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Indicadores de desempenho das ideias

6.2 ESTRUTURA DE REFERÊNCIA EMPÍRICA A PARTIR DOS DADOS

6.2.4 Indicadores de desempenho das ideias

Os indicadores mais utilizados pelas empresas da pesquisa para monitorar o desempenho do processo de Gestão de Ideias do ambiente externo são o retorno financeiro das ideias transformadas em produtos e o percentual do portfólio em relação ao total de ideias captadas. Fato corroborado por Cooper e Edget (2008a) que afirmam que não se pode gerenciar o que não se mede e que muitas empresas não medem os seus resultados. Isso, acarreta em falta de informação se uma ideia específica foi bem sucedida quanto ao retorno proporcionado à empresa.

Apenas a empresa Capa utiliza o percentual de ideias implantadas em relação ao total de ideias do portfólio. A empresa Beta, na opção “outros” do questionário, escreveu que utiliza uma matriz trade-off que correlaciona o contexto, os objetivos, estratégicos e as oportunidades. Porém, essa empresa muitas vezes, não conseguia mensurar o resultado da implantação de novas oportunidades ou rotinas na empresa.

O Gráfico 15 ilustra a frequência com que as empresas utilizam os indicadores para avaliar a Gestão das Ideias captadas do ambiente externo.

Gráfico 15 - Indicadores para avaliar a Gestão das Ideias do ambiente externo

Fonte: Autoria própria (2014).

Embora a maioria das empresas, 58%, adotem indicadores de avaliação para o processo de Gestão de Ideias do ambiente externo, Delta e Zeta assinalaram a opção “outros”, do questionário, mas não descreveram esses indicadores. As metas de crescimento de receita, na maioria das empresas, apontam para a necessidade de uma abordagem deliberada e sistemática de utlização de indicadores na transformação de ideias em novos produtos. Em outras palavras, os resultados dessa gestão contribui para a geração de novos produtos.

Sem métricas, a empresa não gerencia as suas inovações e, ainda, a aprendizagem que os projetos devem fornecer para a empresa é quase impossível de serem registrados para servir de base de conhecimento para projetos futuros (COOPER; EDJETT, 2008a). São contribuições importantes para as decisões de financiamento dos projetos e, é com base nestes dados, que a alta administração decide quais os projetos que poderão ser desenvolvidos. Têm por base a estratégia da empresa e as suas necessidades e, portanto, devem apresentar resultados consistentes de quantidade, qualidade, novidade e variedade para avaliar os resultados do processo.

Percebe-se, na estrutura de referência empírica elaborada com os dados da pesquisa, que as empresas buscam ideias em muitas fontes. Promovem campanhas, concursos e sessões de brainstorming online. As ferramentas utilizadas para captação de ideias do ambiente externo são os portais da internet, e-mail, SAC,

redes sociais de relacionamento e software específico para captação. Embora para esta última ferramenta, poucas empresas, apenas 4, adotam o sistema automatizado específico de Gestão de Ideias.

Quanto à infraestrutura de pessoas, a maioria (8 empresas), disponibiliza pessoas em tempo esporádico para a Gestão de Ideias do ambiente externo financiam o seu desenvolvimento das ideias independentemente do retorno financeiro proporcionado por essas ideias.

A estrutura de referência empírica da fase de captação do processo de Gestão de Ideias do ambiente externo, representando a entrada, a fase e a entrega gerada para o banco de ideias, a partir dos dados coletados, está detalhada na Figura 33.

Figura 33 - Fase 1 - Captação de ideias - Estrutura empírica

Fonte: Autoria própria (2014).

Comparando a estrutura conceitual à estrutura empírica, a única fonte que não havia sido relatada pela literatura era o papel dos estagiários da empresa no processo de captação. A realidade das empresas brasileiras é diversa da realidade das empresas do exterior. Evidencia-se no acúmulo de funções para os quais a literatura aponta como um dos cuidados que a empresa precisa ter para não deixar definhar o processo de Gestão de Ideias do ambiente externo (BARBIERI; ÁLVAREZ; CAJAZEIRA, 2009).

A segunda fase, de Seleção de ideias, está resumida, representando a entrada e a entrega gerada para o conjunto de ideias pré-selecionadas para a avaliação está apresentada na Figura 34.

Figura 34 - Fase 2 - Avaliação de ideias - Estrutura empírica

Fonte: Autoria própria (2014).

Diferentemente da referência conceitual para a atividade de agrupamento, a referência empírica adota os critérios de qualidade da descrição, a similaridade e a aderência ao escopo sem considerar se a ideia demanda altos investimentos ou se é de baixo custo o seu desenvolvimento. Esses critérios são estipulados pela empresa para a terceira fase, a de avaliação.

Para a terceira fase, a de Avaliação, a estrutura conceitual preconiza a adoção de uma tabela, com critérios claros com relação aos requisitos técnicos, econômicos e o conhecimento dos especialistas na área de submissão da ideia, para realizar a pontuação. Também estabelece que a empresa adote ou realize premiações ou recompensas aos autores das ideias. Inclui o feedback aos mesmos, entregando um portfólio de ideias priorizadas à fase subsequente.

Neste sentido, percebeu-se pelos dados, que as empresas brasileiras priorizam a fase 3 da Gestão de Ideias do ambiente externo. Avaliam as ideias com base em todos os critérios preconizados pela literatura, sejam eles técnicos, econômicos, humanos, logísticos e mercadológicos. A decisão final para as ideias que irão fazer parte do portfólio são tomadas por consenso entre os avaliadores,

com atribuição de nota, que disponibilizam de duas a seis horas semanais do seu tempo para esta atividade.

A terceira fase, de Avaliação, representando a entrada e a entrega gerada para o portfólio de ideias está detalhada na Figura 35.

Figura 35 - Fase 3 - Avaliação de ideias - Estrutura empírica

Fonte: Autoria própria (2014).

Quanto às estratégias de reconhecimento e/ou recompensa, as empresas percebem a sua importância. Tanto que oferecem a possibilidade de o autor da ideia trabalhar no projeto ou na empresa. Também divulgam o nome do autor nas mídias de comunicação e, ainda, premiam financeiramente e com determinados produtos os autores das ideias que serão desenvolvidas.

A última fase do processo de Gestão de Ideias do ambiente externo, o Pré- desenvolvimento, serve para identificar os conhecimentos necessários à operacionalização do projeto da ideia. Também identifica as tecnologias, licenciamentos, propriedade intelectual e capital de investimento para a realização das parcerias tecnológicas, de pesquisa, de desenvolvimento, de produção e de comercialização do novo produto.

Nota-se que para a fase do Pré-desenvolvimento, as empresas estão coerentes com a estrutura conceitual. Internalizam conhecimentos por meio de licenciamentos e patentes, buscam capital externo para o desenvolvimento das ideias, abrem os seus P&D, firmam parcerias com outras empresas e com o sistema científico e, também, criam novas empresas para produzir determinada tecnologia.

A entrada e a entrega gerada para o plano de ação para a implementação das ideias estão detalhadas na Figura 36.

Figura 36 - Pré-desenvolvimento de ideias do ambiente externo-Estrutura empírica

Fonte: Autoria própria (2014).

Mesmo praticando as atividades recomendadas pela literatura para a efetiva realização dessa fase, as empresas não elaboram a minuta ou um plano de ação para cada ideia aprovada para o desenvolvimento.

Assim, sugere-se que seja adotado o plano de ação desenvolvido neste trabalho, para que facilite a tomada de decisão quanto à priorização das ideias para elaboração dos projetos de inovação.

6.3 PROPOSTA DE UMA ESTRUTURA DE REFERÊNCIA PARA GESTÃO DE