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4 LIVRO ICONOGRÁFICO: DIÁRIO DE BORDO, UMA VISITA A

4.2 Avaliação do Produto Educacional a Distância

O presente tópico tem como objetivo apresentar o resultado da avaliação da aplicação realizada a distância, de nosso Produto Educacional – Diário de Bordo: uma visita a Salas Multisseriadas do RN. Como já antevemos, foi realizada por e-mail, via coordenação do curso presencial de Pedagogia do Centro de Educação da UFRN, contendo uma breve explicação sobre a pesquisa e a importância da participação dos estudantes do curso, o link do Livro e o Formulário Google, que foi elaborado com as mesmas questões do questionário impresso. O formulário ficou aberto por quinze dias, a partir da data do envio do e-mail, dia 25 de agosto de 2020. Nesse período 26 pessoas responderam.

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A tabulação dos dados49 foi gerada automaticamente pela própria plataforma, diferente da aplicação presencial, o que facilitou a análise dos dados.

Como não estávamos presentes no momento em que os voluntários responderam ao questionário, foi preciso uma primeira afirmação: li o Livro Icnográfico; assim, 22 pessoas responderam que sim, e 4 que não. Dessa maneira, foi preciso descartar esses quatro formulários em que as pessoas responderam negativamente, porque os voluntários não têm como responder e avaliar as outras questões sobre o Livro se não conseguiram ler, independentemente do motivo, consideramos inválidos. Contudo, analisamos os 22 formulários restantes.

Sobre o perfil dos estudantes que responderam ao questionário, temos uma presença predominantemente feminina, 18, enquanto 4 masculinos, o oposto da turma de Informática na Educação Matemática, o que exemplifica e fortalece a discussão que tivemos, no tópico 3.1 Perfil dos professores Entrevistados, do capítulo 3. Nuances e representações: os olhares para As Salas Multisseriadas, desta dissertação, de que ainda existe uma predominância das mulheres no campo da atuação docente nas primeiras fases da Educação Básica.

Com relação à idade dos estudantes, 1 respondeu ter menos de 20 anos, sendo 10 dentro da faixa dos 20 a 30 anos, 8, dentro da faixa dos 31 a 40 anos, e 3 na faixa dos 41 a 50 anos, o que é interessante porque revela a volta dos adultos maduros à sala de aula. Vimos um reflexo desse movimento também em nossas nas entrevistas.

Quanto à moradia, 15 são moradores de Natal, e os outros moram em cidades próximas a Natal, sendo 2 de Nísia Floresta, 2 de Parnamirim e 1 de Arês50, sendo essa última a mais distante. Com relação à formação, todos estudavam em turmas de Pedagogia, porém um afirmou que era a segunda graduação, a primeira era Biologia.

No tocante aos professores em formação, 14 responderam que já exerceram atividade docente, enquanto 8 não exerceram. Desses 14, o tempo máximo de atuação foi de “quase 10 anos”, e o mínimo de 1 ano de atuação, dois falaram que têm experiência como auxiliar de sala, e outro que dá aulas particulares. Da mesma forma que os estudantes da turma de Informática da Matemática, e mesmo, a maioria dos estudantes tendo alguma experiência em sala de aula, não chega a ultrapassar a marca de 10 anos em sala, que caracteriza perfil com experiência relativamente baixa, em relação à docência.

49 Tabulação completa disponível em: https://docs.google.com/spreadsheets/d/e/2PACX-

1vTqcHdj2PagznNvu8I33GuYo6o44l0tcX7yuLP2jCLLrOq00J0c_TqJT1rq_OkjoibW3HbcO8F6sNqN/pub?out put=pdf

50 As distâncias entre as cidades, que os professores em formação moram, e a cidade de Natal, por ordem alfabética, encontram-se no Apêndice K.

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Para além do perfil dos voluntários que cursam Pedagogia, vamos agora analisar as respostas referentes às proposições sobre o Livro Icnográfico.

Sobre as primeiras duas proposições, não pudemos analisá-las independentemente porque ao fazer uma análise preliminar e superficial da proposição – Já sabia o que eram Salas Multisseriadas, antes de ver o Livro Iconográfico – a nossa primeira intenção foi tentar explicar assim: a maioria respondeu que sim, o que nos leva a inferir que por serem estudantes de Pedagogia, porventura em algum momento podem ter tido contato com o tema. Porém, a proposição seguinte – Tive aproximação durante a Graduação com o tema abordado no Livro – os voluntários em sua maioria 36,4% discordaram totalmente, e 40,9% discordaram parcialmente, o que derrubou nossa tentativa de explicação, já que nossa tese era que estudantes de pedagogia tiveram conhecimento sobre as Salas Multisseriadas no curso, dessa maneira, precisamos levar em consideração as experiências pessoais e que vão além do curso de formação. E, ainda, fortalece a afirmação de Parente (2014, p. 5), que vale a pena ser relembrada:

Muitos professores saem dos cursos de licenciaturas sem saber da existência de turmas multisseriadas. Isso é corroborado pela evidência empírica de que os cursos de formação de professores nas várias instituições de ensino superior brasileiras sequer tratam da questão, seja do ponto de vista político-legal, seja do ponto de vista metodológico (PARENTE, 2014, p. 5).

Parente (2014), fala das licenciaturas de uma maneira geral, isso se torna mais grave, quando se trata dos pedagogos, uma vez que esses assumirão, em muitos casos, a docência em Salas Multisseriadas. Essas proposições juntas, inclusive, nos ajudam a destacar ainda mais a importância do nosso estudo, do nosso tema e da necessidade de esses estudos chegarem à formação inicial de fato.

Na terceira proposição a maioria concordou plenamente que o Livro apresenta fotografias sobre as Salas Multisseriadas.

E na quarta, podemos inferir que todos concordaram, 69,2% concordaram plenamente, e 31% concordaram parcialmente, sem nenhuma porcentagem nas outras alternativas, que era possível compreender a definição de Salas Multisseriadas no decorrer das páginas do Livro. Nesse ponto é importante destacar que fizemos algumas alterações no Livro, sugeridas tanto pela Banca de Qualificação quanto pela análise do questionário aplicados presencialmente, como uma explicação mais nítida na apresentação do Livro, sobre o que eram as Salas

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Multisseriadas, legendas nas imagens, podem ter ajudado a contribuir com esse melhor resultado.

Podemos ver que 45,5% dos voluntários concordaram plenamente que o Livro indica práticas de ensino de Matemática, enquanto 9,1% discordou plenamente, isso em números absolutos representa que 10 voluntários concordaram plenamente, 6 concordaram parcialmente, 2 discordaram totalmente, 2 discordaram parcialmente e 2 responderam que não sabiam.

A maioria dos estudantes de Pedagogia concordam com a proposição de que o Livro é criativo, o que fortalece a justificativa dada na análise do questionário, da turma de Informática na Educação Matemática.

Com relação à proposição – O Livro pode ser usado para estudos e pesquisas – 63,6% concordaram plenamente com ela, o que também converge para a análise dos dados da turma presencial.

Todos os resultados das outras proposições estão muito próximos das analisadas na outra turma em que o Livro foi apresentado, 59% concordaram plenamente que o Livro pode servir como material didático do professor do Ensino Superior em disciplinas voltadas à História da Educação. 63,6% concordaram plenamente que o Livro inspira o interesse pelo assunto abordado.

A última proposição do questionário foi aberta para que os participantes pudessem ter liberdade para escrever sua opinião sobre nosso Livro, a saber: Sua opinião é muito importante para nós. Deixe a seguir suas críticas e/ou sugestões – Assim, 14 estudantes decidiram deixar uma contribuição e apenas 8 não escreveram nada, percebemos o interesse da maioria em participar contribuir com a pesquisa.

Destacaremos algumas opiniões que podem exemplificar nossos argumentos e os objetivos tanto do Livro Iconográfico quanto da nossa pesquisa, todas as transcrições estão disponíveis no Apêndice M.

Quero parabenizar pela pesquisa. Os depoimentos dos docentes dessas turmas chegam a emocionar e nos fazer refletir sobre a situação das escolas do interior do nosso Estado. De um lado, temos o absurdo da falta de estrutura e de recursos das escolas, a dificuldade de ensinar uma turma com crianças em idades tão diversas. De outro, nós temos esperança dos professores que, preocupados ou temerosos com a situação diária, mantêm o amor pelo fazer docente, o carinho pelas crianças e a fé em uma educação que pode mudar a vida desses alunos (ESTUDANTE 20, Apêndice M, 2020).

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Esse estudante mostra a percepção da realidade, por muitas vezes dura, mas também a esperança do esforço pessoal que os professores têm, que foram demonstrados pelos trechos de entrevistas do Livro. Muitos acharam interessante a abordagem do livro, disseram que gostaram:

Um trabalho instigante ao aprofundamento do assunto. Amei o livro. Acho que poderia ter mais fotografias das atividades (tanto no quadro, como no caderno). A foto da tarefa no caderno lembrou minha infância. Eu estudei a educação infantil em uma cidade do interior e as atividades eram exatamente assim (e olhe que isso já tem quase 30 anos). Parabéns pela pesquisa, está maravilhosa (ESTUDANTE 25, Apêndice M, 2020).

O Estudante 19 (Apêndice M, 2020) afirmou ter estudado em uma Sala Multisseriada: “O livro está muito bom, eu estudei em uma sala multisseriada na zona rural de Tangará51 e era bem do jeito que estava no livro, é claro que faz alguns anos, então algumas coisas mudaram”. Ele também sugeriu que poderíamos buscar “a visão dos alunos, sobre como eles encaram e se não é confuso para eles, assim poderia ajudar a ministrar futuramente”. Como este estudo é direcionado ao ensino, e não à aprendizagem, a percepção dos alunos não foi o foco de nossa pesquisa, por escolha, mas essa perspectiva poderia muito bem servir de ponto de partida para estudos futuros.

Outros professores vieram a conhecer as Salas Multisseriadas pelo nosso Livro, como o Estudante 24 (Apêndice M, 2020): “eu não tinha conhecimento sobre a existência de classes multisseriadas. Entendo que elas são necessárias diante do contexto social onde estão localizadas”. Ou do Estudante 25 (Apêndice M, 2020), que achava que as Salas Multisseriadas “já haviam sido extintas”.

Um outro professor destacou a importância do Livro para a vida profissional dele: “Acho que você, através deste trabalho me deu um norte em relação às minhas pretensões pedagógicas” (ESTUDANTE 28, Apêndice M, 2020). O que muito nos impressionou, pois se um estudante se sentiu inspirado por nosso trabalho, já podemos considerar que logramos algum êxito.

Também tivemos críticas e sugestões:

O livro traz informações básicas e assertivas, recheado de relatos dos professores que estão em salas de aulas multisseriadas e imagens dos materiais didáticos e das estruturas das escolas visitadas para a realização do trabalho. Um trabalho básico e resumido, senti falta de uma explicação

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mais complexa sobre as salas multisseriadas no início do livro e de um pequeno glossário no final. Creio que tornar o livro mais dinâmico com caixas de texto informativas, trazendo a contextualização sobre a metodologia, sobre a realidade do município, da escola, da sala, do professor, dos alunos, enriqueceria o trabalho. De modo geral, considero importante e rica a pesquisa na área. Parabéns pela elaboração do produto educacional (ESTUDANTE 29, Apêndice M, 2020).

Assim como:

senti falta de uma explanação sobre o que é um livro iconográfico e o que diferencia de um livro que não é iconográfico, assim acredito que minha leitura do livro seria diferente e teria contribuído com mais precisão em minhas respostas (ESTUDANTE 23, Apêndice M, 2020).

Podemos fazer algumas inferências a respeito dos dois relatos, e que se entrecruzam, a primeira é que um Livro iconográfico tem uma natureza imagética, pelo dicionário de Oxford52, a iconografia é o estudo descritivo da representação visual de símbolos e imagens, sem levar em conta o valor estético que possam ter. Podemos acrescentar que a iconografia é uma forma de linguagem visual que usa imagens para representar um tema, isso já discutimos no início deste capítulo. Dessa maneira, pela natureza de um Livro Iconográfico, não teria como acrescentar muita coisa escrita, inclusive existem Livros Iconográficos, que apresentam pouca escrita53 ou nenhuma legenda54. Com relação ao Estudante 29, podemos dizer também que a explicação mais complexa pode ser encontrada na dissertação, talvez não em todos os aspectos que ele menciona, mas em muitos deles. O interessante é perceber como cada pessoa faz sua leitura e interpretação e como podemos aproveitar esse olhar diferenciado do nosso, de pesquisadores, para impulsionar o nosso pensamento com o intuito de aperfeiçoar nosso trabalho.

Diante de tudo que foi apresentado até agora, e tendo conhecimento das nossas limitações, podemos inferir que nosso Livro teve boa aceitação entre os estudantes a quem foi socializado, além disso, percebemos uma sensibilização e possível interesse pelo tema por nós proposto. Dessa maneira, sugerimos a utilização do Livro como forma de apresentar o contexto das Salas Multisseriadas a alunos em formação inicial, principalmente na graduação em Matemática-Licenciatura e Pedagogia.

52 Disponível em: https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/

53 SANTOS, Valdeci dos. Iconografia de tessituras formativas. Feira de Santana, BA. Disponível em: http://www.valdeci.bio.br/pdf/livro_iconografia_tessituras_formativas_.pdf

54AZEVEDO, Orlando. Marinhas: arqueologia da morte. Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2010. Acervo

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Portanto, salientamos a importância do nosso Produto para a Educação e entendemos que atingiu nossos objetivos ao pensarmos em sua elaboração e composição.

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