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2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1.6 Avaliação de ideias

Para Ettlie (2001), a geração e a continuidade do fluxo de novas ideias são fundamentais para aumentar a capacidade de inovação e, portanto, a avaliação das mesmas é uma das etapas de maior relevância. Hansen e Birkinshaw (2007) afirmam que para aumentar a capacidade de inovação, a empresa tem que ser

capaz de transformar matérias-primas (ideias) em produtos acabados (inovação). Serafim (2011, p. 26) compreende a avaliação das ideias como “um conjunto de conhecimentos aplicados a algum ramo de atividade” e a decisão de utilizá-las precisa ser incorporada, sistematicamente, aos projetos de acordo com os recursos financeiros disponíveis para o seu desenvolvimento.

Normalmente, há uma progressão da ideia por meio da análise do negócio, teste, lançamentos ou comercialização. A avaliação de ideias verifica quais os conceitos mais promissores, de ambas as perspectivas, técnicas e econômicas, reduzindo a incerteza da inovação (SONG; DI BENEDETTO, 2009). Nesta fase, as ideias passam por um filtro mais detalhado e sistemático, a análise técnica e econômica, cuja função é escolher as melhores ideias e, portanto, é mais difícil e delicada, uma vez que os avaliadores podem estar cometendo o equívoco de escolher uma ideia em detrimento de outra (DAVID; CARVALHO; PENTEADO, 2011).

A avaliação, para Silva (2003), forma um painel que após o agrupamento em categorias como ideias de baixo custo de implantação, ideias que demandam mais tempo de preparação, ideias que demandam altos investimentos, ideias que não atendem aos objetivos da empresa etc formam um painel que auxilia as decisões de avaliação e, consequentemente, as “decisões estratégicas e até as políticas” da empresa (SILVA, 2003, p. 78). Para VanGundy (2007), é uma fase que exige três questões fundamentais que devem ser observadas: a) se a inovação está alinhada com a estratégia organizacional; b) se a organização tem competência técnica para desenvolvê-la, e, c) se a organização tem competência sobre o negócio para torná-la um sucesso.

Os esforços de avaliação em prol destas questões, de acordo com Prada e Abreu (2009), reduzem os custos da Gestão de Ideias, aumentando a probabilidade de sucesso do processo de inovação e minimizando os riscos. As empresas identificam um mercado potencial para o conceito da ideia, o potencial de crescimento, a atratividade competitiva, o montante do investimento necessário para o desenvolvimento do produto, os potenciais riscos e o retorno que a empresa terá deste produto. As atividades de avaliação incluem, muitas vezes, a determinação das características desejadas do produto, determinando as tendências do mercado, a realização de um estudo do potencial de mercado, preferências dos clientes,

processo de compra do mercado e, assim por diante (SONG; DI-BENEDETTO, 2009).

Assim, a padronização das postagens ou explicitação das ideias é recomendada por Adamczyk, Bullinger e Moeslin (2009) com a elaboração de um formulário pré-definido para a descrição textual, bem como para integração das mídias na edição dos textos e postagem dos comentários. As ideias precisam ser descritas brevemente, normalmente com número limitado de palavras contendo o título, a descrição da ideia, as funcionalidades, as especialidades, o potencial de implementação e os benefícios esperados, na visão do sugestor (EBNER; LEIMEISTER; KRCMAR, 2009).

A avaliação requer a experiência dos avaliadores e critérios bem definidos, como por exemplo, novidade, utilidade, custo e retorno financeiro das ideias (ADAMCZYK; BULLINGER; MOESLIN, 2011). Os critérios de maior relevância e a descrição de cada um deles, na visão de Ebner, Leimeister e Krcmar (2009) e Murah et al. (2013), estão resumidos no Quadro 5.

Quadro 5 - Critérios para avaliação das ideias Critério de avaliação

para as ideias Descrição

Originalidade O grau em que a ideia é nova e única

Grau de inovação A ideia é uma nova combinação de fatores, que podem ser utilizados com benefício econômico

Benefício ao cliente A ideia é viável, cria e agrega valor para o cliente Aceitação do usuário Existe uma demanda para captar ideias

Realismo A realização das ideias é economicamente factível

Tamanho do mercado A demanda esperada do mercado justifica a implementação da ideia Negociabilidade A ideia pode ser comercializada

Compreensibilidade A ideia está descrita de uma forma compreensível Elaboratividade O tamanho da descrição está adequado

Risco O risco de falhar é compensado pelo benefício potencial para a empresa Imitabilidade A ideia adere aos produtos da empresa e não pode ser facilmente

imitada pelo concorrente

Ajuste do portfólio A ideia se ajusta ao portfólio de produtos da empresa

Potencial de

desenvolvimento A ideia é adaptável para novos requisitos de negócios Fonte: Adaptado de Ebner, Leimeister e Krcmar (2009, p. 350, tradução nossa).

Os critérios são aplicados, por exemplo, com escala de Likert de cinco pontos em que “1” ponto representa a discordância total e “5” pontos representa a concordância total. Assim, o comitê calcula as médias de cada ideia para “selecionar estrategicamente as ideias mais inovadoras” (EBNER; LEIMEISTER; KRCMAR, 2009, p. 347).

Silva (2003, p.76) vai mais além e sugere a classificação dos critérios em benefícios que são:

a) Benefícios tangíveis:

 incremento nos negócios;

 aumento da rentabilidade;

 melhoria da produtividade;

 redução de mão de obra;

 simplificação de processos;

 redução de custos;

 solução de problemas;

 melhoria na qualidade dos produtos/serviços. b) Benefícios intangíveis:

 melhoria na imagem da empresa;

 melhoria no relacionamento com o consumidor;

 melhoria nas relações interpessoais;

 melhoria na segurança;  benefícios transitórios;  benefícios duradouros;  inovação;  criatividade. c) Viabilidade:

 tempo para implantação;

 recursos necessários;

 necessidade de modificação;

 resistências;

 urgência. d) Adaptabilidade:

 uso da ideia em outros setores da empresa.

A empresa ainda pode estabelecer outros critérios para atender os seus objetivos (SILVA, 2003). Além da aplicação e análise qualitativa dos critérios Ebner, Leimeister e Krcmar (2009) e Adamczyk, Bullinger e Moeslin (2011) propõem maior ênfase para os critérios de novidade e utilidade medidos também por escala Likert

atribuindo “1” ponto para ideias com baixo potencial e “5” pontos para as ideias com alto potencial de desenvolvimento, para diferenciar as ideias inovadoras das não inovadoras

Para a análise quantitativa, Adamczyk, Bullinger e Moeslin (2011) recomendam o cálculo de correlação entre as variáveis observadas, como por exemplo, o grau de inovação das ideias que poderia ser feito pelo software Statistical Package for the Social Science (SPSS). Esse software é um aplicativo de análise e gerenciamento dos dados e realiza o cálculo da frequência e dos coeficientes de correlação. Inclui a média, modo, desvio padrão e, se as ideais permitirem, adiciona os comentários, o número mínimo e máximo dos comentários, feitos para cada uma delas (ADAMCZYK; BULLINGER; MOESLIN, 2011).

A adequação dos critérios, segundo Hansen e Birkinsahw (2007), permite aos gestores provisionar orçamento e mecanismos de financiamento de modo a evitar prejuízos financeiros e financiamentos inadequados representados no valor retornado das inovações geradas. Segundo Ebner, Leimeister e Krcmar (2009), a análise das ideias, de forma qualitativa (por meio dos critérios) e de forma quantitativa (mensuração das ideias inovadoras e das não inovadoras) contribui para o sucesso da Gestão de Ideias. Para Barbieri, Alvares e Cazajeira (2009), essas análises apresentam, inclusive, o potencial de mercado e a viabilidade econômica, auxiliando a tomada de decisão.