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PROPOSTA DE UMA ESTRUTURA DE REFERÊNCIA PARA GESTÃO DE

A

A proposta de uma estrutura de referência para a Gestão de Ideias do ambiente externo apresentada nesta tese direciona a empresa a captar ideias, selecionar aquelas que estão alinhadas à estratégia da empresa, avaliando, com critérios bem definidos, de forma sistemática, as ideias que irão alimentar o processo inicial de inovação.

A estrutura de referência tem a finalidade de sistematizar e melhorar a eficácia da Gestão de Ideias do ambiente externo com ações de inovação aberta para captar o maior número de oportunidades possíveis.

A Figura 37 mostra as quatro fases da estrutura de referência para a Gestão de Ideias com ações de inovação aberta propostas nesta tese, aqui denominada GI2A.

Figura 37 - Gestão de Ideias na Inovação Aberta - GI2A

Fonte: Autoria própria.

Esta forma de representação da estrutura permite a visualização das quatro fases, a fim de estabelecer os procedimentos necessários para execução de cada uma. Além disso, as especificidades inerentes a cada empresa, podem e devem ser incluídas em cada fase para que a estrutura funcione sem problemas e atenda todos

os procedimentos das fases de captação, seleção, avaliação e pré-desenvolvimento das ideias.

Esta estrutura de referência permite, por intermédio das atividades, das tarefas, das formas de acesso e da infraestrutura, estruturar e sistematizar a Gestão de Ideias oriundas do ambiente externo na empresa.

A Figura 38 detalha cada fase da estrutura de referência e mostra os procedimentos básicos inerentes em cada fase para que a estrutura atenda à Gestão de ideias com ações de inovação aberta para o processo de inovação na empresa.

Figura 38 - Estrutura de Referência para Gestão de Ideias na Inovação Aberta (GI2A – proposta)

Fonte: Autoria própria (2014).

Para apoiar o processo de inovação e garantir um fluxo contínuo de novas ideias, foi feita a proposta de estrutura de referência para a Gestão de Ideias com ações de inovação aberta apresentadas nesta tese. A estrutura pretende contruibuir com a sistematização das atividades iniciais do processo de Gestão de Ideias do ambiente externo definido neste trabalho, como a fase de captação, seleção e

Entrada Atividade Tarefa Forma de acesso Ferramentas Infraestrutura Saída

Averiguar a possibilidade de desenvovlimento interno

Verificar demanda tecnológica externa Analisar os custos de implantação Estipular as condições de investimento Averiguar a necessidade de aprimoramento das ideias

Entrada Atividade Tarefa Forma de acesso Ferramenta Infraestrutura Saída

AvaliaçãoTécnica Avaliação Econômica Avaliação Humana Avaliação Logística Avaliação de Mercado

Estipular Recompensa/Reconhecimento Recurso financeiros, brindes, viagens etc

Autores das ideias selecionadas para implementação. Eventos comemorativos, divulgação externa, depósito bancário. Site corporativo, internet.

Entrada Atividade Tarefa Forma de acesso Ferramentas Infraestrutura Saída

Conhecimento técnico, humano, administrativo e jurídico Conhecimento especializado Tecnologia, Licenciamentos, PI Base de patentes, tecnologia internacional e nacional Identificação do capital

Fontes públicas, privadas ou capital próprio Parcerias, pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização P&D externo, universidades, consultorias Gestão de contratos Assessoria jurídica

Portfólio de ideias Conjunto de ideias pré- selecionadas Computadores, softwares, especialistas, reuniões, workshops, produção, máquinas e equipamentos, mão-de- obra, distribuição, Portfólio de

ideias Plano de ação

Elaboração da minuta e do plano para cada ideia do portfólio Tecnologias de Informação e Comunicação Responsável indicado pelo comitê de avaliação; gerente de projetos; gestor de P&D Fase 4 - pré-desenvolvimento

Avaliação por meio de tabela com critérios bem definidos com pontos ou

pesos

Especialistas (gerentes das áreas de engenharia,

finanças, marketing, vendas, produção, P&D,etc), comitê, equipe

para seleção de ideias

Software de Gestão de Ideias para classificá-las, planilha de excel, relatórios Conjunto de ideias pré- selecionadas Especialistas, comitê avaliador, Excel, sistema automatizado

com o cadastro dos avaliadores para envio

das ideias para avaliação

Especialistas (gerentes das áreas de engenharia,

finanças, marketing, vendas, produção, P&D,etc), comitê, equipe

para seleção de ideias

Planilha de excel, softwares de estatística, relatórios Banco de Ideias Fase 2 - seleção Fase 3 - avaliação Agrupamento das ideias em ideias em andamento e ideias não utilizadas

avaliação de ideias, compreendendo as atividades realizadas antes do desenvolvimento do projeto.

Assim, a partir das ideias externas, os procedimentos da captação são conduzidos de acordo com a estratégia estabelecida pela empresa para formar o banco de ideias. Para isso, elaboram-se as diretrizes da campanha, com o tema, prazo, recompensa e todas as condições de participação. Também podem ser lançadas no próprio site da empresa, sessões de brainstoming online para que os usuários participem, opinando uns nas ideias dos outros. Para isso, as ideias mais comentadas podem ser selecionadas devido ao número de participações ou por votação dos ususários. As ideias podem ser captadas, também, em eventos que sejam do interesse da empresa. Para tanto, a seleção destes eventos e o agendamento estipulando quem vai participar é muito importante para inserir na programação da empresa.

Formado o banco de ideias, são aplicados os critérios de agrupamento pré- estabelecidos pela empresa de acordo com os seus objetivos, sejam de curto, médio ou longo prazo. O resultado da fase de seleção é o conjunto de ideias pré- selecionadas que serão analisadas, de forma mais criteriosa na fase de avaliação.

Os critérios de avaliação, técnicos, econômicos, humanos, logísticos e mercadológicos são estipulados por meio de uma tabela de pontuação ou pesos para proporcionar maior clareza ao processo de avaliação. Nesta fase, existe uma atividade adicional relacionada à determinação da recompensa ou reconhecimento proporcionado às ideias escolhidas para compor o portfólio de ideias.

Para as ideias do portfólio identificam-se as parcerias necessárias à elaboração do plano de ação para implementação das ideias. Além disso, o plano de ação é um elemento importante que serve para identificar as ações de inovação aberta que serão praticadas pela empresa para o desenvolvimento das ideias. Dessa forma, em busca de resultados positivos no planejamento da inovação, as empresas podem gerenciar cuidadosamente todas as entradas do processo, ou seja, desde à captação das ideias, à identificação de novas oportunidades, à formação de parcerias, à captação de recursos e à elaboração dos projetos que irão originar os novos produtos.

5.6 ASPECTOS DE DESTAQUE PARA O GI2A

A estrutura conceitual elaborada a partir da literatura e a estrutura empírica elaborada a partir dos dados levantados dos questionários e confrontados com a validação, mostraram determinadas características no processo de Gestão de Ideias do ambiente externo. O gerenciamento desse processo pode ser conduzido de diferentes formas, mas precisa ser feito de acordo com as características inerentes à realidade de cada empresa considerando-se fatores como: definições estratégicas, objetivos do processo de inovação e fatores organizacionais.

Quanto às metodologias de avaliação das ideias do ambiente externo, percebe-se que as empresas utilizam muitos critérios e que são aplicados de forma rigorosa para selecionar as ideias com potencial de sucesso, o que acaba reduzindo a taxa de implementação. Outro fator evidente foi a pouca importância dada para critérios como aquisição externa de tecnologia para viabilizar a implantação da ideia e, principalmente, a pouca relevância do potencial de estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento das ideias.

Isso demonstra que as ações de inovação aberta para produzir mais inovação, a partir do estabelecimento de parcerias com agentes externos, ainda não foram incorporadas ao processo de Gestão de Ideias do ambiente externo. As empresas estão compartilhando pouco os recursos e trabalhos que geram valor. Os dados mostram que as ações de inovação aberta (gestão das parcerias; spin-offs; gestão de PI e licenciamento) são pouco utilizadas. Nenhuma das empresas analisadas implementou essas ações completamente. Desse modo, pode-se considerar que elas precisam formalizar e praticar essas ações de forma mais efetiva.

A estrutura de referência empírica mostrou que as empresas utilizam o e- mail e o telefone como principais ferramentas para coleta das ideias do ambiente externo. Isso mostra que as plataformas e o ambiente digital ainda são pouco utilizados e que não foram incorporados. A utilização das plataformas e a exploração do ambiente digital auxiliam a exploração de novas oportunidades a partir cérebro global, desde que estruturadas para a captação de ideias externas.

Em suma, a implementação de ações de inovação aberta depende da identificação de novas fontes de inovação, assim como dos acordos de cooperação

entre a P&D interna e externa, a fim de criar processos e rotinas organizacionais necessários para acessar e extrair valor de cada uma dessas fontes. Acredita-se que este processo pode ser estendido para todos os setores da indústria, apesar das especificidades de cada um.

Assim, recomenda-se que todos os processos e rotinas, efetuados nas quatro fases do GI2A sejam documentados e registrados. Esta formalização representa o resultado do processo de aprendizagem que tem por objetivo desenvolver processos internos e rotinas – ou ainda, competências – para o estabelecimento e manutenção de projetos de P&D colaborativos com cada parceiro identificado como fonte de inovação. O GI2A também revelou que as empresas utilizam muitas fontes externas de ideias, mas não foram observadas iniciativas concretas de comercialização de PI e de geração de novos modelos de negócio, a fim de aproveitar tecnologias internas não utilizadas. Dessa forma, pode-se inferir que ainda há pouca confiança, por parte da gestão, na geração de valor a partir do licenciamento de tecnologias que não estejam incorporadas ao negócio da empresa. Falta um pouco de esforço na estruturação interna para formalizar as ações relativas à inovação aberta, como, por exemplo, processos de busca e seleção de oportunidades externas, de gerenciamento das parcerias e de PI, bem como para a manutenção da rede de parceiros de inovação.

O GI2A acrescenta, por meio da análise das cinco dimensões que compõem o processo, uma análise prática do processo. A estrutura pode ser adaptada, considerando as especificidades de cada empresa, e aplicada para estruturar e sistematizar a Gestão de Ideias do ambiente externo para os processos voltados à inovação.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a teoria estudada e os dados coletados na pesquisa, chegou- se a algumas considerações. Para viabilizar a Gestão das ideias é essencial a utilização de ferramentas para apoiar os processos de inovação. Os modelos para desenvolvimento de novos produtos, citados no referencial teórico desta pesquisa, abordam com pouca profundidade o importante processo de Gestão de Ideias do ambiente externo. As fases de captação, seleção, avaliação e pré-desenvolvimento das ideias são essenciais para as decisões de alocação de recursos e para o desenvolvimento dos novos projetos de inovação.