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4. Abordagem histórica: As Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME)

4.1 O real conceito de PME

O que se pretende abordar neste capítulo é, primeiramente, o conceito de micro, pequenas e médias empresas o seu regime jurídico, passando de seguida à sua forma de tributação nacional versus internacional. Desta forma será possível perceber se estas são influenciadas de forma positiva e exageradamente benéfica pelos fundos comunitários destinados às mesmas em contraposição com as restantes empresas.

Uma das principais apostas dos fundos comunitários e dos programas subjacentes criados para a realização prática de uma evolução na economia europeia passa por ter em grande foco as micro, pequenas e médias empresas, por serem parte estrutural do tecido empresarial Português. No entanto, é necessário, antes de proceder a uma análise mais detalhada, explicitar o real conceito de “empresa” seja de micro, pequenas, médias ou grandes empresas. Por consequência tem de ser desenvolvido o seu método de tributação fiscal, ou seja, a forma como o seu rendimento é tributado, procedendo a uma distinção relativamente a outros.

Existem várias dimensões possíveis para estas empresas que podem vir a ser englobadas num amplo conceito de empresa. Se quisermos referenciar o plano internacional e supranacional, de um lado, o Modelo de Convenção sobre o Rendimento e sobre o Património da OCDE dispõe nas alíneas c) e h) do n.º um do seu artigo terceiro, respectivamente. Que o termo “empresa” aplica-se “ao exercício de qualquer actividade económica” e a expressão “actividade empresarial” inclui o exercício de serviços profissionais e de outras actividades de carácter independente. De outro lado, o Código de Conduta da Fiscalidade das Empresas da UE omite qualquer referência ao sentido da expressão “empresas”.

As políticas definidas para as PME têm um cunho especial ou, pelo menos pode dizer-se que são de criação específica porque devem e representam as várias diferenças existentes entre empresas criadas com fundos privados, ou seja, sem incentivos por parte

66 do Estado ou da União Europeia, e aquelas que podem ser beneficiadas de uma ajuda financeira por parte do espaço comunitário, revelando-se um possível auxílio de estado.

No nosso ordenamento jurídico e no âmbito do direito fiscal europeu, os reflexos destas áreas acabam por integrar-se tal como as bases da Constituição da República Portuguesa (CRP) e do Direito da União Europeia. Devido a isso, a suprema Constituição estabelece como obrigação incentivar e estimular de modo peculiar as PME. As mesmas regem-se por princípios basilares presentes na Constituição da República Portuguesa que se encontram, também, presentes na forma como estas são tributadas e exercem a sua atuação num espaço geográfico determinado.

A tributação das sociedades que não são consideradas PME rege-se pelo princípio da unicidade do imposto52 sobre o rendimento pessoal, real53/54, liberdade de gestão fiscal e pelo princípio da territorialidade.55

As suas funções básicas no território nacional regem-se independentemente de onde apresentam as suas actividades e por disposições referenciadas no Tratado de Funcionamento da União Europeia (TFUE), tais como relativas à fiscalidade, à concorrência e ao direito das sociedades concretizadas no direito de estabelecimento.

52 “Um imposto pressupõe a existência de um facto tributário, definido como tal numa lei e que uma vez

verificado faz nascer a respectiva obrigação. Sem facto tributário não há obrigação de imposto. Daí que basta que num processo de impugnação resulte da prova “fundada dúvida” sobre a existência para que o acto de liquidação do imposto tenha de ser anulado. Artigo 100º, do Código de Procedimento e de Processo Tributário”. PEREIRA, Freitas De Henrique Manuel, Fiscalidade, Lisboa, 2014, 5ª edição, pp. 31-33.

53 Para NABAIS Casalta e RIBEIRO Texeira, “o rendimento real é aquele que se apura ou se presume que

o contribuinte obteve. É, por exemplo, o lucro que uma fábrica deu (rendimento real efectivo) ou se supõe que a fábrica tenha dado (rendimento real presumido)”, in DOURADO, Paula Ana, Lições de Direito

Fiscal, Coimbra, 2015, pp. 204-206.

54 O princípio do rendimento real tem por sua base a tributação das empresas, “prende-se com o sentido da

exigência da tributação das empresas pelo seu rendimento real estabelcecido no artigo 104.º, número 2 da CRP. O que implica que a tributação do redimento real seja, por imposição constitucional, a regra da tributação do rendimento empresarial, mas isso não exclui a possibilidade de recurso à tributação dos rendimentos empresariais baseados em rendimentos normais”, in NABAIS, Casalta José, Direito Fiscal, 6ª edição, Almedina, Coimbra, Outubro, 2010, pp.171-172.

55 Este princípio tem sua consagração na Lei Geral Tributária em que esclarece no artigo 13º com epigrafe

“Aplicação da lei tributária no espaço”:

1 - Sem prejuízo de convenções internacionais de que Portugal seja parte e salvo disposição legal em sentido contrário, as normas tributárias aplicam-se aos factos que ocorram no território nacional.

2 - A tributação pessoal abrange ainda todos os rendimentos obtidos pelo sujeito passivo com domicílio, sede ou direcção efectiva em território português, independentemente do local onde sejam obtidos.

67 A recomendação da Comissão Europeia56 realça um preceito de pequenas e médias empresas presente no seu anexo título I artigos 1.º, e 2.º, que refere o seguinte:

“O conceito de empresa entende como empresa qualquer entidade que, independentemente da sua forma jurídica, exerce uma actividade económica.

São, nomeadamente, consideradas como tal as entidades que exercem uma actividade artesanal ou outras actividades a título individual ou familiar, as sociedades de pessoas ou as associações que exercem regularmente uma actividade económica.”57

A categoria de PME é constituída e definida pelo número de pessoas que empregam no seu volume de negócios e, ainda, é definida pelo valor financeiro anual ou balanço anual, que não pode exceder o valor de 43 milhões de euros.58

O conceito de microempresa é alcançado quando uma empresa emprega menos de 10 pessoas e cujo volume de negócios ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros.

Já o conceito de pequena empresa é representado e definido como uma empresa que emprega menos de 50 pessoas e cujo volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros.

O mais comum para este determinado tipo de empresas é actuarem nos mercados locais e regionais. Contudo, procura-se que seja cada vez mais apelativa uma migração, tornando-as mais competitivas e inovadoras.