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Estudo de Caso

6.3 Análise econômico-financeira dos diversos mecanismos de garantia financeira, comparado ao custo de fechamento do estudo de caso

6.3.3 Avaliação dos custos de recuperação ambiental e fechamento da mina de Capão Xavier

MBR (1992) apud Souza (1999) informa que a MBR desenvolveu uma política de proteção ambiental, com implantação, nas instalações industriais da empresa de sofisticados projetos de proteção ambiental como monitoramento das águas efluentes das barragens de contenção de rejeitos, controle das detonações, reabilitação de áreas mineradas, revegetação com árvores de espécies nativas e emprego de técnicas de semeadura nas minas de Águas Claras, Mutuca e Pico. Tais providências resultaram na preservação de áreas para criação de reservas ecológicas e reservas florestais. Todo o esforço representa gastos que correspondem a 4% do custo total de operação da empresa, que sempre se preocupou em minerar sem degradar. Nos últimos 20 anos, que antecederam 1992, a empresa investiu cerca de 100 milhões de dólares em sistemas de controle e proteção ambiental.

Na atualidade, os investimentos em preservação ambiental constituem uma necessidade vital da mineração de ferro. Como a atividade causa grande impacto ambiental, as grandes mineradoras brasileiras têm desenvolvido extensos projetos de conservação ambiental. Dados do Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Ferro (SINFERBASE), apresentam (TAB. 6.18) o investimento em controle e preservação ambiental realizados no Brasil (PAULA, 1993a).

TABELA 6.18

Gastos com controle e preservação ambiental - Minério de Ferro – Brasil

Ano Gasto Total (US$ milhões) % Faturamento

1988 50,5 2,6

1989 31,7 1,3

1990 38,7 1,5

1991 42,0* 1,5

Obs: * estimado

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Bolea (1977) apud Souza (1999) relata que organismos com certa experiência nesse campo, como o Banco Mundial, grupos empresariais de indústrias japonesas e norteamericanas e as administrações locais ou federais de diversos países, têm indicado que os custos adicionais devido à proteção ambiental e à saúde incidem no custo dos projetos entre 0 a 3% do total do investimento.

Taveira (1997) apud Souza (1999) informa que na SAMARCO os custos ambientais representam 2,5% de seu faturamento. Pereira (1991) apud Paula (1993b) relata que a MBR gasta cerca de 4% de seu custo de operação com ações ambientais.

Cavalcanti (1996a) apud Souza (1999) informa as despesas em meio ambiente com o custeio de US$ 579.000 e com o investimento de US$ 3.779.000 no período de 1990 a 1993, referentes à mina do Igarapé Bahia/PA, e compara esse total (US$ 4.358.000) com os gastos totais no empreendimento (US$ 130.000.000). Ou seja, as despesas totais em meio ambiente equivalem a 3,35% dos gastos. Conclui-se que a porcentagem de 3,35%, se inclue na média de empresas de mineração de ouro operando no Primeiro Mundo quando não há o problema da drenagem ácida.

Oliveira Júnior (2001), em sua tese de doutorado, observou que os aumentos nos custos de produção para provisionamento de recuperação de áreas degradadas estão na faixa de 0,50% a 3%, partindo-se do estudo dos custos de recuperação por hectare de áreas com matas nativas e pastagem (R$/ha) referentes a três empresas: Química Geral do Nordeste (QGN), produtora de barita; Ottomar Mineração, areia; e a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA).

Comparação entre os casos das minas de ouro da Rio Paracatu Mineração – RPM em Paracatu/MG e da CVRD em Teofilândia/BA, mostra que os gastos ambientais totais representam, respectivamente, cerca de 7,16% e 1,75% em relação ao total de investimentos realizados pelas empresas em seus projetos (Cassiano e Cavalcanti, 1996) apud Bitar (1997). No caso de Teofilândia, os gastos correspondem a cerca de 3,3% das despesas de operação do empreendimento (CAVALCANTI, 1996b) apud (BITAR, 1997).

Com base nos dados da literatura e nas premissas a seguir, obteve-se o custo total de recuperação e fechamento da mina de Capão Xavier, tomando-se o maior valor encontrado e incluindo neste valor as despesas com projetos, contigências, BDI, etc.

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• adoção das informações da TAB. 6.9 (Dados correlacionados com as informações da TAB. 6.10);

• faturamento/receita – R$ 4.166.550.000,00 obtido no item 6.3.2; • custo da operação – R$ 2.946.400.000,00 obtido da TAB. 6.10; • 4% custo de operação – R$ 117.856.000,00

• 2,5% do faturamento/receita – R$ 104.163.750,00

Total: R$ 117.856.000,00 – Equivale a 2,829% sobre o faturamento/receita total. 6.3.4 Avaliação dos Custos dos Mecanismos de Garantia Financeira

Os custos de garantia são expressivos. As taxas associadas com as garantias de terceiros (cartas de crédito, garantia de desempenho e recuperação, garantias de banco, etc.) variam de 0,37% a 1,5% da avaliação do valor de face. Custos diretos de garantias mais flexíveis são de difícil estimativa e refletem em grande parte a quantidade de esforço necessário para a satisfação das exigências administrativas. Porém, custos indiretos podem resultar numa redução da capacidade de solicitação de empréstimos e num aumento no custo de crédito para a empresa. No Canadá, Japão e África do Sul, depósito à vista e para um fundo de garantia são dedutíveis do imposto devido, mas os ganhos financeiros do fundo são tributáveis (MILLER, 2005).

Os conceitos e critérios atuais para a determinação de limites a serem concedidos e as taxas a serem aplicadas levam em consideração, além do exame do contrato e de obras ou serviços a serem executados, a Receita Operacional Líquida para as micros e pequenas empresas e o Patrimônio Líquido para as médias e grandes. Dentro desses critérios, as taxas variam de 0,45% a 4,0% ao ano pró-rata die (MALUCELLI, 2005).

Para que as empresas possam se habilitar a operar com seguro garantia como tomadores, é necessário que se cadastrem junto ao Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Aí será estabelecido o limite de garantia (linha de crédito) a que têm direito e definida a classe de risco (A, B, C ou D), que definirá a taxa a ser aplicada em suas operações, que varia de 0,45% a 2,25% ao ano. Após a realização do cadastro e da análise do contrato objeto da garantia, as apólices são emitidas. Diferente das operações bancárias, em que a empresa tomadora dispõe de linha de crédito por banco, no seguro garantia tem apenas um limite de crédito, centralizado no ressegurador (O EMPREITEIRO, 2004).

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FOZ, L. R., Diretor Presidente da UBF – Garantias e Seguros S.A (O Empreiteiro, 2004), explica que enquanto nos Estados Unidos o seguro garantia exigido é de 100% do valor do contrato, no Brasil está entre 5% a 10% em projetos públicos e varia de 10% a 30% nos contratos particulares.