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Avaliação dos impactos nos estudos analisados

APÊNDICE 07. Paisagem urbana e patrimônio natural e cultural

4.3. Avaliação dos impactos nos estudos analisados

Neste item, identificam-se os argumentos utilizados nos estudos analisados para classificar os impactos em positivos ou negativos. Nas tabelas elaboradas acerca de cada uma das categorias de análise (Apêndice - Tabelas 1.2, 2.2, 3.2, 4.2, 5.2, 6.2 e 7.2) constam informações sobre a avaliação dos impactos identificados pelos estudos analisados.

A seguir, são feitas algumas considerações acerca das argumentações constantes nos estudos analisados sobre a classificação dos impactos:

Quanto ao adensamento populacional

▪ Segundo os estudos referentes ao Amoraeville e Marina Philippi, o incremento populacional a ser ocasionado pelos empreendimentos foi classificado como impacto positivo, visto que ocasiona maior apropriação do espaço, dinamiza a vida urbana, com efeito positivo sobre a segurança da área, favorece o comércio local, proporciona a otimização dos serviços e equipamentos comunitários, gera emprego e renda. Os demais empreendimentos não classificam o impacto do adensamento em positivo ou negativo.

▪ O estudo relativo ao Amoraeville também classifica como impacto positivo os itens “tráfego de pedestres” e “nova ocupação” (expansão da área residencial), por dinamizar a vida urbana e aumentar informalmente a segurança da área. Contudo, verifica-se que a utilização de categorias de análise diferentes das estabelecidas no Estatuto da Cidade, como “tráfego de pedestres” e “nova ocupação”, dificulta a compreensão das informações constantes no estudo.

▪ O estudo relativo ao empreendimento Marina Philippi menciona a existência de comunidade tradicional na área de entorno, além de fazer uma ressalva quanto ao possível deslocamento dos atuais moradores e em relação aos potenciais impactos negativos a serem causados pelo empreendimento. Contudo, tais considerações são ignoradas durante a fase de avaliação dos impactos e de propostas de medidas mitigadoras.

▪ Embora não tenha sido classificado como impacto negativo, consta no EIV do Lanai que o aumento do número de usuários, funcionários e veículos possui efeitos agravantes sobre a demografia, equipamentos urbanos e comunitários, sobre o tráfego e o transporte coletivo. ▪ Verifica-se, portanto, uma grande dificuldade de

155 visualizar os possíveis impactos a serem ocasionados nos estudos relativos aos empreendimentos Marina Philippi e Amoraeville, já que não estão explícitos os aspectos positivos e negativos de acordo com cada categoria de análise prevista no Estatuto da Cidade. Quanto ao EIV do Lanai, constata-se que várias questões apontadas na etapa de identificação dos impactos não são consideradas na etapa de avaliação dos impactos. E, por último, no caso do estudo do empreendimento da Koesa, embora os impactos não tenham sido classificados como positivos e negativos, é facilmente percebível que os impactos negativos a serem ocasionados pelo empreendimento foram totalmente ignorados.

Quanto aos equipamentos urbanos e comunitários

▪ A implantação de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) foi considerada como impacto positivo nos estudos referentes ao Amoraeville e Marina Philippi. Contudo, tais medidas deveriam ter sido classificadas como medidas mitigadoras, visto que têm a finalidade de evitar/mitigar os eventuais impactos a serem ocasionados em decorrência da ausência de infraestrutura adequada.

▪ Os estudos relativos aos empreendimentos Marina Philippi e Amoraeville consideraram como impactos negativos a produção de efluentes, a produção e coleta de resíduos sólidos e a impermeabilização do solo. O estudo referente ao empreendimento Marina Philippi acrescentou, ainda, aos impactos negativos, o aumento na demanda por serviços de segurança e por espaços públicos de lazer. O estudo relativo ao empreendimento Amoraeville, por sua vez, embora não tenha classificado como impacto negativo, constatou a possibilidade de falta d´água em períodos críticos.

▪ O programa de reciclagem foi considerado um impacto positivo no estudo do Lanai. Contudo, tendo em vista que o referido programa objetiva minimizar os impactos da produção de resíduos, poderia ter sido classificado como

medida mitigadora. O estudo relativo ao Lanai alega, ainda, que haverá um agravamento das condições de atendimento odontológico e médico especializado e um agravamento no déficit de atendimentos para o ensino pré- escolar.

Quanto ao uso e ocupação do solo

▪ Embora alegue que o empreendimento não causará impacto quanto ao uso e à ocupação do solo, o estudo relativo ao empreendimento Marina Philippi menciona acerca do possível deslocamento dos proprietários das edificações de padrão construtivo mais reduzido existentes no entorno.

▪ O Amoraeville considera como impacto positivo o item denominado “nova ocupação”. No entanto, a referida classificação é genérica e pouco conclusiva.

Quanto à valorização imobiliária

▪ Os estudos relativos ao Amoraeville e Marina Philippi classificam como impacto positivo a valorização imobiliária. Contudo, os referidos estudos não esclarecem “para quem” os impactos são considerados positivos. ▪ Embora o estudo relativo ao Amoraeville tenha constatado a possibilidade de deslocamento da população nativa, tal processo foi avaliado como “normal do dinamismo urbano”. Portanto, a eventual expulsão da população nativa não foi considerada um impacto negativo.

▪ No caso do Hotel Lanai, por sua vez, o estudo classificou como impacto positivo a valorização dos imóveis (em até 50%, a médio e longo prazo) e como impacto negativo a desvalorização dos imóveis localizados no seu entorno imediato (em cerca de 10%, devido ao aumento de tráfego).

▪ Quanto ao estudo relativo ao empreendimento da Koesa há uma confusão na classificação dos impactos, medidas

157 mitigadoras e medidas denominadas como “qualificatórias”. Ademais, o estudo não classifica os impactos em positivos e negativos, dificultando sua avaliação. Apesar disso, o estudo classifica a valorização imobiliária como uma “medida qualificatória”.

Quanto à geração de tráfego e demanda por transporte público

▪ Os estudos relativos aos empreendimentos Amoraeville e Marina Philippi consideram como impacto negativo o aumento no trânsito de veículos pesados, geração de ruídos e aumento do risco de acidentes, especialmente durante as atividades de implantação. No caso do Amoraeville, o aumento do risco de acidentes deve-se à proximidade do acesso proposto com uma via de alta velocidade, além da existência de uma curva na sequência do percurso. Quanto ao Marina Philippi, o estudo alega que um dos cruzamentos de acesso ao empreendimento já está sobrecarregado e apresenta problemas de segurança. ▪ Embora o estudo relativo ao Hotel Lanai alegue que as condições operacionais dos acessos ao empreendimento continuarão deficientes caso não sejam adotadas medidas corretivas, o estudo não classifica o aumento da geração de tráfego como um impacto negativo.

Quanto à ventilação e iluminação

▪ Os estudos avaliados não classificaram nenhum impacto positivo ou negativo em relação à iluminação e ventilação. ▪ Ressalte-se que os estudos relativos aos empreendimentos da Koesa e o Lanai alegam que a localização do empreendimento favorece a minimização dos impactos gerados quanto aos aspectos de sombra e ventilação. Entretanto, o estudo não esclarece quais os impactos a serem minimizados, e nem de que forma a localização do empreendimento favorece a minimização desses impactos.

cultural

▪ O estudo relativo ao empreendimento Amoraeville considera impacto negativo a supressão da cobertura vegetal e impacto positivo o tratamento paisagístico proposto, que ampliará a área de lazer público da vizinhança. Além disso, o estudo alega que a supressão da vegetação é considerada pequena e que será mantida a mata quaternária existente. O estudo referente ao empreendimento Marina Philippi, por sua vez, classifica como impacto positivo o projeto paisagístico da área. ▪ Embora não classifique como um impacto negativo, o estudo relativo ao empreendimento Marina Philippi alega que as diferenças tipológicas entre as novas edificações e as antigas podem causar um impacto negativo à paisagem ▪ Quanto ao Amoraeville e Marina Philippi, os estudos afirmam que os empreendimentos não podem ser considerados impactos relevantes em relação à paisagem cultural, por apresentarem uma continuidade do processo de ocupação iniciado em anos anteriores (no caso do Amoraeville, em 1981, na ocasião da implantação de Jurerê Internacional26, e no caso do empreendimento Marina Philippi, no fim da década de 1970 e início da década de 1980).

▪ Segundo o estudo acerca do Hotel Lanai, o principal impacto negativo refere-se à vista do empreendimento a partir da Lagoa, o qual decorre muito pouco do volume da edificação, mas principalmente da cor sugerida na maquete eletrônica, que contrasta com o verde da paisagem. Contudo, em geral, a escolha das cores de uma edificação,

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Conforme o Estudo de Impacto de Vizinhança referente ao empreendimento Amoraeville: “A paisagem com predominância dos elementos naturais e com

características de ocupação rural foi substituída, de forma abrupta, significativa e planejada, por um empreendimento urbano-turístico que estabeleceu regras de controle para manter a unidade do conjunto, para tanto, determinou um traçado regular, estabeleceu as tipologias e forneceu infra- estrutura urbana completa”. (AMBIENS, 2004, p. 74).

159 embora tenha a capacidade de minimizar o impacto de uma determinada volumetria na paisagem, não é suficiente para evitá-lo.

4.4. Propostas de medidas mitigadoras nos estudos analisados