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4.4 AVALIAÇÃO DA RESILIÊNCIA

4.4.1 MÉTODO DE AVALIAÇÃO DOS POTENCIAIS DE SISTEMAS RESILIENTES RAG

4.1.1.6 AVALIAÇÃO CONJUNTA DOS QUATRO POTENCIAIS DE SISTEMAS RESILIENTES

Como uma observação preliminar, pode-se notar como a empresa (o sistema) parece ser mais capaz de responder e monitorar, ao invés de antecipar e aprender. As diferenças foram muito baixas entre os potenciais, mas a análise das correlações demonstrou um alto valor de correlação entre os potenciais conforme já apresentado. A conclusão, obtida pela combinação de todos os julgamentos em cada nível, pode ser discutida mais em termos das categorias para cada potencial, como detalhado na Figura 31.

Figura 31 - Média agregadados dos potenciais de resiliência

Fonte: Autor

Combinando todos os julgamentos para cada nível pode-se discutir mais em termos de categorias para cada potencial, conforme a seguir:

I – Para o potencial responder, em relação a esse constructo, as maiores diferenças observadas pelos colaboradores foram que o MPO não é flexível, permitindo ajustes ou ações quando julgarem apropriado, mas a equipe tem segurança e sabe a quem procurar se precisa de ajuda; II – Para o potencial monitorar, em relação a esse constructo, as maiores diferenças observadas pelos colaboradores foram que a organização deve ser capaz de detectar mudanças nas condições de trabalho que possam afetar sua capacidade de monitoramento e é comum o compartilhamento de informações relevantes entre os colegas e colaboradores por iniciativa própria.

III – Para o potencial antecipar, em relação a esse constructo, as maiores diferenças observadas pelos colaboradores foram que as futuras ameaças e oportunidades não são bem definidas e disseminadas para a equipe, por outro lado existe confiança na antecipação dos riscos, e nas ações, buscar sempre a segurança e o menor impacto possível aos clientes (agentes);

IV – Para o potencial monitorar, em relação a esse constructo, as maiores diferenças observadas pelos colaboradores foram a demora no feedback de situações críticas ao processo operacional e existe uma preocupação na revisão de todo os métodos de desenvolvimento do trabalho quando ocorre um quase acidente.

O RAG pode ser usado em primeiro lugar para determinar onde o sistema está; então, identificar onde o sistema deveria estar; finalmente, entender como o sistema pode atingir um status de destino. Nota-se que tanto a lista de eventos quanto o conjunto de respostas são

79,40 78,26 77,52 76,83 RESPONDER MONITORAR ANTECIPAR APRENDER

considerados adequados e que há recursos suficientes reservados para permitir que a organização responda (M=79,4) quando necessário. Os resultados para sua capacidade de monitoramento (M=78,26) apresenta um resultado satisfatório, assim como sua capacidade de antecipação (M=77,52) e de aprendizado (M=76,83). A organização deve olhar para os pontos fracos e fortes juntos e se esforçar para manter um equilíbrio adequado das funções que compõem os quatro potenciais, bem como os quatro potenciais em si. Seria um uso indevido do RAG, se apenas as baixas pontuações fossem abordadas ou abordadas isoladamente

Essa análise geral permite observações detalhadas, detectando quais potenciais contribuem principalmente para a resiliência geral. Por exemplo, em termos de aprendizado, os colaboradores acreditam que as lições com o que “dá errado” ainda são mais fortes com as que “dão certo”, mas também valorizam o aprendizado nas atividades do dia a dia. Sobre a capacidade de responder, o fato de os funcionários passarem por treinamentos rigorosos e obrigatoriamente por reciclagem periódica, além de acesso ao conhecimento a novas tecnologias trazem como resultado uma maior confiança de estar preparado para responder quando algo inesperado acontece.

Pode-se ainda, obter-se observações adicionais extraídas do RAG através de análise dos perfis dos entrevistados. Fazendo esse processo de análise pode-se identificar como os profissionais contribuem para a resiliência organizacional. Embora a amostra de entrevistados seja limitada (55 colaboradores) ela permite observações interessantes do comportamento conforme o setor de trabalho, cargo ou função desempenhada, faixa etária e experiência profissional. Dessa forma pode-se ter uma visão de como os funcionários contribuem diferentemente para a resiliência organizacional. As figuras 32 a 35 fornecem as informações necessárias para uma avaliação mais criteriosa de cada perfil e com isso sua contribuição para a resiliência organizacional.

Os gráficos de cada potencial com seu respectivo perfil apresentam as situações onde não foram encontrados resultados ou médias satisfatórios. Considerando que na média os potenciais apresentaram um rendimento de 75%, usando esse valor como padrão e ponto de partida da avaliação, deve-se procurar os resultados que ficaram abaixo e adotar medidas para um processo de recuperação para elevação desse conceito; e os que apresentaram resultados satisfatórios devem ser usadas técnicas para que eles se mantenham, ou se for possível que melhorem, dessa forma os indicadores dos potenciais irão apresentar uma melhora generalizada numa avaliação futura.

O objetivo do RAG é fornecer uma caracterização (ou perfil) bem definida de uma organização que possa ser usada para gerenciar e desenvolver os potenciais de uma organização

para um desempenho resiliente. O RAG destina-se a ser aplicado regularmente para acompanhar como uma organização muda e se desenvolve. Ele pode, portanto, ser usado para monitorar mudanças, que é um pré-requisito para poder gerenciar o nível de desempenho da corporação.

Para os gráficos das figuras 32 a 35 foi feita uma escala decimal das médias obtidas inicialmente nas avaliações, ou seja, todos os resultados tiveram seu valor dividido por 10 para facilitar a percepção das comparações entre as variáveis de cada perfil ficando então numa escala de 0 (zero) a 10 (dez).

Na figura 32, que aborda o potencial responder, na função setor de trabalho observa-se que a equipe de tempo real tem um poder de resposta menor, associado a característica da função de avaliação do processo operacional, não tendo como atuar antes ou durante de uma ocorrência. Fica nítida que o poder de autonomia e de responsabilidade do engenheiro o diferenciam nesse potencial, a faixa etária e a experiência não possuem diferenças relevantes a serem destacadas.

Na figura 33, que aborda o potencial monitorar, fica clara o maior destaque da operação em tempo real e dos operadores que atuam neste setor, a faixa etária não é fator determinante e a experiência, conforme esperado se sobrepõe na capacidade de monitorar.

Na figura 34, que aborda o potencial antecipar, fica muito equivalente ao potencial de monitorar. O maior destaque da operação em tempo real, por uma maior necessidade de antecipação dos operadores, a faixa etária não é fator determinante e a experiência, conforme também esperado se sobrepõe na capacidade de antecipação as situações e suas consequências. Na figura 35 aborda o potencial aprender. O maior destaque está na equipe de pré- operação, por uma maior oportunidade de aprendizado diário dos colaboradores juntamente com a equipe de tempo real, a faixa etária não é fator determinante e a experiência, conforme também esperado se sobrepõe na capacidade de um melhor aproveitamento das lições e por consequência do aprendizado.

Figura 32 - Gráfico para o potencial responder conforme o perfil do entrevistado

Figura 33 - Gráfico para o potencial monitorar conforme o perfil do entrevistado

Figura 34 - Gráfico para o potencial antecipar conforme o perfil do entrevistado

Figura 35 - Gráfico para o potencial aprender conforme o perfil do entrevistado

Nos gráficos das figuras 36 a 39 foram mantidas as escalas originais para uma melhor visualização da resiliência agregada.

Figura 36 - Resultados médios agregado dos potenciais para Setor de Trabalho

Fonte: Autor

Figura 37 - Resultados médios agregado dos potenciais para Cargo na empresa

Fonte: Autor 79,6 85,5 82,6 81,2 79,2 76,3 74,7 77,1 RESPONDER MONITORAR ANTECIPAR APRENDER

RESULTADO MÉDIO AGREGADO - CARGO

Figura 38 - Resultados médios agregado dos potenciais para Faixa Etária

Fonte: Autor

Figura 39 - Resultados médios agregado dos potenciais para Experiência

Fonte: Autor

As figuras 36 a 39 demonstram a resiliência agregada e apresentaram alguns resultados que valem ser destacados sua percepção, são eles:

i - A pré-operação é mais forte no potencial aprender e responder, o tempo real se destaca em monitorar e antecipar; e a pós operação em monitorar e responder;

ii – Os operadores por serem do tempo real se destacam em monitorar e antecipar, já os engenheiros se destacam em responder e aprender.

iii – Os mais jovens se destacam em monitorar e responder, já os maiores de 35 anos em aprender e monitorar;

iv- Os com menos experiência contribuem no potencial aprender e monitorar, já os mais experientes em monitorar e antecipar.

Vale destacar que o RAG forma os potenciais como funções constituintes e não como habilidades separadas. Isso permite que para cada função e os meios para implantá-la ou aperfeiçoa-la poderão ser desenvolvidos não somente baseada em custos, mas também na sua especificidade e risco. Importante ainda destacar que não existe um modelo padrão de RAG, cada organização deverá fazer a adequação dos potenciais ao seu respectivo perfil de atividades (HOLLNAGEL, 2017).

No âmbito da engenharia de resiliência para gerenciamento de segurança, sugere-se uma abordagem para medir a resiliência por meio do RAG, uma ferramenta baseada em questionário baseada nos quatro potenciais da resiliência. Como a resiliência é uma propriedade do sistema e é estritamente dependente de suas características, a teoria da engenharia de resiliência ainda não prescreve um significado padrão dos quatro potenciais ou até mesmo qual seria o ponto de equilíbrio ou proporção desejada entre eles.

O resultado da análise da ferramenta RAG, apresenta um conjunto de perguntas de sondagem, que pode ser utilizado em diferentes domínios, como uma ferramenta de suporte em uma ação gerencial mais ampla orientada, podendo dessa forma, proporcionar ao gerenciamento de segurança e uma base comprovada de dados que justifiquem investimentos dos acionistas da organização nessa abordagem conseguindo o desenvolvimento de um ambiente de trabalho seguro, saudável e eficiente.