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O objetivo geral do presente trabalho consistiu no desenvolvimento de um framework para analisar as relações entre complexidade e resiliência em sistemas sócio técnicos complexos. Além disso, específicamente, três objetivos foram estabelecidos: (a) caracterizar a complexidade de uma empresa de operação de sistemas de energia; (b) adaptar a ferramenta RAG para o contexto do planejamento, coordenação e supervisão do sistema elétrico; (c) identificar como os atributos de sistemas complexos se relacionam com os potenciais de sistemas resilientes.

Nessa perspectiva, no que tange aos pontos em tela, tem-se as seguintes conclusões: I- O método de pesquisa que norteou o desenvolvimento dessa tese foi o Design Science Research (DSR), realizado, empíricamente, num centro de controle de operações de energía elétrica, com enfoque nas atividades de pré-operação, operação em tempo real e pós operação. Nesse sentido, cabe ressaltar que a partir do principal problema tratado nesse trabalho (caracterização da complexidade, avaliação dos potenciais de resiliência e suas relações), como sendo uma etapa da DSR, que ocorre simultaneamente ao desenvolvimento do artefato, reconhece-se as limitações dos procedimentos operacionais padronizados (POP), além do fato dos estudos não tratarem, explícitamente, acerca de como outros recursos para a ação podem ser integrados e atuarem de modo complementar aos POP. Verificou-se que os POP tentam aproximar o imaginado do real, mas a quantidade de recursos envolvidos e o número de situações que podem acontecer, dificultam o desenvolvimento de uma sequência operacional para todas as situações;

II- A realização do framework possibilitou, mostra que há uma relação entre os potenciais de resiliência e as características de complexidade, o que foi comprovado através do FRAM e da análse dos POP, ficando demonstrado que essa relação existe e pode ser associada nos SSTC.

III- No que diz respeito às implicações práticas para os profissionais envolvidos nas atividades que são abordadas, este estudo forneceu uma ferramenta (framework) para analisar as relações entre complexidade e resiliência dos SSTC, como mensurá-los e propostas de soluções para seu acompanhamento a curto e longo prazo. Nesse sentido, o framework desenvolvido no capítulo 3 consiste numa contribuição em termos de teoria prescritiva, uma vez que seus estágios e etapas são susceptíveis a generalização para outros SSTC, em que haja POP e processos formais de capacitação. Além disso, Vale ressaltar, ainda, que o framework

proposto integra ferramentas, tais como: avaliação de características de complexidade, de potenciais de resiliencia e de análise dos POP. O FRAM, por exemplo, permitiu a identificação de fontes de variabilidade como o controle das represas e dos recursos hídricos, que podem comprometer todo o funcionamento do sistema elétrico;

IV- No que se refere à adaptação da ferramenta RAG para o contexto do planejamento, coordenação e supervisão do sistema elétrico, depois de desenvolvido, o framework de aplicação genérica foi utilizado com um propósito específico foi aplicada no COSR-SE (Centro de Operações de Sistemas – Regional Sudeste) do ONS. Essa aplicação possibilitou a percepção dos potenciais de resiliência da organização em valores absolutos, pois não existe um padrão, uma norma regulatória ou média industrial que possibilte uma comparação. Portanto, a ferramenta apresenta somente onde o sistema se encontra;

V- No que tange à aplicação específica do FRAM, possibilitou identificar como os atributos de sistemas complexos se relacionam com os potenciais de sistemas resilientes para o sistema sob análise, ficando demonstrado sua complexidade, caracterizada por questões, tais como: grande número de elementos que interagem dinamicamente, bem como uma diversidade de elementos, variabilidade inesperada e resiliência;

VI- Em função do acima exposto e fundamentado na visão sistêmica de que se deve buscar a otimização de todas as etapas do processo, visando construir e reforçar mecanismos que possibilitem prestar um melhor serviço para o cliente, algumas recomendações podem ser feitas, tais como: (a) Manter um bom nível de investimento em tecnologia, pois as atividades diárias são muito dinâmicas, não existindo uma rotina operacional fixa; (b) proporcionar um bom nível de aprendizado para a equipe, que deve ser sempre capacitada e atualizada tecnicamente; (c) investir no desenvolvimento de soluções que possibilitem a redução da intensa variabilidade das atividades de algumas funções;

VII- Quanto à resiliencia, no que tange às folgas para execução das atividades, não são muito significativas, portanto, a segurança das instalações oferece um nível de confiabilidade. Os colaboradores reconhecem que o nível de complexidade das atividades é elevado, porém os resultados apresentados pelos órgãos fiscalizadores garantem que o sistema elétrico é seguro, também, o é;

VIII- Foi observado, ainda, que o controle, monitoramento e supervisão de sistemas elétricos apresenta fortes características de complexidade, sendo seu nível de segurança no desenvolvimento das atividades tão seguro quanto a operação de uma usina nuclear, o controle de tráfego aéreo ou qualquer outro SSTC com nível de importância semelhante para a

sociedade, tendo justificado essa conclusão por obedecer aos índices estatísticos avaliativos dos órgãos fiscalizadores.

IX- No que se refere à implantação da ferramenta RAG, entende-se que há necessidade de desenvolver os potenciais “Responder”, “Monitorar”, “Antecipar” e “Aprender”, bem como reavaliar os POP, adquando-os ao prescrito pela Engenharia de Resiliência;

X- A ferramenta de análise de complexidade e potenciais de resiliência foi implementada, inicialmente, para ser aplicada em ambientes associados às áreas de saúde como clínicas e hospitais, esse conhecimento está trazendo grandes contribuições para esse setor. A aplicação em outros SSTC se encontra em processo inicial de desenvolvimento, como as pesquisas realizadas para controle de tráfego aéreo, operações de plantas nucleares etc. Por ser a energia elétrica um serviço essencial, e o funcionamento do sistema apresentar um nível de complexidade elevado, a aplicação desse conhecimento para o setor é uma proposta que pode trazer uma grande contribuição para a sociedade;

XI- Finalmente, resta ressaltar que as principais contribuições dessa tese são: i) como os atributos de sistemas complexos se relacionam com os potenciais de sistemas resilientes; ii) caracterizar a complexidade de uma empresa de operação de sistemas de energía; iii) como utilizar o RAG para medir os potenciais de resiliencia em Centros de Controle e Operação de Sistemas Elétricos de grande porte.