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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 GESTÃO UNIVERSITÁRIA

2.1.2 Avaliação Institucional no Brasil

A primeira experiência de avaliação da educação superior no país data do ano de 1976, com a implementação da avaliação dos programas de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior – Capes, que se utilizou de um método predominantemente quantitativo e objetivista, baseado na proposta, da década de 1940, do sociólogo americano Robert Merton. Ou seja, um método baseado na medição do número de trabalhos, nas publicações em órgãos reconhecidos, no número de citações recebidas e em outros aspectos relacionados ao prestígio e impacto (BERTOLIN, 2004).

O sistema de avaliação de cursos superiores no Brasil é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Este instituto produz indicadores e mantém um sistema de informações que subsidia tanto o processo de regulamentação, exercido pelo Ministério da Educação (MEC), como também visa garantir transparência dos dados sobre a qualidade da educação superior à sociedade.

O SINAES é um programa de avaliação da educação superior que tem por finalidade permitir o acompanhamento da evolução da qualidade do ensino superior e permitir que o MEC conduza o processo de credenciamento ou renovação de credenciamento de instituições de educação superior e de autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos de graduação, em consonância com o Art. 9º, inciso IX, da Lei nº 9.394, de 1996. Sua coordenação se faz pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES), órgão do âmbito do Ministério da Educação, vinculada ao Gabinete do Ministro de Estado (BRASIL, 2004).

De acordo com o Inep (2012), o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e as avaliações in loco realizadas por comissões de especialistas são instrumentos que subsidiam a produção de indicadores de qualidade e os processos de avaliação de cursos desenvolvidos. O Enade é aplicado aos alunos ingressantes e concluintes dos cursos avaliados, que fazem uma prova de formação geral e também formação específica. As avaliações in loco feitas pelas comissões de avaliadores designadas caracterizam-se pela visita aos cursos e instituições públicas e privadas, e se destinam a verificar as condições de ensino, em especial aquelas relativas à organização didático-pedagógica, ao perfil do corpo docente e às instalações físicas.

O SINAES pode ser considerado um sistema integrativo, pois além de integrar os instrumentos de avaliação, estes aos de informação e também

os próprios espaços de avaliação do MEC, e a auto-avaliação à avaliação externa, “articula, sem confundir, avaliação e regulação” e “propicia coerência entre avaliação e os objetivos e a política para a educação superior” (RISTOFF; GIOLO, 2006, p.198).

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) consiste em uma prova à qual discentes do ensino superior são submetidos, em conformidade com as condições determinadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - (INEP), por meio de portaria específica (SALUME et al, 2012), e é parte componente do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). A avaliação objetiva aferir o rendimento dos acadêmicos dos cursos de graduação no tocante aos conteúdos programáticos, suas competências e habilidades. É um componente curricular obrigatório conforme disposição do artigo 5º, § 5º, da Lei nº. 10.861/2004, sendo a respectiva situação de regularidade inscrita no histórico escolar do estudante. As áreas a serem avaliadas pelo Enade são definidas anualmente pelo Ministério da Educação conforme aquelas propostas pela Comissão de Avaliação da Educação Superior (INEP, 2012).

Ao promover a avaliação, o SINAES deve assegurar, segundo Recktenvald (2010):

 A avaliação institucional, interna e externa, contemplando a análise global e integrada das dimensões, estruturas, relações, compromisso social, atividades, finalidades e responsabilidades sociais das instituições de educação superior e de seus cursos;

 O caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos avaliativos;

 Respeito à identidade e à diversidade de instituições e de cursos; e

 A participação do corpo discente, docente e técnico administrativo das instituições de educação superior, e da sociedade civil, por meio de suas representações. Os resultados da avaliação constituem-se referencial básico dos processos de regulação e supervisão da educação superior

De acordo com Barreyro e Rothen (2006, p.971), “o SINAES é o resultado da cumulação e da metamorfose”, pois “os três pilares que constituem o Sistema atualmente são derivados das experiências anteriores”. Neste sentido, o SINAES é “produto de valores e paradigmas divergentes: a visão formativa/emancipatória do PAIUB, fundada na participação e na autonomia institucional, a visão somativa da Avaliação das Condições de Ensino e o mecanismo de ranking do Provão” (BARREYRO; ROTHEN, 2006, p.971).

elaboração do SINAES, reconhecem que houve aproveitamento das experiências anteriores, ao afirmarem que

O SINAES deparou-se com o desafio de, a um só tempo, aproveitar da melhor maneira possível as experiências já testadas no Brasil, reestruturando a avaliação a partir de um novo modelo, de concepção global única, melhorando os instrumentos, integrando os instrumentos entre si, integrando os espaços avaliativos e os momentos da avaliação, otimizando o uso de todos os instrumentos de informação disponíveis e criando outros considerados fundamentais.

Na visão dos autores, o SINAES pode ser considerado um sistema integrativo, pois além de integrar os instrumentos de avaliação, estes aos de informação e também os próprios espaços de avaliação do MEC, e a auto- avaliação à avaliação externa, “articula, sem confundir, avaliação e regulação” e “propicia coerência entre avaliação e os objetivos e a política para a educação superior” (RISTOFF; GIOLO, 2006, p.198).

Em síntese, o SINAES compreende três modalidades de instrumentos, que devem ser aplicadas em diferentes momentos componentes principais, listados a seguir:

(1) Avaliação das Instituições de Educação Superior (AVALIES) – é o centro de referência e articulação do sistema de avaliação que se desenvolve em duas etapas principais:

(a) auto-avaliação – coordenada pela Comissão Própria de Avaliação (CPA) de cada IES, a partir de 1° de setembro de 2004;

(b) avaliação externa – realizada por comissões designadas pelo INEP, segundo diretrizes estabelecidas pela CONAES.

(2) Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) – avalia os cursos de graduação por meio de instrumentos e procedimentos que incluem visitas in loco de comissões externas. A periodicidade desta avaliação depende diretamente do processo de reconhecimento e renovação de reconhecimento a que os cursos estão sujeitos.

(3) Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE) – aplica-se aos estudantes do final do primeiro e do último ano do curso, estando prevista a utilização de procedimentos amostrais. Anualmente, o Ministro da Educação, com base em indicação da CONAES, definirá as áreas que participarão do ENADE. (BRASIL, 2004, p.4-5) Estas modalidades serão destacados na sequência.

A Lei 10.861 assegura que a avaliação das instituições deverá utilizar procedimentos e instrumentos diversificados, dentre os quais a auto- avaliação e a avaliação externa in loco. Terá por objetivo identificar perfil e o significado da atuação das instituições, por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores, considerando as suas diferentes dimensões, dentre elas obrigatoriamente as seguintes (BRASIL, 2004):

(a) A missão e o plano de desenvolvimento institucional; (b) A política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as respectivas formas de operacionalização, incluídos os procedimentos para estímulo à produção acadêmica, as bolsas de pesquisa, de monitoria e demais modalidades;

(c) A responsabilidade social da instituição, considerada especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do patrimônio cultural;

(d) A comunicação com a sociedade;

(e) As políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e do corpo técnico-administrativo, seu aperfeiçoamento, desenvolvimento profissional e suas condições de trabalho; (f) Organização e gestão da instituição, especialmente o funcionamento e representatividade dos colegiados, sua independência e autonomia na relação com a mantenedora, e a participação dos segmentos da comunidade universitária nos processos decisórios;

(g) Infra-estrutura física, especialmente a de ensino e de pesquisa, biblioteca, recursos de informação e comunicação; (h) Planejamento e avaliação, especialmente os processos, resultados e eficácia da auto-avaliação institucional;

(i) Políticas de atendimento aos estudantes; e

(j) Sustentabilidade financeira, tendo em vista o significado social da continuidade dos compromissos na oferta da educação superior

2.1.2.2 Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG) e Avaliação do Desempenho dos Estudantes (ENADE)

A avaliação dos cursos de graduação, conforme Polidoro, Marinho- Araújo e Barreyro (2006, p.432), é

Uma prática que já vinha sendo desenvolvida no sistema anterior; no entanto, para atender aos princípios do SINAES, adquiriu novas

características, consistindo numa avaliação externa realizada por uma equipe multidisciplinar de especialistas para avaliar cursos de áreas afins, aos quais se junta um avaliador institucional. Esse eixo terá sua articulação com os processos de regulação por estar definido na lei que os seus resultados estão vinculados com o reconhecimento e renovação (de reconhecimento) dos cursos.

O sistema de avaliação de cursos superiores no Brasil é conduzido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Este instituto produz indicadores e mantém um sistema de informações que subsidia tanto o processo de regulamentação, exercido pelo Ministério da Educação (MEC), como também visa garantir transparência dos dados sobre a qualidade da educação superior à sociedade.

De acordo com o Inep (2012), o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) e as avaliações in loco realizadas por comissões de especialistas são instrumentos que subsidiam a produção de indicadores de qualidade e os processos de avaliação de cursos desenvolvidos. O Enade é aplicado aos alunos ingressantes e concluintes dos cursos avaliados, que fazem uma prova de formação geral e também formação específica. As avaliações in loco feitas pelas comissões de avaliadores designadas caracterizam-se pela visita aos cursos e instituições públicas e privadas, e se destinam a verificar as condições de ensino, em especial aquelas relativas à organização didático-pedagógica, ao perfil do corpo docente e às instalações físicas.

No âmbito do Sinaes e da regulação dos cursos de graduação no País, prevê-se que os cursos sejam avaliados periodicamente. Assim, os cursos de educação superior passam por três tipos de avaliação: para autorização, para reconhecimento e para renovação de reconhecimento.

A avaliação para autorização é feita quando uma instituição pede autorização ao MEC para abrir um curso. Ela é realizada in loco por dois avaliadores, sorteados entre aqueles cadastrados no Banco Nacional de Avaliadores (Base), os quais seguem parâmetros de um documento próprio que orienta as visitas. São avaliadas as três dimensões do curso quanto à adequação ao projeto proposto: a organização didático-pedagógica; o corpo docente e técnico-administrativo e as instalações físicas.

A avaliação para reconhecimento deve ser solicitada pela instituição quando a primeira turma do curso novo entra na segunda metade do curso. É feita, então, uma segunda avaliação para verificar se o projeto apresentado para autorização foi cumprido. Essa avaliação também é feita conforme instrumento próprio, por dois dias, por uma comissão de dois avaliadores do BASis. São avaliados: a organização didático-pedagógica, as instalações físicas, e o corpo docente, discente e técnico-administrativo.

De acordo com o Ministério da Educação (2012), a avaliação para renovação de reconhecimento é feita de acordo com o “ciclo do Sinaes”, ou seja, a cada três anos. Nesta avaliação é calculado o Conceito Preliminar do Curso (CPC), um indicador prévio da situação dos cursos de graduação no país, o qual varia de 1 a 5. Os cursos que obtiverem conceito preliminar 1 ou 2 serão avaliados in loco por dois avaliadores ao longo de dois dias. Os cursos com conceito 3 e 4 receberão visitas apenas se solicitarem. Os cursos que obtiveram conceito 5 estão dispensados da avaliação in loco e terão os seus processos encaminhados à Secretaria Reguladora, para expedição da Portaria de renovação de reconhecimento.

Conforme Polidori, Marinho-Araújo e Barreyro (2006), outro aspecto importante é a capacitação dos especialistas, pois a intenção do sistema não é realizar ações de rastreamento, perseguição ou de punição, mas, sim, permitir que as Instituições de Ensino Superior possam, com o auxílio de especialistas, dinamizar as suas atividades, resolver questões prementes e construir metas concisas e pontuais. Para tal, as orientações dispensadas aos especialistas, devem ser de outra ordem além daquela que orienta a utilização de formulários eletrônicos e evidencia cumprimento de prazos. Apesar de estes pontos serem importantes, eles não podem ser os pontos centrais de um processo avaliativo que busca a melhoria da qualidade da educação superior oferecida no país.

O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) consiste em uma prova à qual discentes do ensino superior são submetidos, em conformidade com as condições determinadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - (INEP), por meio de portaria específica (SALUME et al, 2012), e é parte componente do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). A avaliação objetiva aferir o rendimento dos acadêmicos dos cursos de graduação no tocante aos conteúdos programáticos, suas competências e habilidades. É um componente curricular obrigatório conforme disposição do artigo 5º, § 5º, da Lei nº. 10.861/2004, sendo a respectiva situação de regularidade inscrita no histórico escolar do estudante. As áreas a serem avaliadas pelo Enade são definidas anualmente pelo Ministério da Educação conforme aquelas propostas pela Comissão de Avaliação da Educação Superior (INEP, 2012).

O Enade objetiva acompanhar o processo de aprendizagem e o desempenho dos acadêmicos no tocante aos conteúdos programáticos constantes nas diretrizes curriculares dos respectivos cursos de graduação, além de aferir as habilidades para ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e competências para a compreensão de temas que transcendem o âmbito específico de sua profissão (INEP, 2012), contemplando o nível de atualização dos acadêmicos sobre a realidade

brasileira e mundial (INEP, 2012). Assim, compreende-se que o conteúdo das avaliações do Enade reflete o conteúdo ministrado nos cursos de graduação no país (VITAL; KARAM, 2012).

Além da prova, o Enade utiliza mais três questionários como instrumentos básicos: do estudante, do coordenador do curso e de impressões dos estudantes sobre a prova (INEP, 2012). Os resultados deste exame sistematizam dados por instituição de educação superior, categoria administrativa, organização acadêmica e localidade, permitindo, desta forma, maior acurácia na definição de ações voltadas ao aprimoramento da qualidade dos cursos de graduação por parte de dirigentes, técnicos, professores e autoridades educacionais (INEP, 2012).

Em um estudo apresentado por Salume et al (2012) sobre provas de duas edições do ENADE, constatou-se, com o auxílio de técnicas de investigação estatística, que as questões existentes nas avaliações permitia a verificação de habilidades do domínio cognitivo, além do conhecimento específico da área. Comprovou-se que o ENADE foi um instrumento capaz de avaliar as capacidades de análise, síntese e avaliação dos estudantes sem se distanciar dos objetivos instrucionais propostos previamente.