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Atividade física com idosos: promoção de uma vida mais ativa e saudável

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Academic year: 2020

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Universidade do Minho

Instituto de Educação

Carlos Manuel Oliveira Gonçalves Forte

outubro de 2015

Atividade física com idosos: promoção

de uma vida mais ativa e saudável

Carlos Manuel Oliv

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Atividade física com idosos: promoção de uma vida mais ativ

a e saudável

UMinho|20

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Carlos Manuel Oliveira Gonçalves Forte

outubro de 2015

Atividade física com idosos: promoção

de uma vida mais ativa e saudável

Trabalho efetuado sob a orientação do

Doutor José Carlos de Oliveira Casulo

Relatório de Estágio

Mestrado em Educação

Área de Especialização em Educação de Adultos

e Intervenção Comunitária

Universidade do Minho

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Declaração para o Repositório UM

Nome: Carlos Manuel Oliveira Gonçalves Forte

Endereço eletrónico: cforte13@sapo.pt Telefone: 965285149 Cartão de Cidadão: 11113328

Relatório de Estágio: Atividade física com idosos: promoção de uma vida mais ativa e saudável Orientador: Doutor José Carlos de Oliveira Casulo

Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado em Educação Área de Especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE:

Universidade do Minho, ___/___/______

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Atividade física com idosos: promoção de uma vida mais ativa e saudável Carlos Manuel Oliveira Gonçalves Forte

Relatório de Estágio

Mestrado em Educação – Educação de Adultos e Intervenção Comunitária Universidade do Minho

2015 Resumo

Em Portugal, entre 2001 e 2011, a proporção de jovens (população dos 0 aos 14 anos de idade) decresceu de 16,2% para 14,9% da população residente total. No mesmo período, a proporção de indivíduos em idade ativa (população dos 15 aos 64 anos de idade) também diminuiu de 67,3% para 66,0%, verificando-se simultaneamente o aumento da percentagem de idosos (população com 65 ou mais anos de idade) de 16,6% para 19,0% (I.N.E.).

Esta é uma etapa da vida onde na maioria dos casos se verifica um aumento do tempo livre e juntamente com as alterações físicas naturais da idade contribuem para tornar o idoso menos ativo e consequentemente com um estilo de vida menos saudável. Este estilo de vida mais sedentário dos idosos aumenta a probabilidade de uma diminuição mais acentuada e rápida das capacidades físicas e motoras dos idosos, tornando mais difícil a realização das tarefas básicas do seu dia-a-dia e também mais demoradas e pode conduzir a situações de dependência. Através do projeto atividade física com idosos: promoção de uma vida mais ativa e saudável, pretende-se combater esse estilo de vida sedentário, sensibilizando os idosos para os benefícios da pratica de exercício físico regular e adaptado às suas capacidades. Também através da realização destas atividades procurou-se combater o isolamento e a solidão destes utentes. Este relatório insere-se no âmbito do estágio do Mestrado em Educação, Área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, que foi desenvolvido em duas valências de um centro social, o Centro de Dia e o Lar de Idosos.

A metodologia utilizada foi qualitativa, e os métodos de investigação utilizados foram a entrevista, e observação direta e as conversas informais.

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PHYSICAL ACTIVITY WITH ELDERS: promoting a more active and healthy life Carlos Manuel Oliveira Gonçalves Forte

Professional Pratice Report

Master in Education – Adult Education and Community Intervention University of Minho

2015

Abstract

In Portugal, between 2001 and 2011, the proportion of young people (population aged 0 to 14 years) decreased from 16.2% to 14.9% of the total resident population. In the same period, the proportion of people in working age (population 15 to 64 years old) also decreased from 67.3% to 66.0%, with simultaneously increasing the proportion of elderly population (population aged 65 and over years old) from 16.6% to 19.0% (INE).

This is a life stage where in most cases there is an increase in free time and along with the natural aging physical changes contribute to make the senior citizens less active and consequently with a less healthy lifestyle. This sedentary lifestyle of the elderly increases the likelihood of a more pronounced and rapid decline of their physical and motor skills, making it harder to carry out the basic tasks and also more time consuming and can lead to a complete loss of autonomy

Through this project entitled physical activity with older people: promoting a more active and healthy life, it is intended to combat the sedentary lifestyle, informing the elderly to the benefits of practicing regular exercise adapted to their capacities. Also by conducting these activities it's possible to decrease isolation and loneliness.

The project that originated this report is part of a training curriculum for the Master in

Education – specialization in Adults’ Education and Community Intervention, which was developed in two valences of a social center, the Day Care Centre and the Retirement Home.

The methodology was qualitative, and the research methods used were interviews, direct observation and informal conversations.

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vii Índice Geral Resumo……… iii Abstract……… v Índice de gráficos……….……… ix Lista de abreviaturas……….. ix Introdução……… 1

Capitulo I- Enquadramento Contextual do Estágio……….. 3

1Procedimentos para a integração institucional e desenvolvimento do processo de estágio……….. 5

2 Caraterização da Instituição……… 6

2.1 Enquadramento histórico………. 6

2.2- Valências……… 7

2.2.1. O Centro de Dia……….. 7

2.2.2.O Serviço de Apoio Domiciliário………. 7

2.2.3.Creche e Jardim de Infância……….……….. 7

2.2.4. Atividades de Tempos Livres………. 8

2.2.5 Lar de Idosos……… 8 2.2.6 Outras Valências………. 8 3. Recursos……….. 9 3.1 Recursos Físicos…….……… 9 3.2. Recursos materiais……….. 10 3.3 Recursos Humanos……… 11 4. Caraterização do Público-Alvo……….. 12

5. Apresentação da problemática de intervenção e respetiva relevância……… 17

6. Diagnóstico de Necessidades……….. 18

Capitulo II- Enquadramento Metodológico ……….. 21

1.Objetivos………. 23

1.1.Importância da definição de objetivos………. 23

1.2.Objetivos da Intervenção……….. 24

2.Metodologias………. 25

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viii

2.2.Métodos de Intervenção……… 30

3. Recursos mobilizados e limitações do processo……… 30

3.1. Recursos mobilizados……… 30

3.2 Limitações do processo……….. 31

4. Avaliação………. 31

Capitulo III - Enquadramento Teórico ………. 33

1 Contextualização demográfica……… 35

2. O Envelhecimento ………. 36

3. Envelhecimento bem-sucedido e qualidade de vida………. 40

4. Envelhecimento Ativo……… 43

5. Atividade física na terceira idade………. 46

Capitulo IV- Apresentação e Discussão do processo de Intervenção………. 57

1. Apresentação das atividades desenvolvidas……….. 59

1.1. Esclarecimentos prévios………. 59

1.2 Atividades de Mobilização Articular e Alongamentos……… 60

1.3. Atividades de Resistência Aeróbica………. 62

1.4.Atividades de Reforço Muscular………. 64

1.5. Atividades de Equilíbrio e Lateralidade……….. 66

1.6. Atividades de Coordenação Motora………. 69

1.7. Jogos Lúdicos e Sociabilização………. 72

2. Avaliação dos Resultados Obtidos……… 77

V. Considerações Finais………. 83

Referências Bibliográficas………. 87

Anexos……….. 93

Anexo 1 - Índice de katz……… 95

Anexo 2 - Protocolo de Riki & Jones Senior Fitness Test………. 96

Anexo 3- Autorização para utilização do nome da instituição ……….. 97

Apêndices……….. 99

Apêndice 1- Questionário avaliação inicial……… 101

Apêndice 2- Questionário avaliação intermedia……….. 102

Apêndice 3- Questionário avaliação final………. 103

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ix

Índice de Gráficos

Gráfico 1- Numero de Utentes………. 12

Gráfico 2 - Idade dos Utentes……….. 13

Gráfico 3 - Profissão dos Utentes do Centro de dia……… 14

Gráfico 4- Profissão dos Utentes do Lar de Idosos………. 14

Gráfico 5- Alfabetização dos utentes……… 15

Gráfico 6- Grau de Dependência dos Utentes……….…………. 17

Gráfico 7 - Participação ativa……….. 79

Gráfico 8 - Ciclo de Atividade Preferido……….…………. 79

Gráfico 9 - Expetativa nas atividades……….. 80

Gráfico 10- Influência na capacidade física percecionada………. 80

Gráfico 11- Participação nas atividades ajudou a sociabilização………. 81

Gráfico 12 - Contribuição para uma vida ativa………. 81 Lista de abreviaturas

OMS -Organização Mundial de Saúde INE - Instituto Nacional de Estatística ONU - Organização das Nações Unidas

IPSS - Instituição Particular de Solidariedade Social

GAAS - Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social GIP - Gabinete de Inserção Profissional

ATL – Atividade Tempo Livre RSI - Rendimento Social de Inserção

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1

Introdução

O presente documento é o relatório do estágio que foi realizado no âmbito do estágio do Mestrado em Educação, Área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, da Universidade do Minho, estágio este que decorreu no Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa, sito nas Taipas, concelho de Guimarães.

O estágio teve como grande objetivo a promoção de uma vida mais saudável e de um envelhecimento ativo, através da prática de atividades físicas adaptadas à idade dos utentes, e foi implementado em duas das valências da instituição: o Centro de Dia e o Lar de Idosos.

Sendo a terceira idade a área de intervenção e o tema do estágio, é necessário ter em conta a realidade com que nos deparamos, pois, em Portugal, entre 2001 e 2011, a proporção de jovens (população dos 0 aos 14 anos de idade) decresceu de 16,2% para 14,9% da população residente total. No mesmo período, a proporção de indivíduos em idade ativa (população dos 15 aos 64 anos de idade) também diminuiu de 67,3% para 66,0%, verificando-se, simultaneamente, o aumento da percentagem de idosos (população com 65 ou mais anos de idade) de 16,6% para 19,0%.

Em resultado destas alterações, o índice de envelhecimento – número de idosos por cada 100 jovens - aumentou de 103 para 128 idosos por cada 100 jovens, entre 2001 e 2011. Também a esperança média de vida em Portugal tem aumentado, fixando-se agora nos 82.2 anos para as mulheres e nos 76.9 anos para os homens, o que significa que os idosos vivem cada vez mais tempo em idade de reforma.

De acordo com a Constituição da República Portuguesa, “as pessoas idosas têm o direito à segurança económica e a condições de habitação e convívio familiar e comunitário que respeitem a sua autonomia e evitem e superem o isolamento ou a marginalização social […]. A política da terceira idade engloba medidas de carater económico, social e cultural tendentes a proporcionar às pessoas idosas oportunidades de realização pessoal, através de uma participação activa na vida da comunidade (C.R.P., artigo 72).

Sendo a terceira idade uma etapa da vida onde na maioria dos casos se verifica um aumento do tempo livre, juntamente com as alterações físicas naturais da idade, o idoso torna-se menos ativo e, consequentemente, passa a ter um estilo de vida menos saudável, pois este estilo de vida mais sedentário dos idosos aumenta a probabilidade de uma diminuição mais acentuada e rápida das capacidades físicas e motoras.

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2

Teve-se em mente, portanto, contribuir para combater tal situação através da prática regular de uma atividade física adaptada a este público. Procurou-se também melhorar fatores psicológicos e sociais, pois, tal como Almeida (2008, p.208) refere, a “actividade física ao influenciar mudanças corporais, faz com que o individuo melhore o seu autoconceito e afetividade”. Nos benefícios sociais este autor (2008, p.209), citando Carvalho, refere que “a prática de exercício físico realizado em grupo contribui para uma maior sociabilização entre os idosos, já que promove uma oportunidade de troca de experiencias e vivências entre eles”. Indo ao encontro disto, Machado e Ribeiro (1991, p. 180) referem “que estudos sobre os efeitos psicológicos das actividades físicas evidenciam impacto positivo sobre diferentes variáveis psicológicas, tanto em pessoas saudáveis como em pessoas com funcionamento psicológico deficitário”. Os mesmos autores referem que “de entre as variáveis psicológicas beneficiadas, as afetivo- emocionais parecem francamente beneficiadas pela prática da actividade física”.

A seguir a esta Introdução, o relatório trata da caracterização da instituição onde decorreu o estágio, bem assim como do público-alvo a que se dirigiu este processo de intervenção. Logo após, apresenta-se o diagnóstico de necessidades e interesses dos idosos desta instituição, que orientou no sentido de esta para intervenção ir ao encontro das suas expectativas, para assim promover uma participação maior e mais entusiasmada nas atividades que propostas.

Depois, segue-se o capítulo que diz respeito à metodologia, sendo descritos os métodos e técnicas utilizadas durante todo o processo de investigação e também da intervenção. São, ainda, elencados os objetivos gerais e específicos do processo de intervenção.

No capítulo que diz respeito ao enquadramento teórico expõe-se as perspetivas de vários autores sobre a problemática do estágio, fazendo referência ao envelhecimento da população, à qualidade de vida, envelhecimento ativo e aos benefícios físicos e psicológicos da atividade física na terceira idade.

O capítulo seguinte, o quarto e último, é dedicado à apresentação do processo de intervenção, das atividades realizadas e dos recursos materiais necessários à sua realização.

No final deste relatório constam as considerações finais sobre o impacto do estágio, seguindo-se-lhes a bibliografia os apêndices e anexos.

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1. Procedimentos para a integração institucional e desenvolvimento do processo de

estágio

Para realizar o segundo ano curricular do Mestrado em Educação, área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, a diretora deste mestrado, Prof.ª Doutora Clara Oliveira, sugeriu-me o Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa. Assim em setembro foi agendada uma reunião com a diretora técnica da instituição, Dr.ª Zara Pontes, durante a qual me foram explicados os serviços que o centro oferece à comunidade, as áreas de intervenção de cada valência, bem como o tipo de trabalho realizado. Nesta reunião foram também discutidos os meus interesses e preferências sobre as valências em que queria desenvolver o meu estágio.

Aproveitando a minha formação anterior, na área de educação física, a diretora propôs-me um estágio nas valências de Centro de Dia e do Lar de Idosos Alcides Felgueiras, para aí desenvolver atividades ligadas à atividade física, pois o centro, nos últimos anos, sempre ofereceu aos utentes a possibilidade de as realizarem, mas este ano, por razões internas, corria-se o risco de elas serem descontinuadas.

Optei por aceitar esta sugestão, em primeiro lugar por ser um desafio trabalhar com um público-alvo diferente daquele a que estava habituado, em segundo lugar por acreditar que estas atividades são importantes para melhorar a mobilidade e assim, de alguma forma, a qualidade de vida dos utentes.

No seguimento da conversa com a diretora técnica da instituição, esta mostrou-me as instalações do Centro de Dia, assim como me apresentou as suas funcionárias. Pude, ainda, ter o primeiro contacto com os utentes com quem iria trabalhar.

Também foi agendada uma reunião com a diretora do Lar de Idosos, que funciona num edifício diferente, a cerca de três quilómetros do polo principal. Nessa reunião a diretora do Lar de Idosos, explicou-me o funcionamento do lar e mostrou-me as instalações.

No primeiro dia, tanto no Centro de Dia como no Lar de Idosos, pude observar as rotinas e o funcionamento. Fui informado de que, no Centro de Dia e no Lar de Idosos, existem algumas rotinas -a hora do terço, o reforço alimentar a meio da manhã e a higiene pessoal- cujo horário eu teria que respeitar integrando as minhas atividades de forma a não interferir com elas.

Desde esse primeiro dia que me senti bastante bem recebido pelas responsáveis e pelas funcionárias e, naturalmente, pelos utentes, que se mostraram recetivos à realização de atividades físicas.

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2.Caraterização da Instituição

2.1 Enquadramento histórico

O Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), sem fins lucrativos, situada na freguesia de Caldelas (Caldas das Taipas), concelho de Guimarães. Devido ao conjunto de serviços que oferece, vem-se tornando cada vez mais imprescindível para a comunidade das Caldas das Taipas.

O centro teve origem na Associação para o Jardim Infantil das Caldas das Taipas, fundada pelo padre Manuel Joaquim de Sousa, a qual, em 1970, abriu as portas apenas com o serviço de Jardim de Infância. Mais tarde, em 1984, passou a I.P.S.S. e a ser reconhecida como instituição de utilidade pública.

Mudou de instalações no ano 1998 para a Rua Comandante Carvalho Crato, essa mudança criou condições para no ano seguinte o centro passar a oferecer mais duas valências, para além do Jardim de Infância, um Centro de Convívio e o Serviço do Apoio Domiciliário, para os utentes que necessitavam de prestações de cuidados da vida diária, tais como alimentação e higiene. Rapidamente esse Centro de Convívio se tornou em um Centro de Dia, devido à carência das populações desse serviço. Nesse ano, em 1998, foi lançado um projeto de construção de um cento social como forma de homenagem ao Padre Manuel Joaquim de Sousa.

No ano 2002 foram inauguradas as atuais instalações na Rua José Ribeiro de Castro onde passaram a funcionar todas as valências do centro. Estas instalações permitiram que o centro passasse a oferecer uma nova valência o ATL.

Em Outubro de 2015 o centro abriu mais uma valência, o Lar de Idosos Alcides Felgueiras, situado na Avenida dos Combatentes do Ultramar.

Atualmente, esta instituição tem as valências de Creche, Jardim de Infância, A.T.L., Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e ainda os seguintes serviços: apresentação quinzenal dos beneficiários do subsídio de desemprego, GAAS (Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social para os beneficiários do RSI) e GIP (Gabinete de Inserção Profissional) e Lar de Idosos.

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2.2. Valências

2.2.1. O Centro de Dia

O Centro de Dia pretende oferecer aos utentes um serviço de prestação de cuidados sem os retirar do seu seio familiar, promovendo a autonomia e prevenção de situações de dependência. Pretende, também, pôr à disposição desses utentes, apoio psicossocial e ocupacional, promover e fomentar as relações sociais entre eles, de modo a combater o isolamento. Esta valência disponibiliza também refeições, cuidados de higiene, tratamento de roupas e transporte.

2.2.2.O Serviço de Apoio Domiciliário

Quanto ao Serviço de Apoio Domiciliário, presta cuidado individualizado e personalizado a indivíduos, e à família, em situação de dependência física. Tem como objetivos 1) promover uma melhor qualidade de vida e bem-estar dos seus utentes e familiares, de forma a evitar a institucionalização e 2) assegurar o apoio psicossocial aos utentes e às suas famílias, de modo a contribuir para o seu bem-estar emocional e a sua integração social.

2.2.3. Creche e Jardim de Infância

A valência de Creche e Jardim-de-Infância pretende oferecer um ambiente de bem-estar e desenvolvimento integral das crianças num clima de segurança afetiva e física, durante o afastamento parcial do seu meio familiar. Tem como objetivos principais: 1) contribuir para o seu desenvolvimento global; 2) promover a ocupação dos tempos livres das crianças em idades escolar com atividades criativas e formativas que lhes permitam um desenvolvimento global e harmonioso 3) desenvolver a comunicação e a criatividade nas crianças através de atividades artísticas e culturais e por fim promover um espírito de aceitação dos deveres e direitos de cidadania.

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2.2.4. Atividades de Tempos Livres

Esta valência proporciona atividades no âmbito da animação sociocultural às crianças a partir dos 6 anos e até aos 12 anos. Disponibiliza atividades como música, informática, atividades físicas, artísticas e estudo acompanhado.

O seu horário de funcionamento é das 7:30 até às 19 horas, estando dividido em três turnos, o da manhã, o da tarde e o que é designado pelo centro de horário das “pontas”, que funciona das 7:30 às 9 horas e das 17:30 às 19 horas.

2.2.5. Lar de Idosos

O Lar de Idosos Alcides Felgueiras é uma valência nova do centro, que teve o início da sua atividade em outubro de 2014 e que pretende garantir aos idosos o apoio às suas necessidades básicas do dia-a-dia, mas vai além disso, pondo à disposição dos utentes atividades que promovem a sua qualidade de vida e ocupação do seu tempo livre.

2.2.6. Outras Valências

Nas instalações do centro funcionam, também, o Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social (GAAS) e o Gabinete de Inserção social (GIP). O GAAS destina-se a receber os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), uma medida de combate à pobreza, que assegura aos seus utentes e agregados familiares recursos que contribuem para a satisfação das suas necessidades mínimas e para o favorecimento de uma progressiva inserção social e profissional. O GIP presta apoio a jovens e adultos desempregados para a definição ou desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho.

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3- Recursos

3.1. Recursos Físicos

O polo principal do Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa é um edifício construído de raiz, onde funcionam as valências da Creche, Jardim de Infância e ATL. Este edifício tem uma ampla receção com sala de espera e gabinete administrativo. Existe ainda uma cozinha, sala de refeições e um espaço ajardinado de grandes dimensões no exterior do edifício que são utilizadas pelo Jardim de Infância, ATL e Creche.

A Creche e o Jardim de Infância são frequentados por cento e trinta e três crianças, divididas por sete salas. Para a creche estão destinadas três dessas salas e para o Jardim de Infância quatro. Cada sala corresponde a uma idade, desde o berçário até à sala dos cinco anos; tem, ainda, uma sala designada por sala mista, onde há crianças de várias idades. Em cada uma das salas realizam-se atividades que visam o desenvolvimento das capacidades nos domínios psicomotor, psicossocial, cognitivo e de comunicação adaptados a cada idade.

Especificamente para o ATL existe uma sala, mas acabam por ser utilizadas várias, conforme as atividades a desenvolver.

O espaço físico onde funciona o Centro de Dia está situado na mesma rua das instalações principais e ocupa o rés-do-chão de um edifício habitacional. É constituído por uma receção, duas salas de convívio, um gabinete administrativo, um ginásio, um quarto de descanso com uma cama, uma área de serviço onde funciona a lavandaria, uma cozinha com sala de refeições, duas casa de banho, uma sala de apoio para a higiene pessoal e uma arrecadação.

Existe, ainda, uma sala onde funcionam o Gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social (GAAS) e o Gabinete de Inserção social (GIP).

A valência do Lar de Idosos funciona a cerca de três quilómetros, do polo principal, num edifício novo construído para essa função, que garante todas as condições e facilidades que esta faixa da população exige, e está preparado para acolher sessenta e três utentes. É constituído por um edifício de três andares, nos pisos superiores estão instalados os quartos dos utentes com casa de banho, cada andar tem ainda uma sala de convívio e casas de banho comuns. Os andares superiores têm acesso através de escada e por elevador. No rés-do-chão do edifício, existe uma

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receção com sala de espera, dois gabinetes administrativos, uma sala de cuidados de saúde, lavandaria, casa de banho e cozinha, tem ainda um salão muito amplo com várias mesas, no qual os idosos fazem as suas refeições. Também existe, neste salão, uma área com sofás com três televisões e uma zona dedicada a jogos de tabuleiro e computadores. Tem, ainda, um espaço exterior ajardinado que ocupa toda a zona circundante do edifício com um percurso delimitado para a realização de caminhadas. Ao longo desse percurso existem vários bancos de jardim.

3.2. Recursos materiais

O Centro possui quatro carrinhas e um carro que dão apoio e são utilizados por todas as valências do centro.

No edifício principal do centro existe uma receção com computadores e uma ampla sala de espera com sofás, os gabinetes administrativos têm computadores e mobiliário apropriado para as funções ali desempenhadas.

As salas destinadas à utilização das crianças da Creche, Jardim de Infância e do ATL estão equipadas com mesas e cadeiras para as atividades a realizar, e possuem diverso material didático adaptado ao grupo etário que as utiliza. Existe ainda uma sala com berços para as crianças poderem descansar. Este edifício conta também com várias casas de banho femininas e masculinas.

A cozinha do edifício principal está devidamente equipada para confecionar as refeições tanto das crianças como dos utentes do Centro de Dia, estando a sala de refeições convenientemente equipada com mesas e cadeiras.

Nas instalações do Centro de Dia existe uma receção com uma mesa e cadeira, uma arrecadação onde está armazenado o material que é utilizado nas diversas atividades do centro, um gabinete administrativo devidamente mobilado, uma sala com uma cama, uma área de serviço onde funciona a lavandaria com máquinas de lavar e secar roupa. Este edifício tem também duas salas de estar, tendo cada uma a sua televisão, uma das salas tem doze poltronas e dois sofás, uma mesa com seis cadeiras e um móvel onde cada utente tem um compartimento destinado aos seus objetos pessoais. A outra sala de estar, para além da televisão, possui dois sofás e duas poltronas, quatro mesas e oito cadeiras, assim como um móvel destinado a guardar material do centro. O

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ginásio é utilizado por todas as valências e tem material para atividades físicas, como arcos, sinalizadores, uma tabela de basquetebol, bolas de voleibol, pinos de bowling e raquetes de badmington.

No edifício do Lar de Idosos, cada quarto está equipado com duas camas e uma casa de banho e cada piso conta com uma sala de estar devidamente mobilada com mesas e cadeiras. No rés-do-chão funciona uma área de serviço com várias máquinas de lavar e secar roupa e uma cozinha devidamente equipada. Na receção e sala de espera existem três sofás uma máquina de café e uma de bebidas frescas, existindo, ainda, um monitor de vídeo vigilância da porta de entrada. Os gabinetes administrativos estão devidamente mobilados. O salão da parte inferior do edifício esta dividido em três áreas: uma área de convívio, uma de refeições e uma de jogos e de leitura. Na área de convívio existem três televisões e vinte e quatro poltronas. Na sala de jantar contam-se quinze mesas com as respetivas cadeiras. Na área de jogos existem dois computadores, três mesas e respetivas cadeiras, bem como um armário onde estão guardados vários jogos de tabuleiro, revistas e jornais.

3.3. Recursos Humanos

Para assegurar o bom funcionamento de todas as valências, existe uma estrutura bem organizada de recursos humanos que garante à comunidade um serviço de qualidade. Há uma direção, com o seu presidente, um diretor executivo e uma diretora técnica, que dirigem toda a instituição. A instituição conta com uma diretora pedagógica responsável pelas valências da Creche Jardim de Infância e ATL, com a qual colaboram sete educadoras, uma psicóloga e doze auxiliares de ação educativa.

Aqui trabalham, ainda, oito auxiliares de limpeza, três cozinheiras, dois funcionários administrativos, assim como alguns estagiários.

O Centro de Dia e Apoio Domiciliário têm à sua frente uma diretora, que conta com a colaboração de uma animadora, seis auxiliares de apoio geriátrico e duas auxiliares de limpeza. Há, ainda, uma equipa de voluntários e vários estagiários.

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O gabinete de Atendimento e Acompanhamento Social e o Gabinete de Inserção social contam com seis colaboradores.

4. Caraterização do Público-Alvo

Este estágio decorreu na valência de Centro de dia do Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa e no Lar de Idosos Alcídio Felgueiras, pelo que teve dois públicos-alvo que é necessário caracterizar para perceber as necessidades e expectativas de cada um deles.

O número de utentes do Centro de Dia que participou nas atividades propostas é de dezanove e no Lar de Idosos eram treze os idosos que realizaram as atividades, como demonstra o gráfico 1.

12 7 10 3 0 2 4 6 8 10 12 14 Feminino Masculino

Gráfico 1- Numero de Utentes

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No centro de dia, dos dezanove utentes doze eram do sexo feminino e sete do sexo masculino, tendo idades compreendidas entre os cinquenta e um e os noventa e um anos. No Lar de Idosos, dos treze utentes que realizaram as atividades, nove eram do sexo feminino e três masculinos, tendo idades compreendidas entre os sessenta e cinco e os noventa anos (gráficos 2).

Os utentes, tanto do Centro de Dia como do Lar de Idosos exerceram, na sua totalidade, atividades ligadas à agricultura, indústria e trabalho doméstico. No Centro de Dia, quatro pessoas tiveram uma vida profissional ligada à agricultura, sendo três delas mulheres e um homem. No Lar de Idosos, três dos utentes (duas mulheres e um homem) tiveram também profissões agrícolas. Nove dos utentes do Centro de Dia exerceram funções ligadas à indústria - seis homens e três mulheres. Já no Lar de Idosos, só três mulheres e dois homens tiveram uma vida profissional ligada a essa área. A profissão de doméstica (na própria casa ou ao serviço de terceiros) apenas foi exercida por mulheres -seis no Centro de Dia e cinco no Lar de Idosos (gráficos 3 e 4).

3 0 4 1 7 2 2 0 1 1 5 2 1 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 [-60] [61-65] [66-70] [71 - 75] [76- 80] [81-85] [+85]

Gráfico 2 - Idade dos Utentes

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Tanto no Centro de Dia como no Lar de Idosos o grau de escolaridade dos utentes é baixo, sendo a maioria analfabeta, e sendo ainda que mesmo os que possuem alguma alfabetização concluíram apenas os primeiros anos da escola primária. Assim, no Centro de Dia, doze dos utentes são analfabetos pois desde muito novos tiveram de ajudar em casa a cuidar dos irmão ou, em outros casos foram trabalhar. Os que possuem alguma alfabetização – sete utentes- por razões semelhantes viram-se obrigados a desistir da escola e começar a trabalhar. No Lar de Idosos a

6 1 0 3 3 6 0 1 2 3 4 5 6 7

Industria Agricultura Doméstica

Gráfico 3 - Profissão dos Utentes do Centro de dia

Masculino Feminino 2 1 0 3 2 5 0 1 2 3 4 5 6

Industria Agricultura Doméstica

Gráfico 4- Profissão dos Utentes do Lar de Idosos

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situação é semelhante, pois também ali o grau de escolaridade é baixo, existindo nove analfabetos e quatro idosos que frequentaram os primeiros anos da escola primária (gráfico 5)

Quanto à situação familiar, os utentes do Centro de Dia frequentam a instituição devido à falta de possibilidades da família tomar conta deles durante o dia, pois os familiares têm de trabalhar e não podem prestar os cuidados de que eles precisam durante o dia. Os poucos que ainda vivem sozinhos preferem ir para a instituição, para poder ter ali os cuidados de que necessitam. No Lar de Idosos a situação é semelhante, estão institucionalizados devido a impossibilidade da família tomar conta deles.

No Centro de Dia, a quase totalidade mora com familiares e os poucos que moram sozinhos habitam muito próximo de familiares, o que possibilita que estes idosos ainda mantenham laços de afeto e alguma integração com a sociedade. Tal como diz Paúl (1996, p.33) o facto de estarem na sua casa “promove um sentido de familiaridade, permitindo a identidade, preditibilidade e continuidade, no fundo a sensação de controlo do meio”; no entanto nas conversas mantidas com os utentes, percebe-se alguma nostalgia do tempo em que tinham uma vida mais ativa com tarefas e obrigações diárias que, agora, nesta etapa da vida, já não têm.

No Lar de Idosos a situação é um pouco diferente, pois, apesar de receberem visitas frequentes dos familiares, estão institucionalizados e, logo, fora do ambiente familiar, o que os torna mais carentes afetivamente e, de alguma forma, isolados do seu seio familiar, dos amigos e do ambiente

12 9 7 4 0 2 4 6 8 10 12 14

Centro de Dia Lar de Idosos

Gráfico 5- Alfabetização dos utentes

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em que viveram durante a sua vida toda. Como também refere Paúl (1996, pp. 86) “a manutenção de uma vida autónoma é um dos fatores da máxima importância para um envelhecimento bem-sucedido”, assim como o sentido de préstimo para com a sua comunidade.

Por si só o envelhecimento é um processo marcado por uma progressiva perda de capacidades sensoriais e motoras; no entanto, frequentemente está associado a algumas doenças como diabetes, tromboses, acidentes vasculares cerebrais, doenças degenerativas e demências. Para além destas doenças, as quedas são um dos principais fatores da perda de mobilidade e autonomia, de acordo, aliás, com a Organização Mundial de Saúde (2010, pp.1): “aproximadamente 28% a 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem quedas a cada ano (2-4), subindo essa proporção para 32% a 42% para as pessoas com mais de 70 anos (5-7)“. As quedas podem resultar em longos períodos de imobilização e, como consequência disso, o idoso pode nunca mais recuperar a mobilidade que tinha antes dessa queda.

Tendo em conta o que se referiu no respeitante à capacidade de mobilidade, com a exceção de quatro utentes que têm menos de sessenta anos, todos apresentam já algumas limitações de mobilidade próprias da idade e muitos já com algum grau de dependência.

Para estabelecer este grau de dependência, recorremo-nos dos dados pertinentes constantes da ficha dos utentes que nos foram transmitidos em conversa pela funcionária responsável pelo acompanhamento destes utentes. Recorreu-se, ainda, a um instrumento de avaliação de dependência baseado na capacidade de realização das atividades diárias, denominado índice de Katz, modificado e utilizado pelo Hartford Institute for Geriatic Nursing, que utiliza a notação independente até a de muito dependente, passando pela de dependência moderada (Duarte et al. 2007,317-325) (anexo 1).

Assim, no Centro de Dia existem três independentes, treze com dependência moderada e três muito dependentes. No lar de idosos existem três utentes independentes, sete com dependência moderada e dois muito dependentes (gráfico 6).

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5. Apresentação da problemática de intervenção e respetiva relevância

Este processo de intervenção no Centro Social Padre Manuel Joaquim de Sousa está integrado no segundo ano do Mestrado em Educação, área de especialização em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária, e tem por objetivos 1) aplicar e dinamizar em contexto profissional de educação de adultos os conhecimentos adquiridos no primeiro ano curricular, assim como 2) desenvolver competências de investigação no âmbito da educação de adultos e intervenção comunitária. O tema da minha intervenção é a atividade fica com idosos e a forma como ela pode melhorar a qualidade de vida destes idosos e a sua mobilidade e autonomia nas tarefas diárias, pois tal como referido no relatório da Organização Mundial de Saúde sobre quedas em pessoas idosas (2007, pp.15), “a participação regular em atividades físicas moderadas contribui para a manutenção da saúde e independência”.

Deste modo, é pertinente um projeto ligado à educação física e motora tanto do ponto de vista da instituição, como do ponto de vista dos utentes. Ao nível da instituição, porque tem feito parte das propostas desta instituição atividades no âmbito da educação física, pois há a consciência que este tipo de atividades são fundamentais para que os seus utentes tenham um envelhecimento ativo e para a promoção de um modo de vida mais saudável. Do ponto de vista dos utentes, verifiquei que, para muitos, existe a necessidade de terem atividades que lhes proporcionem momentos de atividade e de lazer, e, para outros, a de que haja atividades que promovam a

3 13 3 4 7 2 0 2 4 6 8 10 12 14

Independente Dependência Moderada Muito Dependente

Gráfico 6- Grau de Dependência dos Utentes

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manutenção e, mesmo, a melhoria da sua condição motora e, consequentemente os ajude a manter ou melhorar a sua autonomia.

Desde o primeiro contato com a instituição e com a sua diretora técnica foi-me proposto o desafio de que o meu projeto envolvesse a dinamização de atividades físicas para que os utentes tanto do Centro de Dia, como do Lar de Idosos, mantenham uma atividade motora que, pelo menos, ajude a retardar a perda natural e inevitável de capacidades motoras associadas à idade.

Como já atrás foi referido, tem sido uma preocupação desta instituição, nos últimos anos, colocar ao dispor dos seus utentes do Centro de Dia a realização de sessões de atividade física, correndo-se, no entanto, este ano, o risco de tal não acontecer.

Assim, o meu projeto de intervenção é uma continuação do trabalho que, nesta área, vem sendo realizado no Centro de Dia. No Lar de Idosos, uma valência nova que foi inaugurada em outubro passado, é a primeira vez que se realiza, mas torna-se indispensável, de acordo com a visão da instituição, que visa a satisfação de todas as necessidades do utente.

6. Diagnóstico de Necessidades

Para realizar uma intervenção coerente numa determinada realidade social é necessário conhecer o mais possível essa mesma realidade. Assim, foi realizado um diagnóstico das necessidades deste público-alvo, para conseguir que as atividades a realizar durante o estágio respondessem às necessidades e expetativas dos utentes, e para que, de algum modo, se apresentem como uma ajuda à promoção de uma maior qualidade de vida.

Inicialmente, procedeu-se a conversas informais com a diretora técnica da instituição, assim como com a diretora e funcionárias do Centro de Dia, bem como com o professor responsável pela atividade física do Centro de Dia nos anos anteriores. Conseguimos, assim, não só tomar conhecimento dos objetivos, políticas, visão e atividades que se realizam na instituição, mas, sobretudo, recolher a informação necessária sobre os utentes no tocante a aspetos já atrás referidos no ponto 4 (caraterização do público- alvo).

Também se procedeu à consulta e análise documental de dados relativos aos utentes, relevantes para a realização do meu projeto, mormente da situação de saúde.

Para melhor conseguir compreender o contexto e as reais necessidades do público-alvo com quem se trabalhará, realizou-se uma entrevista individual semi-estruturada (apêndice 1) de caracter genérico, que ajudou a conhecer as expectativas e interesses de cada um.

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Não obstante, no caso específico da atividade física, e sobretudo no caso da atividade física para adultos idosos, é preciso ir para além das expetativas do público-alvo e determinar os limites a que essas expetativas terão de se render. Neste sentido, realizamos uma avaliação sobre a mobilidade e situação motora de cada um, através de conversas informais e de uma avaliação diagnostico (apêndice 2).

Como o estágio se realizou em duas valências, foi necessário realizar estas pesquisas tanto no Centro de Dia como no Lar de Idosos.

Pelo conjunto da investigação realizada e pelo diagnóstico recolhemos as seguintes informações: 1. Alguns dos utentes sofreram AVC e tromboses que reduziram a sua autonomia e

apresentam patologias, tais como diabetes;

2. Outros apresentam algumas limitações de mobilidade devido a quedas, ou cirurgias; 3. Outros, ainda, mantêm total independência;

4. Apesar de demonstrarem abertura e disposição para participarem nas atividades, muito do seu tempo é passado sentado em busca de descanso ou a ver televisão;

Deste modo, foi-se tornando claro que existem dois grupos transversais aos dois públicos-alvo: um, o dos independentes e dependentes moderados, que ainda apresentam alguma autonomia nas suas tarefas básicas do dia-a-dia, movimentando-se, embora com alguma dificuldade própria da idade; outro, muito dependente, cujas limitações já eram bastantes, necessitando, até, de assistência para a locomoção.

Assim, apesar de em ambos os grupos, o autónomo e o mais dependente, serem necessárias atividades que visem a manutenção da mobilidade que, neste momento, apresentam, no grupo que é autónomo é necessário propor atividades que incentivem a um estilo de vida mais ativo, para impedir que, com o aumento do sedentarismo e o aumento do tempo que passam sentados ou deitados, se tornem dependentes e passem a necessitar de ajuda para os seus cuidados básicos.

Quanto ao outro grupo, o mais dependente, e salvaguardando as áreas de intervenção da educação física e da fisioterapia, é aconselhável que se realizem atividades e exercícios que, podendo proporcionar momentos de satisfação e bem-estar, contribuam, o mais possível, para melhorar a sua mobilidade ou, pelo menos, para retardar o declínio das suas capacidades motoras.

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1.Objetivos

1.1. Importância da definição de objetivos

Apesar de nem todas as grandes mudanças na nossa sociedade acontecerem, diretamente, em consequência de resultados de investigações científicas, é impossível separar os avanços da nossa civilização das ciências e do aproveitamento que se faz dos resultados obtidos por elas.

O termo ciência provem do latimscientia, que significa conhecimento, doutrina, erudição ou prática. Progressivamente foi-se acrescentando o caráter sistemático e organizado desse conhecimento, de acordo com Almeida (2008, p. 15) que cita Arnal et al., ciência pode ser definida como “ um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático que pretende optimizar a informação disponível em torno de problemas de origem teórica e/ou prática”. Assim se compreende que o mesmo autor defenda que “As nossas decisões mais pensadas, e sobretudo enquanto profissionais, serão tanto mais adequadas quanto mais validadas pelo conhecimento científico” (Almeida 2008, p.15).

Nas ciências sociais e humanas é possível a coexistência de teorias diversas para explicar um mesmo fenómeno, ao contrário do que acontece nas ciências ditas exatas, sendo cada uma daquelas teorias sustentadas em dados obtidos em investigações, de modo a se afirmarem como verídicas ou pelo menos plausíveis. (Almeida 2008, p. 17).

Daqui podermos entender que é “através da investigação que se reflete e problematizam os problemas nascidos na prática, que se suscita o debate e se edificam as ideias inovadoras” (Coutinho 2011, p. 7) e, assim sendo, uma investigação deve ser orientada por objetivos, que de acordo com Almeida (2008, p. 21), “ vão depender da natureza do fenómeno e das variáveis em presença, bem como das condições de maior ou menor controlo em que a investigação vai ocorrer”

Para Babier (1993, p.49), na medida em que um projeto implica “a existência de um desejo de produção de mudança”, pretende-se que, através de uma sequência de ações, se alcancem determinados objetivos para a concretização dessas mudanças pretendidas.

Torna-se fundamental, então, o estabelecimento de objetivos num projeto, dado que são estes que lhe conferem um ponto de referência, uma diretriz e um rigor em todo o seu processo de desenvolvimento, “ os objetivos de um projeto social são os propósitos que pretendemos alcançar

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com a execução de uma acção planificada”( Serrano 2008, p.44).De acordo com isto, Babier (1993, p.143) refere que “ a identificação dos objetivos é o ponto fulcral da planificação e do desenvolvimento” e eles devem expressar a finalidade do projeto.

Tendo em conta a realidade e as necessidades da comunidade onde o projeto será implementado é necessário definir objetivos gerais e objetivos específicos. Os objetivos gerais, de acordo com Guerra (2000, p.164) “ descrevem grandes linhas de trabalho a seguir e não são geralmente, expressos em termos operacionais, pelo que não há possibilidade de ver se foram ou não atingidos”. Por seu lado, os objetivos específicos” são formulados em termos operacionais, quantitativos ou qualitativos, de forma a se tornar possível analisar a sua concretização, sendo frequentemente considerados como metas” (Guerra 2000, p.164), expressam os resultados que se pretende atingir

1.2.Objetivos da Intervenção

Cinco foram os objetivos gerais da intervenção levada a cabo no estágio:  Promover a participação ativa dos idosos nas atividades implementadas  Promover a autonomia dos utentes

 Favorecer a manutenção e a melhoria das capacidades motoras dos idosos

 Sensibilizar os idosos para os benefícios de uma vida mais ativa e da prática de exercício regular  Promover a integração e a interação social dos utentes.

Para os alcançar foram prosseguidos os objetivos específicos que se passa a enunciar:  Criar dinâmicas no grupo que incentivem e motivem a realização de exercício

 Realização de atividades que permitam momentos de lazer e convívio entre os utentes  Realização de atividades que melhorem o equilíbrio

 Realização de atividades que melhorem o tónus muscular dos utentes  Realização de atividades que melhorem a coordenação motora  Realização de atividades que melhorem a função cardiorrespiratória.

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Com o primeiro dos objetivos específicos procurou-se que fosse alcançada a promoção da participação ativa dos idosos nas atividades, a integração e a interação social entre os utentes e a sensibilização para os benefícios de uma vida mais ativa e da prática regular de exercícios. Pretendeu-se que os utentes encarassem as atividades desenvolvidas, como momentos animados e interessantes, que, além de serem benéficos para a sua saúde, também fossem momentos que facilitassem o convívio entre todos.

O segundo objetivo especifico procurou alcançar e facilitar a integração e interação social entre todos os utentes, na medida em que foram propostas atividades em grupo que, para serem bem-sucedidas, exigiam a cooperação entre os idosos, de onde que, com o tempo essa cooperação tivesse levado ao estreitamento de laços entre os utentes.

O terceiro, quarto, quinto e sexto objetivos específicos destinaram-se a promover a autonomia dos utentes, a favorecer a manutenção das suas capacidades motoras e a sensibilizar para os benefícios de uma vida mais ativa e da prática de exercício regular.

2. Metodologias

2.1. Métodos de Investigação

Tendo em conta os objetivos da intervenção nesta comunidade, foi necessário elaborar um plano de ação e escolher os métodos que melhor se adequassem ao público-alvo e que garantissem a concretização dos referidos objetivos. Porém, como um trabalho de investigação social tenta compreender e interpretar uma determinada realidade social, é necessário identificar um paradigma que oriente todo o projeto.

Coutinho (2011, p.9), que cita Kuhn, define paradigma “como sendo, em primeiro lugar, o conjunto de crenças, valores, técnicas partilhadas pelos membros de uma dada comunidade cientifica e, em segundo lugar como um modelo para “o que” e para o “como” investigar um dado contexto histórico/ social”. Assim de acordo com Kuhn, citado por Moreira (2007, p. 18), um paradigma designa uma perspetiva teórica, partilhada e reconhecida pela comunidade científica de uma determinada disciplina, baseada em aquisições que precedem a própria disciplina, orientadora da investigação em termos de identificação e seleção dos factos relevantes a estudar, formulação de problemas, preparação dos métodos e técnicas de investigação necessários.

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Para Moreira (2007, p. 19), um paradigma é um sistema de pressupostos sobre: a) a natureza da realidade investigada (pressuposto ontológico), b) o modelo de relação entre investigador e investigado (pressuposto epistemológico), c) o modelo pelo qual podemos obter conhecimento da dita realidade (pressuposto metodológico).

Neste projeto foi adotado o paradigma qualitativo, o qual, segundo Bogdan & Biklen (1994,p.19), teve origem em várias disciplinas e surgiu nos finais do século dezanove para estudar situações da vida quotidiana da sociedade. Contudo, a investigação qualitativa em educação só conheceu um período de verdadeiro desenvolvimento a partir da década de sessenta, altura em que a atenção da sociedade em geral estava voltada para os problemas da educação e os “investigadores em educação começaram a manifestar interesse por estas estratégias” (Bogdan & Biklen 1994, p.37). De acordo com os mesmos autores, na década de setenta, ainda que os métodos qualitativos não fossem os mais usados em educação, alguns investigadores de relevância começaram a explorar a abordagem qualitativa e a defender a sua utilização.

Uma das facetas mais importantes da investigação qualitativa, segundo Moreira (1994, p. 94) é requerer uma apreciação das perspetivas, culturas e visões do mundo dos atores envolvidos, pois estes não são vistos como meros objetos a serem estudados mas sim como “actores cujos respetivos quadros de referência necessitam investigação detalhada antes que as suas ações possam ser devidamente interpretadas e explicadas”, é necessário um grande envolvimento do investigador com aqueles que estuda.

Também Almeida (2008, p.25) refere que estudos desta natureza devem ter em conta a realidade percebida como dinâmica, associada à história individual e aos contextos e que “ o seu estudo não poderá ser feito sem o recurso à própria perspetiva dos sujeitos implicados nas situações”. Este autor refere, ainda, ser importante que, para além dos comportamentos que são observáveis, o investigador conheça e compreenda as crenças e valores, os sistemas de comunicação e de relação, bem como as suas representações para os indivíduos ou grupos. Assim o fundamental é ter em conta os significados e as interações das ações humanas.

De acordo com Bogdan & Biklen (1994, pp.47-51), a investigação qualitativa tem cinco caraterísticas fundamentais que a definem e a caraterizam. A primeira delas é que a fonte dos dados é o ambiente natural, sendo o investigador o instrumento principal. A segunda caraterística é que a investigação qualitativa é descritiva, os dados recolhidos são transformados em palavras ou imagens e respeitam a forma como foram registados. A terceira caraterística é que os investigadores se interessam mais pelo processo do que pelos resultados. A quarta caraterística é

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que os investigadores analisam os dados de forma indutiva, isto é, não recolhem os dados para confirmar hipóteses, mas, antes, vão construindo os seus conceitos e abstrações à medida que obtêm os dados e, a partir desses dados recolhidos, vão percebendo quais as questões mais importantes. A quinta e última caraterística é que os investigadores qualitativos em educação procuram compreender e tomar em consideração a perspetiva das pessoas que estudam -“ os investigadores em educação estão continuamente a questionar os sujeitos de investigação, com o objetivo de perceber aquilo que eles experimentam (Bogdan & Biklen,1994, p.47-51), deste modo se orientando para eliminar da sua investigação os seus pré-conceitos.

Requerendo, então, a investigação científica, de cariz quantitativo ou qualitativo, uma recolha de dados, entende Coutinho (2011, p. 99), citando Charles, que existem seis procedimentos diferentes para efetuar essa recolha de dados para uma investigação, sendo eles a notação, a descrição, a análise, inquérito, os testes e as medições.

Para esta autora (2011, p.99), a notação é o processo de fazer registo ou breves descrições acerca de pessoas ou de objetos, contextos ou acontecimentos. “o investigador observa um dado comportamento, fenómeno ou documento e regista ocorrências ou faz uma lista das suas características”.

A descrição “é o método de recolha de dados utilizado sempre que se investiga contextos naturais, processos acontecimentos ou comportamentos em profundidade, tomando os dados a forma de longos textos escritos” (Coutinho 2011, p.100), é o processo de transformar a observação em anotações e tem a preocupação de proporcionar um retrato o mais fidedigno possível da situações em estudo, devendo incluir o maior número de detalhes possível.

Embora este termo possa ser utilizado com outros significados na investigação social, a análise, enquanto procedimento ligado à recolha de dados, refere-se, também de acordo com Coutinho (2011, p.100), ao processo em que o investigador, mais do que observar, procura inferir traços, processos, significados e relações, isto é “ o investigador não vai para o terreno observar tudo o que se passa, mas apenas aquilo que interessa no contexto do seu estudo, ou seja, os objetivos específicos que procura alcançar” Coutinho (2011, p.100).

O inquérito é “o processo que visa a obtenção de respostas expressas pelos participantes no estudo“ (Coutinho 2011, p.100) e pode ser alcançado através de entrevistas ou questionários. As entrevistas, de acordo com esta autora, são levadas a cabo por uma pessoa, podendo ou não ser o investigador, e permitem que as questões sejam adaptadas de modo a obter informações adicionais relevantes para a investigação, sendo esta flexibilidade precisamente a caraterística que

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a individualiza em relação a outras formas de inquérito. A entrevista pode envolver um único entrevistado ou, então, ser dirigida a um grupo de pessoas (grupos focais). Nas entrevistas, e para auxiliar a sua realização, existe um guião, normalmente, que contém as questões a colocar e a sua sequência.

O questionário, dispensando a presença do entrevistador, toma a forma, geralmente, de formulário impresso que pode ser enviados pelo correio ou entregue em mão, podendo ser administrado em várias situações e contextos, assim se conseguindo menor dispêndio de tempo do que na entrevista, sendo verdade, não obstante, que, relativamente a estas últimas, o questionário não fornece a riqueza de pormenores nelas (entrevistas) obtidos.

A testagem “é o processo de obtenção de dados pela resposta/desempenho dos participantes aos testes, inventários, escalas, provas de avaliação específicas” (Coutinho, 2011 p. 102) e a medição consiste na “aferição/ avaliação de caraterísticas ou traços individuais, performance, acuidade mental, conhecimento” do público-alvo (Coutinho, 2011 p. 102).

Por sua vez, Ketele e Roegiers (1993, 23) valorizam a observação, por se destacar enquanto “ processo que inclui a atenção voluntária e a inteligência, orientado por um objetivo final ou organizador e dirigido para recolher informações sobre ele”. Mas, sobretudo, privilegiam a entrevista enquanto “método de recolha de informação que consiste em conversas orais, individuais ou de grupo, com várias pessoas selecionadas cuidadosamente, a fim de obter informações sobre factos” (Ketele e Roegiers, 1993, pp. 21-22) e consideram que a entrevista pode ser livre, dirigida ou semi-dirigida. Designa-se por entrevista livre quando “o entrevistador se abstém de fazer perguntas que visam reorientar a conversa”, por entrevista dirigida quando “o discurso da pessoa entrevistada constitui exclusivamente a resposta a perguntas preparadas antecipadamente e planificadas numa ordem precisa”, e por entrevista semi-dirigida sempre que “ o entrevistador tem previstas algumas perguntas para lançar a titulo de ponto de referência”. Consideram os mesmos Ketele e Roegiers (1993, p.193) que a entrevista semi-dirigida apresenta duas grandes vantagens em relação às outras, pois não só “as informações que se pretende recolher refletem melhor as representações do que numa entrevista dirigida, dado que a pessoa entrevistada tem mais liberdade na maneira de se exprimir”, como também nela, entrevista semi-dirigida, se consegue recolher a informação que se deseja num mais curto espaço de tempo do que numa entrevista livre, uma vez que esta “ nunca oferece garantias de que vão ser oferecidas informações pertinentes”.

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Ainda quanto à entrevista, Bogdan e Biklen (1994:134) reconhecem-lhe a vantagem de, através dela, ser possível “recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do mundo”.

Já Quivy e Campenhoudt, realçam o inquérito por questionário e a observação participante. Definem o primeiro como “uma série ordenada e coerente de perguntas que são colocadas a um conjunto de inquiridos para colher elementos sobre a sua situação social, profissional ou familiar, as suas opiniões, as atitudes que assumem, a forma como se posicionam perante certas questões humanas e sociais, acontecimentos ou problemas, as expectativas, o seu nível de conhecimento e, ainda, sobre qualquer temática ou assunto de interesse para o investigador” (Quivy e Campenhoudt, cit. por Morgado, 2012, p. 77). A observação participante é aquela em que o “ próprio investigador procede diretamente à recolha das informações, sem se dirigir aos sujeitos interessados, apelando diretamente ao seu sentido de observação” (Quivy&Campenhoudt, 1998, p. 165).

A análise documental é outro dos métodos fundamentais em investigação social, entendendo-se por documento, de acordo com Moreira (2007, p.153), o “material informativo sobre um determinado fenómeno que existe com independência da ação do investigador”. Estes documentos podem existir de diversas formas e registos, como nos diz Erlandson, citado por Moreira (2007, p.153) “ o termo documento refere-se a uma ampla gama de registos escritos e simbólicos, assim como a qualquer material e dados disponíveis. Os documentos incluem praticamente qualquer coisa existente antes e durante a investigação, nomeadamente relatos históricos ou jornalísticos, fotografias, transcrições, folhetos, agendas e notas de reunião, registos áudio ou vídeos, apontamentos”.

Uma referência final a De Bruyne, citado por Hérbertet al. (2005, p. 143),que defende existirem três grandes grupos de formas de recolhas de dados em ciências sociais: 1) inquéritos que podem tomar uma forma oral, designados por entrevistas, ou escritos designados por questionários; 2) a observação, que pode assumir uma forma direta sistemática ou uma forma participante, (3) a análise documental.

No estágio de que o presente relatório dá conta, foram utilizados vários dos métodos de recolha de dados supra referidos, tais como entrevistas, análise documental, observação participante. Também recorri a conversas informais com os utentes do Centro de Dia e Lar de Idosos.

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Para a avaliação da aptidão física dos utentes, para além de sessões de diagnóstico, foi usada a bateria de testes desenvolvida por Rikli e Jones (1999), o Senior Fitness Test (SFT), que pretende medir a capacidade de resistência aeróbica, a força e a flexibilidade dos membros superiores e inferiores e o equilíbrio dinâmico. Este instrumento foi utilizado por permitir garantir um resultado que medisse fidedignamente aquilo que realmente se pretende medir, pois, através da utilização de testes estandardizados (como este), e tal como Coutinho (2011, p. 106) refere, o desempenho de cada sujeito é comparado com todos os outros que já realizaram a mesma prova e que são o grupo norma, o qual serve de aferição para os desempenhos considerados normais.

2.2. Métodos de Intervenção

Sendo um dos grandes benefícios da atividade física com idosos o facto de esta poder ser realizada em grupo, dando assim origem a uma maior contato social, proporcionado aos utentes a possibilidade de estreitar relações e amizades, diminuindo assim o sentimento de isolamento, tentei que as atividades propostas fossem realizadas sempre em grupo, de forma a potenciar ao máximo esse benefício social intrínseco à prática deste tipo de atividades.

Assim, as atividades deste projeto foram realizada em sessões de grupo e cada uma delas foi dividida em três partes: a parte inicial, na qual se visava a preparação do organismo, em termos cardiorrespiratórios e articulares, para o exercício; a parte fundamental, em que, através de exercícios ou jogos, em grupos de dois, três ou mais pessoas, se procurou contribuir para manter, melhorar ou retardar a degeneração das capacidades motoras; a parte final da sessão, de retorno à calma, com exercícios de alongamentos, momentos estes também utilizados para, através de conversas informais com os utentes, conhecer a opinião destes sobre a atividade que acabaram de realizar.

3. Recursos mobilizados e limitações do processo

3.1. Recursos mobilizados

Os espaços utilizados durante este processo no Centro de dia foram o ginásio da instituição e também uma das salas de convívio, dependendo da necessidade de espaço requerida pela

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atividade que iria ser proposta e realizada. No Lar de idosos o local foi sempre o salão do piso inferior do edifício.

Os recursos humanos utilizados nas duas valências foram os utentes e o estagiário.

As atividades foram sempre acompanhadas por música, sendo utilizado o equipamento de som existente em cada uma das valências. Foi utilizado, também, uma grande variedade de material de apoio às atividades realizadas, tais como bolas (de vários tamanhos), bastões, garrafas, elásticos, arcos, tapetes, tabelas de basquetebol, redes de voleibol, sinalizadores, alvos.

3.2. Limitações do processo

Durante todo o processo de intervenção, as maiores limitações que senti foram, sem dúvida, as limitações impostas pela capacidade física dos utentes, resultante das doenças ou, simplesmente, inerentes à sua já avançada idade.

Outra dificuldade foi a existência de diferentes níveis de capacidades dentro do mesmo grupo. Também não deixou de ser uma dificuldade alguma falta de experiência da minha parte no concernente ao trabalho com pessoas desta faixa etária, lacuna esta que, pouco a pouco, foi sendo ultrapassada.

4. Avaliação

De acordo com Monteiro (1996, p.138) no campo específico da investigação e implementação de programas sociais, a avaliação assume um forte elemento prático, diretamente relacionado com a apreciação do resultado de um programa ou projeto face ao objetivo de resolução de um determinado problema identificado.

Diversos autores avançam com diferentes definições de avaliação. Stufflebeam, citado por Monteiro (1996, p.138), refere que avaliação é “ o processo de identificar, obter e proporcionar informação útil e descritiva acerca do valor e mérito das metas, a planificação, a realização e o impacto de um objetivo determinado, com o fim de servir de guia para a tomada de decisão, para solucionar os problemas de responsabilidade e promover a compreensão dos fenómenos”. Maria Aguillar e Ezequiel Ander- Egg, também citados por Monteiro (1996, p.139),propõem uma definição de avaliação que pretende abarcar os principais traços da avaliação enquanto processo sistemático, sobre um programa ou projeto. Assim a definição por eles proposta é esta: “a

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avaliação é uma forma de investigação social aplicada, sistemática, planificada e dirigida; encaminhada para identificar, obter e proporcionar de maneira válida e fiável dados e informação suficiente e relevante para apoiar o juízo acerca do mérito e valor das diferentes componentes de um programa (tanto na fase de diagnostico, programação ou execução) ”.

A avaliação deve acompanhar todo o processo de intervenção, não podendo ser apenas realizada em um único momento. Devem ser realizadas “avaliações pontuais que constituem outras tantas avaliações intermédias, pelas quais a prática toma melhor consciência daquilo que faz” (Boutinet 1996, p.276). Pretende-se, pois, uma avaliação que atravesse todos os momentos essenciais antes da ação, a ação propriamente dita e os seus resultados - “Procura-se assim uma visão globalizante e multidimensional da intervenção, contemplando não só a adequação dos resultados obtidos aos objetivos previstos, como igualmente um questionamento sobre o sentido da ação e a integração de factos não esperados ou imprevistos” (Monteiro 1996,p.144).

O processo de avaliação deste projeto teve quatro momentos; a) a avaliação diagnóstico, na qual se procurou identificar a situação de partida através de uma entrevista semi-dirigida a cada utente; b) uma avaliação dos recursos físicos e materiais existentes na instituição; c) a avaliação em que se procurou perceber se o projeto estava a ter impacto junto dos utentes e a ter o resultado esperado; d)um quarto momento de avaliação, onde se procurou conhecer o resultado final da implementação do projeto realizado. Estas avaliações tiveram lugar, uma em Novembro e a outra em Abril. Estas avaliações foram realizadas através de uma entrevista semi-dirigida a cada utente e ocorreram em Novembro, as duas primeiras, em Março, a terceira e, a quarta, no final do estágio, em Junho.

Não obstante, cada atividade proposta aos utentes do Centro de Dia e do Lar de Idosos teve uma autoavaliação, que teve como intuito preparar, adaptar e melhorar essa atividade e atividades futuras. Essas autoavaliações, cujos resultados determinaram sempre um processo de reflexão individual, foram feitas através de conversa informal com os utentes e funcionários da instituição. Realizaram-se, para cada atividade, em três momentos: a) avaliação antes da atividade, a fim de perceber as expetativas existentes relativamente à mesma; b) avaliação durante a realização da atividade, de forma a permitir perceber o que está a acontecer e se necessário reenquadrar e adaptar a minha ação de forma a tornar a atividade mais adequada; c) avaliação após a atividade, para analisar o que foi feito e o que conviria ser melhorado no futuro.

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Gráfico 1- Numero de Utentes
Gráfico 2 - Idade dos Utentes
Gráfico 3 - Profissão dos Utentes do Centro de dia
Gráfico 5- Alfabetização dos utentes
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Referências

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