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1. INTRODUÇÃO

3.4 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA RELAÇÃO UNIVERSIDADE

Um dos aspectos que diferencia as colaborações U-E de outros tipos de parcerias de P& D se refere aos resultados dos projetos, que muitas vezes são intangíveis e, portanto, não passíveis de medição direta. Em parcerias que se concentram em gerar conhecimento científico que está relativamente longe de ser comercializado, o valor dos resultados do projeto é difícil de avaliar. Isto é devido a incertezas sobre se o conhecimento gerado acabará por resolver

problemas técnicos ou se resultará em novos produtos (PERKMANN; NEELY; WALSH, 2011). Além disso as colaborações U-E são muito diversificadas e apresentam diferenças de objetivos e resultados, de acordo com as diferentes áreas científicas de atuação da universidade (OKAMURO; NISHIMURA, 2013). Assim, um dos desafios para a gestão da relação U-E é a forma de avaliar esse relacionamento que envolvem diversidade, incertezas, conflitos e valores intangíveis.

As empresas para se manterem no mercado precisam de constante atualização, investindo em inovações para acompanhar as tendências e se manterem em condições de competir com as suas concorrentes (AGUIRRE et al., 2009). Só que as pesquisas que geram inovações têm um custo elevado, que as empresas muitas vezes não conseguem absorver, sendo assim para se manterem no mercado se faz necessário a busca por alternativas mais baratas, sendo uma destas alternativas a parceria com universidades.

Vários estudos examinaram o papel importante que as universidades têm na inovação das empresas. Geralmente, a relação U-E diminui os custos, evita falhas e diminui os riscos dos parceiros, levando ao aumento da produtividade. Neste sentido a relação U-E é uma fonte importante de novos conhecimentos para as empresas e também uma forma eficiente das empresas alcançarem inovações destinadas a abrir novos mercados e segmentos (ZENG; XIE; TAM, 2010).

Enquanto universidades e empresas cada vez se envolver mais em colaborações formais como estratégia para redução de custos e desenvolvimento de inovação, há uma falta de ferramentas para avaliar os resultados de tais colaborações.

Os esforços para medir o desempenho em parceria U-E tendem a sofrer em dois pontos fracos. Em primeiro lugar, a ênfase geralmente é dada para itens de saída ou resultados que oferecem fácil quantificação, tais como patentes ou publicações acadêmicas, sendo difícil avaliar a estrutura organizacional e os processos que geram tais resultados, bem como o impacto real deste esforço na inovação (GRIMALDI; VON TUNZELMANN, 2002). Em segundo lugar, a avaliação é muitas vezes com base na avaliação da satisfação dos participantes com o processo e os resultados (PERKMANN; NEELY; WALSH, 2011). Embora a avaliação subjetiva (de satisfação das partes envolvidas) tenha o seu papel na mensuração dos processos complexos, bem como a dos itens de saída (resultados gerados), é necessário complementar essas medidas com itens que possam avaliar com mais profundidade esse contexto, considerando todas as etapas e aspectos que envolvem as parcerias U-E.

Para que as colaborações entre universidades e empresas tragam os resultados almejados para ambas as partes, é necessário se ter uma boa gestão dos projetos desenvolvidos em

parcerias (BIGLIARDI et al., 2015). Para isso é importante ter um sistema de avaliação, com indicadores capazes de medir o desempenho das parcerias para garantir que uma colaboração se desenvolva de forma eficiente e eficaz. Sendo que os sistemas de avaliação devem ajudar os gestores para monitorar as parcerias em curso, tornando assim possível realizar ajustes e melhorias (PIVA; ROSSI-LAMASTRA, 2013).

A transferência de conhecimentos entre universidades e empresas é conduzida por meio de várias atividades. Portanto, ao analisar e avaliar as colaborações entre a academia e as empresas, é importante considerar a diversidade de conexões (SEPPO; LILLES, 2010).

Embora a pesquisa sobre as relações U-E tradicionalmente tenha se concentrado na transferência de propriedade intelectual (patenteamento, licenciamento, comercialização), observadores recentes apontam para uma natureza mais multifacetada das relações U-E (PERKMANN; WALSH, 2007). Sendo assim, indicadores populares para medir a colaboração U-E com a quantidade de patentes ou licenças, não expressam as transferências de conhecimento e a colaboração U-E de forma adequada, pois a colaboração e as transferências de conhecimento também ocorrem por meio de outros tipos de colaboração (SEPPO; LILLES, 2010). Neste contexto, a importância da escolha de indicadores apropriados para medir o desempenho da relação U-E, se torna uma tarefa complexa, pois se deve reconhecer a variedade de atividades de transferências do conhecimento realizadas e as especificidades de cada uma dessas atividades (ROSSI; ROSLI, 2014).

Devido à diversidade de canais de transferências de conhecimentos entre universidades e empresas, é importante analisar a colaboração U-E de forma sistemática. Para obter uma compreensão adequada da colaboração entre universidades e empresas e seu impacto econômico na sociedade, devem ser utilizados indicadores adequados (SEPPO; LILLES, 2010). Um dos principais desafios para a gestão da relação U-E é a forma de analisar e avaliar essas parcerias, pois estão envolvidos interesses diferentes entre as partes. Sendo assim a avaliação do desempenho da relação U-E precisa contemplar o uso de variáveis quantitativas e qualitativas que contemplem informações dos diferentes níveis organizacionais e em diferentes pontos no tempo. Neste contexto a construção do modelo de avaliação é claramente uma tarefa complexa (BONACCORSI; PICCALUGA, 1994). Por conseguinte, Hellstron e Jacob, (1999) salientam que as avaliações das parcerias e dos mecanismos de transferências de conhecimento são importantes para as duas organizações envolvidas, mas com o crescimento das parcerias U- E torna-se imprescindível que as universidades se concentrem sobre a questão da elaboração de um sistema de gestão eficiente para a avaliação das investigações feitas em colaboração com as empresas.

A avaliação de desempenho fornece uma maneira de avaliar o progresso ao longo do tempo de atividades específicas, por meio da quantificação de aspectos fundamentais dessas atividades. Como nenhuma medida pode representar todos os aspectos salientes de uma atividade, um conjunto de medidas é geralmente necessária para um sistema de avaliação de desempenho (NEELY, 2005). Sendo assim e considerando a complexidade das atividades desenvolvidas pela universidade em parcerias com empresas, deve se adotar um sistema multicritério que comtemple as particularidades do contexto para realizar a avaliação de desempenho da relação U-E, para que o gestor tenha uma ferramenta que o apoie no processo decisório.

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo está subdividido em 3 seções: a primeira dedicada ao (i) Mapeamento das pesquisas realizadas na área de avaliação de desempenho da relação universidade-empresa; e a segunda dedicada a (ii) Apresentação dos resultados obtidos com a construção do modelo de avaliação de desempenho da relação da UFTPR Câmpus Pato Branco com as empresas; e a terceira e última dedicada ao (iii) Cotejamento dos indicadores do modelo com os indicadores extraídos da literatura, bem como o cotejamento entre 2 modelos construídos.

4.1 MAPEAMENTO DAS PESQUISAS REALIZADAS NA ÁREA DE AVALIAÇÃO DE