos apontam em direção da busca de novos conhecimentos para

atuar no ensino. O professor 02 diz que a autoformação tem lhe propiciado desenvolver

novas metodologias para que no decorrer das aulas os alunos consigam desenvolver as habilidades e competências em relação aos conhecimentos que devem ser aprendidos. Para o professor 02, tem possibilitado conhecer mais sobre a alfabetização e desenvolver sua prática,

possibilitando aos alunos aprender melhor, alcançando as competências exigidas nessa fase importante do desenvolvimento humano.

Além da busca por novos saberes, o professor 08 mencionou a importância da reflexão sobre a sua prática e também quais recursos e procedimentos tem utilizado no decorrer da autoformação – a leitura e as pesquisas – salientando que somente as formações continuadas não podem dar o suporte necessário ao professor tendo em vista que ocorrem em longos intervalos de tempo.

De acordo com as ideias de St-Arnaud (1992), Perrenoud reafirma:

St-Arnaud demonstra que a existência de um anel de regulação metódica a partir da reflexão sobre a ação aumenta rapidamente a eficiência profissional dos professores iniciantes, mas demonstra também que tal efeito diminui à medida que este se torna mais experiente. Para “ultrapassar o limite”, é preciso alguma espécie de salto qualitativo que passe pela construção de novos modelos de ação pedagógica e didática, por conseguinte, por um trabalho de autoformação que apele para aportes

externos (PERRENOUD, 2000, p. 162-163).

Por esse ângulo, conseguimos apontar a relevância da autoformação para os professores no decorrer do exercício da profissão, sendo necessário que tenham a autonomia para desenvolver, no decurso da sua experiência docente, a competência de buscar por aportes externos que lhe sirvam de fonte de informação e possibilite a autoaprendizagem. Como o autor afirma, os docentes podem “ultrapassar o limite” de ações repetitivas e muitas vezes descontextualizadas com a realidade do ensino para a construção de “novos modelos de ação pedagógica”. Assim, nos parece que o professor 08 tem buscado ultrapassar o seu limite, reorganizando seus saberes e sua prática.

Na opinião dos professores 10 e 14 a autoformação tem ajudado a superar os desafios que surgem no dia a dia da escola, principalmente os fatos inéditos que exigem do profissional a capacidade de análise, reflexão e ação de forma rápida e efetiva. Outro ponto a ser frisado é a possibilidade de ter clareza sobre os conteúdos de ensino, das ações pedagógicas e dos objetivos de aprendizagem que se deseja desenvolver com os alunos.

Nesse contexto podemos apontar para o progresso da lucidez profissional, que para Perrenoud irá consistir “[...] em saber igualmente quando se pode progredir pelos meios que a situação oferece [...] e quando é mais econômico e rápido apelar para novos recursos de autoformação: leitura, consulta, [...] pesquisa-ação ou aportes estruturados de formadores”

(2000, p. 163). Logo, os recursos que se utiliza na autoformação tem a capacidade de propor novos saberes e perspectivas de ensino e aprendizagem para os professores, colaborando para o entendimento do ensino e dos resultados deste para a aprendizagem dos discentes.

Finalmente, vejamos algumas respostas do grupo de 07 professores que não responderam a pergunta exposta no questionário dentro da lógica posta pelos autores de referência.

Professor 09: Todos os dias. Para uma aproximação e melhor relacionamento com o dicente. Além de ensinar, também aprendemos muito com nossos alunos.

Professor 13: Sim, professores precisam lidar com gerações interativas e tecnológicas com dificuldades de aprendizagem é indispensável a formação continuada para poder lidar-mos com as inúmeras dificuldades encontradas nos discentes partindo de tais deficiências que tentamos superar.

Professor 16: A formação continuada é uma necessidade, pois esclarece as dúvidas tornando cada vez mais o professor apto e capaz de realizar e desempenhar suas tarefas onde o foco principal é o discente, contribuindo assim para sua aprendizagem.

Professor 17: Sim, tem contribuído de forma bem significativa, pois trocas de experiências e vivências só contribui positivamente para nossa prática.

Os docentes dessa última categoria afirmam que a autoformação tem contribuído para a prática e para o processo de ensino e aprendizagem, entretanto, alguns não

justificaram ou continuam a confundir a autoformação com outras vivências dentro da educação e da formação de professores. No caso dos professores 09 e 17 percebemos que

para eles a autoformação se situa na perspectiva da troca de experiências entre os professores ou entre professores e alunos. Com relação aos professores 13 e 16 os mesmos justificam a afirmação realizada, porém confundem a autoformação como formação continuada, o que pode ter comprometido as respostas em evidência.

4.4 RECURSOS UTILIZADOS NA AUTOFORMAÇÃO, DISPONIBILIDADE E ACESSO

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