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Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

2. Fundos Estruturais e de Investimento da União Europeia

2.2 Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional

A cimeira em Paris de Dezembro de 1974 foi o local escolhido para criar, finalmente, o tão desejado FEDER 23/24 por um período temporário de três anos, com o fim de corrigir os principais desequilíbrios que a Europa apresentava, nomeadamente, nos estados mais pobres: Itália, Irlanda e Reino Unido.

Este fundo da União Europeia, caracterizado pela vertente de impulsionar o desenvolvimento económico e social, fomentou a inovação e, sobretudo valorizou o potencial endógeno das regiões. A sua real estratégica passou por inovar em vários sectores como os dos transportes, educação, integração social, saúde, cultura, investigação científica e tecnológica. Em suma, co-financiou os regimes de auxílios públicos com finalidade regional, colocados em prática pelas autoridades nacionais, regionais e locais.

22 GONÇALVES, Renato José, O Euro e o Futuro de Portugal e da União Europeia, estudo sobre o

desenvolvimento e a coesão económica social e territorial no contexto da união monetária europeia e da globalização, Coimbra Editora, 2010, pp. 515-518.

23 Regulamento (UE) Nº1301/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 17 de dezembro de 2013

relativo ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e que estabelece disposições específicas relativas ao objetivo de investimento no crescimento e no emprego, e que revoga o Regulamento(CE) nº 1080/2006. Além do regulamento o tratado de funcionamento da União Europeia estabelece no seu artigo 176.º, o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.

24 Apesar dos vários Regulamentos da União Europeia datarem de 2013 os objectivos para os anos que nos

circunscrevemos continuam de certa forma a ser os mesmos até porque muitos dos que estavam estabelecidos anteriormente no período de 2013 o que não afectam as decisões procedidas até 31 de Dezembro de 2013, pois muitas destas não foram totalmente concretizadas.

Portanto, continua a ser necessária uma modernização e internacionalização combinada com uma melhor competitividade das PME que penso que seja um dos pilares básicos que os programas aprovados necessitam de inovar para um bom funcionamento da economia empresarial.

38 O financiamento prioritário destinava-se à investigação, tecnologias, comunicação ao desenvolvimento das pequenas e médias empresas e a uma economia baseada em baixos níveis de emissão de carbono. Procedeu-se, deste modo, a uma interferência não exagerada nas políticas económicas regionais e nacionais, simplesmente com intuito de prescrever uma análise a preceito dos problemas existentes e de solucioná- los nestes moldes.

Podemos verificar que o financiamento do FEDER é dedicado a investimentos que se encontram estipulados no artigo número 3.º,25 em conjugação com o artigo 5.º,

número 1.º, 2.º, e 3 alíneas a), b), c), d,) do diploma mencionado anteriormente, que definem as prioridades de investimento e os seus objectivos temáticos. Não vamos mencionar todos, mas sim aqueles que estão relacionados com a temática que tratamos:

“1) Reforço da investigação, do desenvolvimento tecnológico e da inovação mediante:

a) O reforço da infraestrutura de investigação e inovação (I&I) e da capacidade de desenvolvimento da excelência na I&I, e a promoção de centros de competência, nomeadamente os de interesse europeu;

b) A promoção do investimento das empresas na I&I, o desenvolvimento de ligações e sinergias entre empresas, centros de investigação e desenvolvimento e o setor do ensino superior, em especial a promoção do investimento no desenvolvimento de produtos e serviços, na transferência de tecnologia, na inovação social, na ecoinovação, em aplicações de interesse público, no estímulo da procura, em redes, clusters e na inovação aberta através de especialização inteligente, e o apoio à investigação tecnológica e aplicada, linhas-piloto, ações de validação precoce dos produtos, capacidades avançadas de produção e primeira produção, em especial no que toca às tecnologias facilitadoras essenciais, e à difusão de tecnologias de interesse geral;

25 O FEDER apoia as seguintes atividades, a fim de contribuir para as prioridades de investimento previstas

no artigo 5.º:

a) Investimento produtivo que contribua para criar e manter empregos sustentáveis, através de ajudas diretas ao investimento, nas PME;

b) Investimento produtivo, independentemente da dimensão da empresa em causa, que contribua para as prioridades de investimento estabelecidas no artigo 5.º, pontos 1 e 4, e, caso esse investimento envolva cooperação entre grandes empresas e PME, no artigo 5.º, ponto 2;

c) Investimentos nas infraestruturas necessárias para prestar serviços básicos aos cidadãos, nos domínios da energia, do ambiente, dos transportes e das TIC;

d) Investimentos em infraestruturas sociais, de saúde, de investigação, de inovação, empresariais e educativas;

39 2) Melhoria do acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC), bem como a sua utilização e a sua qualidade mediante:

a) A implantação alargada da banda larga e a implantação das redes de alta velocidade, e o apoio à adoção das tecnologias emergentes e das redes para a economia digital;

b) O desenvolvimento de produtos e serviços TIC, comércio eletrónico e fomento da procura de competências TIC;

c) O reforço das aplicações TIC na administração pública em linha, aprendizagem em linha, infoinclusão, cultura em linha e saúde em linha.

3) Reforço da competitividade das PME mediante:

a) A promoção do espírito empresarial, nomeadamente facilitando a exploração económica de ideias novas e incentivando a criação de novas empresas, designadamente através de viveiros de empresas;

b) O desenvolvimento e a aplicação de novos modelos empresariais para as PME, especialmente no que respeita à internacionalização;

c) A concessão de apoio à criação e ao alargamento de capacidades avançadas de desenvolvimento de produtos e serviços;

d) A concessão de apoio às capacidades das PME de crescerem em mercados regionais, nacionais e internacionais e de empreenderem processos de inovação.”26

O artigo 4.º, aborda o destino do financiamento do FEDER, ou seja, as regiões que financeiramente e pelas suas especificidades necessitem de apoio estabelecidas pelo princípio das suas dotações mínimas de financiamento. A afetação de recursos a nível nacional será de, pelo menos, 80% nas regiões mais desenvolvidas, pelo menos, 60% nas regiões de transição e, pelo menos, 50% nas regiões menos desenvolvidas. Estabelecem- se, neste âmbito os seguintes objetivos temáticos: fortalecimento da investigação, do desenvolvimento tecnológico e da inovação; melhoramento do acesso, utilização e qualidade das TIC; melhoramento da competitividade das PME e apoio à transição para

26 Comissão Europeia, Fundos Estruturais e de Investimento Europeus 2014-2020: Textos e Comentários

Oficiais, Luxemburgo: Serviço das Publicações da União Europeia, 2016, pp. 201-205. Informação

disponível em :https://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docgener/guides/blue_book/blueguide_pt.pdf (pesquisa de 23 de Junho de 2019 pelas 13:00 horas).

40 uma economia assente num baixo nível de emissões de carbono em todos os setores. Por derrogação, é permitida uma compensação entre estas três categorias de regiões, desde que os montantes globais a nível nacional sejam compatíveis com os requisitos mínimos. Como podemos verificar, este fundo tem uma alargada área de actuação. Para corroborar tal afirmação, além dos artigos já referidos, podemos basear-nos nos considerados do regulamento da União Europeia que indica que grande parte da percentagem do financiamento é dirigido às PME. Assim sendo, o objectivo é tornar este tipo de empresas mais atrativas e competitivas, para assim reduzir as disparidades entre os níveis de desenvolvimento das várias regiões e os atrasos das regiões menos favorecidas, entre as quais deve ser consagrada especial atenção às zonas com desvantagens graves e permanentes, em termos naturais ou demográficos.

Depreendemos que, sem estas ajudas financeiras torna-se mais complicado este tipo de empresas ter uma actividade de grande extensão, tanto no âmbito comercial como territorial. Por isso, este fundo faz o papel de “financiador” para as empresas que apresentem todos os critérios estipulados.

Sendo um dos objectivos temáticos mais importantes o de inovação, estas ajudas financeiras podem vir trazer novas áreas de comercio para o território nacional e para o comunitário.27

Estas temáticas levantam uma questão pertinente: será que as PME são efectivamente mais privilegiadas do que as restantes empresas por auferirem destas ajudas financeiras? Outra questão que se coloca é assumindo que as PME têm efectivamente um regime mais favorecido e mais flexível aquando da sua criação, será que ao serem financiadas pelos fundos comunitários estas usufruem de benefícios expansivos em comparação com as restantes empresas?

Questiona-se ainda se estes benefícios são mesmo necessários devido á estrutura e ao regime das pequenas e médias empresas e, por isso, não podem as mesmas, ou não

27 De acordo com os resultados do estudo, no contexto das PME da Rede, o empreendedor inovador é um

jovem adulto que cria a sua empresa por volta dos 30 anos (77,8%). Com habilitações ao nível do ensino superior, é alguém que começa por trabalhar por conta de outrem (75%), mas que acaba por avançar para o seu próprio projecto com vista, principalmente, à realização pessoal (76,7%).

No entanto, a criação bem sucedida da empresa não surge apenas da iniciativa e da capacidade de acção do indivíduo. Esta está estreitamente ligada aos factores de mercado, nomeadamente no que toca ao aproveitamento de oportunidades de negócio (43,3%) e às potencialidades das novas tecnologias (46,7%),

in estudo Empreendedorismo e Inovação nas PME em Portugal: A Rede PME Inovação COTEC. Realizado

41 conseguem, “sobreviver” sem estes apoios. Nos capítulos II e III iremos novamente, abordar essa temática com a expectativa de alcançar, pelo menos, uma opinião coerente.

Queremos ainda referir as declarações da comissão europeia acerca do FEDER, pois descrevem muito daquilo que queremos transmitir. Estas estão documentadas na declaração sobre o Regulamento (UE) 1301/2013 do parlamento europeu e do conselho, de 17 de dezembro de 2013, que estabelece disposições específicas relativas ao fundo europeu de desenvolvimento regional e ao objetivo de investimento no crescimento e no emprego, e que revoga o Regulamento (CE) n.º 1080/2006.28

O seu artigo 11.º, número 2 refere que: “A Comissão partilha o objetivo expresso pelo Parlamento Europeu de simplificar os procedimentos relativos aos auxílios estatais no que se refere aos auxílios ao funcionamento concedidos a empresas estabelecidas nas regiões ultraperiféricas ligados à compensação dos custos adicionais em que essas regiões incorrem devido à sua situação económica e social específica. De acordo com a proposta de um futuro regulamento geral de isenção por categoria (RGIC), recentemente publicada pelos serviços da Comissão, os auxílios ao funcionamento destinados a compensar certos custos adicionais em que incorrem os beneficiários estabelecidos nestas regiões devem ser considerados compatíveis com o mercado interno, nas condições naquele estipuladas, e ficariam, por conseguinte, isentos da obrigação de notificação prevista no artigo 108.o, n.o 3, do TFUE.

A Comissão considera que, desta forma, se garante uma base sólida para concretizar a simplificação pretendida e se terá plenamente em conta todas as observações recebidas dos Estados-Membros durante o processo de consulta em curso, com vista à aprovação do regulamento em 2014”.

“Já se mencionou com algum pormenor o mais importante fundo, «fundo estruturais»: o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Surgiu em 1975, ao abrigo da designada «cláusula evolutiva» (artigo 235.º, TCEE - cfr. Art. 308º TCE e 352.º, TFUE) com a finalidade de promover o desenvolvimento das regiões mais

28 REGULAMENTO (UE) N.o 1301/2013 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 17 de

dezembro de 2013 relativo ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional eestabelece que disposições específicasrelativas ao objetivo de investimento no crescimento e no emprego, eque revoga o Regulamento(CE) n.º 1080/2006. Informação disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal- content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:32013R1301&from=PT (pesquisa de 12 de Fevereiro de 2019 pelas 16:00 horas).

42 desfavorecidas e de corrigir as assimetrias espaciais mais graves no interior da Comunidade.”29

Assentam estas medidas num carácter progressivo e na perspectiva de entrosamento das áreas de actuação, tornando-se um fundo unidimensional num fundo interligado, e impulsiona a política de desenvolvimento regional.

Além do FEDER, o fundo de coesão também desempenha um papel importante para o desenvolvimento económico e estrutural, pois visa fortalecer a coesão económica, social e territorial da União, a fim de promover também o desenvolvimento sustentável. Este centra-se ainda nas áreas dos benefícios ambientais e dos transportes.