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Capitulo IV- Apresentação e Discussão do processo de Intervenção

2. Avaliação dos Resultados Obtidos

No início deste processo de intervenção foi realizada uma avaliação das necessidades e do contexto da instituição, assim como das capacidades físicas dos utentes. Esta avaliação diagnóstica do meio envolvente e dos utentes, que já foi referida em capítulo anterior, permitiu recolher informações fundamentais para a implementação do projeto, como foi o de possibilitar estabelecer o ponto de partida e de ajudar a escolher os métodos de intervenção e as atividades que iriam ser propostas.

Num segundo momento de avaliação, e como forma de aferir o desenvolvimento do processo de intervenção e se a implementação deste processo estava a atingir os seus objetivos e a corresponder às expetativas dos utentes, foi realizada uma avaliação intermédia através de uma entrevista semi-dirigida a cada um dos utentes, tanto do Centro de Dia como do Lar de Idosos. Optei por este método devido a existir entre o público-alvo bastantes utentes que são analfabetos e que, com certeza, teriam bastante dificuldade em responder a um questionário escrito.

Assim, nesta avaliação intermédia, a cada utente foram colocadas quatro questões que achei pertinente para aferir o grau de satisfação entre eles. Na primeira questão pretendi apurar sobre a motivação com que eles encaravam as atividades propostas, pois achei que podia ser um bom indicador sobre a forma como os utentes estavam a responder à implementação deste projeto. Dos trinta e dois utentes (dezanove do Centro de Dia e treze do Lar de Idosos), vinte e sete responderam que se sentiam motivados para a participação nas atividades até ali propostas e cinco responderam “mais ou menos”, isto é, que não se sentiam especialmente motivados para realizar as atividades.

Quanto à segunda questão, que indagava sobre se as atividades propostas estavam a ir de encontro às expectativas por eles criadas, a resposta dos utentes foi muito semelhante à anterior, com vinte e sete a responderem que as atividades estavam a corresponder às expetativas; no entanto, cinco dos utentes responderam “mais ou menos”, pois achavam algumas atividades mais interessantes do que outras.

Na terceira questão procurava-se saber se os utentes consideravam que as atividades propostas estavam a ser adequadas às suas capacidades físicas, e se em algum momento tinham sentido

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dificuldade em realizar algum movimento ou exercício proposto. Vinte e quatro consideraram que não sentiram dificuldade em termos físicos em realizar as atividades; todavia, seis dos utentes responderam que, em alguns momentos, as limitações física resultantes das suas patologias ou do normal processo degenerativo da idade, levaram-nos a ter dificuldade em executar um ou outro exercício ou movimento. Estas seis respostas fizeram-me ter mais atenção e propor formas alternativas (se necessário) de realização de certos movimentos e exercícios aos utentes mais dependentes.

Quanto à quarta e última questão, sobre a satisfação quanto ao modo como as atividades estavam a ser dinamizadas, todos os utentes responderam que estavam satisfeitos e a gostar da forma como as atividades estavam a decorrer.

Importa referir que, nos minutos finais de cada atividade, durante o retorno à calma e os alongamentos que sempre eram realizados nessa parte da atividade, através de conversas informais com o grupo, incentivava a que expressassem as suas opiniões sobre a forma como a atividade tinha decorrido e sobre as dificuldades sentidas durante a sua realização. Essas opiniões ou comentários, assim como as minhas observações, durante a realização da atividades, do que corria menos bem, ou do que resultava melhor, eram anotadas no final das atividades e serviam para, depois, ir aperfeiçoando as atividades propostas.

A razão pela qual optei por não realizar um questionário ou entrevista para avaliar cada atividade foi que essa avaliação mais formal se iria tornar um processo enfadonho e repetitivo para os utentes.

No final da implementação do projeto e como forma de avaliação final foi realizada a cada utente uma entrevista semi- dirigida, com seis questões, para aferir os resultados de todo o processo de intervenção e se os objetivos propostos para este projeto tinham sido alcançados.

À primeira questão, que procurava perceber se os utentes tinham participado ativamente nas atividades, todos eles responderam que sentiam que tinham participado de forma ativa na realização das atividades que fizeram parte do processo de intervenção.

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Foi também colocada a questão sobre qual dos ciclos de atividades tinha sido mais do agrado dos utentes. Verificou-se, sem surpresa, que, claramente, as atividades que fizeram parte do ciclo destinados aos jogos e sociabilização foram mais do agrado dos utentes, com dezasseis deles a elegerem-nas como favoritas. O ciclo de coordenação motora foi eleito por cinco utentes como aquele de que mais tinham gostado. Também as atividades propostas no ciclo de equilíbrio e lateralidade tiveram o mesmo número de utentes, cinco, a escolherem-nas como as que mais lhes tinham agradado.

Já o ciclo das atividades de mobilização articular, resistência aeróbia e reforço muscular, foram referidos por dois utentes cada, como tendo sido o seu favorito.

19 13 0 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 7 - Participação ativa

Sim Não 1 1 1 1 1 1 3 2 3 2 10 6 0 2 4 6 8 10 12

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 8 - Ciclo de Atividade Preferido

Mobilização Articular Resstencia Aeróbia Reforço Muscular

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A terceira pergunta procurava saber se as atividades, de uma forma geral, satisfizeram as expectativas que eles criaram em relação a elas. Trinta dos utentes responderam afirmativamente e dois responderam “mais ou menos”.

À quarta questão, sobre a perceção dos utentes quanto ao facto de as atividades terem influenciado positivamente, melhorado ou impedido a degeneração das suas capacidades físicas na realização das suas tarefas básicas do dia-a-dia, todos os trinta e dois utentes responderam que, de alguma forma, sentiram que a participação nas atividades tinha sido benéfica para eles.

18 12 1 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 9 - Expetativa nas atividades

Sim Em parte Não

19 13 0 0 0 5 10 15 20

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 10- Influência na capacidade física

percecionada

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A quinta questão indagava sobre a forma como a participação nas atividades deste projeto influenciaram a integração e a sociabilização dos utentes e se considerava que elas foram momentos de convívio entre todos. Os utentes, na sua totalidade, responderam que também consideravam as atividades como uma oportunidade de conviver com os outros e uma forma de estreitar laços entre eles.

A sexta e última questão procurava saber dos utentes se sentiam que a sua participação nas atividades propostas no projeto contribuíram para tornar a sua vida mais ativa e saudável. Também a esta questão todos os utentes responderam afirmativamente.

19 13 0 0 0 5 10 15 20

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 11 - Participação nas atividades ajudou a

sociabilização

Sim Não 19 13 0 0 0 5 10 15 20

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 12 - Contribuição para uma vida ativa

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Tendo sido o tema deste projeto a atividade física com idosos e a promoção de uma vida mais ativa através da prática de exercício, podemos concluir, através da participação ativa e entusiasta dos utentes nas atividades propostas, que se conseguiu ultrapassar o preconceito segundo o qual, este tipo de atividade só pode ser realizada pelas gerações mais novas, e que, pelo contrário, nunca é tarde para iniciar qualquer a atividades.

Também se verifica, através dos resultados obtidos, que os utentes que participaram neste projeto passaram a reconhecer os benefícios que a prática regular e adaptada de exercício físico pode trazer, pois todos eles sentiram que, de alguma forma, as atividades tiveram uma influência positiva na capacidade de realizarem as suas tarefas diárias. Tendo consciência de que essas melhorias, em alguns casos, podem ter sido bastante pequenas, ou mesmo apenas que as suas capacidades físicas não se deterioraram, considero, não obstante, que só o facto de estes idosos sentirem que estão melhores e que o exercício os ajudou já é um enorme sucesso.

Outro dos aspetos a salientar é que que todos os idosos consideraram que estas atividades os ajudaram a estreitar laços de amizade e conhecer um pouco melhor todos os outros utentes, combatendo, assim, o isolamento e a solidão.

Assim, tendo em conta os objetivos a que me propus no início deste projeto, posso considerar que os resultados obtidos foram bastante satisfatórios.

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