• Nenhum resultado encontrado

5. Os Benefícios e Auxílios de Estado na União Europeia

5.4 Auxílios Estatais às PME

Entende-se que dentro do conceito acima referido cabem as PME e os auxílios dedicados as mesmas que são específicos para esta categoria de empresas tal como definido pela Comissão Europeia. Não podem ser atribuídos através de outras regras de auxílios estatais, pois, como já se viu, quer nas regras dos auxílios regionais como europeus, estão previstos auxílios especiais mais altos para estas empresas. Na descrição que se segue estes auxílios são especiais em detalhe para as PME que beneficiam de um tal estatuto (nomeadamente, os auxílios à formação profissional e os auxílios à protecção do meio ambiente).

Os auxílios às PME destinam-se a permitir aos Estados-Membros praticar uma política de incentivo a esta categoria de empresas fora das regiões elegíveis aos auxílios regionais, incidindo sobre o mesmo tipo de investimentos que estes últimos, mas com uma pequena extensão a outros tipos de despesas. Os auxílios em causa abrangem, assim, os tipos de investimentos (ou despesas) seguintes: “Investimento produtivo, incluindo activos corpóreos (terrenos, edifícios e equipamentos) e activos incorpóreos

104 Acórdão do Tribunal de Justiça de 12 de Setembro de 2000 Processo: C-359/97 relator: J. C. Moitinho

de Almeida;

Acórdão do Tribunal de Justiça de 10 de Janeiro de 2006 Processo C-344/04, relator: J. Malenovský e Acórdão do Tribunal de Justiça de 8 de Setembro de 2011, Processo C-279/08 P) (1), relator: J. -J. Kasel. Informação disponível em: https://eur-lex.europa.eu/ ( pesquisa de 23 de Maio de 2019 pelas 16:00 horas).

100 (transferência de tecnologia definida nos mesmos termos dos auxílios regionais), não existindo qualquer limite quantitativo para estes últimos, desde que existam activos do primeiro tipo (corpóreos) no projecto de investimento;

Serviços de consultoria, de qualquer tipo, mas excluindo actividades permanentes ou periódicas geradoras de custos normais de exploração, como a consultoria fiscal de rotina, a consultoria jurídica regular ou publicidade - primeira participação numa feira ou exposição. Em causa está a utilização do instrumento de incentivos para a promoção da internacionalização das empresas, pois a participação em feira e exposição tanto pode realizar-se no país como no estrangeiro. Estão, contudo, aqui expressamente excluídos ou auxílios a despesas inerentes à aquisição ou constituição de redes de distribuição ou outros auxílios à exportação.”105.

Estes auxílios normalmente, aplicam-se mediante um método para apurar os resultados finais dos auxílios em termos de performances das empresas ou das regiões beneficiárias que consiste em verificar até que ponto estes auxílios têm cumprido o seu objectivo imediato que é proporcionar às regiões a eles elegíveis vantagens comparativas, para fazer face aos défices de factores de competitividade que afectam estas regiões.106

Outros importantes benefícios fiscais ao investimento produtivo estruturados como incentivos fiscais às empresas estão presentes no estatuto de benefícios fiscais e sobretudo no Código Fiscal do Investimento (CFI). Estruturados para serem activados no respectivo ano de 2020, são projectos designados para a competitividade e internacionalização, concedidos ao abrigo do disposto nos artigos 2.º, a 21.º, que corresponde à maioria do CFI107, ao regime fiscal de apoio ao investimento (RFAI), e

105 Cfr. MARQUES, Alfredo, Economia da União Europeia, reimpressão com a colaboração de

ANTUNES, Margarida, Almedina, Novembro 2011, pp. 344-346.

106 Nas Orientações da União Europeia relativas aos auxílios estatais para 2014-2020 de (2014/C 204/01)

estabelecidas pela Comissão Europeia existe a necessidade de intervenção do Estado na política de coesão como podemos constatar nos considerados: (53) Para apreciar a necessidade do auxílio estatal na perspetiva do objetivo de interesse comum, é necessário proceder, em primeiro lugar, ao diagnóstico do problema a resolver. Os auxílios estatais devem visar situações em que os auxílios são suscetíveis de se traduzirem numa melhoria concreta que o mercado, por si só, não poderá criar.(54) Com efeito, as medidas de auxílio estatal podem, em determinadas condições, corrigir deficiências do mercado, contribuir desse modo para o seu funcionamento eficiente e para fomentar a competitividade.

Acresce que, quando os mercados proporcionam resultados eficientes, mas considerados insatisfatórios do ponto de vista da equidade e da coesão, os auxílios estatais podem ser utilizados para obter resultados de mercado mais desejáveis e equitativos.

107 Cfr. Estipulado no âmbito da aplicação do artigo 2.º, número 1 e 2 com especial atenção para as alíneas

a); c); d); e); f); do CFI que refere expressamente: 1 – Até 31 de dezembro de 2020, podem ser concedidos benefícios fiscais, em regime contratual, com um período de vigência até 10 anos a contar da conclusão do

101 ainda aos lucros retidos e reinvestidos (DLRR). Por fim, existe ainda o sistema de incentivos fiscais em Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE).108

Como expressámos, no início deste subtema acresce à tributação das PME um spread especial no que se refere aos juros e outras formas de renumeração de suprimentos e empréstimos, já feitos pelos respectivos sócios às sociedades que constituem pequenas e médias empresas sob a forma de auxílios: “Como resulta do artigo 135º da Lei de Enquadramento Orçamental de 2011, o benefício fiscal traduzido na remuneração convencional do capital social, constante agora ( em termos mais favoráveis do que no ano passado) do novo artigo 41º do EBF (aditado pelo decreto-lei nº 162º/2014109 que o

transferiu para este Estatuto).”110

Podemos, assim, aferir que os auxílios apresentam características semelhantes aos benefícios fiscais, apesar de se concretizarem de diferentes formas, ou seja, podem ter

projeto de investimento, aos projetos de investimento, tal como são caracterizados no presente capítulo, cujas aplicações relevantes sejam de montante igual ou superior a € 3.000.000.

2 – Os projetos de investimento referidos no número anterior devem ter o seu objeto compreendido, nomeadamente, nas seguintes atividades económicas, respeitando o âmbito sectorial de aplicação das orientações relativas aos auxílios com finalidade regional para o período 2014-2020, publicadas no Jornal Oficial da União Europeia, n.º C 209, de 23 de julho de 2013 (OAR) e do RGIC: a) indústria extrativa e indústria transformadora; b) turismo, incluindo as atividades com interesse para o turismo; c) atividades e serviços informáticos e conexos; d) atividades agrícolas, aquícolas, piscícolas, agropecuárias e florestais; e) atividades de investigação e desenvolvimento e de alta intensidade tecnológica; f) tecnologias da informação e produção de audiovisual e multimédia.

108 Artigo número 1 alíneas a), b) ,c) e d) 1 – O Código Fiscal do Investimento, doravante designado por

Código, estabelece: a) o regime de benefícios fiscais contratuais ao investimento produtivo; b) o Regime Fiscal de Apoio ao Investimento (RFAI); c) o sistema de incentivos fiscais em investigação e desenvolvimento empresarial II (SIFIDE II); e d) o regime de dedução por lucros retidos e reinvestidos (DLRR).

109 No âmbito do preâmbulo deste Decreto lei estão previstos os seus objectivos,: “no pacote para o

investimento foi aprovado um conjunto significativo de medidas que contribuíram, de forma decisiva, para promoção do investimento e da competitividade. Entre essas medidas destaca-se a criação do Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento para permitir reforçar o investimento privado em 2013. Por outro lado, no âmbito da Reforma do IRC, reduziu-se a taxa nominal de IRC em dois pontos percentuais e simplificou-se o imposto, diminuindo os custos de cumprimento e aumentando a competitividade do sistema fiscal. Na sequência da reforma do IRC e com o objetivo de intensificar o apoio ao investimento, favorecendo o crescimento sustentável, a criação de emprego, e contribuindo para o reforço da estrutura de capital das empresas, o Governo propõe, agora, promover a revisão global dos regimes de benefícios ao investimento e à capitalização. Neste contexto, o Governo considerou premente a revisão do Código Fiscal do Investimento de modo a, por um lado, adaptá-lo ao novo quadro legislativo europeu aplicável aos auxílios estatais para o período 2014-2020 e, por outro lado, reforçar os diversos regimes de benefícios fiscais ao investimento, em particular no que se refere a investimentos que proporcionem a criação ou manutenção de postos de trabalho e se localizem em regiões menos favorecidas. Assim, e no que se refere aos benefícios fiscais contratuais, é aumentado o limite máximo do crédito de imposto em sede de IRC, sendo aumentadas as majorações previstas para investimentos realizados em regiões com um poder de compra per capita significativamente inferior à média nacional, que proporcionem a criação ou a manutenção de postos de trabalho ou que contribuam para a inovação tecnológica ou para a proteção do ambiente”.

110 NABAIS, Casalta José, Introdução ao Direito Fiscal das Empresas, 2ª Edição, Almedina, 2015, pp.

102 categorias distintas, mas no fim concretizam objectivos semelhantes. Estes auxílios não podem ser concedidos as PME sem uma justificação, existem critérios para que as PME possam ser beneficiadas por estas ajudas e têm um prazo temporal. Neste caso, têm um prazo geral de caducidade de cinco anos para serem concretizados, ainda que coincida com o período geral dos benefícios fiscais justificados pelo artigo 3.º.

O que poderá aqui destrinçar as definições consubstancia-se na necessidade de os auxílios não serem um benefício sem um retorno específico. Por vezes, aquando de um auxílio de Estado, é necessário, mesmo que seja passado muitos anos e em prestações, que este seja devolvido na sua íntegra, perfazendo uma espécie de empréstimo.

Os benefícios fiscais tornam os fundos mais atractivos para os investidores e, assim, conduzem ao aumento de remuneração dos gestores.

Os regimes especiais de fundos, como todos os regimes que potencialmente constituam auxílios do Estado, têm que ser autorizados pela Comissão.